Usuário Growroom iceconha Postado January 6, 2016 Usuário Growroom Denunciar Share Postado January 6, 2016 https://nacoesunidas.org/guerra-as-drogas-novas-solucoes-anunciam-fim-da-repressao-ao-consumo-no-ocidente-destaca-onu/ Descriminalização já é realidade em países das Américas e na Europa. Repressão violenta ao longo dos últimos 50 anos não obteve resultados convincentes, aponta um novo relatório da Universidade das Nações Unidas. América Latina, Estados Unidos e Europa buscam alternativas à repressão violenta ao uso de drogas, como a descriminalização do consumo pessoal. Foto: ONU/Staton Winter A Universidade das Nações Unidas (UNU) destacou mudanças recentes nas políticas de controle de drogas de diferentes países, que têm buscado alternativas à criminalização do uso de determinadas substâncias. Em relatório publicado nesta semana, a instituição de pesquisa avaliou tendências que podem servir de parâmetro para o novo Plano de Ação da ONU sobre drogas, a ser discutido a partir de abril do próximo ano, em sessão especial da Assembleia Geral, e adotado oficialmente em 2019, após outras rodadas de diálogos. A pesquisa consultou 50 Estados-membros das Nações Unidas, 16 organismos da Organização e mais 55 instituições da sociedade civil. Números atestam ineficiência de políticas passadas e atuais Desde 1988, quando foi estabelecida a Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Drogas Narcóticas, que criminalizou o comércio ilegal em escala global, países buscaram soluções na instituição de penas mais severas e na consolidação dos sistemas criminais. O cenário atual, porém, revela que a “guerra às drogas”, em especial, no Ocidente geopolítico, não obteve resultados convincentes. Estimativas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) indicam que, atualmente, 5% da população global consome drogas ilícitas. De acordo com a agência da ONU, 246 milhões de pessoas usaram ao menos uma substância ilegal em 2013. Desse contingente, 10% apresentaria algum distúrbio ou dependência associada a entorpecentes, segundo a avaliação do UNODC. A Organização Mundial da Saúde (OMS), porém, calcula que essa proporção seja maior, podendo chegar até 60%. A América Latina permanece a principal fornecedora de cocaína e o Afeganistão, junto com Mianmar, a maior fonte de heroína, afirma a UNU. O comércio ilegal movimenta cerca de 320 bilhões de dólares por ano. A repressão dura ao mercado “negro” das drogas, que orientou as políticas de controle por mais de 50 anos, não conseguiu, de fato, acabar com o tráfico. Na América Latina, os efeitos parecem ter sido o contrário do esperado. A tentativa de combater a venda ilícita de forma agressiva teria gerado mais violência e também corrupção, segundo o UNODC e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), uma vez que os cartéis, quando pressionados, ameaçam as instituições dos Estados e os processos políticos com subornos e compras de votos, além de controlar territórios onde violações dos direitos humanos das populações são recorrentes. Ao mesmo tempo, o surgimento de novas substâncias psicoativas abre uma brecha para o uso abusivo de drogas consideradas legais. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que, todos os dias, 44 pessoas morrem por overdose de analgésicos obtidos com receituários e outras sete mil vão parar em emergências devido ao consumo em excesso de opioides também adquiridos com prescrições médicas. Descriminalização no Ocidente Alternativas que deixam de privilegiar a repressão mais dura têm surgido já há algum tempo na Europa e nas Américas. Desde os anos 1970, a Holanda afrouxou as penas relativas à posse e à venda de maconha e outros alucinógenos. Nos anos 1990, a Suíça adotou uma política de drogas que combina prevenção, redução de danos, reforço da lei e tratamentos para a dependência que incluíam o uso de opioides durante reabilitação. Em 2000, Portugal implementou a descriminalização do consumo de todas as drogas e criou um sistema focado em serviços de saúde para usuários. Entre 2012 e 2013, a Bolívia lutou para regulamentar os usos tradicionais da folha de coca no país, chegando a se retirar da Convenção mais antiga das Nações Unidas sobre drogas, de 1961. O país retornou ao acordo em 2013. O Uruguai recentemente criou leis que permitem o consumo recreativo da maconha e que regulam o mercado da droga no país. E, nesta semana, a Suprema Corte do México emitiu uma decisão que abre a porta para o uso recreativo da maconha, ao autorizar que um grupo de quatro ativistas cultive a droga para consumo pessoal. Os Estados Unidos também têm realizado, sob a administração Obama, experiências de liberação da maconha a nível estadual. O uso medicinal da canabis é liberado em 23 estados. A posse e o consumo recreativos já foram descriminalizados em 18 unidades federativas, em alguns dos quais foi autorizada a atividade de comerciantes e fornecedores. A descriminalização envolve, geralmente, a remoção ou suspensão de algumas penalidades criminais para infrações legais associadas ao uso pessoal de drogas, mas não necessariamente de todas, enquanto a legalização acaba com todas as penas relativas ao consumo individual e pode permitir o cultivo pessoal o estabelecimento de mercados legais. Políticas penais variam no mundo todo De acordo com a UNU, reformas voltadas para a descriminalização e a conscientização são fruto de um crescente ceticismo quanto aos modelos tradicionais de controle, que confiavam na aplicação de penas severas. Em muitos países, o reforço da lei teve consequências negativas, como a superlotação dos presídios em função do número elevado de detenções de usuários. Nos Estados Unidos, em 2014, 14% de todas as prisões foram associadas a drogas, sendo 83% destas detenções relativas à posse. Outra pesquisa aponta que, em 2013, 48% da população dos presídios federais havia sido detida por infrações relacionas a substâncias ilícitas. Tanto o UNODC quanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Painel Internacional de Controle de Narcóticos (INCB) já emitiram diferentes pronunciamentos criticando a centralidade do encarceramento nas políticas de controle, o que coloca o tratamento dos usuários e os serviços de saúde em segundo plano. Segundo a UNU, discussões sobre a descriminalização se espalham por países europeus, como Itália e Inglaterra, e por nações americanas e caribenhas, como o Chile, Trinidad e Tobago e os Estados Unidos, onde cortes especiais têm sido criadas para julgar infrações. Apesar da perspectiva de reformas nessas regiões, muitos países ainda adotam penas duras e acreditam que a discussão da política de drogas a nível internacional pode ferir a soberania dos Estados para lidar com assuntos domésticos. É o caso da China, onde estrangeiros foram executados recentemente por crimes associados a drogas. Na Indonésia e na Malásia, a lei marcial também tem sido aplicada a indivíduos de outros países. O Irã estima que 80% dos prisioneiros no seu “corredor da morte” foram condenados por infrações também relativas a substâncias proibidas. Formas de lidar com a questão das drogas consideradas “ortodoxas” pela UNU – embora nem sempre envolvam pena de morte – são comuns nesses países e também na Rússia, Índia e Japão. Em muitas nações do Oriente Médio, a difusão do consumo não veio acompanhada do crescimento da violência registrado na América Latina, fato que é utilizado como justificativa para que as autoridades continuem seu trabalho de controle e restrição. Na Ásia, o surgimento de uma classe média com mais poder aquisitivo é um dos fatores que contribui para a expansão do uso de drogas e gera preocupação para os Estados. No Brasil, superlotação dos presídios está vinculado à ‘guerra às drogas’ A população carcerária do Brasil aumentou 74% entre 2005 e 2012. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela prisão de jovens, de negros e de mulheres. O perfil dos encarcerados deixa evidente que a seletividade penal recai sobre segmentos específicos (jovens e negros), uma vez que a faixa etária que mais foi presa é a de 18 a 24 anos; negros foram presos 1,5 vezes a mais do que brancos; e a proporção de negros na população prisional aumentou no período. Além disso, embora o número de homens presos seja maior que o de mulheres, o crescimento da população carcerária feminina foi de 146%, e o da masculina, 70%. Os dados são do “Mapa do Encarceramento – Os Jovens do Brasil”, publicação da Secretaria Nacional da Juventude (SNJ) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), lançada em junho deste. Um dos dados da publicação demonstra que a categoria de presos que mais cresceu está relacionada a drogas e entorpecentes, representando 25% do total. “Muitas vezes, a lei fala que os usuários não devem ser punidos, mas sim os traficantes; mas a legislação não delimita critérios objetivos sobre quantidade e tipo de drogas para a distinguir o traficante do usuário. As pessoas recebem a mesma pena por portar um grama ou uma tonelada de maconha, por exemplo”, lembrou o representante do PNUD à época. O estudo mostrou também que, em um sistema prisional superlotado, 18,7% dos presos não precisariam estar encarcerados e poderiam estar cumprindo penas alternativas. A análise conjunta das taxas de encarceramento e das taxas de homicídio por estado brasileiro, segundo a ONU, indicou que prender mais não necessariamente reduz os crimes contra a vida, pois as políticas de policiamento enfocam os crimes patrimoniais e de drogas. Acesse o estudo da Universidade das Nações Unidas (UNU) em http://bit.ly/1KZhBM6 Acesse o estudo “Mapa do Encarceramento – Os Jovens do Brasil” em http://bit.ly/1KZhxfq 1 Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Recommended Posts
Join the conversation
You can post now and register later. If you have an account, sign in now to post with your account.