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Guerra do tráfico na cidade Maravilhosa...


Jahphael

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  • Usuário Growroom

Serviços de segurança bem articulados, polícias que se notabilizam pela eficiência (em outros países, claro) trabalham com uma mercadoria de extraordinário valor que afirmam ser fruto da inteligência. Chama-se informação. A falta de ambas resulta em conflitos, como o que a secretaria de Segurança do Rio de Janeiro permitiu que se instalasse na favela da Rocinha, na madrugada de sexta-feira, 9.

Disputas por pontos de venda de drogas não são novidade no universo dessa bandidagem. Novo é que esses embates tomem a forma de guerrilha urbana e inédito é que cheguem a ocorrer, ainda que a polícia tenha sido avisada dois meses antes, quando eram apenas ameaça. No final de janeiro, NoMínimo publicou que o traficante Dudu, por ordem de Fernandinho Beira-Mar, recrutava um exército de bandidos para tomar os negócios de seu colega Lulu na Rocinha. Procuradas pelos jornais em busca de confirmação as autoridades de segurança confirmaram: sabiam do perigo, mas estavam atentas.

Em pouco mais de 60 dias o carioca descobriu que saber e estar atento são condições excludentes na área de segurança do estado. Nesse tempo, Garotinho publicou um artigo em jornal para dizer que em sua administração os indicadores de criminalidade estão em queda e que, mais do que qualquer antecessor, investiu uma fortuna em inteligência. De concreto, mesmo, produziu um vôo de helicóptero para exibir à imprensa um assassino confesso que virou batata-quente em menos de 48 horas.

Não se pode dizer que o secretário minta. Mas é conhecida sua habilidade em contornar a verdade. Se investiu em inteligência na polícia, certamente o fez nas cabeças erradas. Na madrugada de sexta-feira, quando explodiu a guerra de traficantes na favela mais importante da cidade, a maior autoridade na segurança do Rio de Janeiro não sabia de nada. O mesmo ocorria com o chefe de polícia. Informação, que é bom, zero. Nem a mais elementar providência, em uso nas polícias do mundo inteiro, que é a observação dos passos do inimigo, rendeu uma réstia de luz na treva em que vive a polícia carioca. Estranho, não?

Esse, porém, era só mais um na coleção de insucessos do secretário. O curioso é que lhe tenha rendido o hábito de jogar em braços alheios qualquer trapalhada que não consiga resolver. Assim fez com os celulares nos presídios. Quando se descobriu que presos os usavam à larga, Garotinho disse que assim era para que a polícia pudesse gravá-los. Como pegou mal, decidiu-se então pelos bloqueadores de sinal. O preço alto e a eficiência escassa tornaram mais fácil transferir a culpa para as operadoras de telefonia que têm antenas nos bairros onde se localizam os presídios. Em nenhum momento se disse que a corrupção impede o Departamento do Sistema Penitenciário de banir os aparelhinhos das cadeias. Algo parecido Garotinho já havia tentado contra o governo federal por causa da entrada de drogas e armas no estado.

Agora, com a guerra de traficantes que, além de ter resultado em mortos e feridos, separou de fato a Zona Sul da Barra da Tijuca por uma noite inteira, Garotinho tenta dividir o custo da tragédia com a prefeitura. Seria do poder público municipal a responsabilidade pela criação de favelas, esconderijo preferencial dos traficantes de drogas. Ninguém desconhece que o poder público – de qualquer natureza – serve-se desses bolsões de votos. Mas também ainda não se perdeu na história que foi um secretário de estado, e não do município, o acusado de pedir à PM um “refresco” no combate ao tráfico de drogas na favela da Mangueira.

Por muito menos do que acontece hoje, no final do segundo governo Brizola, com a administração já entregue ao vice-governador Nilo Batista, o estado recebeu intervenção federal. Hoje, quando açoita o governo federal e diz que Brasília nada faz pela segurança do carioca, mais do que uma desculpa para o esvaziamento econômico e o desemprego sem precedentes, o casal que governa o Rio parece estar em busca de alguma modalidade de pulo-do-gato. Uma interferência do poder central seria a mão de tinta ideal para mascarar um desastre administrativo.

A guerra de traficantes que cortou a cidade em dois pedaços não configura episódio maior do que a chacina da Candelária ou o morticínio promovido pelos Cavalos Corredores em Vigário Geral. Do episódio atual, no entanto, deriva maior sensação de insegurança para a população. Uma parte desse abandono pode ser vista, na tarde da mesma sexta-feira da guerra, no Aterro do Flamengo, onde um milhão de pessoas oraram "aos pés da cruz" com o bispo evangélico, senador e candidatíssimo a prefeito Marcelo Crivella. É a trilha do salvacionismo, que não hesita em tornar soluções mercadorias compráveis pela fé.

Na mesma feira mercadeja Garotinho, que anuncia na TV a disposição de depor na CPI do propinoduto, na Assembléia, enquanto a maioria parlamentar do governo de sua mulher trata de arquivar o requerimento que o convocava. Fica difícil, assim, acreditar fruto da coincidência a maior guerra de traficantes já ocorrida na cidade apanhar o chefe de polícia, o secretário de segurança e a governadora fora do estado, em viagem de lazer. Tem jeito das pegadinhas que o secretário, então candidato a presidência da República, fazia com seus adversários. Nessa época, quando pilhado em alguma traquinagem, costumava dizer: "Sou apenas um garotinho". Talvez a resposta para tudo o que a cidade está vivendo comece por aí. Nenhum adulto escolhe chamar-se Garotinho impunemente.

Por isso mesmo, é tão importante que continuemos em nossa missão de espalhar a semente.... chega de patrocinar esses facínoras hoje, para amanhã velarmos os corpos dos nossos entes queridos caidos nesta guerra nefasta.

PS: Porque será que está sendo omitido o grave fato de que tanto o Vidigal e a Rocinha são favelas controladas pelo Comando Vermelho?????

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