A Ecologia Cognitiva afirma o valor social do uso positivo de substâncias psicoativas, e pretende conectar e ativar a ação integrada de indivíduos e grupos pela mudança das políticas públicas que legitimam a lógica proibicionista no Brasil.
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Foram 30 anos de moratória na pesquisa sobre as possíveis utilizações positivas das substâncias psicoativas. Neste período se intensificou a política de "Guerra às Drogas" (War on Drugs), que trouxe todos os efeitos negativos que a propaganda nos acostumou a imputar às substâncias em si -- nunca à própria política. Apesar de ainda vivermos à sombra deste pensamento dominante, que sustenta enorme fluxo de capitais e justifica a lucrativa lógica armamentista, ultimamente podem ser percebidos alguns sinais diferentes no ar.
Os últimos anos da década de 90 assistiram significativas movimentações da sociedade civil contrárias à argumentação oficial, como o movimento de descriminalização e regulamentação do uso médico da 'cannabis', a campanha de esclarecimento sobre os efeitos do MDMA em contexto terapêutico, e ainda os notórios processos de legalização de manifestações culturais baseadas em sacramentos psicoativos (ex. Santo Daime na Europa, União do Vegetal nos EUA). Da parte das agências governamentais, é indicativo o número de autorizações dadas a pesquisadores para projetos de avaliação de usos terapêuticos de substâncias psicoativas, e este conjunto de variáveis analisadas em conjunto nos faz crer que está em curso uma importante mudança de clima na discussão dessa questão nos âmbitos acadêmico, científico, legal, e também frente à percepção do público em geral.
Pois é esta mudança de clima que motiva o lançamento da 'Ecologia Cognitiva', que busca acompanhar a dinâmica do diálogo que irá reformatar as referências culturais em relação à liberdade de cada um em interagir ativamente com o funcionamento de próprio aparelho cognitivo, de acordo com práticas cultural e / ou científicamente respaldadas. Objetiva iluminar um novo espaço, com novos conceitos e referências teóricas, para o debate que irá acompanhar a formulação de políticas públicas como a política nacional sobre drogas.
A supremacia do discurso proibicionista tem impedido o surgimento e validação de alternativas que promovam o uso positivo de substâncias psicoativas, bem como a implementação de soluções efetivas aos problemas criados pelo abuso dessas mesmas substâncias em nossa cultura hoje. Nestes anos de obscurantismo não só toda a pesquisa científica foi suprimida mas também seus proponentes perseguidos e desacreditados, criando um clima de desinformação geral baseado no medo. Manifestações culturais que professam o uso tradicional e socialmente adptado de psicoativos, que têm sido apontados como alternativas de cura para casos de abuso e dependência, passaram por questionamentos contrangedores envolvendo processos, confiscos e aprisionamentos.
A Ecologia Cognitiva afirma o valor social do uso positivo de substâncias psicoativas, e pretende conectar e ativar a ação integrada de indivíduos e grupos que considerem chegado o momento de mudar o foco da argumentação que legitima a lógica proibicionista em nosso país.
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