Em 2001 a Osklen teve um problema com a sua coleção feita de canhamo, mas mesmo assim até hoje eles ainda fazem roupas de cânhamo e defendem o plantio da erva no mundo.
Roupas da Osklen são apreendidas por apologia
Fonte: Jornal do Brasil
>10 / 10 / 2001
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True Hemp Fiber (A verdadeira fibra de cânhamo, em inglês). A informação estampada na nova coleção da grife Osklen, especializada em roupas jovens e esportivas, desagradou a Justiça do Rio e fez as roupas saírem das lojas para as mesas da Justiça. O promotor Márcio Mothé, da 2ª Vara da Infância e da Adolescência, apreendeu, no final da noite de ontem, todas as peças da nova coleção Hemp Product. As roupas, confeccionadas em cânhamo, trazem estampadas as folhas da maconha. O cânhamo é um tecido obtido a partir das fibras da Cannabis sativa, a planta da maconha. As peças foram recolhidas nos shoppings Rio Sul, Barra Shopping, Iguatemi e Fashion Mall.
"Os adolescentes que consomem essa grife estão fazendo apologia da droga, o que é crime previsto no artigo 287 do Código Penal", justificou Mothé. O mandado de busca e apreensão foi concedido pelo juiz da 2ª Vara, Guaraci Vianna. Segundo o promotor, a apreensão se deu a partir de denúncias, entre elas, da própria equipe médica, que atende adolescentes viciados, da 2ª Vara. "Eles contaram a dificuldade que é ressocializar jovens, dizendo para que não consumam drogas, quando a grife que vestem traz estampada o símbolo da maconha", contou.
Mothé explicou que a decisão se baseou em perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli. Lá, os peritos chegaram à conclusão de que as folhas estampadas nas roupas se assemelham às folhas da maconha. E concluíram que se tratava de crime de apologia. De acordo com o promotor, as peças apreendidas também irão para perícia. "Agora, o Ministério Público vai estudar quais as providências que serão tomadas em relação à loja", adiantou Márcio Mothé. Ele acrescentou ainda que a loja Osklen tem, em seu site, a relação dos produtos da nova coleção.
Susto - A apreensão pegou de surpresa a família Metsavaht, dona da Osklen. Segundo Patrick Metsavaht, responsável pela área de importação e exportação da marca, o desenho da folha da maconha é a base da coleção de verão, em cânhamo, que está sendo distribuída. "O cânhamo é um produto legalizado e consta na lista de importação autorizada", ressalta Metsavaht. Não é a primeira vez que a Osklen usa a folha da maconha para decorar seus produtos: no inverno, o estilista Marco Sabino criou para a grife uma linha de bijuterias cujo adereço principal era a planta alucinógena. Essa passou longe dos olhos do promotor.
Jornal do Brasil - Caderno Cidade
11/10/2001
Paula Maíran
Polícia volta ao depósito da Osklen
Policiais civis e militares da Força-tarefa de Combate ao Crime Organizado (Focco) apreenderam na manhã de ontem, num depósito em São Cristovão, uma nova carga de roupas da grife Osklen, da linha de verão Hemp Product, todas confeccionadas com cânhamo, fibra obtida da planta Cannabis Sativa, a partir da qual é produzida a maconha. A operação ocorreu mesmo após o acordo entre o Ministério Público e a direção da empresa, que, em troca da extinção do processo por crime de apologia ao uso de entorpecentes, se comprometeu a cobrir com um "X" todas as estampas da folha poibida., além de produzir novas camisetas com mensagens anti-drogas. A Osklen ainda se propôs a distribuir toda a coleção, já retocada, entre crianças e adolecentes em abrigos públicos.
O acordo entre o Ministério Público e a Osklen vai evitar a destruição de roupas avaliadas em R$ 250 mil, de uma das linhas de verão da marca internacional. "Essa operação me pegou de surpresa", admitiu o promotor de justiça Astério dos Santos. "A empresa já aceitou se submeter a um termo de ajustamento de conduta que me levará a extinguir a ação criminal". "Já que aceitamos o acordo, não deu para entender o motivo da operação e do aparato policial", reclamou o advogado da empresa, Pedro Paulo Pimentel.
O Ministério Público só havia requisitado à Justiça a apreensão da coleção Hemp Product que estava à venda. Na terça-feira, as roupas expostas nas vitrines de seis lojas da marca foram apreendidas pelo Grupo de Apoio Policial (GAP) do MP, que não chegou a ser comunicado sobre operação de ontem.
A ação policial no depósito foi, no entanto, respaldada por mandado judicial expedido pelo titular da 2ª Vara da Infância e Juventude, juiz Guaraci Vianna. A numeração e a data do documento apresentado pelos policiais da Focco são as mesmas impressas nos mandados expedidos por Vianna na véspera. Livros de contabilidade e computadores também foram revistados pelos policiais no depósito de São Cristovão. Uma denúncia de abuso de autoridade provocou a ida de equipe da Corregedoria de Polícia Civil ao local, mas, segundo o órgão, nenhuma irregularidade foi comprovada. "O MP fez a petição inicial para apreensão das roupas, mas a forma de cumprimento da decisão não compete ao MP, mas a mim. Estendi a medida ao depósito", explicou ontem o juiz Guaraci Vianna. Segundo o juiz a convocação da Focco se deveu à necessidade de reforço policial: "O GAP não tinha condições de cumprir tudo sozinho".
Jornal do Brasil - Caderno Cidade
13/10/2001
Apreensão de roupas está sob investigação
A Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça está investigando as circunstâncias em que foi realizada, na quarta-feira passada, a operação policial para apreensão de roupas da grife Osklen, no depósito da empresa, em São Cristovão. Na ocasião, o juiz Guaraci Vianna, da 2º Vara de Infância e Juventude, expediu mandato de apreensão da coleção de verão Hemp Product, confeccionada com cânhamo, fibra obtida da mesma planta da qual se produz a maconha. Mas há suspeita de abuso de autoridade na operação, realizada por colaboradores voluntários da Justiça de Infância e Juventude e por policiais da Força-tarefa de Combate ao Crime Organizado (Focco), da secretaria de Segurança.
De acordo com a denúncia encaminhada à Corregedoria-Geral do TJ pelos advogados da empresa, livros de contabilidade e computadores foram revistados pelos policiais no depósito de São Cristovão, sem ordem judicial específica. Também sem mandato, um prestador de serviços da Osklen, responsável pela produção das estampas em silk-screen, chegou a ser detido dentro de casa, na Pavuna, e conduzido até o depósito.
O Ministério Público, que não foi comunicado sobre a operação em São Cristovão, não pedira tal diligência. O promotor Márcio Mothé preferiu não se manifestar antes do fim da investigação da Corregedoria do TJ.
A apreensão no depósito da Osklen ocorreu apesar do acordo entre o MP e a direção da empresa. Em um termo de ajustamento de conduta, a empresa se comprometeu a alterar, em prazo de 60 dias, a estampa com um "x" todas as estampas de folha de maconha, e também a produzir camisetas com mensgens anti-drogas, para distribuição entre jovens de abrigos públicos, no próximo Natal. Em troca, o MP desistiu de propor ação civil pública, que resultaria em multa para a empresa.
Na terça-feira, o Ministério Público requisitara à Justiça a apreensão somente da coleção Hemp Product que já estava à venda em lojas da cidade. Roupas expostas em vitrinis de quatro shoppings foram apreendidas pelo Grupo de Apoio às Promotorias de Justiça (GAP), cujos integrantes deverão prestar depoimento na Corregedoria-Geral do TJ.
Fonte: E- Legalize