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Verão Da Lata, Meu Sonho Ter Vivido.


cyropk

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  • Usuário Growroom
  • Olá amigos, venho compartilhar com quem não conhece uma história realmente de filme americano que ocorreu no brasil. Tive o privilégio de experimentar uma vez esse fumo que encantou o Brasil e resolvi abrir esse tópico pois acho a história muito interessante.. Peço desculpas se não gostarem é so me dizer que eu apago o tópico.
  • VERÃO DA LATA 1987
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    Lata do Solana Star encontrada na praia de Ipanema, Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1987

No dia 25 de setembro de 1987, 18 latas semelhantes às encontradas em supermercados para vender leite em pó foram encontradas boiando próximas ao litoral do município de Maricá, no Rio de Janeiro, distante cerca de 60 quilômetros da capital. Assustados após abrirem algumas delas, os pescadores locais entregaram o carregamento para a Polícia Militar. Como ficou comprovado depois, cada uma delas continha aproximadamente 1,5 kg de maconha. Seria o primeiro registro oficial do episódio que entraria para a história como o "verão da lata".

No final de agosto, a Polícia Federal do Rio recebeu um comunicado dos EUA de que o navio Solana Star, que vinha da Austrália, estava no litoral do Rio de Janeiro carregando 22 toneladas de maconha, que seriam depois repassadas para outros dois barcos com destino à Miami. A tripulação descobriu que o barco estava sendo procurado e despejou todo seu arsenal no mar. Por volta de 20 de setembro, diversas latas começaram a ser encontradas no litoral do Rio de Janeiro e São Paulo.

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    Capa do livro "Verão da Lata", de Wilson Aquino

A história completa do Solana Star e suas cerca de 15 mil latas foi contada recentemente pelo jornalista carioca Wilson Aquino no seu livro "Verão da Lata". "A ideia surgiu conversando com a galera mais jovem, eles achavam que isso aí era um folclore, papo de maconheiro, uma "viagem" (risos)". Com cerca de 200 páginas e recheado de fotos, a obra tem uma linguagem bastante semelhante à da televisão, o que é confirmado pelo autor. "Primeiro surgiu a ideia de fazer um documentário para cinema ou TV. Aí entrei em contato com a editora e o dono sugeriu fazer um 'documentário impresso' já que havia bastante material fotográfico", conta ele.

Repressão

O episódio aconteceu num momento em que o país estava em um período de transição entre o final da ditadura e a democracia plena. Aquino conta que houve uma verdadeira "caça ao tesouro" de parte da população para descobrir as latas, mas o medo de ser pego era muito grande. "Hoje em dia é tranquilo, você pode até ser liberado depois de responder alguma bobagem. Na época tinha porrada mesmo, ninguém gostava de maconheiro, principalmente a polícia. Era um período pós-ditadura, então as pessoas ainda tinham muito medo", diz ele.

Aquino conversou com diversos policiais da época, mas conta que apesar de muitos deles na época terem ligações com os antigos órgãos de repressão da ditadura, sua atitude uma vez que as latas se espalharam foi de relativa permissividade. "Os caras com que eu conversei são maduros, a maioria já deve estar aposentada, eles hoje têm outra visão. Eles próprios acharam que isso não causou uma convulsão social. Mas houve alguma repressão, em todo cais tinha uma operação da polícia", conta.

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    Policiais analisam latas de maconha encontradas no litoral paulista em 5 de outubro de 1987

Também pesava o fato de que poucos traficantes terem se envolvido com a venda do conteúdo das latas. "Achei legal que não houve registro de traficante profissional. A polícia nunca apreendeu lata em boca de fumo. A sociedade mesmo se incumbiu de detonar tudo sem a interferência do intermediário. Era tudo de Iemanjá ou Netuno direto para o usuário (risos)", conta Aquino. Das cerca de 15 mil latas jogadas no mar, apenas pouco mais de 2 mil chegaram a ser apreendidas pela polícia.

A tripulação

Após jogarem as latas no mar, a tripulação do Solana Star pediu autorização para entrar com o navio no Porto do Rio para reparos no motor. O barco ficou atracado e quase todos os integrantes, com exceção do cozinheiro Stephen Skelton, saiu nos dias seguintes do país. Quando a polícia brasileira reconheceu o Solana Star como o barco que estava sendo procurado, apenas Skelton, que foi imediatamente preso, estava no país.

"Ele foi condenado à uma pena de 20 anos, mas ficou só um ano preso. O próprio STF achou que a quantidade apreendida no barco era muito pequena para condenar o cara por tráfico internacional", conta Aquino. Não havia como provar a relação de Skelton com as latas encontradas no litoral, e a quantidade encontrada no barco era ínfima. "O Supremo viu que era exagero e liberou o cara", diz o autor.

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    O cozinheiro do Solana Star, Stephen Skelton, em entrevista logo após ser detido

Já o responsável pelo comando da operação foi preso em Miami na véspera ao tentar embarcar no Brasil, mas por uma falha de comunicação entre as policias dos dois países não se sabe que fim ele levou. "Esse intercâmbio entre as policias não ocorreu, não informaram para a polícia daqui que fim levou o cara. Eles só estavam mesmo querendo que a polícia brasileira evitasse que esse carregamento chegasse aos EUA", diz Aquino.

Influência

Em relação à influência do carregamento do Solana Star na cultura brasileira da época, Aquino acredita que ela não foi muito além de ter batizado o nome de algumas bandas de reggae e ser tema de algumas marchinhas de carnaval. O jornalista acredita, no entanto, que a qualidade do produto vendido no Brasil mudou desde então. "A maconha vendida aqui no Rio de Janeiro era solta, de qualidade duvidosa, causava muita irritação e tosse. Depois começou a surgir uma maconha de mais qualidade, o que a gente chama hoje em dia de 'prensada'. Isso a gente pode atribuir ao verão da lata", conta ele.

O autor se diz favorável à descriminalização, mas acha que a legalização da maconha seria uma questão mais complexa no Brasil."Acho que a descriminalização na prática já está ocorrendo. Mas legalizar requer outros estudos: você tem que considerar quem vai poder vender, quem vai poder comprar, aonde, quanto seria cobrado...é uma coisa mais complicada", conclui ele.

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    • Já está na hora de colher? Os pistilos estão marrons...
    • Salve galera, a quanto tempo eu não passo por aqui, caraca. Seguinte, estou passando por uma situação que nunca tinha me acontecido antes e gostaria de saber se alguém aqui já teve esse problema e se teve, como resolveu. Meu substrato está baixando o pH sozinho e muito. Eu faço rega com pH 6,35 por exemplo, como fiz hoje, e o run off sai com 5,2 e até 5,0. As plantas já estão na 2 semana de flora só que já  estão apresentando deficiências, as folhas se dobrando em garra, parecendo over de N, e elas estão bem  verdes mesmo. Estou usando um substrato 50/50 perlita e turfa. Quantos mais dias eu demoro pra fazer a proxima rega, mais ácido parece que fica. Usando Remo nutrients, iluminação LED 350W num grow 80x80. São 5 plantas automáticas, 4 na flora e uma no início da vega. Abaixo fotos.
    • Salve galera, tudo certo?! Alguns anos sem entrar aqui na casinha, mas como eu vi que tem alguns Growers retornando à casa e outros novos chegando, resolvi postar uma "atualização jurídica" (que não é tããão atual assim) para todos os usuários que já "rodaram/caíram" nesses anos todos de cultivo!!  Todos nós sabemos do julgamento do RE 635.659 (Recurso no STF para descriminalização do porte de maconha), agora chegou o momento de revisar as antigas condenações.  Sabe aquela transação penal assinada? Aquela condenação pelo 28 (que não foi declarada inconstitucional na época)?? Aquela condenação do seu amigo pelo 33, mas que se enquadrava nos parametros de um grower??? Pois então, chegou o momento de revisar todos esses processos para "limpar" a ficha de todos(as) os(as) manos(as) jardineiros(as)!! "O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dará início, em 30 de junho, ao mutirão nacional para revisar a situação de pessoas presas e/ou condenadas por porte de até 40 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas. A realização do mutirão cumpre determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) ao julgar recurso sobre o tema em junho de 2024, que resultou na fixação de parâmetros para diferenciar o porte de maconha para uso pessoal do tráfico. Entre o dia 30 de junho e 30 de julho, os tribunais da Justiça Estadual e regionais federais farão um esforço concentrado para rever casos de pessoas que foram condenadas por tráfico de drogas, mas que atendam aos critérios do STF: terem sidos detidos com menos 40 gramas ou 6 pés de maconha para uso pessoal, não estarem em posse de outras drogas e não apresentem outros elementos que indiquem possível tráfico de drogas. De acordo com da Portaria CNJ n. 167/2025, os tribunais atuarão simultaneamente para levantar os processos que possam se enquadrar nos critérios de revisão até o dia 26 de junho. Este é o primeiro mutirão realizado no contexto do plano Pena Justa, mobilização nacional para enfrentar a situação inconstitucional dos presídios reconhecida em 2023 pelo STF. O CNJ convidará representantes dos tribunais que atuarão diretamente na realização do mutirão para uma reunião de alinhamento na próxima semana, além de disponibilizar o Caderno de Orientações." LINK DO CNJ Caso o seu caso se enquadre, ou conheça alguém que também passou por essas situações, sugerimos buscar um Advogado de confiança ou entrar em contato aqui neste tópico mesmo com algum dos Consultores Jurídicos aqui da casinha mesmo!! Bless~~
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