Tenho fumado pra caralho
Desde 94
Chapado achando o máximo
Me disseram que era chato
Que ia me levar pro buraco
Que era bom eu tomar cuidado
Uns diziam que eu era fraco
Outros que eu era vagabundo
Retardado, virado, maloqueiro
Largado, sem pai, sem mãe, desempregado
Periferia meu legado o estigma que eu tenho carregado
Cada um na sua zona, cada qual no seu quadrado
Toda a vila tem a Rota, todo canto um baseado
Não sei que tanto importa
Tanto eu falo vida loka
Querem que eu fume como quem usa droga
Que me identifique como um de vida torta
Nunca fui magnata e nunca agi com preguiça
Já fiquei só de brisa, sabendo do preço da fita
Já maltratei minhas meninas, não aceito esse seu paradigma
De que foram feitas de costela minha
De que são feitas pras vontades machistas
Muda perspectiva e aprende com a vida
Que quem sabe o lugar delas só são elas
Não são vaginas e a vida não é uma foda
Onde vc objeta toda mulher que olha
Que os sabores que escolhemos como favoritos
São só nossos e nossos eternos enigmas
Advindos de instintos
Quem pensa sobre eles são só quem neles fazem trilha
Eu tinha 18 e já sabia, que caquilo me alivia
Me servia, me incentiva, me acalma, me anima
Me media, me mantinha, me sarava, me sorria
Não me alucina, não me embriaga
Não me contamina
Não me extravasa, não me determina
Não me torna má companhia
Como a tua mãe te dizia
Nem pessoa destemida
Como pensava quem de fora me via
Nem mais, nem menos , melhor, ou pior ainda
Leal e real, ao menos procedo humilde seguia
Na verdade o que sempre defendi com coragem
É que com ela sou mais eu, é meu ritmo e moldagem
E eu percebo que não estou em novidade
Mas sou eu de verdade
De volta, sem ter feito viagem
Como se nada me faltasse
Consigo tirar um sorriso da face
Eu vejo flores de maconha a vontade
O cultivo dessa planta me representa
Ciclos e ciclos cada qual uma coisa a que aprenda
Onde cresce e floresce desafios e incertezas
Metas deveras sem temer, mas se tem, temas
Se temer tu tentas
Se temer tu forças
Se temer tu plantas
Se temer tu cuidas
Se temer tu colhes
Sem temer sabores
Sem temer fatores
Sem misturar valores
Cores, odores, diversos amores
De sorte, o nobre, de nome e estirpe
Linhagem que se descrimine
Sem desprezos por gene
A cannabis é brilhante
A maconha é pra sempre
A fagulha que acende
O remédio pra gente
O alento de jovens
Crianças sem dores
Tremores
Mortes
Sem vómito, mais fortes
Neuroprotegidas se animam se envolvem
Parece objeto de mil utilidades
Parece sorte de principiante
Sucesso de antigos jogadores
Sem educação, sem fomento, com fome
Sem teto, sem porte, sem voto, sem norte
Com ódio, no lodo, oprimidos, prensados num canto
Se levantam e sorriem
A Maconha aos prantos
Virando a face de cara lavada
Sem sombra de traça, nem ruga na cara
Inteira e intacta, nativa e inata
Re transformada
Mais forte que nunca
Agora
A mais nobre da turma
Estudada
Estendida, defendida as claras
Estimada e bendita da lata
Às favas
Sem mistérios e intrigas
Atuando em prol da vida
Que essa lástima acabe logo um dia
Crueldade com a nossa Sativa
Planta divina
Medicina
Ganjah em cadeia carboxílica
Entenda e depois decida
O que queriam a tornando proibida
Triste é uma nação racista
Bud parceria