O tema, apesar de atualmente ser considerado polêmico, não tem nada de novo. A maconha é uma planta com diversas propriedades medicinais, conhecidas há milênios. Muitos cientistas e médicos brasileiros reconheciam esse uso e a receitavam antes dela ser proibida no país, em 1932. Infelizmente, somente a partir da década de 1960 os estudos sobre o potencial terapêutico da planta foram retomados e, gradativamente, seu uso como medicamento tem sido estudado e regulamentado em diversos países, a exemplo do Canadá, Reino Unido e Holanda.
No Brasil, o Centro Brasileiro de Estudos sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID – tem feito esforços para avançar na discussão sobre o tema e em maio promoverá o simpósio “Por uma Agência Brasileira de Cannabis Medicinal?“. O evento, que contará com a participação de representantes de diferentes órgãos do governo e especialistas de vários países, discutirá as mais recentes pesquisas sobre o tema, num encontro que proporá a regulamentação do uso medicinal da cannabis no Brasil.
O CEBRID não está nessa discussão há pouco tempo. O prof. Elisaldo Carlini, fundador do Centro, é considerado atualmente uma das maiores autoridades a respeito do uso medicinal de cannabis em todo mundo. Desde a década de 1970, que as pesquisas sob sua coordenação têm gerado contribuições importantes para a comunidade científica internacional que trabalha com o tema.
Alguns dos medicamentos desenvolvidos à base da planta disponíveis no mercado farmacêutico atualmente são fruto dos resultados diretos dessas e de outras pesquisas. Esses medicamentos são utilizados para tratar náuseas e vômitos em pacientes submetidos à radio e quimioterapia, falta de apetite em portadores de HIV e câncer, alguns tipos de dores, dentre outras enfermidades.
A iniciativa do CEBRID é muito importante, merecendo especial destaque o êxito em conseguir a participação de instituições como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o Ministério da Saúde, o Conselho Federal de Medicina, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, dentre outras.
É compreensível que, em meio a tantas polêmicas e controvérsia sobre o tema, seja muito forte a necessidade de compor a programação com autoridades e especialistas reconhecidos no tema. A iniciativa é louvável e urgente.
Porém, é bom lembrar que, ao mesmo tempo que cientistas e políticos discutem se a eficácia da planta justifica sua regulamentação, inúmeros brasileiros e brasileiras sofrem porque a proibição da maconha os impede de ter acesso à um medicamento seguro e barato, que poderia ajudar a melhorar a qualidade de suas vidas.
Lamentamos apenas que as pessoas que atualmente sofrem com alguma das doenças citadas na programação do Simpósio não tenham sido convidadas a dar seus depoimentos e opinar a respeito. Certamente, elas teriam muito a falar e deveriam ser as primeiras a serem ouvidas.
Conheça o caso de Alexandre, paciente com câncer, processado por cultivar seu medicamento: CLIQUE AQUI
Comente o tema no fórum: CLIQUE AQUI
Participe do nosso fórum sobre uso medicinal, visite: www.cannabismedicinal.org