Quando vim pro Japão e tive que parar de usar cannabis (Fumava diariamente no mínimo 3 velas) passei por uma paranóia semelhante. Meus sintomas:
Comecei a sentir fortes arrepios em determinadas horas do dia, geralmente quando estava sozinho.
Juntamente com os arrepios sentia a presença de parentes mortos. Comecei então a ter paranóia de espíritos e fantasmas perto de mim. Começou a rolar uns pensamentos que eu estava dispertando a mediunidade existente em mim.
Eu pensava que os arrepios eram sinais de fantasmas, e que quanto mais fortes estes ficavam, mais perto eles chegavam de mim.
Além disso tive disturbios de sono, e a ter sonhos estranhíssimos, num deles cheguei acordar gritando.
Velho, por sorte eu já estudei muito sobre consciência, auto-consciência, auto-observação, e consegui levar numa boa.
O que rola é o seguinte: Toda vez que você pensa em algo, este algo pode afetar todo o restante dos seus pensamentos, e estes se tornam você. Então é crucial se auto-observar, observar seus pensamentos, nota: Pensar que está se auto-observando não é se auto-observar. Pois uma vez que você pensa, por exemplo. "Certo, agora estou pensando em..." Você está pensando no que está pensando e ainda está em uma nível de consciência de identificação. Pensar no que pensa ainda é pensar.
Auto-observação é uma coisa muito abstrata e díficil de explanar, porque uma vez que você a pratica, você a enxerga como uma outra dimensão de consciência, e muito importante pra nos "pegarmos" no pulo.
Usando da auto-observação então, cheguei a seguinte conclusão quanto a minha situação:
Uma vez que você é dominado por paranóia, combatê-las com o pensamento é inúltil, você não vai encontrar solução.
A solução é parar de pensar, esvaziar a mente, esse processo é chamado meditação.
Sei que é díficil parar de pensar, eu mesmo não consegui praticar a meditação durante a paranóia. Então busquei um meio-termo:
Simplesmente ordenei a mim mesmo: "Ok, pode descer a loucura, não vai me afetar, vou apenas observar o que acontece"
E assim aceitei completamente a paranóia, deitei, deixei a locura tomar conta e apenas observei o que acontecia.
Deixei a sensação de presença de espíritos tomar conta, enquanto projetava a consciência pra observar meu eu. Rolava muito medo, e minha resposta à ele era sempre a mesma. "Pode vir, pode tomar conta, quero ver até onde você vai fdp".
Parei de lutar.
E aos poucos (dias), fui percebendo a realidade, aquela que havia esquecido.
Comecei a tomar consciência das pessoas, do mundo inteiro acontecendo lá fora, e que tudo aquilo que estava rolando comigo nada mais era que algo na minha mente. Uma coisa criada dentro da mente, que estava me afetando de alguma forma. E que cedo ou tarde iria embora naturalmente.
Essa foi não apenas uma experiência estranha, mas no fim das contas aprendi a lidar com sentimentos de uma forma que nunca havia aprendido.
"Sentimentos são criados na mente, eles vem e vão, naturalmente, posso simplesmente usar minha consciência pra tomar as decisões independente do que meu estado de humor sugere..."
Então brother, sorte sua estar passando por isso, de certo vai ser libertador quando passar. Apenas pare de lutar. Deixe a loucura tomar conta. Seja amigo dela, conheça-ela, vasculhe sua mente sem medo.
Se você quer controlar algo, precisa antes conhecer muito bem esse algo, enquanto você lutar contra isso, não vai saber o que de fato é, e não será capaz de controlar.
Flw abraço