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Uruguaios Estudam Vender Excrementos De Morcego Para Cultivar Cannabis


CanhamoMAN

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  • Usuário Growroom

13-11-2014 às 15:12

Uruguaios estudam vender excrementos de morcego para cultivar cannabis
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O concentrado de fósforo e nitrogénio presente nos excrementos de morcego acelera a floração das plantas, uma propriedade conhecida pelos produtores de cannabis e que agora um grupo uruguaio de investigadores estuda com o objectivo de comercializá-lo como adubo orgânico.

«Não tem nada a ver com a cannabis, é fertilizante», assegurou o zoólogo Enrique González, coordenador do Programa de Pesquisa de Morcegos do Uruguai, que actualmente analisa a matéria fecal destes mamíferos, conhecida como guano, para lançá-la no mercado agrícola.

No entanto, González reconheceu que este adubo deve ter «alguma particularidade» para os produtores de cannabis, que, por enquanto, lhes serviu para atrair a atenção da imprensa uruguaia em relação à sua actividade académica.

Em Dezembro do ano passado o Uruguai aprovou o Projecto de Lei sobre Controlo e Regulação da Cannabis e seus Derivados, que legalizou a produção e venda desta substância e desde Agosto qualquer cidadão que deseja cultivá-la na sua casa pode comparecer nos correios e solicitar uma licença de produtor.

Uma vez concedida, estará habilitado para cultivar livre e legalmente até seis plantas de cannabis sativa e colher até 480 gramas de cannabis por ano para consumo pessoal.

«No início da pesquisa, pusemos na Internet guano de morcego e apareceram 25 páginas, das quais 22 eram de clubes de plantadores de cannabis no mundo todo», disse o pesquisador.

«Comparado com outros adubos, este devolve a matéria orgânica à planta e a absorção de nutrientes é feita mais lentamente, por isso que não é preciso adubar todos os dias», explicou Nacho Merlín, gerente de um «growshop» uruguaio que vende produtos para a plantação de cannabis e presta assessoria aos seus cultivadores.

«Estaríamos interessados em vender um adubo produzido no Uruguai, porque o que se encontra no mercado do país são produtos importados e caros», explicou Nacho.

Radicado no Museu de História Nacional de Montevidéu e integrado na Rede Latino-Americana para a Conservação dos Morcegos, o grupo científico que González trabalha para a pesquisa e conservação desta espécie animal, tão mitificada e estigmatizada pela cultura popular.

As pessoas que lutam para a protecção de aves, baleias e cervos não sofrem «o terrível problema que enfrentamos, porque o nosso animal é demonizado injustamente», criticou.

A venda do guano servirá para financiar o grupo, explicou o estudioso, que defendeu que «se desaparecessem todos os morcegos de um dia para outro, a população de insectos explodiria de tal forma que nos sufocariam».

«No Uruguai vivem 23 variedades de morcegos, tanto em cidades como em zonas rurais», disse Nacho, que pretende estabelecer algumas directrizes responsáveis para c sua exploração.

«Se um clube de cannabis for procurar guano numa colónia, não vai voltar um ano mais tarde para ver se foi afectada pela extracção, mas voltará quando este acabar, para comprar mais», advertiu.

A recolha deve ser executada fora do período reprodutivo, que começa em Dezembro até ao final de Janeiro ou Fevereiro, e em dias frios para que os morcegos estejam letárgicos.

Por outra parte, concretizar o aspecto legal, económico e sanitário destes fertilizantes, antes de lançá-lo no mercado, é fundamental para este grupo de cientistas.

Assim, o uruguaio Juan Pablo Turbino, responsável da loja Yuyo Brothers, dedicada à venda de acessórios com motivos alusivos à cannabis, manifestou o seu interesse em comercializar este adubo, sempre e quando for convenientemente esterilizado.

O guano de morcego, ao ser armazenado em espaços húmidos e fechados, às vezes contém um fungo, cujos esporos podem causar problemas respiratórios, por isso o grupo de González está a trabalhar para descobrir como eliminá-lo.

Tanto Nacho como Turbino admitiram que o processo de legalização da cannabis no Uruguai, impulsionado pelo presidente José Mujica como forma de luta contra o tráfico de droga, gerou um aumento na procura de insumos para a sua plantação.

«As pessoas entram no mundo do cultivo com a cannabis e acabam por plantar nos seus próprios terraços alfaces e tomates», assegurou Nacho.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=744949

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