Que cultivador não é traficante, isso é fato. Mas ainda existe grande resistência da maioria em aceitar isso. A hora de mudar é agora!
RIO DE JANEIRO – Parece até que foi combinado para levantar a discussão seriamente. Mas o fato é que cultivador de canábis não pode ser enquadrado como traficante, e é preciso urgente que os responsáveis pela feitura das leis no Brasil pensem nisso. O que aconteceu nesta quarta-feira (11/7) em São Paulo com o grower ‘Ico Mofyah’ pode ser o estopim de uma importante discussão sobre o texto de alteração da Lei 11.343/2006 proposto pela ONG Viva Rio no início da semana.
Em nenhum momento o texto se refere ao cultivo caseiro de canábis medicinal, por exemplo. E esse é um dos principais pontos que deve ser discutido sobre a Política de Drogas no Brasil. Caso o departamento jurídico do Growroom não tivesse agido imediatamente, mais um jovem trabalhador estaria na cadeia, a exemplo do irmão Sativa Lover e de tantos outros que já sentiram o gostinho amargo de ter sua liberdade privada por um absurdo motivo: plantar sua canábis para não alimentar o tráfico. Não é estranho?
Se um marciano viesse à Terra hoje não iria entender nada do que se passa. E muito provável ficaria indignado. São coisas que só acontecem em países cuja cultura é subjugada por grandes potências como os Estados Unidos, os líderes na imbecil, hipócrita e inútil Guerra Contra as Drogas. Mas o jogo, aos poucos vai virando.
E colocando os pés no chão, vemos que o problema é que a Lei não consegue (ainda) deixar clara as diferenças entre usuários e traficantes. E é justamente nesse ponto que temos de bater, em princípio. Não existe uma linha que deixe claro exatamente qual a quantidade de drogas que um usuário pode portar sem se preocupar com a polícia. Quando fala sobre quantidade, o texto deixa no ar que o usuário poderá portar “a quantidade necessária para o consumo médio individual durante o período de 10 dias, cuja dosagem será definida pelo Poder Executivo da União (…)”
A campanha feita pela ONG Viva Rio é muito boa, conta com nomes de peso do ‘meinstrim’ brasileiro, com Luana Piovani, Isabel Fillardis, Luís Melo, entre outros. E isso todo mundo sabe que é importantíssimo para mexer com a opinião pública no Brasil.
A campanha tem um apelo forte, com o título ‘Lei de Drogas: é preciso mudar’. Mas não toca no assunto do cultivo caseiro, que seria a saída para muitos dos problemas relatados nos casos narrados na campanha. É ai que a coisa pega. Temos de pensar em incluir essa possibilidade.
Senão, no papel vai ficar bonitinho, mas na prática não mudará nada e pessoas inocentes continuarão sendo massacradas por uma lei intolerante e quadrada.
Grower não é traficante! E você, concorda com isso?
Os cultivadores necessitam de união e, sobretudo, de voz ativa. A hora é agora!