A primeira reação dos dirigentes do Fluminense à informação de que um exame flagrou vestígios de maconha na urina do zagueiro Renato Silva foi mandá-lo embora das Laranjeiras.
O Fluminense pensa em demitir o zagueiro por justa causa. A dispensa já está quase decidida, avisa Branco, coordenador do departamento de futebol:
– A permanência dele no clube é difícil. Gostamos dele, sabemos do seu potencial, mas é um problema que não pode acontecer. O Fluminense tem uma tradição grande e deve ser respeitado. Temos uma garotada em Xerém e precisamos dar bom exemplo.
Além de perder o emprego, Renato Silva pode ser suspenso por até dois anos pelos tribunais esportivos.
Com problemas anteriores de alcoolismo, segundo seu advogado, o jogador de 23 anos teria puxado um fuminho durante as férias sem se dar conta de que o delta-9-tetra-hidrocanabinol, princípio ativo da cannabis sativa, permanece no organismo por mais de um mês.
É justa a preocupação dos dirigentes esportivo com o consumo de drogas, mas é pura hipocrisia listar como doping substâncias como a maconha ou a cocaína, que evidentemente não se prestam à melhoria do rendimento esportivo.
A punição, tanto do clube como dos regulamentos esportivos, é de natureza moral. Muitas são as vozes pelo mundo afora que, há algum tempo, vêm pedindo que as drogas de uso social sejam retiradas da lista de substâncias proibidas pela Agência Mundial Anti-Doping e seus usuários não sejam punidos no âmbito esportivo.
Há não muito tempo, falando na Câmara dos Comuns, o ministro dos Esportes da Inglaterra, Richard Caborn, engrossou o coro:
– A Agência Mundial Anti-Doping deveria punir os esportistas que consomem drogas para melhorar seu rendimento físico e esportivo. Não é problema seu se eles consomem drogas na vida fora do esporte. Não podemos fazer o papel de policiais dos esportistas. Devemos controlar aqueles que fraudam o esporte.
Para infelicidade de Renato Silva, porém, esta é uma questão que o Brasil – e não apenas o Fluminense – ainda trata apenas com moralismo. O barato lhe sairá caro. É muito provável que ele perca o emprego e seja suspenso por um longo período.
Fonte: No mínimo