Enquanto o Departamento de Estado dos Estados Unidos e a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes da ONU (JIFE) acusam o Uruguai de violar a convenção de Drogas de 1961, o presidente Pepe Mujica e o ex-presidente e pré-candidato pela Frente Ampla, Tabaré Vázquez, minimizaram as críticas e continuaram a defender a lei de regulamentação do consumo e venda de maconha aprovada na última terça-feira.
Ontem, em comunicado oficial, o Departamento de Estado norte-americano afirmou que cada país pode eleger a forma que quiser para combater as drogas, desde que cumpra seus compromissos internacionais. “Nós incentivamos o Uruguai a prosseguir os seus esforços junto à comunidade internacional para combater o tráfico de drogas transnacional, incluindo o tráfico de maconha, e salvaguardar a segurança pública”, disse o Departamento.
Já o presidente da JIFE, Raymond Yans, somou ao comunicado uma das declarações mais agressivas ao país, considerando que a decisão viola a Convenção de 1961 e constitui “um tipo de visão própria de piratas, que não quer retirar-se da Convenção, mas tampouco respeitá-la”.
Depois de participar do ato de proclamação do parque industrial e do 15º aniversário do Parque Tecnológico Industrial do Cerro, o presidente Mujica ressaltou que as observações da JIFE fazem “muito barulho”. No mesmo evento, Tabaré Vázquez afirmou que concorda com a medida e que lhe parece correto avançar no caminho da regulamentação.
Em declarações reproduzidas pela Telemundo, Vázquez, médico oncologista, disse que “o que será analisado é se o caminho de regulamentar a posse, o consumo e a venda de maconha é mais eficaz que a luta contra a droga, contra o tráfico de drogas, o confronto e a violência”. Sobre a declaração da JIFE, o ex-presidente afirmou que é preciso levar em conta o “outro lado” e destacou que muitos ex-presidentes – como o brasileiro Fernando Henrique e o mexicano Vicente Fox –, assim como diversos órgãos internacionais “vêm apoiando abertamente este caminho”.
Vázquez ainda recordou que existem drogas vendidas legalmente e argumentou que “deve-se introduzir a educação (quanto às drogas) desde a etapa escolar para que as crianças saibam desde cedo que não devem consumir drogas, salvo as que indiquem o médico”.