Álcool e direção são coisas que, definitivamente, não combinam. Campanhas federais, estaduais e privadas, promovidas por ONGs e programas de TV, alertam sobre o perigo e fazem da Lei Seca brasileira uma das mais estritas do mundo. São Paulo foi mais longe e agora lança mão de um teste capaz de identificar maconha e cocaína no momento da blitz. Somos 100% a favor da tolerância zero para motoristas que arriscam suas e outras vidas digindo sob qualquer tipo de entorpencente, porém, com substâncias ainda proibidas, como podemos saber exatamente como o efeito de diferentes drogas afetam as simples tarefas do dia-a-dia?
A CNN usou Washington como palco para um teste divertido, mas que tem muito a dizer. Três motoristas foram chapados e colocados para alguns desafios atrás do volante, acompanhados de um instrutor profissional. A primeira foi Addy, de 27 anos. Já chegou chapada, com 15.9 nanogramas de THC por milímetro de sangue, três vezes mais que os 5 ng/ml tolerados pelo novo limíte legal determinado pelo Estado recém legalizado. Usuária medicinal, ela foi quem mais fumou, com uma extra fumada que a levou a 1.4 g de erva na cabeça, chegando a 36,7 ng/ml. Apesar de querer bancar a pé-de-chumbo e a atropelar um cone dando ré, o policial que acompanhou o teste disse que não teria parado Addy em vias públicas por não ver nada muito fora do normal. Ainda assim, a maria maconha da vez assumiu se sentir pouco segura atrás do volante.
Com o pior resultado dos três, Dylan chegou careta. Usuário de fins de semana, fumou 0.3 g do verdinho, o que o levou ao nível 26 ng/ml de THC. Dylan diz que já se sente chapado, mas não comete nenhuma infração. Após uma segunda e terceira bongada, que somou 1 g de erva fumada, ficou confuso, se perdeu no caminho e quase atropelou o fotógrafo, salvo pelo instrutor que segurou o volante na hora. O policial afirmou que teria parado o sem-noção, que também se ligou que estava chapado demais para dirigir.
O usuário esporádico Jeff, de 56 anos, pecou pela velocidade, mas pela falta dela. Depois de fumar 0.3 g, não apresentou muitos sinais de leseira, mas após outras duas fumadas e com 1 g de fumaça na cabeça, Jeff ficou lento a ponto de se tornar suspeito para o policial de plantão, que o pararia na rua. O contemporâneo de Cheech & Chong disse que prefere não dirigir nessas (lentas) circunstâncias.
O teste ainda descobriu que, em alguns casos, pode-se consumir três vezes esse limite sem que as habilidades de direção sejam significantemente afetadas.
A semSemente publicou há alguns meses uma meta-análise realizada em 66 diferentes estudos contendo 264 diferentes estimativas sobre a relação entre drogas, lícitas ou ilícitas, e acidentes automobilísticos, que classificou diversas substâncias como anfetaminas, analgésicos, antiasmáticos, antidepressivos, antihistamínicos, benzodiapinas, cannabis, cocaína, opiáceos, penicilina e zopiclone, uma pílula bastante usada para problemas de insônia. O álcool ficou de fora, para evitar a redundância. Clique aqui para ler.