‘Neste momento, eu não seria a favor da legalização’, disse
O Globo, 27 de agosto de 2008, página 10
Uma das marcas da vida política do candidato Fernando Gabeira (PV), a legalização da maconha não é mais a sua bandeira. Ontem, ao ser sabatinado na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) Gabeira disse que, atualmente, não defenderia a legalização.
— O foco agora não é legalização. Neste momento, eu não seria a favor da legalização. Foi uma discussão um pouco inútil, perdi energia — disse Gabeira na sabatina, organizada pelo jornal “Estado de São Paulo”. — A colocação do debate entre legalizar ou não coloca os dois lados numa posição insatisfatória. Sem uma polícia moderna, eficaz e honesta, você não consegue nem reprimir nem legalizar. A nova discussão que proponho é reformar a polícia.
O candidato do PV reconheceu que até hoje sofre preconceito de eleitores por conta de já ter defendido temas polêmicos, ‘como legalização da maconha.
— A gente tem que trabalhar naquilo em que se pode marchar junto: na reforma da polícia e no aumento da informação ¬destacou Gabeira, que na sabatina chegou a criticar o PSDB, partido que lhe deu o bom tempo na TV de que dispõe. — Ele tem um desempenho (como oposição) que não considero dos melhores. Os que estiveram no governo não conhecem o mecanismo de oposição. Ficou realmente uma lacuna na oposição no Brasil hoje.
Gabeira teve uma rejeição de 20% na última pesquisa Ibope, — o segundo maior nível de rejei¬ção, atrás apenas de Marcelo Crivella (PRB), com 29%.
— Nossos políticos, conforme as pesquisas, passam a afinar seu discurso pelo que o eleitor médio quer, o que vai pasteurizando as eleições. Esse recuo faz muito mal à democracia — disse o professor de História contemporânea da Universidade Federal Fluminense Daniel Aarão Reis. — O Gabeira deveria assumir com mais agressividade sua posição. Podia se arriscar mais, como se arriscou quando jovem. Se perder, fica com suas convicções. O pior é vencer sem elas.