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Maconha - Efeitos sobre os sistemas endócrino e reprodutivo


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Efeitos sobre os sistemas endócrino e reprodutivo

Os hormônios masculinos da reprodução

Há um consenso geral de que aplicações de THC reduzem os níveis plasmáticos dos hormônios LH e testosterona em animais de laboratório do sexo masculino (Symons et al., 1976; Chakravarty et al., 1982; Puder et al., 1985; Fernandez-Ruiz et al., 1992), mas os efeitos sobre os seres humanos do sexo masculino não se mostraram tão claros.

A descoberta de que a exposição crônica à canabis realmente afeta a função reprodutora nos seres humanos (Kolodny et al., 1974; Hembree et al., 1979; Issidorides, 1979) sugere que os canabinóides alteram os hormônios da reprodução que controlam a função testicular e têm certo efeito nos parâmetros testiculares.

Mas estudos subseqüentes deixaram claro que os níveis do plasma LH não se alteravam depois de fumar um ou dois cigarros de canabis contendo 2,8% de THC (Cone et al., 1986). A exposição diária ao THC por via oral ou pelo cigarro não causou nenhum efeito nos níveis do plasma do LH ou da testosterona em homens que haviam sido usuários da canabis. Da mesma forma, os níveis de LH, FSH, prolactina e testorona em circulação não foram considerados clinicamente diferentes entre usuários e não-usuários da canabis (Markinanos & Stefanis, 1982; Dax et al., 1989; Block et al., 1991).

Os hormônios femininos da reprodução

As fumantes de canabis têm ciclos menstruais mais curtos devido a uma fase lútea irregular. Quando foram avaliados os efeitos intensos da fumaça da canabis sobre os índices plasmáticos do hormônio LH, da prolactina e dos hormônios sexuais esteróides, descobriu-se que na fase lútea do ciclo menstrual, o LH plasmático e a prolactina foram suprimidos, reduzindo os ciclos (Mendelson et al., 1985, 1986). Não obstante, também se descobriu que usuárias crônicas da canabis não sofreram quaisquer alterações nos níveis de LH, FSH e prolactina quando comparadas às não-usuárias (Block et al., 1991). Aparentemente, a reação hormonal à exposição à canabis depende da fase do ciclo menstrual.

Implicações nas alterações hormonais

Antigos estudos relatavam redução na atividade sexual, inclusive no comportamento copulatório, em ratos machos expostos ao THC. Até o momento não se tem informações de estudos controlados que investigam os efeitos da exposição à canabis no comportamento copulatório da fêmea adulta.

Sem comprovação

Há pouquíssima literatura sobre os efeitos da canabis na fertilidade propriamente dita. As descobertas de que os canabinóides interferem na função hipotalâmica-pituitária-gonadal normal (Murphy et al., 1990) e podem interromper a ovulação e a produção do esperma indicam que a fertilidade pode ser afetada. Contudo, não há nenhuma comprovação epidemiológica a esse respeito.

Reduções na testosterona e na espermatogênese induzidas pela canabis observadas em alguns estudos provavelmente têm conseqüências pequenas em adultos. Esta ação da canabis poderia ter importância no macho pre-pubertal ou em indivíduos cuja fertilidade já está prejudicada por outras razões; até o presente, tudo isso é simples conjetura.

Estudos epidemiológicos

Há razoável comprovação de que o uso da canabis durante a gravidez prejudica o desenvolvimento do feto, causando redução no peso na hora do parto, talvez como conseqüência de uma gestação mais curta e, provavelmente, devido ao mecanismo da fumaça do baseado (a hipoxia fetal). Num estudo de caso sobre os efeitos do uso prenatal da canabis no desenvolvimento do bebê do nascimento até os três anos de idade, a exposição à canabis foi associada apenas ao comprimento reduzido na hora do parto.

Exagero negativo

Não há indicação de que o uso do tabaco ou o da canabis têm efeito relativo à idade gestacional ou a anormalidades morfológicas (Day et al., 1992). A maternidade precoce também pareceu aumentar os efeitos negativos da exposição prenatal ao tabaco e à canabis (Cornelius et al., 1995).

Também não há muita comprovação de que o uso da canabis provoque anormalidades cromossômicas ou genéticas no pai ou na mãe que possam ser transmitidas aos filhos. Esse tipo de evidência, existente em animais ou in vitro, indicam que as capacidades mutagênicas da fumaça da canabis são maiores do que as do THC e, provavelmente, mais pertinentes em relação ao risco de desenvolvimento de câncer nos usuários do que de transmissão de defeitos genéticos ao bebê.

Câncer

Alguns estudos indicam haver um aumento no risco de diversos tipos raros de câncer (leucemia infantil não-linfoblástica, rabdomiosarcoma e astrocitoma) entre os filhos de mulheres que usaram a canabis antes da concepção ou durante a gravidez (Neglia et al., 1991); Robinson et al., 1989; Kuitjen et al., 1990). Uma investigação maior dessas alegações se justifica, pois informações distorcidas podem ter entrado como explicação alternativa para as descobertas.

Fonte: SuperInteressante online

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