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Isso foi amplamente divulgado que a Salvia era a planta que substitua a cannabis, achei um absurdo principalmente quando divulgaram a noticia não deram nem o trabalho de fazer uma pesquisa no google e já estavam falando que se comprava em quitanda como tempero.
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Dickloco O que eu mais achei interessante nesse texto foi a idéia de liberar (eu preferia a descriminalização total) a maconha por 5 anos, acho que os índices de violência/homicídio iriam abaixar drasticamente, um bom exemplo foi a Lei seca para os condutores de veículos, baixou mais de 50% os índices de acidentes de transito.
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Revisão: Funcionamento Executivo E Uso De Maconha
um tópico no fórum postou kanneh Cannabis Medicinal
Revista Brasileira de Psiquiatria Print ISSN 1516-4446 Rev. Bras. Psiquiatr. vol.30 no.1 São Paulo Mar. 2008 doi: 10.1590/S1516-44462008000100013 Revisão: funcionamento executivo e uso de maconha Review: executive functioning and cannabis use Priscila Previato Almeida(I); Maria Alice Fontes Pinto Novaes(I); Rodrigo Affonseca Bressan(I); Acioly Luiz Tavares de Lacerda(I), (II), (III) I - LiNC - Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas, Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo (SP), Brasil II - Instituto Sinapse de Neurociências Clínicas, Campinas (SP), Brasil III - Centro de Pesquisa e Ensaios Clínicos Sinapse-Bairral RESUMO OBJETIVO: A maconha é a droga ilícita mais consumida no mundo, porém ainda existem poucos estudos examinando eventuais prejuízos cognitivos relacionados ao seu uso. As manifestações clínicas associadas a esses déficits incluem síndrome amotivacional, prejuízo na flexibilidade cognitiva, desatenção, dificuldade de raciocínio abstrato e formação de conceitos, aspectos intimamente ligados às funções executivas, as quais potencialmente exercem um papel central na dependência de substâncias. O objetivo do estudo foi fazer uma revisão a respeito das implicações do uso da maconha no funcionamento executivo. MÉTODO: Esta revisão foi conduzida utilizando-se bases de dados eletrônicas (MedLine, Pubmed, SciELO and Lilacs). DISCUSSÃO: Em estudos de efeito agudo, doses maiores de tetrahidrocanabinol encontram-se associadas a maior prejuízo no desempenho de usuários leves em tarefas de controle inibitório e planejamento; porém, este efeito dose-resposta não ocorre em usuários crônicos. Embora haja controvérsias no que se refere a efeitos residuais da maconha, déficits persistentes parecem estar presentes após 28 dias de abstinência, ao menos em um subgrupo de usuários crônicos. CONCLUSÕES: Os estudos encontrados não tiveram como objetivo principal a avaliação das funções executivas. A seleção de testes padronizados, desenhos de estudos mais apropriados e o uso concomitante com técnicas de neuroimagem estrutural e funcional podem auxiliar na melhor compreensão das conseqüências deletérias do uso crônico da maconha no funcionamento executivo. Descritores: Cannabis; Neuropsicologia; Cognição; Lobo frontal; Literatura de revisão ABSTRACT OBJECTIVE: Cannabis is the most used illicit drug worldwide, however only a few studies have examined cognitive deficits related to its use. Clinical manifestations associated with those deficits include amotivational syndrome, impairment in cognitive flexibility, inattention, deficits in abstract reasoning and concept formation, aspects intimately related to the executive functions, which potentially exert a central role in substance dependence. The objective was to make a review about consequences of cannabis use in executive functioning. METHOD: This review was carried out on reports drawn from MedLine, SciELO, and Lilacs. DISCUSSION: In studies investigating acute use effects, higher doses of tetrahydrocannabinol are associated to impairments in performance of nonsevere users in planning and control impulse tasks. However, chronic cannabis users do not show those impairments. Although demonstration of residual effects of cannabis in the executive functioning is controversial, persistent deficits seem to be present at least in a subgroup of chronic users after 28 days of abstinence. CONCLUSIONS: The neuropsychological studies found did not have as a main aim the evaluation of executive functioning. A criterial selection of standardized neuropsychological tests, more appropriate study designs as well as concomitant investigations with structural and functional neuroimaging techniques may improve the understanding of eventual neurotoxicity associated with cannabis use. Descriptors: Cannabis; Neuropsychology; Cognition; Frontal lobe; Review literature Introdução A prevalência do uso da maconha é superada apenas pela do álcool e a do tabaco, sendo a droga ilícita mais consumida no mundo.(1) Ela é experimentada por muitos jovens europeus e pela maioria dos jovens nos Estados Unidos e na Austrália.(2) No Brasil, em apenas uma década, a prevalência de uso de maconha entre estudantes triplicou.(3) Em um levantamento domiciliar feito na cidade de São Paulo com uma população de indivíduos maiores de 12 anos de idade, a maconha foi a droga ilícita que teve maior freqüência de uso na vida, seguida de longe pelos solventes e a cocaína.(4) Há séculos a maconha vem sendo utilizada para fins recreacionais; porém, ultimamente vem ocorrendo um aumento no interesse acerca do uso terapêutico desta substância em diferentes condições (e.g., tratamento de glaucoma e da perda de apetite em paciente com AIDS ou outras doenças consumptivas).(5) O potencial uso terapêutico da maconha, no entanto, deve estar condicionado não apenas à comprovação de sua eficácia nos quadros clínicos em questão, sendo necessário assegurar que o seu uso regular não esteja associado a danos à saúde, incluindo prejuízos no funcionamento cerebral. Deste modo, o estabelecimento de uma relação risco-benefício favorável é fundamental para a condução da calorosa discussão envolvendo a liberação do seu uso terapêutico. Diferentes estratégias têm se mostrado promissoras na investigação de eventuais prejuízos no funcionamento cerebral decorrentes do uso regular de substâncias, destacando-se as técnicas de neuroimagem funcional e estrutural e a avaliação neuropsicológica. A avaliação dos prejuízos neuropsicológicos decorrentes do uso da maconha continua desafiando pesquisadores. Muitos estudos mostram prejuízos significativos no período inicial de abstinência, mas falham em demonstrar déficits residuais. Reduzir o número de variáveis confundidoras é um grande desafio, o qual é complicado por diferentes dificuldades metodológicas. Entre as variáveis que devem ser consideradas, estão o tipo de testes neuropsicológicos utilizados, o intervalo entre a última vez que a substância foi consumida e o momento da avaliação, a concentração de tetra-hidrocanabinol (THC) na maconha consumida, os efeitos do uso de outras substâncias, a presença de comorbidades psiquiátricas de eixo I, o tamanho da amostra e o tempo e a intensidade de uso.(6) Além disso, uma síndrome de abstinência da maconha tem sido bem estabelecida, especialmente em usuários crônicos e pesados.(7) As funções executivas (FE) exercem um papel central no processo de dependência, tanto no controle do impulso em usar a droga como na dificuldade em interromper o uso. Essas funções permitem ao homem desempenhar, de forma independente e autônoma, atividades dirigidas a um objetivo específico, estritamente relacionado ao comportamento humano. Englobam ações complexas que dependem da integridade de vários processos cognitivos, emocionais, motivacionais e volitivos, os quais estão intimamente associados ao funcionamento dos lobos frontais. A volição é a capacidade de gerar comportamentos intencionais, a qual necessita de motivação, iniciativa e autoconsciência. A perda da capacidade volitiva acarreta um importante comprometimento funcional, quando o indivíduo pode se tornar apático e sem iniciativa. O planejamento requer capacidade de abstração, pensamento antecipatório, capacidade de organizar uma seqüência de passos, controle de impulsos, fazer escolhas, sustentar a atenção e ter a memória preservada, além da motivação e autoconsciência. A ação propositiva demanda a capacidade de iniciar, manter, alterar e interromper seqüências de comportamentos complexos de maneira integrada e ordenada, além de flexibilidade para mudança de set perceptivo, cognitivo e comportamental. Já o desempenho efetivo compreende a auto-regulação.(8) Assim, o funcionamento executivo pode ser definido como a capacidade de se extrair informações de diversos sistemas cerebrais, verbais ou não verbais, e agir sobre essas informações de modo a produzir novas respostas, fornecendo aos sistemas funcionais orientações para um processamento eficiente das informações. Os processos cognitivos que sustentam as funções executivas são: memória operacional, set preparatório e controle inibitório. A memória operacional é a capacidade de manter e manipular a informação de curto prazo para gerar uma ação num futuro próximo. O set preparatório se define como prontidão de estruturas sensoriais e, principalmente, motoras para o desempenho de um ato contingente a um evento prévio, representado na memória operacional. O controle inibitório é um processo que objetiva suprimir influências internas ou externas que possam interferir na seqüência comportamental em curso.(9) Estas funções primárias, somadas aos processos de natureza emocional, motivacional ou volitiva, podem ser consideradas a base das funções executivas. Déficits mais amplos na capacidade de abstração, planejamento e memória, assim como alterações de linguagem, são, em parte, reflexo de perturbações que acometem estas funções básicas.(10) Estudos com usuários de substâncias ilícitas têm detectado vários déficits cognitivos semelhantes aos encontrados em pacientes com lesões frontais, como, por exemplo, incapacidade para utilizar conhecimentos específicos em uma ação apropriada, dificuldade de mudar de um conceito para o outro e alterar um comportamento depois de iniciado, dificuldade em integrar detalhes isolados e de manipular informações simultâneas.(11) Um sintoma central na síndrome de dependência de substâncias é a ingestão compulsiva e o desejo intenso de usar a substância a despeito das conseqüências desse comportamento em curto ou em longo prazo.(12) A existência de prejuízos em diversos aspectos do funcionamento executivo em usuários de diferentes substâncias (álcool, cocaína, anfetaminas, opióides e maconha) envolve a maneira pela qual o indivíduo lida com as propriedades de reforço da substância, assim como a deficiência no controle dos mecanismos de respostas e a qualidade de tomada de decisões. Desta maneira, as funções executivas desempenham um importante papel no processo de dependência, no impulso em usar a droga e nas dificuldades para interromper o uso.(13) Deste modo, problemas no funcionamento neuropsicológico, especialmente das funções executivas, podem influenciar negativamente na motivação para o tratamento e a aderência ao programa de recuperação, aumentando as chances de recaída.(14) Neste caso, prejuízos em tais funções apresentariam uma potencial importância etiológica ou, pelo menos, influenciariam a cronicidade do problema. As alterações executivas podem ainda ter um considerável impacto negativo na dinâmica e nos resultados do tratamento da dependência de substâncias. Esta importância aumenta conforme aumentam as demandas cognitivas destes tratamentos. Os sujeitos podem ter dificuldades para tomar consciência de seus próprios déficits, para entender instruções complexas, inibir respostas impulsivas, planejar suas atividades diárias e tomar decisões que fazem parte do seu cotidiano.(15) Portanto, é importante relacionar os prejuízos nas funções cognitivas com suas possíveis implicações na vida diária do paciente, assim como suas reações emocionais e seu padrão de raciocínio com o objetivo proposto pelo tratamento.(16) O presente artigo tem por objetivo revisar criticamente os estudos que avaliaram o funcionamento executivo de usuários regulares de maconha, discutindo a persistência de eventuais prejuízos cognitivos residuais e as suas possíveis implicações para a síndrome de dependência. O termo residual vem sendo empregado na literatura para descrever os efeitos de longo prazo do uso da maconha; porém, permanece ambíguo e em muitos estudos não é bem definido. O termo residual pode se referir a prejuízos devido a resíduos de canabinóides agindo no sistema nervoso central (SNC) depois de cessado o período de intoxicação aguda ou pode se referir a danos no SNC que persistem mesmo depois de não haver mais resíduos da droga no organismo.(17) Assim, a presente revisão propicia uma atualização dos achados referentes ao funcionamento executivo de usuários de maconha, com especial ênfase na investigação de possíveis prejuízos cognitivos residuais decorrentes do uso crônico desta substância. Método Esta revisão foi conduzida utilizando-se bases de dados eletrônicas, tais como MedLine, Pubmed, SciELO e Lilacs, com os termos " cannabis" , " marijuana" , " neuropsychol*" , " cognit*" , " executive functioning" , " mental flexibility" , inhibitory control" , " abstraction ability" , " concept formation" e " decision-making" . Estudos examinando os efeitos da maconha e suas implicações neuropsicológicas envolvem tradicionalmente dois tipos de desenho: 1) aqueles nos quais são administradas doses de THC em voluntários com história de uso leve e não regular; 2) estudos que analisam o desempenho neuropsicológico de usuários crônicos de maconha. Os primeiros são mais apropriados para a avaliação dos efeitos agudos causados pela intoxicação, enquanto que estudos com usuários crônicos fornecem informações a respeito dos efeitos do uso prolongado da droga, assim como potenciais efeitos residuais que persistem após a suspensão do uso.(18) Portanto, a discussão foi subdividida entre estudos que avaliaram o efeito agudo da maconha (Tabela 1) e estudos que avaliaram seu efeito de uso crônico (Tabela 2). Devido à complexidade e aos diversos componentes ligados ao funcionamento executivo, foram considerados de interesse primário os estudos que relatavam o uso de testes neuropsicológicos levando-se em consideração a descrição de funcionamento executivo proposta por Lezak, comentada na introdução. Além disso, deve-se salientar que a realização de tarefas padronizadas, como os testes neuropsicológicos, envolve diversos mecanismos cerebrais e sofre a influência de fatores ambientais, o que não permite avaliar isoladamente uma única função e vai depender da preservação da capacidade de atenção do sujeito.(19) A atenção é condição necessária para a capacidade de concentração e para a realização de atividades mentais. Desta maneira, foram selecionados artigos que avaliaram aspectos como planejamento, capacidade de abstração, habilidade em solucionar problemas, mudança de estratégias, flexibilidade mental e comportamento orientado para um objetivo - os quais estão associados ao funcionamento do córtex pré-frontal dorsolateral -, por meio dos seguintes testes: Wisconsin Card Sorting Test, Torre de Londres, Figura Complexa de Rey, Fluência Verbal (FAS) e Trail Making Test. O controle inibitório, juntamente com a memória operacional e o set preparatório, desempenha papel na organização temporal do comportamento, e tem como função impedir estímulos distrativos de alterar a estrutura global da ação decorrida no tempo. Os substratos neurais do controle inibitório incluem o córtex pré-frontal orbitomedial, além da região parietal e estruturas subcorticais, tais como o caudado e o giro do cíngulo.(20) Dentre os estudos, foram selecionados aqueles que utilizaram Stroop Test, Stop Task, Go/no Go e Delay Discounting Test. Discussão A despeito de tal relevância, existem poucos estudos examinando a existência de prejuízos cognitivos em usuários de maconha. No que se refere ao funcionamento executivo em adultos, foram encontrados apenas nove artigos, sendo três sobre o efeito agudo e seis sobre o efeito do uso crônico. Os estudos encontrados avaliam, em grande parte, outros aspectos neuropsicológicos, porém serão descritos aqui apenas aqueles que se referem às FE. Estudos avaliando os efeitos da intoxicação aguda O estudo conduzido por Hart et al. em 2001(21) examinou os efeitos da intoxicação aguda por maconha, avaliando diferentes aspectos das FE, tais como raciocínio, abstração, flexibilidade mental e controle inibitório, por meio de uma bateria computadorizada (MicroCog: Assessment of Cognitive Functioning). Foram avaliados (18) sujeitos que fumavam, em média, quatro baseados por dia, seis vezes por semana, por um período médio de quatro anos. Os sujeitos passaram por três sessões experimentais, nas quais consumiram diferentes concentrações de THC (0%, 1,8% e 3,9%), com um intervalo de pelo menos 72 horas entre as sessões. Não foram observadas diferenças significativas no desempenho dos sujeitos em função da concentração de THC consumido. Segundo os autores, uma possível explicação para tal achado seria a de que usuários crônicos acabam desenvolvendo estratégias compensatórias e tendem a ser mais cuidadosos na execução de tarefas após o consumo. O estudo realizado por McDonald et al.(22) investigou os efeitos agudos do THC em comportamentos impulsivos definidos pelos autores como incapacidade de inibir ações inapropriadas, insensibilidade a conseqüências, percepção distorcida do tempo e perseveração de comportamentos, aspectos intimamente ligados ao funcionamento executivo. Foram avaliados 18 homens e 19 mulheres, os quais tinham feito uso de maconha ao menos 10 vezes na vida. Os participantes foram randomizados e receberam cápsulas contendo placebo, 7,5 mg ou 15 mg de THC. Foram utilizados os seguintes testes: Stop Task, Go/No Go e Delay Discounting test. O THC aumentou as respostas impulsivas no Stop Task, porém, não afetou significativamente o desempenho nos outros testes. Os autores concluíram que o THC pode afetar certos comportamentos impulsivos e sugerem que a impulsividade é resultado de diversos componentes. Já o estudo realizado por Ramaekers et al.(23) avaliou os efeitos agudos da maconha através de uma curva dose-resposta (250 µg/kg e 500 µg/kg de THC) em um estudo cruzado, duplo-cego e controlado por placebo, com 20 usuários recreacionais, os quais tinham entre 19 e 29 anos, e fumavam, em média, três vezes por mês há aproximadamente quatro anos. As FE foram avaliadas por meio dos seguintes testes: Torre de Londres, Stop Signal Task e Iowa Gambling Task (IGT). Ao comparar o desempenho dos indivíduos com o grupo placebo na Torre de Londres, observou-se uma diminuição no número de respostas corretas nos dois grupos que utilizaram THC. Já na tarefa de controle inibitório do Stop Signal Test, observou-se um pior desempenho apenas no grupo que recebeu a maior dose de THC. Não houve diferença significativa em relação ao IGT. Os autores concluem que há uma relação dose-resposta no desempenho dos sujeitos no que se refere ao controle inibitório. É importante salientar, porém, que os sujeitos examinados eram usuários leves e podem ser mais sensíveis aos efeitos agudos da maconha se comparados com usuários pesados. Nos estudos de efeito agudo, os prejuízos encontrados relacionam-se a dois aspectos relativos ao funcionamento executivo: o controle inibitório, ligado à impulsividade, e a capacidade de planejamento. O controle inibitório é um processo que objetiva suprimir influências internas ou externas que possam interferir na ação em curso. Memórias sensoriais ou motoras e estímulos distratores são impedidos de alterar a estrutura global da ação decorrida no tempo.(24) O planejamento requer capacidade conceitual e de abstração, capacidade de organizar passos em seqüência, gerar alternativas e fazer escolhas.(25) Existem algumas limitações metodológicas em relação a esses estudos que merecem ser comentadas. Em primeiro lugar, está a diferença de idade dos sujeitos avaliados. Nos estudos de Hart et al. e Ramaekers et al., a diferença de idade dos sujeitos variava em torno de 10 anos, ou seja, estavam dentro de uma mesma faixa etária, enquanto que no estudo realizado por McDonald et al. essa diferença de idade se estendia em 27 anos. Além disso, deve-se salientar que prejuízos em relação ao controle de impulsos e à capacidade de abstração foram encontrados em estudos que examinaram sujeitos que faziam uso esporádico de maconha. Diferentes estudos examinando os efeitos agudos da maconha encontraram menores prejuízos cognitivos em usuários pesados quando comparados a usuários leves.(26) Enquanto que no estudo de Hart et al., os sujeitos eram experientes e fumavam em média seis (1,3) vezes por semana há quatro anos; os sujeitos avaliados no estudo de McDonald et al. fumavam em média 1,55 (2,02) vezes por semana; e os sujeitos avaliados no estudo de Ramaekers et al. fumavam em média 3,4 (3) vezes por mês há quatro anos. Deve-se levar em conta a quantidade, a freqüência e a duração do uso da droga, já que esses aspectos estão relacionados com o desenvolvimento de tolerância por parte dos usuários. Em estudos de efeito agudo, o ideal seria administrar a substância a um indivíduo que nunca a usou ou a um usuário abstinente. Como isso não é possível devido a questões éticas, os grupos de comparação são geralmente usuários ocasionais. Os sujeitos que fazem uso leve da maconha podem ser mais sensíveis aos efeitos agudos do THC quando comparados com usuários experientes. Além disso, como nestes casos os sujeitos são seus próprios controles e já possuem uma história prévia de consumo, poucas administrações dificilmente levariam à produção de decréscimo no seu desempenho,(27) situação que explicaria este achado aparentemente contra-intuitivo. Pode-se concluir que doses maiores de THC encontram-se associadas a um maior prejuízo no desempenho de usuários leves em tarefas de controle inibitório e planejamento, ou seja, parece haver um efeito de dose-resposta no desempenho dos testes que avaliam tais funções. Porém, este efeito de dose-resposta parece não ocorrer em usuários pesados. Estudos avaliando os efeitos do uso crônico No estudo conduzido por Solowij et al., que analisou o uso crônico da maconha, foram examinados os efeitos do tempo de uso da maconha nas funções cognitivas, comparando 51 usuários de longo prazo (média de 23,9 anos de uso), 51 usuários de curto prazo (média de 10,2 anos de uso) e 33 não usuários. No momento da avaliação, os usuários estavam abstinentes por um período médio de 17 horas. As FE foram avaliadas através do Wisconsin Card Sorting Test (WCST) e do Stroop Test. Não foram observadas diferenças entre os grupos no desempenho do Stroop Test. Já no WCST, os usuários de longo prazo apresentaram mais falhas em manter o set do que os usuários de curto prazo e os controles. Porém, alguns autores sugerem que esta medida representa, na verdade, um prejuízo na atenção ao invés de disfunção executiva.(28) O estudo realizado por Pope et al. em 1996 avaliou se o uso freqüente de maconha está associado com prejuízos neuropsicológicos residuais.(29) Dois grupos de estudantes foram examinados: 65 usuários pesados, os quais tinham fumado em média 29 dias no último mês (de 22 a 30 dias), com resultado de urina positivo para canabinóides; 64 usuários leves, os quais tinham fumado em média um dia nos últimos 30 dias (de 0 a 9 dias), com teste de detecção de canabinóides na urina negativo. Foi administrada uma bateria de testes neuropsicológicos após 19 horas de abstinência. As FE foram avaliadas através do WCST. Os usuários pesados tiveram um pior desempenho quando comparados aos usuários leves, com maior tendência à perseveração. Esta diferença persistiu quando da análise de cada sexo separadamente. Em outro estudo realizado por Pope, em 2001,(30) foram recrutados indivíduos de 30 a 55 anos, dividindo-os em três grupos: 63 usuários pesados e freqüentes que tinham fumado ao menos 5.000 vezes na vida e que fumavam diariamente quando da entrada no estudo; 45 usuários pesados que haviam fumado ao menos 5.000 vezes na vida, mas não mais que 12 vezes nos últimos três meses; e 72 sujeitos controles que tinham fumado ao menos uma vez, mas não mais que 50 vezes na vida e não mais que uma vez no último ano. Foi solicitado que os sujeitos ficassem abstinentes por 28 dias, sendo realizadas avaliações nos dias 0, 1, 7 e 28. No último dia, foram aplicados o WCST e o Stroop Test. Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos em nenhuma das medidas neuropsicológicas. Os autores concluíram que pelo menos alguns déficits neuropsicológicos parecem ser reversíveis e relacionados com a exposição recente à droga. Em 2003, Pope et al. avaliaram a relação entre a idade de início de consumo de maconha e o desempenho cognitivo de 122 usuários comparados com 87 controles, os quais já haviam feito uso de maconha ao menos uma vez, mas não mais que 50 vezes na vida e não mais que uma vez no último ano.(31) Os usuários entraram no estudo após 28 dias de abstinência, monitorados diariamente por meio de testes de urina, e foram divididos em dois grupos: 1) usuários pesados que fumaram ao menos 5.000 vezes na vida e diariamente antes da entrada no estudo; 2) usuários que haviam fumado 5.000 vezes na vida, mas menos que 12 vezes nos três últimos meses antes do estudo. Estes dois grupos foram, então, subdivididos entre aqueles que haviam iniciado o consumo antes dos 17 anos (n = 69) e depois dos 17 anos (n = 53). Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos em relação aos testes de FE aplicados, entre eles o FAS (fluência verbal, categorias semânticas), o WCST e o Stroop Test. Bolla et al. avaliaram(32) se déficits neurocognitivos associados ao uso crônico de maconha persistem após 28 dias de abstinência e se estes estão relacionados com o número de baseados fumados por semana. Os usuários do estudo fumavam há pelo menos dois anos e ao menos três vezes por semana. Foram divididos em três grupos: sete usuários leves (média de 10 baseados/semana); oito usuários medianos (média de 42,1 baseados/semana) e sete usuários pesados (média de 93,9 baseados/semana). Os testes usados para avaliar as funções executivas foram o Stroop Test, o WCST e o Trail Making Test (partes A e . Os usuários pesados apresentaram um desempenho pior do que os usuários leves no WCST. Ainda, houve uma correlação negativa entre o número de baseados fumados e o desempenho nos testes. Finalmente, um estudo conduzido por Lyon et al. examinou(33) 54 pares de gêmeos monozigóticos discordantes para o uso de maconha. Um mínimo de um ano havia se passado desde o último episódio de uso e os sujeitos haviam usado a substância regularmente por um período médio de 20 anos. Os testes utilizados para avaliar o funcionamento executivo foram: WCST, Stroop Test, Trail Making Test (partes A e e Figura Complexa de Rey. Não houve diferença no funcionamento executivo dos dois grupos. Em relação aos estudos de efeito do uso crônico citados, no trabalho de Pope realizado em 1996, os usuários pesados tiveram pior desempenho no WCST em relação à quantidade de erros perseverativos quando comparados com os usuários leves, após 19 horas de abstinência. Esta medida está relacionada com a flexibilidade mental, ou seja, a capacidade do indivíduo em mudar ou manter um comportamento a partir de um feedback do ambiente. O autor conclui que não se pode determinar se este prejuízo é devido a efeitos residuais da maconha no cérebro ou se está relacionado à síndrome de abstinência. A suspensão abrupta do uso pode se seguir de sintomas de abstinência, tais como inquietação, ansiedade, insônia e alterações motoras. Uma dose diária de 180 mg de THC entre 11 e 21 dias já é o suficiente para produzir uma síndrome de abstinência bem definida.(34) Além disso, a maconha tem uma meia-vida de aproximadamente sete dias e, devido ao seu acúmulo no tecido adiposo e extensiva recirculação entero-hepática, a completa eliminação de uma simples dose pode levar até 30 dias.(35) Assim, neste estudo os déficits encontrados são decorrentes de efeitos residuais da maconha, ou seja, devido à possível existência de canabinóides agindo no sistema nervoso central. Esses aspectos podem representar importantes variáveis que se sobrepõem quando da análise dos resultados deste estudo, bem como do estudo de Solowij et al. Neste último, em que usuários de longo prazo são comparados com usuários de curto prazo e controles, a avaliação foi realizada com os sujeitos abstinentes por um período médio de 19 horas. Os resultados encontrados pelo estudo demonstram que os usuários de longo prazo apresentam mais falhas em manter a regra no WCST do que os usuários de curto prazo. Esta medida está relacionada à atenção(36) e, além do mais, estudos sugerem a presença de prejuízos na atenção em usuários de maconha(37) após consumo entre 12 e 24 horas, o que pode explicar os resultados encontrados. Outro fator relevante refere-se ao tipo de grupo controle utilizado. No estudo de Solowij et al., foram utilizados como grupo-controle sujeitos que nunca tinham feito uso de maconha. Nos estudos de Pope et al., realizados em 2001 e 2003, os autores usaram como controles sujeitos os quais já tinham experimentado maconha, mas não mais que 50 vezes na vida e não mais que uma vez no último ano, sugerindo que estes seriam mais parecidos com os usuários, numa tentativa de minimizar uma eventual influência de variáveis como estilo de vida e hábitos de estudo. Outros estudos procuraram minimizar a influência de efeitos residuais da maconha ao avaliar sujeitos há mais de 28 dias abstinentes. Assim, os possíveis déficits seriam resultantes do efeito do uso prolongado da droga. Contudo, estudos comparando usuários pesados, usuários leves e controles, e usuários pesados com usuários leves, levando em consideração a idade de início de uso, após 28 dias de abstinência, não encontraram diferenças significativas entre os grupos em relação ao funcionamento executivo. Embora não tenham sido encontradas diferenças no desempenho dos sujeitos no WCST, foram encontradas diferenças na tarefa de fluência verbal, que também contém um componente executivo, já que requer a capacidade de organização de estratégias cognitivas para a recuperação de memória semântica.(38) Em contrapartida, estudo de Bolla et al., ao avaliar três grupos de usuários classificados de acordo com a intensidade de uso em pesados, medianos e leves, após 28 dias de abstinência, encontraram diferenças significativas entre os grupos, com um maior prejuízo entre os usuários pesados em relação ao número de categorias completadas no WCST. A freqüência e a duração do uso são aspectos extremamente relevantes para tais estudos; porém, muitas vezes são dados pouco confiáveis, já que dependem da integridade da memória e honestidade no relato dos sujeitos.(39) Nos estudos de Pope et al. foi utilizado um limiar de 5.000 exposições para uso pesado, o que é equivalente a fumar ao menos uma vez por dia durante 13 anos. Assim como o efeito agudo difere entre usuários experientes e inexperientes, efeitos de longo prazo variam de acordo com a duração e freqüência de uso. Usuários crônicos parecem apresentar mecanismos neuroadaptativos que compensariam eventuais prejuízos cognitivos,(40) o que é consistente com resultados de estudos de ressonância magnética funcional que demonstraram a ativação de áreas compensatórias durante a realização de tarefas cognitivas.(41-43) No estudo de Bolla et al., os sujeitos fumavam em média há 4,8 ± 3,1 anos e foram classificados como usuários pesados aqueles que fumavam em média 93,9 baseados por semana ou 13,41 baseados por dia. Esse pode ser considerado um padrão de consumo muito pesado quando é comparado ao consumo de baseados relatado para os diversos estudos, o que pode não refletir o padrão típico de uso da maioria dos usuários de maconha. Isto pode explicar, pelo menos em parte, os resultados positivos do referido estudo. Aparentemente, os sujeitos avaliados no estudo conduzido por Lyon et al. se aproximam mais dos usuários de maconha relatados nos estudos citados no que se refere ao padrão de consumo. Porém, não foram encontradas diferenças em relação às FE no estudo conduzido com 54 pares de gêmeos discordantes para o uso de maconha. Havia se passado um período médio de 20 anos em que não faziam uso diário e ao menos um ano desde o último episódio de uso. Como apenas metade dos pares de gêmeos identificados participou do estudo, é possível que o estudo tenha sido influenciado por um viés de seleção, já que os indivíduos com funcionamento cognitivo comprometido poderiam encontrar maior dificuldade e estar menos motivados para participar do estudo. Alternativamente, este resultado pode indicar a ausência de efeitos do uso prolongado da maconha nas habilidades cognitivas destes usuários. O prejuízo do funcionamento executivo em usuários de maconha parece mais evidente em observações clínicas; porém, os achados dos poucos estudos sistematizados ainda se mostram pouco consistentes. Além das diferentes limitações metodológicas previamente discutidas, é possível que, por se tratarem de déficits sutis, estes não se tornem evidentes quando do exame de pequenas amostras em condições laboratoriais. Ainda, grande parte dos estudos não teve como objetivo principal a avaliação do funcionamento executivo. Conclusões Nos estudos de efeito agudo, foram encontrados déficits no controle inibitório e no planejamento, parecendo haver uma relação entre dose ingerida e aumento de comportamentos impulsivos em sujeitos que faziam uso leve da maconha. Já nos estudos de efeito do uso crônico da maconha, os déficits encontrados dizem respeito à capacidade de abstração, formação de conceitos e flexibilidade mental. Apesar de controvérsias, déficits persistentes no funcionamento executivo parecem estar presentes ao menos em um subgrupo de usuários crônicos após 28 dias de abstinência. Existem ainda muitas questões não respondidas a respeito dos efeitos do uso crônico da maconha e da reversibilidade ou não dos déficits. As dificuldades para responder a estas perguntas estão ligadas à escassez de pesquisas, sobretudo a respeito do funcionamento executivo desse tipo de população, e às inúmeras diferenças entre os estudos existentes no que concerne ao tamanho da amostra, intensidade e duração do uso da droga, os testes neuropsicológicos utilizados e o período de abstinência. Além disso, nenhum dos estudos descritos avaliou todos os domínios das FE. A proposta de estudos longitudinais avaliando a melhoria ou o declínio do funcionamento executivo em usuários de maconha seria especialmente elucidativa no que se refere às questões etiológicas no comportamento de drogadição. Estudos futuros devem priorizar a avaliação das FE em seus diferentes aspectos, a partir de uma criteriosa seleção de testes padronizados para a comunidade em questão, utilizando desenhos de estudos mais apropriados assim como técnicas de neuroimagem estrutural e funcional, que possam, por meio de uma convergência de achados, auxiliar na melhor compreensão das conseqüências deletérias do uso crônico da maconha e suas repercussões no tratamento. Referências 1. Watson SJ, Benson JA, Joy JE. Marijuana and medicine: assessing the science base: a summary of the 1999 Institute of Medicine report. Arch Gen Psychiatry. 2000;57(6):547-52. 2. Hall W, Pacula RL. Cannabis use and dependence: public health and public policy. Cambrigde University Press; 2003. 3. Galduroz JC, Noto AR, Nappo SA, Carlini EA. Trends in drug use among students in Brazil: analysis of four surveys in 1987, 1989, 1993 and 1997. Braz J Med Biol Res. 2004;37(4):523-31. 4. Carlini EA, Galduróz JC, Noto AR, Nappo SA. 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Correspondência Priscila Previato de Almeida Rua Dr. Bacelar, 334 04023-001 São Paulo, SP, Brasil Fone/Fax: (55 11) 5084-7060 E-mail: priscilapreviato@yahoo.com.br Submetido: 29 Outubro 2007 Aceito: 17 Janeiro 2008 Financiamento: Bolsa de Mestrado Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) Conflito de interesses: Inexistente O trabalho faz parte da dissertação de mestrado da primeira autora. © 2008 Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) Rua Pedro de Toledo, 967 - casa 1 04039-032 São Paulo SP Brazil Tel.: +55 11 5081-6799 Fax: +55 11 5579-6210 Fonte: Link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci...iso&tlng=pt -
Guilherme Fiúza. Escritor e jornalista, ex-editor de política de “O Globo” e autor de “Meu Nome Não É Johnny” e “3.000 Dias no Bunker” Junto de seu primo, o ex-traficante João Guilherme Estrella, cuja vida virou tema do livro - e depois do filme - "Meu Nome Não É Johnny", Guilherme Fiúza esteve em Belo Horizonte, no último mês, pela Bienal do Livro de Minas , quando concedeu esta entrevista exclusiva ao Magazine. DOUGLAS RESENDE Depois do sucesso de "Meu Nome Não É Johnny" - do livro e do filme - você se tornou uma espécie de referência no assunto do consumo de drogas e sua relação com a sociedade. Foi por isso, aliás, que você foi convidado a participar de um debate na Bienal do Livro de Minas que teve como tema "Drogas: o Consumidor não Tem nada com isso?" Como você vê essa pergunta depois da experiência com o livro? Escrevi outro dia no blog que tenho na revista "Época" sobre uma lei municipal que saiu em São Paulo obrigando as boates a terem bebedouros, por causa do pessoal que toma ecstasy, que é uma droga que desidrata. É uma decisão polêmica porque se a droga é proibida não tem que instalar bebedouro nenhum, você tem é que proibir as pessoas de consumir. No entanto, a realidade é que as pessoas consomem drogas, algumas lícitas, outras não. O que existe na sociedade é uma grande hipocrisia ao considerar que o consumo de drogas é uma coisa que pode ser erradicada. Eu não acredito nisso porque o consumo serve a diversos fins: diversão, fuga, alienação, expansão da consciência, autodestruição. Portanto, a droga é uma experiência que vai ser sempre perigosa e arriscada, mas as pessoas têm o direito de passar por aquilo, do mesmo jeito que têm o direito de beber e ver como se sentem, especialmente na juventude, que é uma época de busca, de autoconhecimento. Então eu acho que existe uma certa simplificação exagerada da realidade e da condição humana quando você prescreve o consumo zero de drogas, porque tem uma série de outros hábitos e comportamentos humanos que a princípio também não são louváveis. Mas o ser humano é isso, uma eterna experimentação. Por isso, essa decisão dos bebedouros é, para mim, um alívio. É você dizer que não vamos acabar com o consumo de ecstasy inteiramente, pois não é porque uma droga é proibida que ela não vai ser obtida. Ao contrário, o mercado é dominante. Quer dizer, onde há demanda vai haver oferta. Você poderia desejar, por exemplo, que não tivessem criado aquele princípio ativo, mas uma vez que existe o LSD, a canabis, o álcool, a papoula, e existe gente buscando isso, não dá mais para erradicar. Então o que dá para fazer? Buscar preparar as pessoas, preparar a sociedade para lidar com aquilo da melhor forma. No livro "1968 - O que Fizemos de Nós", lançado recentemente, Zuenir Ventura aborda o tema de forma similar, considerando o combate às drogas "enxugar gelo". A essa altura do campeonato estamos aí com o pessoal que viveu nos anos 1960 a primeira experiência em larga escala do uso de entorpecentes e de psicotrópicos. Já tivemos várias gerações que se sucederam e, portanto, já teria tido a possibilidade de lidar com isso de outra forma. Por exemplo, um um filho que chega em casa dizendo que teve uma experiência com drogas é muito raro. E se você fizer uma enquete com pessoas sinceras, com pais sinceros, você vai encontrar um resíduo de pais que são capazes de receber um filho que teve experiência com drogas e dialogar com ele, antes de condená-lo e reprimi-lo. E você acha que "Meu Nome Não É Johnny" colabora para amadurecer a questão? "Meu Nome Não é Johnny" entra justamente para ajudar nesse aspecto do diálogo e da não-estigmatização. Se você não estigmatiza você dá muito mais chance ao filho de entender o que está acontecendo com ele mesmo, de conseguir apoio para as perplexidades, para o sofrimento, para a busca dele e passar por aquilo e ir embora. Não estou advogando que todo jovem deve passar por drogas. Absolutamente. Agora, quem buscou porque se garante vai se divertir com aquilo, pirar e ir embora, e entender que o porto seguro dele é a sua própria cabeça, não, alguma substância. Ótimo. A grande batalha aí é até uma questão simples, não sofisticada, e justamente por isso é tão absurda. O que tem de principal nessa questão das drogas para mim é esse estigma. Quer dizer, a palavra maconheiro é ainda um negócio ligado a bandido, a mau elemento, a depravado. Enquanto o pinguço é um simpático, no máximo um inconveniente ou um falastrão. E o que difere uma coisa da outra? Só o carimbo, o preconceito, esse estigma. Outro produto cultural contemporâneo que também trata do combate às drogas e da posição do usuário é "Tropa de Elite". O que você pensa do tratamento temático do filme? O fato de as drogas serem proibidas é um enorme indutor de corrupção, porque elas movimentam muito dinheiro. Então é evidente que a banda corrupta da sociedade, da polícia, do judiciário, se beneficia dessa indústria, porque o policial corrupto não vai perder uma fonte de renda tão preciosa. É um sistema pervertido, mas não estou dizendo que o sistema todo tenha interseções. Agora, eu não admito que a culpa fique só no usuário. Aí é quando você vê o "efeito ‘Tropa de Elite’": "O sistema é uma merda e é pervertido. E já que ele é assim, a gente se resigna e vai discutir o usuário". Aí eu acho que está errado. Aqueles personagens estudantes da PUC são realmente nojentos, detestáveis. No filme eles representam o usuário. E ali está o estigma do maconheiro. Exatamente. Está caricatural demais a representação do usuário. Não é uma representação honesta. "Meu Nome Não É Johnny", considerando esse tema, também veio trazer a questão da responsabilidade do consumidor por financiar a violência. O cara compra a cocaína que é ilegal e ele está dando dinheiro para o traficante, que é um cara violento. Só que o cara que compra ecstasy, do jeito que o mercado é, não compra de traficantes armados. Ele é vendido por pessoas não-violentas. Então a opção pelo uso de drogas não tem a ver, na origem, com a violência. É claro que se você tem a possibilidade de abrir mão daquilo, de tomar a decisão de nunca mais comprar cocaína porque está financiando o tráfico, ótimo. Acho muito legal essa tomada de posição. Agora, você querer que a sociedade tome essa posição e estigmatizar o cara que não o fez, acho cruel e totalitário. Porque você está exigindo muitas vezes que o fraco seja forte. Você está dizendo que se o outro não tomar essa decisão ele não merece o nosso apoio, que está antes de mais nada moralmente condenado por nós. Mas as pessoas são imperfeitas, precisam de ajuda e de tolerância. Você acredita na idéia de que a intolerância e a criminalização são o que está financiado o tráfico e a violência, pois sem isso não haveria ilegalidade e, portanto, criminalidade? Você até pode supor que os criminosos, se as drogas fossem liberadas, poderiam partir para outro tipo de crime, e a violência continuaria. Mas o fato é que não é a droga o problema. A droga é só a substância. A pessoa não pode ser cínica e dizer: "Vou usar porque não fui eu que mandei proibir". Mas a pergunta é: "Qual a discussão que tem que preceder o debate?". É o usuário ou é o sistema que é torto? Tudo bem, eu topo discutir o usuário, mas acho que tem que discutir antes o sistema, que é perverso e proíbe um negócio que tem uma enorme demanda e uma enorme oferta. Publicado em: 22/06/2008 Fonte: Jornal O Tempo Link: http://supernoticia.com.br/otempo/noticias...p;IdSubCanal=12
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Em entrevista a ÉPOCA, o jornalista britânico Misha Glenny, autor do livro McMáfia, que aborda as ligações do crime organizado no mundo, diz que é preciso descriminalizar a droga por um período para saber se as conseqüências serão tão ruins como se imagina. Por: Rafael Pereira, de Paraty (RJ) Autor do livro McMáfia, Uma Viagem pelo Submundo Global, um dos mais completos estudos sobre as ligações do crime organizado pelo mundo, o jornalista britânico Misha Glenny veio ao Brasil especialmente para a Feira Literária Internacional de Paraty (Flip). Junto com Guilherme Fiuza, blogueiro de ÉPOCA que escreveu Meu nome não é Johnny, ele participou de um debate sobre crime e violência. Um dia depois do encontro com Fiuza, em entrevista a ÉPOCA, o escritor disse que é “uma situação estúpida” proibir o uso de entorpecentes diante da facilidade de obtê-los para consumo próprio. Glenny sugere uma experiência: “Vamos começar legalizando uma droga que sabemos que causa menos danos sociais, a maconha. Legalizamos por cinco anos e vemos se o mundo vai mesmo desabar à nossa volta. Se isso não acontecer, vamos repetir a dose com outros tipos de narcóticos.” Leia a seguir a íntegra da entrevista com Misha Glenny. ÉPOCA – Em McMafia, o senhor aborda vários crimes praticados no mundo inteiro, mas o tráfico de drogas é preponderante. No Brasil, uma das principais discussões é sobre a responsabilização dos consumidores de drogas como patrocinadores da violência decorrente do tráfico. Qual a sua opinião? Misha Glenny – Não acho certo responsabilizá-los. A razão da violência não é o fato de haver usuários, mas sim porque o Estado não regulamenta esse mercado, a não ser com a força da polícia. Isso significa que tal mercado precisa de auto-regulação, e é assim que nasce uma máfia. Aqui e no mundo inteiro. Quem faz uso de violência, no caso brasileiro, são traficantes armados, que estão agindo como uma força policial paralela, criada para defender esse mercado ilegal. É assim que eles regulam: com armas. Portanto, essa discussão é irrelevante. ÉPOCA – Outro debate nacional gira em torno da legalização das drogas… Glenny – O Guilherme (Fiuza) disse algo muito interessante. As drogas não são permitidas por lei, mas são permitidas de fato. No Brasil ou na Inglaterra, se você quer qualquer tipo de droga não existe nenhuma dificuldade em consegui-la, não corre nenhum risco. É proibido, mas ninguém proíbe você. É uma situação estúpida. A sugestão que eu faço é começar legalizando uma droga que sabemos que causa menos danos sociais, a maconha. Legalizamos por cinco anos e vemos se o mundo vai mesmo desabar à nossa volta. Se isso não acontecer, vamos repetir a dose com outros tipos de narcóticos. ÉPOCA – Drogas e violência sempre andam juntas? Glenny – Não. O Canadá é um bom exemplo. No norte do país, existe um importante comércio de cocaína, regulado principalmente por membros dos Hells Angels, uma gangue de motoqueiros. Eles regulam seu mercado com a violência. Mas no sul, vemos pessoas de classe média, que nunca estariam associadas ao crime organizado, plantando e vendendo maconha para ter renda extra, comprar um segundo carro, fazer uma viagem. De certa forma, costumo perceber que a cocaína produz muito mais violência que outras drogas, como maconha e até heroína. E isso tem a ver com seu custo. É uma droga cara, quase sempre importada da América do Sul para a América do Norte. ÉPOCA –O senhor enxerga uma solução para acabarmos com as drogas, ou o destino é mesmo convivermos com elas e apenas tentarmos evitar que seu comércio e seu consumo se liguem à violência? Glenny – Sempre teremos pelo menos algum grau de crime, e as drogas, desde que continuem ilegais, terão algum tipo de associação à criminalidade.È praxe que a maioria dos produtos no mundo vêm de países em desenvolvimento para o consumo nos países desenvolvidos. Com as drogas é igual. Portanto, a redução da pobreza é a única solução que consigo imaginar a longo prazo. A curto prazo, é preciso melhorar a comunicação entre os agentes da lei dos países na rota do crime organizado. É o que está começando a acontecer entre os países da União Européia, mas só lá. Os criminosos sabem que a maioria das polícias não conversa entre si. ÉPOCA – Em seu livro, ao falar do Brasil, o senhor deixou de lado o tráfico de drogas e abordou os crimes pela internet. Por quê? Glenny – Eu queria muito falar sobre cybercrime, e quando comecei a pesquisar a respeito, descobri rapidamente a importância do Brasil nessa área. As pessoas sabem que isso acontece na Rússia, na China e na Índia, mas poucos sabiam sobre o Brasil. Foi uma maneira de trazer informação nova sobre o assunto. Já se falou muitas vezes sobre o tráfico de drogas no Brasil. Por que não escrever algo novo? Pode soar paradoxal, mas em certa medida os crimes de internet refletem coisas boas sobre o Brasil. As pessoas envolvidas nesses crimes são brilhantes e jovens. E também não matam ninguém. O que percebi é que essas pessoas claramente querem um emprego, precisam de alguém que lhes dê uma oportunidade. Acho uma questão importante a ser debatida no país, em vez de falarmos apenas em tráfico de drogas e pessoas com armas. ÉPOCA – Como você conseguiu chegar aos hackers brasileiros? Glenny – Foi por meio de amigos que eu tinha aqui, a maioria jornalistas, e que já haviam trabalhado com hackers. A tática foi me aproximar de hackers não-criminosos, mas que conhecem pessoas que são. Aliás, em todos os países pesquisados, o principal é achar os intermediários certos. Demorou poucos meses por aqui. ÉPOCA – É realmente fácil acessar a conta bancária das pessoas? Glenny – É. Mas é importante saber que não é fácil porque é tecnologicamente viável. É mais do que simples tecnologia. É uma arte de persuadir pessoas a fazer coisas que elas não querem, é engenharia social. Essa foi a principal lição que tirei dos hackers. Eles dizem que qualquer um com um mínimo de conhecimento técnico tem a capacidade de acessar todos os cantos escuros da internet. A chave é a persuasão. Tanto hackers quanto pessoas que tentam dar segurança a sites concordam que a diferença de tempo entre o lançamento de um sistema de segurança novo e o sucesso dos hackers em encontrar um ponto vulnerável nesse sistema é de dias, no máximo semanas. Há uma corrida entre esses personagens. Um dado impressionante que eu pesquisei: em 2007, foram detectados mais vírus de computador com intuitos criminosos do que o total entre 1994 e 2006. É um problema novo, e que merece importância. ÉPOCA – Quais foram suas impressões sobre a Flip? Glenny – A Flip é fantástica. Meu livro é vendido em cerca de 30 línguas diferentes, então tenho que ir a vários lugares no mundo para promovê-lo. E posso dizer que a Flip é diferente de todos os outros lugares que visitei. É mais prazeroso. Primeiro porque eles convidam nossos parceiros – minha mulher veio comigo. Segundo porque os organizadores cuidam dos convidados com muito carinho. E também porque o público é muito dedicado, e vem em multidões. Uma das primeiras coisas que me falaram sobre o Brasil é que esse é um país com muita gente, mas com uma porcentagem pequena de leitores. O que percebi foi que essas pessoas que gostam de literatura e de comprar livros são fanáticas por isso. Como escritor, é maravilhoso estar aqui. Fonte: Revista Época Retirado do Blog do Fórum http://www.growroom.net/blog/2008/vamos-le...o-mundo-desaba/
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Suprema Corte Da Itália Libera Porte Da Maconha Para Rastafáris
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Existe uma frase que sempre ouvia em casa que era: Sempre escute os conselhos dos mais velhos Continente Americano ouçam e vejam o conselho dos mais velhos, sigam o exemplo da Europa. -
Estudo. Baseada num questionário da Organização Mundial da Saúde, a investigação realizada por professores australianos traçou o perfil do consumidor de droga: jovem adulto, do sexo masculino, solteiro ou divorciado, com rendimento elevado. Consumo de álcool e tabaco também foi analisado. Americanos são maiores consumidores de droga Nova Zelândia em segundo lugar dos 17 países Apesar da legislação repressiva, os americanos são os maiores consumidores de droga , revela um estudo realizado em 17 países e publicado pela revista australiana PLoS Magazine. A investigação, realizada pela Universidade da Nova Gales do Sul, traça ainda o perfil do consumidor de estupefacientes: jovem adulto, do sexo masculino, solteiro ou divorciado e com um rendimento elevado. Baseado num questionário da Organização Mundial da Saúde, o estudo conclui que 42,4% dos americanos já fumaram cannabis e 16,2% experimentaram cocaína. Em segundo lugar na tabela dos países com mais consumidores de droga surge a Nova Zelândia, logo seguida da Holanda. O estudo conclui assim que políticas mais restritivas não significam necessariamente um menor consumo de droga. Afinal, os EUA, onde, apesar de a legislação federal proibir a posse de drogas (12 estados, entre os quais a Califórnia autorizam, no entanto, o uso da cannabis para fins medicinais), têm o consumo de cannabis e cocaína mais elevado dos 17 Estados em análise. Mais do dobro de consumidores (42,4% contra 19,8%) no caso da cannabis do que a Holanda, conhecida pela sua legislação liberal em relação às drogas e onde esta droga é vendida em praticamente todos os cafés. Estes dados parecem revelar a pouca eficácia da estratégia de luta antidroga do Governo americano. Alimentados pelos cartéis sul-americanos, os EUA continuam a ser o principal mercado mundial da droga. Dados da Drug Enforcement Administration, a agência federal para a luta contra o tráfico de estupefacientes, revelam que só em 2007 foram apreendidas em solo americano 96 toneladas de cocaína e 356 toneladas de cannabis. "Apreendemos cada vez maiores quantidades de drogas ilegais", pode ler-se no site da agência. Um esforço insuficiente para baixar o consumo, a acreditar neste estudo. Analisando variantes como a idade, o sexo, o rendimento e o estado civil dos inquiridos, os investigadores australianos chegaram ainda à conclusão de que as mulheres se aproximam dos homens em termos de consumo de droga. Além disso, a idade de maior risco para começar a consumir estupefacientes parece estar a aumentar. Se antes se situava em meados das adolescência, agora chega ao primeiros anos da idade adulta. O estudo, que analisa também o consumo de tabaco e álcool nos mesmos 17 países, concluiu que os americanos, além de consumirem mais cannabis e cocaína, fumam mais cigarros. Dos inquiridos nos EUA, 73,6% reconheceram fumar. A nível de consumo de álcool, o primeiro lugar vai para a Ucrânia Fonte: Diário de Notícias http://dn.sapo.pt/2008/07/02/internacional...dores_drog.html Os EUA com sua política proibicionista só mostrou uma coisa ao mundo seu método está fracassado há tempos, segundo a matéria a própria Holanda que tem a situação legalizada tem menos da metade dos consumidores de cannabis em relação ao EUA. Por que insistir em algo que não está dando certo?
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Uso De Canabinóides Na Dor Crônica E Em Cuidados Paliativos
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Revista Brasileira de Anestesiologia Print ISSN 0034-7094 Rev. Bras. Anestesiol. vol.58 no.3 Campinas May/June 2008 doi: 10.1590/S0034-70942008000300010 Uso de canabinóides na dor crônica e em cuidados paliativos* *Recebido do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ Uso de canabinoides en el dolor crónico y en cuidados paliativos Laura Bonfá(I); Ronaldo Contreiras de Oliveira Vinagre, TSA(II); Núbia Verçosa de Figueiredo(III) I - Anestesiologista do Hospital da Lagoa – Ministério da Saúde – RJ; Especialização em Dor e Cuidados Paliativos no HUCFF/UFRJ; Mestranda em Medicina (setor Anestesiologia – Farmacologia) II - Co-Responsável pelo CET/SBA Prof. Bento Gonçalves HUCFF/UFRJ III - Professora-Associada, Mestre e Doutora em Medicina pela FM/UFRJ; Coordenadora da Graduação da Disciplina de Anestesiologia do Departamento de Cirurgia da FM/UFRJ; Coordenadora da Pós-Graduação em Cirurgia Geral – Área de Concentração: Anestesia e Analgesia; Responsável pelo Ambulatório de Anestesiologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ); Certificado de Área de Atuação em Dor SBA/AMB RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Muitos estudos têm chamado atenção para a Cannabis sativa (Cs), pelo seu potencial analgésico e pela sua capacidade de aliviar sintomas relacionados com doenças do sistema nervoso central. Porém, a maconha, como é popularmente conhecida, por ser a mais popular das drogas ilegais em todo o mundo, gera preconceito tanto entre leigos como entre profissionais que atuam na área da saúde. Objetivou-se pesquisar o nível de conhecimento atual e suas perspectivas de utilização para compreender melhor suas ações e seus efeitos, na pesquisa experimental e na prática médica, em pacientes com doenças degenerativas neurológicas ou naqueles que não tenham possibilidades de cura, atendidos em programas de cuidados paliativos. CONTEÚDO: Seu uso terapêutico não é recente. O presente estudo fornece uma revisão do histórico e farmacologia da Cs, o desenvolvimento de seu uso terapêutico por meio dos canabinóides sintéticos, o conhecimento científico atual, suas conseqüências orgânicas e psíquicas, demonstrando suas opções de uso clínico e perspectivas futuras. CONCLUSÕES: O delta-9-tetrahidrocanabinol (D9–THC) puro e seus análogos apresentam aplicabilidade clínica, demonstrando benefícios. O desenvolvimento das substâncias sintéticas puras, buscando a atenuação de efeitos psicoativos indesejáveis aponta para perspectivas favoráveis a sua utilização no futuro. Estudos mais detalhados deverão ser realizados. Debates amplos serão necessários para criar normas de formulação e disponibilização com a finalidade médica, por se tratar de uma substância que gera preconceito pela sua comercialização e utilização ilegal e a seu uso ser atribuído misticismo. Unitermos: DOR, Crônica: cuidados paliativos; DROGAS: Cannabis sativa, canabinóides. RESUMEN JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: Muchos estudios han querido destacar la Cannabis sativa (Cs), por su potencial analgésico y por su capacidad de aliviar los síntomas relacionados con las enfermedades del sistema nervioso central. Sin embargo, la marihuana, como popularmente se conoce, por ser la más popular de las drogas ilegales en todo el mundo, genera un prejuicio tanto entre los legos como entre los profesionales que actúan en el área de la salud. Se intentó investigar el nivel de conocimiento actual y sus perspectivas de utilización para comprender mejor sus acciones y efectos en la investigación experimental y en la práctica médica en pacientes con enfermedades degenerativas neurológicas o en aquellos que estén fuera de posibilidades de cura, atendidos en programas de cuidados paliativos. CONTENIDO: Su uso terapéutico no es reciente. El presente estudio suministra una revisión del historial y de la y farmacología de la Cs, el desarrollo de su uso terapéutico a través de los canabinoides sintéticos, el conocimiento científico actual, sus consecuencias orgánicas y psíquicas, demostrando sus opciones de uso clínico y perspectivas futuras. CONCLUSIONES: El delta-9-tetrahidrocanabinol (D9–THC) puro y sus análogos presentan aplicabilidad clínica, mostrando beneficios. El desarrollo de las sustancias sintéticas puras, buscando la atenuación de efectos psicoactivos no deseados nos muestra perspectivas favorables para su utilización en el futuro. Estudios más detallados deberán ser realizados. Debates amplios serán necesarios para crear normas de formulación y disponibilidad con fines médicos, al tratarse de una sustancia que genera prejuicio por su comercialización y utilización ilegal y porque también a su usoÿse le achaca el misticismo. INTRODUÇÃO A Cannabis sativa (Cs) possui uma longa história na Medicina, sendo conhecida desde a Antiguidade em várias partes do mundo. Há relatos que na China, em 2737 a.C., o imperador Shen-Nung a prescrevia para tratamento de beribéri, malária, gota, reumatismo, constipação e fadiga (1). O conhecimento de seu uso parece ter surgido inicialmente na região do Himalaia e na Índia. Foi utilizada na Medicina Tradicional Indiana em indicações similares às que se observa em muitas descrições atualmente na prática médica, ações terapêuticas de analgesia e sedação, como relaxante muscular, anticonvulsivante, estimulante do apetite, antipirético e no tratamento da desintoxicação pelo álcool e opióides. Muitos anos depois, em 1799, foi introduzida na Europa quando Napoleão retornou do Egito com amostras de Cs, despertando o interesse da comunidade científica pelos seus efeitos sedativos e de alívio da dor. Em 1839, o professor e médico inglês William O'Shaughnessy, trabalhando na Índia, relatou o uso de altas doses de Cs no tratamento de desordens espásticas e convulsivas, como tétano, hidrofobia, cólera e delirium tremens no primeiro artigo científico sobre o assunto (2). Em 1844, O'Shaughnessy retornou à Inglaterra quando introduziu a Cs na medicina ocidental e na farmacopéia do Reino Unido e, posteriormente, dos Estados Unidos, país que a adotou como medicação sedativa, hipnótica e anticonvulsivante, sob forma de extrato (3). No Ocidente, a busca da substância visando somente ao emprego de efeitos psicoativos inicialmente estava circunscrita a certos grupos étnicos ou categorias profissionais minoritárias. Mas, a partir do século XIX comissões de especialistas começaram a tomar posição sobre o comércio da substância e investigaram seu impacto sobre a saúde dos indivíduos. Apesar de pesquisas sobre o tema concluírem sobre a segurança relativa de seu uso, a administração pública de muitos países a limitou somente para finalidades médicas. Na década de 1960, ocorreu um repentino e vertiginoso aumento de seu consumo, recreativo, na América do Norte e Europa, associado ao reposicionamento da juventude em relações aos valores e práticas tradicionais. Usar drogas era uma forma de contestação e uma maneira de manifestação contrária ao sistema capitalista da época. O interesse recreativo pela Cs entrou em declínio quando seu uso por parte da juventude deixou de ser novidade. Sua utilização na medicina também começou a declinar com a perda de apoio por parte dos médicos, da sociedade em geral, até porque a droga representava uma contestação a essa própria sociedade e pelo desenvolvimento de novas medicações consideradas superiores com efeitos mais previsíveis e melhor controle das doses. Portanto, a Cs teria de ser substancialmente aperfeiçoada por pesquisadores para recuperar o seu interesse clínico. Isso aconteceu na década de 1990, devido a descobertas envolvendo receptores canabinóides endógenos que apontavam para novos usos terapêuticos dos mesmos. FARMACOLOGIA A pesquisa sobre a Cs e seus efeitos começou a ganhar legitimidade com a identificação da sua estrutura química, da possibilidade da obtenção de seus componentes isolados e de como poderiam funcionar no organismo. Além do seu princípio ativo, o delta-9-tetrahidrocanabinol (D9–THC), a Cs contém outras 65 substâncias chamadas fitocanabinóides (FC). Mechoulam, em Israel, assim como Claussen e Korte, na Alemanha, conseguiram concluir a síntese completa desses compostos. Estabelecendo sua estrutura, iniciaram o estudo de suas atividades, relacionando os efeitos que exercem sobre os neurônios e identificando neles os receptores canabinóides (RC), mostrando que existe afinidade entre os receptores e os compostos. Desde essa época, uma série de descobertas vem revolucionando a farmacologia dos canabinóides. Foram descobertos dois tipos de receptores canabinóides: CB1 e CB2. Os receptores CB1 estão localizados no sistema nervoso central (SNC), em áreas que podem mediar a maioria dos efeitos que afetam as funções cognitivas, dor e memória de curto prazo (córtex cerebral e hipocampo), controle e coordenação motora (gânglios da base e cerebelo), hipotermia e hiperfagia (hipotálamo) (4). São também encontrados na medula espinal, gânglios da medula dorsal, sistema nervoso entérico, adipócitos, células endoteliais, hepatócitos, tecido muscular e trato gastrintestinal. Os receptores CB2 estão presentes no sistema periférico, e se relacionam com o sistema imunológico, células T, células B, baço, amígdalas e células microgliais ativadas (5). O D9–THC liga-se igualmente em ambos receptores, os outros canabinóides apresentam maior ou menor afinidade por um ou outro receptor. Como não há FC no encéfalo, a existência de receptores implicaria que alguma substância endógena se ligaria a eles. Assim, inicialmente foi isolada uma molécula muito semelhante ao D9–THC que ganhou o nome de anandamida (N-aracdonil-etanolamina). A palavra deriva do sânscrito e significa "prazer". Na religião Veda, a Cs era chamada de ananda. A anandamida é menos potente que o THC, além de agir por menos tempo no encéfalo (3). Recentemente, descobriu-se que constituintes do chocolate estão quimicamente relacionados com as anandamidas e são capazes de interagirem com o sistema canabinóide. Isso poderia explicar atração irresistível que algumas pessoas sentem por esse alimento (6). Foram identificados três endocanabinóides (EC): a anandamida (N-aracdonil-etanolamina), o 2-aracdonilglicerol (2-AG) e o 2-aracdonilgliceril éter, sintetizados a partir de fosfolipídios de membrana, em neurônios pós-sinápticos e relacionados com as prostaglandinas (3). Os EC não são armazenados em vesículas, sendo imediatamente liberados após a ativação pós-sináptica para atuarem na modulação dos neurônios pré-sinápticos, processo este denominado neurotransmissão retrógrada. Atuam "sob demanda", são acionados quando necessário e funcionam para reparar ou modular a função de outros mediadores. Sua ação é terminada com a captação nas terminações pré-sinápticas, seguida de metabolismo (7). Os RC se encontram inseridos na membrana celular, acoplados às proteínas-G, primeiras componentes no processo de transdução de sinais, e à enzima adenilato ciclase (AC). O aumento do cálcio intracelular é fator desencadeante para que os EC, FC, ou canabinóides sintéticos (CSi) se liguem aos receptores. Após essa interação, há reações em vários componentes intercelulares, que incluem a inibição da AC, abertura dos canais de potássio, diminuindo a transmissão dos sinais e fechamento dos canais de cálcio, levando a um decréscimo na liberação de neurotransmissores (5). O resultado final dessa interação depende do tipo de célula, ligante e de outras moléculas que podem competir pelos sítios de ligação desse receptor. Há vários tipos de agonistas para os RC e estes podem ser classificados de acordo com dois fatores: a potência de interação com o RC, que determina a dose efetiva do fármaco e a eficácia, que determina a extensão máxima do sinal que esses fármacos transmitem às células. A potência e a eficácia do D9–THC são relativamente menores quando comparadas com os da CSi, e estes são, em geral, mais potentes e eficazes que os agonistas endógenos. O desenvolvimento de derivados CSi apresentando alta afinidade para cada tipo de receptor se tornou possível após o isolamento desses diferentes tipos de receptores (3). O primeiro antagonista específico do receptor CB1 endocanabinóide foi descoberto em 1994, sendo denominado SR141716 ou Rimonabant (8). Essa substância vem sendo estudada como modulador do apetite e como agente para o controle do tabagismo (9). O antagonista específico do receptor CB2, SR144528, está sendo estudado na modulação da resposta imune (8) (Quadro I). Quadro I Os canabinóides têm sido utilizados no tratamento da dor por muitos séculos. E, apesar de estudos pré-clínicos revelarem que bloqueiam a resposta da dor nos modelos testados, sua utilização não é propagada, por motivos legais e farmacológicos, como o efeito psicotrópico, a instabilidade dos extratos de Cs, sua absorção imprevisível e insolubilidade na água. Porém, na última década, a pesquisa científica avançou em busca de determinar os efeitos do canabinóide na neurotransmissão nociceptiva (10). Essas investigações permitiram conhecer melhor os mecanismos básicos e desenvolver alternativas farmacológicas com efeitos mais específicos. Pesquisadores demonstraram aumento da expressão dos receptores CB1 no tálamo contralateral após modelo de dor neuropática, o que poderia explicar a maior eficácia analgésica dos canabinóides em casos crônicos. A ativação dos receptores CB1 está associada às propriedades anti-hiperalgésicas e antialodínicas dos canabinóides (11). Estudos sugerem que também os receptores CB2, classicamente relacionados com a resposta imunológica, estão implicados com a antinocicepção. Quando se administram doses baixas de canabinóides e doses subterapêuticas de morfina se produz importante potencialização do efeito nociceptivo devido à ação sinérgica das duas substâncias. A administração concomitante melhora a eficácia e a segurança no controle da dor, sobretudo porque os canabinóides não produzem depressão respiratória (12). FARMACOCINÉTICA Os canabinóides, in natura, poderiam ser administrados por várias vias. Porém, devido à sua alta solubilidade lipídica necessitam de um veículo que permita sua administração em solução aquosa. A farmacocinética do D9–THC varia em função da via de administração. A apresentação ocular tópica ou pela mucosa nasal, seria possível; entretanto, essa preparação tende a ser irritante pelo D9–THC. A absorção cutânea em adesivos, por impregnação da erva, poderia ser muito lenta e não aplicável clinicamente. A absorção oral é variável e lenta com o início dos efeitos em geral levando de 30 a 60 minutos e sua máxima intensidade ocorrendo entre duas e três horas após a ingestão (13). Pode ser utilizado em massa de bolo ou biscoito para ingestão. A presença de alimentos e a destruição parcial pelo suco gástrico influenciam na concentração plasmática, aumentando sua biodisponibilidade. A metabolização ocorre no fígado (12). A via retal (supositórios) costuma ser irregular, mas poderia apresentar uma absorção mais rápida por chegar diretamente à circulação sistêmica. A via venosa, em bolus ou infusão, seria possível com uma formulação para solubilizá-la, por sua baixa solubilidade na água, sendo essa partícula imiscível (3). Pode ser consumida por inalação, fumada em cigarro ou cachimbo especial, preparados manualmente a partir das folhas secas, flores e pequenos caules da planta. Normalmente, um cigarro contém entre 0,5 g e 1 g da erva que veicula cerca de 20 mg de D9–THC. O fumo é o método mais conhecido e a melhor forma de administração para a Cs. A maioria do D9–THC inalado desse modo é sob a forma de ácido tetrahidrocanabinólico que, por causa da zona de combustão do cigarro, é convertido em THC livre e volátil, sendo inalado com a fumaça e indo diretamente para o pulmão e daí, pela circulação, para o encéfalo. As diferenças individuais na técnica de fumar podem trazer muitas variações, como, por exemplo, em relação ao volume aspirado. Cada "tragada" apresenta uma profundidade de inalação para dentro do pulmão e duração da retenção da fumaça nos alvéolos também torna o nível no plasma imprevisível, dependente do volume e da freqüência respiratória. Com isso, pode-se ter um rápido pico de ação de alta intensidade e curta duração. Os efeitos em geral são imediatos, alcançando o máximo de ação em 20 a 30 minutos após o uso, podendo durar por duas a três horas (14). O D9–THC pode ser inalado sem levar a Cs à combustão (15), por meio de um vaporizador (Volcano®), aparelho recomendado sobretudo para doentes debilitados que a consomem com fins terapêuticos. Pela sua alta lipossolubilidade, atravessa com rapidez a membrana alveolar, entrando no sangue pelos capilares pulmonares e daí levado rapidamente ao coração e bombeado diretamente ao encéfalo; desse modo, o pico de ação pode ser tão rápido quanto uma injeção venosa. A meia-vida de eliminação (T½ do D9–THC pode ser maior que 48 horas, o que explica por que seus metabólitos são encontrados no plasma e na urina até mesmo dias após seu consumo (16). Um estudo recente sobre os efeitos da Cs fumada utilizou para análise técnicas de cromatografia e espectrometria de massa para determinação qualitativa e quantitativa do D9–THC e seus principais metabólitos (THC-COOH e THC-OH) em amostras de plasma e saliva. Considerou-se 18,2 ± 2,8 mg, baixa dose inalada, e 36,5 ± 5,6 mg, alta dose. As concentrações no plasma logo após o fumo foram, respectivamente, 47,8 ± 35,0 e 79,1 ± 42,5 µg.L-1 e diminuíram menos que 1 µg.L-1 durante seis horas. A T½b do D9–THC foi de 1,4 ± 0,1h. A T½b dos metabólitos foi significativamente mais alta, HC-OH de 2,0 ± 0,3 h e THC-COOH de 3,4 ± 0,9 h, quando comparadas com o D9–THC. As concentrações na saliva foram bem mais altas logo após o fumo: 900 ± 589 e 1041 ± 652 µg.L-1 (baixa e alta dose, respectivamente), mas sua determinação é considerada controversa, já que a presença de THC poderia ser atribuída à contaminação da cavidade oral durante o consumo. A T½b do D9–THC na saliva foi de 1,5 ± 0,6 h, não muito diferente do plasma. Apesar de as velocidades de eliminação do D9–THC no plasma e na saliva se mostrarem similares, não há correlação com a concentração, onde há uma grande desigualdade. Isso demonstra que o compartimento oral e a farmacocinética do D9–THC ainda não foram suficientemente compreendidos (17). FARMACODINÂMICA O principal efeito psicoativo da Cs é a ampliação da capacidade mental, tornando a mente consciente de aspectos normalmente inacessíveis a ela. Acredita-se que isso se deva à desabilitação de filtros que bloqueiam sinais relacionados com variadas funções do sistema nervoso central, incluindo os sentidos, as emoções, a memória, além de funções do subconsciente que alcançam o consciente. A Cs fumada é considerada uma droga psicótica leve. Pode provocar alucinação, euforia, loquacidade, risos imotivados, diminuição da fadiga a esforços, alteração da percepção do tempo, aumento da percepção das cores, sons, texturas, e aumento exagerado do apetite, sobretudo voltado para o consumo de carboidratos. Além das características excitatórias, pode ser depressora, com efeitos de relaxamento físico, tranqüilidade e sensação de bem-estar. Altas doses produzem alterações cognitivas (memória e atenção), disforia, podendo gerar ansiedade a crises de pânico e sensação de perda de controle ("medo de enlouquecer"), especialmente em usuários recentes. Os efeitos físicos são muitos: taquicardia, hiperemia conjuntival, xerostomia, redução da acuidade auditiva, aumento da acuidade visual, midríase, broncodilatação, diminuição da percepção dolorosa, hipotermia, tonturas, incoordenação motora e hipotensão ortostática (18). Esses efeitos estão na dependência de fatores geográficos e climáticos que vão interferir na qualidade da planta, na experiência prévia e sensibilidade do usuário e ambiente do consumo. Normalmente os efeitos da Cs permanecem de duas a três horas, mas podem se prolongar pelo elevado acúmulo no tecido adiposo. USO TERAPÊUTICO Canabinóides Sintéticos O uso dos canabinóides ativos puros, com composição, estabilidade e dose precisamente conhecidas, foi proporcionado pelos avanços nas pesquisas química e farmacológica. Nos últimos anos, foram sintetizados vários compostos canabinóides, se contrapondo a erva in natura, que apresenta potência e composição variadas. A primeira medicação obtida diretamente da planta Cannabis sativa foi sintetizada no laboratório britânico GW Pharmaceuticals a partir dos princípios ativos D9–THC e canabidiol, um canabinóide sem efeito psicotrópico. Submetida a testes clínicos e aprovada para prescrição médica, sua apresentação em spray oral (Sativex®) permite dose individualizada, sendo titulada pelo próprio paciente de acordo com sua resposta. Pacientes com dor oncológica, neuropática e esclerose múltipla fazem em média em 8 a 12 aplicações de spray por dia, consumindo cerca de 2,7 mg de D9–THC (22 a 32 mg por dia) e 2,5 mg de canabidiol (20 a 30 mg por dia). É comercializado no Canadá, onde seu uso foi aprovado(19). Atualmente também há no mercado o THC sintético denominado dronabinol (Marinol®) que administrado na dose oral de 7,5 mg resulta em significativa redução da pressão intra-ocular no glaucoma (20). Estudos clínicos realizados em 204 pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) e 469 pacientes com câncer terminal e síndrome de anorexia-caquexia indicaram dronabinol para aumentar o apetite e manter peso (11). Testes com nabilona, outro canabinóide sintético, foram realizados para avaliar a eficácia terapêutica por vias oral e sublingual em pacientes com dor secundária a esclerose múltipla, lesão do plexo braquial, dor ciática, neuralgia do trigêmeo, dor orofacial e neuropatia periférica. A dose de 0,25 a 3 mg por dia produziu efeitos em 30% dos pacientes que relataram melhora da qualidade do sono, ansiedade e espasmos musculares; 25% não toleraram o tratamento, considerando-se como efeitos indesejáveis mais freqüentes a disforia e sonolência. O restante dos pacientes submetidos previamente ao Cs demonstrou preferência por essa substância (11). A nabilona (Cesamet®) em cápsulas de 1 mg é liberada para uso no Canadá (5). Com indicação para alívio da dor neuropática crônica, refratária a tratamentos analgésicos convencionais, ainda apresenta efeito antiemético em pacientes oncológicos, podendo ser administrada duas a três vezes ao dia (22). USO DO CANNABIS NA DOR AGUDA A partir dos resultados de investigações experimentais e estudos clínicos é consenso que a Cs e os canabinóides oferecem benefícios aos pacientes sem possibilidades de cura (3), como a SIDA, câncer terminal e portadores de doenças neurológicas, como esclerose lateral amiotrófica (ELA) (23). Exemplos do amplo espectro de aplicações medicinais estão apresentados no quadro II. Para se utilizar os canabinóides como analgésicos, devem ser consideradas limitações que essa alternativa terapêutica apresenta. Além da variedade dos compostos existentes e sua aplicação em cada estudo, é necessário dispor de questões e respostas para o debate que não é apenas médico, mas também ideológico, político e econômico (11). Quadro II O uso de canabinóides na dor aguda, em especial na dor pós-operatória, vem despertando interesse e alguns autores já descreveram os resultados de suas observações. Estudo realizado em mulheres submetidas à histerectomia abdominal, que foram mantidas com analgesia por meio de analgesia controlada pelo paciente (ACP) com morfina nas primeiras 24 horas e, subseqüentemente, após descontinuação da infusão foram utilizadas cápsulas de THC (5 mg) ou placebo, não mostrou diferença significativa entre a necessidade de analgésicos de resgate ou na avaliação da dor nas primeiras seis horas de avaliação entre os dois grupos (THC e placebo). A crítica a esse estudo é que a dose de THC usada foi fixa e baixa para todas as pacientes e utilizada como dose única (24). A eficácia da nabilona (Nabilone®), um canabinóide sintético administrado por via oral, foi estudada por Beaulieu, que utilizou doses diferentes da substância (1 e 2 mg), cetoprofeno e placebo em estudo duplamente encoberto e aleatório, que comparou os efeitos de três administrações em período 24 horas de pós-operatório em procedimentos de grande porte. Esses pacientes eram mantidos com infusão de morfina por meio de sistema controlado pelo paciente. Não foi observada diferença no consumo de morfina entre os grupos, mas os níveis avaliados de dor foram significativamente mais altos no grupo que utilizou a dose de 2 mg de nabilona. Não foram observadas outras diferenças significativas entre os grupos, nem efeitos adversos importantes foram notados (25). Contrariamente a hipótese principal do estudo, doses maiores de nabilona na presença de morfina estão associadas a níveis de dor mais elevados em pacientes submetidos a operações de grande porte. As críticas a esse estudo recaem no pequeno número de pacientes e na inclusão de pacientes submetidos a intervenções cirúrgicas diferentes, ortopédicas e ginecológicas, apesar de terem sido consideradas como de grande porte. Estudo realizado por Holdcroft e col. apresentou resultados parciais de efeitos analgésicos e adversos com a utilização de extrato oral de Cs (Cannador®). Os autores utilizaram a técnica de doses crescentes (5, 10 e 15 mg de THC) em 65 pacientes após a interrupção de infusão controlada pelos pacientes de morfina. O estudo foi interrompido porque a dose de 15 mg ocasionou episódio grave de resposta vasovagal. Os autores concluíram que a dose ótima seria de 10 mg (26). A conclusão obtida por esses últimos estudos publicados mostra que os canabinóides ainda não se mostraram eficientes para o combate da dor pós-operatória. RISCOS PARA A SAÚDE E DEPENDÊNCIA Sabe-se que diversos tipos de canabinóides além de apresentarem atividade terapêutica produzem efeitos psicotrópicos que podem limitar seu uso como medicamento. Usuários inexperientes podem apresentar predomínio de efeitos desagradáveis (bad trip), com aumento da ansiedade, angústia, medo, tremor e sudorese. O uso abusivo produz reações mais lentas, diminuição da acuidade para tarefas psicomotoras e do tônus muscular levando a ataxia. A diminuição do estado de alerta pode produzir sonolência. Esses fatores podem elevar o risco em inúmeros acidentes, inclusive automobilísticos. Algumas funções cognitivas são afetadas, como a fluência ao falar, a atenção e a memória de curto prazo e podem causar diminuição do aprendizado com o uso prolongado da substância. Esses efeitos indesejáveis são fatores significativos para desencadear e potencializar quadros de esquizofrenia em indivíduos psicopatológicos previamente (35). A síndrome de intoxicação crônica manifesta-se com quadros de confusão mental, alucinações e paranóia, mas pode produzir também efeito depressor no SNC, com depressão e apatia. Ainda não está claro se essas alterações cognitivas associadas ao uso crônico podem melhorar com a abstinência prolongada ou os déficits neuropsicológicos podem ser irreversíveis; estudos investigando essa possibilidade serão necessários para conclusões mais consistentes (36). No aparelho respiratório, os dados disponíveis são controversos. Há demonstrações de aumento no risco de desenvolver bronquite crônica ou câncer de pulmão em usuários crônicos, porém outros estudos não evidenciam alterações histológicas pré-cancerosas no epitélio brônquico (37). As toxinas irritantes da árvore traqueobrônquica têm sido atribuídas ao resultado da combustão pela Cs fumada, o que não aconteceria com a utilização pelo vaporizador (38). Outro estudo aponta para doença pulmonar obstrutiva crônica, mas também não é conclusivo, já que a maioria dos fumantes crônicos de Cs é também fumante crônico de tabaco e esses efeitos podem ser aditivos (39). No sistema cardiovascular, apenas usuários com história de angina prévia poderiam evoluir com precordialgia devido ao aumento da demanda do miocárdio pela taquicardia. Em virtude da sua baixa toxicidade não há registros de óbito, exclusivamente por overdose de Cs (37), mas em decorrência dos efeitos psicoativos, como acidentes causados sob efeito da droga. A falta de receptores para canabinóides no tronco encefálico pode explicar a pouca letalidade verificada pelo delta-9-THC, uma vez que o tronco encefálico regula a respiração e outras funções vitais (13). Estima-se que a dose letal em humanos seja cerca de 1.000 vezes a dose necessária para produzir os efeitos psicoativos (40). No sistema endócrino, efeitos como diminuição da testosterona, com conseqüente diminuição da libido masculina, diminuição do número de espermatozóides, diminuição de hormônio luteinizante e prolactina, alteração no período menstrual e ciclos anovulatórios são atribuídos ao uso crônico de Cs (37). Quando usada durante a gestação provoca o nascimento de crianças com peso abaixo do normal (35). Estudos evidenciam que a exposição intra-uterina pode gerar transtorno do déficit de atenção e hiperatividade em crianças e predisposição ao consumo da droga na vida adulta, por causa dos efeitos deletérios no SNC, detectados em imagens de ressonância magnética (41). De todos esses riscos, possivelmente o mais prevalente seria o desenvolvimento da síndrome de dependência. Sabe-se que esse risco aumenta conforme a extensão do consumo, mas em decorrência da dificuldade de se quantificar a dose que atinge a corrente sangüínea, não há doses de THC formalmente definidas como geradoras ou precursoras de dependência. Os efeitos psicotrópicos responsáveis por desenvolverem a síndrome ainda não são bem conhecidos apesar dos vários estudos sobre as propriedades e o abuso da Cs realizados na atualidade (18). Contudo, sua ocorrência é reconhecida cientificamente no usuário que apresenta deterioração clinicamente significativa no período de 12 meses e que se manifesta por três (ou mais) dos itens enumerados no quadro III, elaborados pela Associação Americana de Psiquiatria e publicados em seu manual, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) (42). Quadro III PERSPECTIVAS FUTURAS O desenvolvimento de novos veículos que permitam a solubilidade da formulação de Cs poderá torná-la viável para administração tópica ocular, bem como a maior utilização da via inalatória para a obtenção de efeitos sistêmicos rápidos sem riscos atribuíveis ao fumo. Pesquisas irão, provavelmente, desenvolver novos análogos sintéticos, com melhor separação entre os efeitos terapêuticos e colaterais, como a indesejável psicoatividade. É importante a realização de mais estudos por meio de observações sistemáticas, para que o seu uso venha possibilitar também o tratamento dor aguda, inclusive pós-operatória (43). A Cs ao longo de sua história sempre suscitou e ainda suscitará muitas discussões. Atualmente, como é considerada droga ilícita, os dados mundiais não afastam e nem dão suporte efetivo para o uso medicinal, talvez pelo temor de estimular o uso não-legal da droga. A tensão gerada entre aqueles que defendem sua proibição, legalização, ou o consumo com finalidades medicinais não chegou ao fim; certamente, dentro de mais alguns anos, essas respostas aparecerão. Perspectivas científicas apontam a substância como opção de tratamento, proporcionando finais de vida mais dignos para alguns pacientes. CONCLUSÃO O THC puro e seus análogos mostraram significativos benefícios terapêuticos para alívio de náuseas e vômitos e para o estímulo do apetite em pacientes inapetentes (3). Estudos em vários países demonstraram também sua utilidade na prática clínica pelos efeitos analgésicos e de antiespasticidade (3). O efeito anticonvulsivante do canabidiol é suficientemente promissor para justificar a realização de novos testes de ensaio clínico (3). A utilização da erva in natura através do fumo poderia ser justificada por motivos humanitários em pacientes sem possibilidade de cura e já acostumados ao uso por essa via, e estudos demonstraram sua efetividade. Contudo, ainda é prematuro recomendá-la em pacientes crônicos, com risco de doença inflamatória crônica ou câncer das vias aéreas, que poderiam estar associados a esse uso (2). Sua ação na redução da pressão intra-ocultar no glaucoma, na broncodilatação na asma e em pacientes enfisematosos graves ainda não demonstrou ser suficientemente efetiva, de longa duração e confiável para prover base válida de uso terapêutico, alguns estudos avançam nessa direção (34). Para que os canabinóides sejam inseridos no arsenal terapêutico, é necessária melhor compreensão da farmacocinética em uso prolongado e dos mecanismos de ação da substância e seus derivados. Agradecimentos ao Dr. Peter Spiegel e a Dra. Lilian Hennemann, nossos incentivadores. REFERÊNCIAS 01. Bloomquist ER – Marijuana. Beverly Hills, California, Glencoe Press, 1968;19. [ Links ] 02. Zuardi AW – History of cannabis as a medicine: a review. Rev Bras Psiquiatr, 2006;28:153-157. [ Links ] 03. 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PARA AMPLA DIVULGAÇÃO Aos Produtores do Fantástico, Rede Globo de Televisão Domingo, 06 de julho de 2008 O programa Fantástico há anos tem exibido excelentes matérias e informações de utilidade pública. Mas a peça de desinformação e de demonização da maconha aparentemente feita na Inglaterra e exibida neste domingo é propaganda barata, ridícula e mal feita. O apresentador começa dizendo que a pessoa pode ficar até dois anos presa por consumir maconha naquele país. Aqui no Brasil, de acordo com a lei de drogas em vigor, o “maconheiro” não é preso. Será que na Inglaterra a sanha punitiva chega a ponto de encarcerar por dois anos quem fuma maconha? Claro que não. Em seguida foi exibido aquele vídeo lamentável, uma peça de propaganda que contribui para o sensacionalismo jornalístico que vende essa desinformação para uma população que não tem a menor noção dos verdadeiros perigos do uso de drogas. O simples fato de falar de drogas como se todas fossem iguais, como se a maconha acarretasse os mesmos riscos que a cocaína, por exemplo, é outra mentira corrente na mídia, que ao longo dos anos fortaleceu essa noção equivocada no imaginário da população: a da existência de um inimigo abstrato chamado DROGA. O vídeo é uma armação barata. Será que alguém é idiota a ponto de produzir provas contra si mesmo se deixando gravar num vídeo e correr o risco de ser preso por dois anos, segundo a matéria? O garoto foi preso? Não deveria ter sido preso imediatamente depois que o vídeo foi divulgado? E os amigos que aparecem no parque consumindo com ele, se deixaram ser filmados assim numa boa? Queriam se exibir para seus pais e professores? Queriam que todos vissem que estavam cometendo um crime? Todo mundo sabe que a garotada que fuma maconha busca esconder isso dos pais, dos professores e de todo mundo. Quem fuma maconha em geral só revela isso para outro fumante. Nem para seu médico ele informa, com medo de ser discriminado, com medo do preconceito, um dos males de essa planta ser proibida. É desanimador que peças de propaganda contra a maconha iguais às do começo do século passado continuem a ser produzidas e exibidas em pleno século XXI. Só faltou o adolescente matar os pais e ir ao cinema, ou dizer que maconha desenvolve peitos em homens, como faziam as peças publicitárias antimaconha daquela época. O vídeo é mal feito, a continuidade é desastrosa. O garoto de repente compra uma moto trabalhando como jardineiro. Se ele vivia “chapado” e não fazia nada, como conseguiu comprar uma moto? Ele não gastava todo seu dinheiro em maconha, como afirma o vídeo? Qualquer pessoa que conheça um pouco os efeitos das drogas sabe que para ficar descontrolado daquele jeito só tendo algum problema mental ou usando outras drogas mais fortes, como o álcool. A mãe do menino diz para ele numa cena que ele sempre volta pra casa bêbado e sob efeito de maconha. Mas se ele bebia, não importa, o que interessa é demonizar a “droga”. E seu comportamento agressivo, desenvolvido em apenas seis meses, pois antes era um atleta e estudante exemplar? “A maconha me relaxa”, relata o menino ao psicólogo que os pais chamaram para intervir. É uma mentira deslavada dizer que a maconha é responsável por comportamentos agressivos e por uma transformação dessa. E as cenas de consumo explícito de maconha? Os closes do garoto fumando? Que pais exporiam seus filhos assim, e que adolescente se sujeitaria a ser gravado daquele jeito? Com pais como esses, não é à toa que o adolescente estivesse descompensado. A votação em que os telespectadores escolheram “internação” foi surreal. O debate que se seguiu ao vídeo também. Será que os profissionais que opinaram não perceberam o engodo? A coisa toda seria um grave acinte à inteligência do telespectador, se este tivesse informação honesta sobre as drogas. E com certeza a grande maioria das pessoas bem informadas não percebeu a calculada propaganda antimaconha do vídeo exibido. O folclore da “erva diabólica” já está bem arraigado em suas cabeças. Produtores do Fantástico, por favor, não exibam a continuação dessa porcaria prevista para o próximo programa. Luiz Paulo Guanabara Psicotropicus – Centro de Políticas de Drogas Fonte: Psicotropicus http://www.psicotropicus.org/home/detalhe....20%E0s%20Drogas Quem não viu o vídeo pode ver aqui
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*publicado no jornal O Globo, de 1/7/2008. O fenômeno representado pelas drogas ilícitas continua sendo aproveitado para esconder interesses geopolíticos, geoestratégicos, geoeconômicos. Por isso, convenções, assembléias especiais, relatórios e conclusões devem ser analisados com cautela. O Brasil, estranhamente e pela agência de drogas e crimes das Nações Unidas (Unodc), já foi, --para agradar o governo Lula--, considerado país de grande consumo de pílulas para emagrecimento e não de elevado uso abusivo de cocaína e de maconha. Por evidente, ninguém do escritório da Unodc freqüentou morros, esquinas, bares e discotecas dos nossos centros urbanos. Essa agência, nos relatórios, emprega fundamentalmente dados chapa-branca, ou seja, fornecidos pelos próprios estados-membros da ONU. O relatório que acaba de ser apresentado pela Unodc refere-se ao arco entre 2001 e 2004. Uma radiografia antiga, mal tirada e generosa. Por ele, o consumo de maconha cresceu em 160%, a representar 3 milhões de usuários. Os usuários de cocaína chagariam a 870 mil, com aumento de 75%. No Brasil, como em outras partes do mundo, muitos usam a maconha para fins terapêuticos, medicinais. O relatório da agência Unodc, no entanto, coloca todos os brasileiros no mesmo barco, ou seja, não distingue o uso medicinal do lúdico. Para essa agência, norteada pela linha proibicionista presente na Convenção de Nova York de 1961, ainda em plena vigência, são todos igualmente transgressores. Nesse relatório, a Unodc, que vive a reboque da Casa Branca e apóia a política militarista norte-americana da “war on drugs” (guerra às drogas), preferiu, de modo a acompanhar a geopolítica ditada no governo Bush, dar destaque ao Afeganistão e à Colômbia. De forma subliminar, no relatório, interessa passar a idéia de que na Colômbia, com o aumento do plantio da coca, a “guerra” deve continuar. Lógico, com Uribe e apesar do retumbante fracasso do Plan Colômbia. No Afeganistão, maior produtor de ópio-bruto, convinha envolver os talebans (fundamentalistas fanáticos que matam usuários de álcool e drogas) com o tráfico e esquecer que são os “senhores das guerras”, chefes tribais, que cultivam a papoula, extraem e traficam o ópio. Não restou realçado no relatório o principal dos problemas: o mercado das drogas proibidas movimenta cerca de US$400 bilhões, que circula pelos sistemas financeiro e bancário internacionais. E a Convenção de Viena de 1988 alertou a respeito. No Brasil e neste 2006, o consumo de drogas continua a crescer. As drogas sintéticas, feitas em fundo-de-quintal e poluídas, são ingeridas com as denominadas bebidas energéticas. Elas caíram no agrado dos jovens nas chamadas “baladas”, onde a “bala” (nome dada à sintética) é comercializada intensamente. No particular, o governo Lula não promove nenhuma campanha esclarecedora em mídia nacional. O certo é que o Brasil tornou-se, desde o final dos anos 80, país de elevado consumo de cocaína, como todos os outros países de trânsito. Isto porque as despesas com transporte e circulação, no território nacional, são pagas com a própria droga e não com dinheiro. Quanto à maconha, o consumo sempre foi elevado por aqui e o nordestino Polígono da Maconha sofreu a concorrência da maconha paraguaia, plantada com sementes transgênicas, a ensejar safras permanentes. Não precisa ser especialista no exame do fenômeno das drogas para se saber que o Marrocos, maior produtor mundial de maconha e haxixe, tem uma economia dependente da droga. Essa situação mostra a existência de estados com economia dependente, além dos narcoestados e de países cúmplices. A Unodc, como se verificou no Chapare boliviano e no Afeganistão ao tempo do governo dos talebans, não conseguiu mínimos resultados em projetos de cultivos substitutivos ou de implantação de tecelagens (caso do Afeganistão), para mudar o eixo e a dependência econômica. Para diferentes especialistas, as áreas de plantio de coca, analisadas imagens por satélite da região andina, continuam com a mesma extensão há dez anos, ao contrário do que concluiu a Unodc. Não ocorreram aumentos, mas migrações para fugir às erradicações manuais e ao derrame de herbicidas. A política brasileira para contrastar o fenômeno das drogas, apresentada no apagar das luzes do governo FHC, é cópia carbonada da norte-america, de péssimos resultados. No governo Lula, prometeu-se tudo mudar, mas continua tudo igual. Wálter Fanganiello Maierovitch. Fonte: IBGF - Instituto Brasileiro Giovanni Falcone http://www.ibgf.org.br/index.php?data[id_secao]=2&data[id_materia]=1686
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Lotus Eco Elise será apresentado no Salão do Automóvel de Londres. Painel do veículo tem material reciclado feito a partir de planta. A Lotus vai apresentar no Salão do Automóvel de Londres, que começa no próximo dia 23, o Lotus Eco Elise, uma versão "ecologicamente correta" do carro esportivo. O veículo é 32 kg mais leve que a versão Lotus S, tem elementos feitos de material reciclável no tapete, painel e assentos. O tapete é de sisal, os assentos contêm lã ecológica e o painel tem material reciclado feito a partir de fibras da planta Cannabis, que dá origem à maconha, cultivada industrialmente em East Anglia, na Inglaterra. O veículo tem ainda os dois painéis solares flexíveis instalados no teto do carro, que ajudam a produzir energia elétrica para o carro, liberando o motor deste gasto a mais. Lotus Eco Elise tem painéis solares no teto para produzir energia (Foto: Divulgação) Interior é equipado com paineis feitos com materiais recicláveis e tapetes de sisal (Foto: Divulgação) Fonte: G1 http://g1.globo.com/Noticias/Carros/0,,MUL...E+CANNABIS.html
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Vou começar a ler Carta a uma nação cristã de Sam Harris, o livro parece ser bom, pois quem o prefaciou foi Richard Dawkins.
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Não vi a reportagem, mas pelos comentários aqui postados vejo que acharam sem nenhuma contestação o culpado “a maconha”, gostaria de saber o histórico da família, como foi a infância desse adolescente, como foi a sua relação com os pais, irmãos (se acaso tiver), etc. Grande parte dos problemas relacionados a rebeldia da adolescência ocorre na fase da infância. Como disse o Dickloco: Pra mídia maconheiro quando fica resfriado a culpa é da maconha. Para a grande maioria todos os problemas de um usuário de maconha orbitam a mesma.
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Um bom livro para entender melhor a consciência humana é O Alimento dos Deuses escrito por Terence McKenna. Link para download: http://www.4shared.com/file/31838243/e9a41....html?signout=1 Um trecho do livro retirado do blog O Mundo Mágico Do Cogumelo Introdução: Manifesto para um novo pensamento sobre drogas Há um espectro assombrando a cultura planetária: o espectro das drogas. A definição de dignidade humana, criada pela Renascença e elaborada nos valores democráticos da moderna civilização ocidental, parece a ponto de se dissolver. A grande mídia nos informa a todo volume que a capacidade humana para o comportamento obsessivo e o vício realizou um casamento satânico com a farmacologia moderna, com o marketing, com o transporte a grandes velocidades. Formas anteriormente obscuras de utilização de substâncias químicas agora competem livremente num mercado global bastante desregulamentado. Governos e nações do terceiro Mundo são mantidos escravos de entidades legais e ilegais que promovem o comportamento obsessivo. Esta situação não é nova, mas está ficando cada vez pior. Até recentemente os cartéis internacionais das drogas eram criações obedientes de governos e serviços secretos que buscavam fontes de dinheiro “invisível” com o qual financiar seu próprio tipo de comportamento obsessivo institucionalizado. Atualmente esses cartéis das drogas evoluíram, através do crescimento sem precedentes da demanda por cocaína, transformando-se em elefantes desgarrados diante de cujos poderes até mesmo seus criadores se sentem inquietos. Somos assediados pelo triste espetáculo das “guerras das drogas” promovidas por instituições governamentais que geralmente são paralisadas pela letargia e ineficiência ou estão em evidente conluio com os cartéis internacionais das drogas – que essas instituições prometem publicamente destruir. Nenhuma luz poderá ser lançada sobre essa situação de uso e abuso pandêmico das drogas se não fizermos uma dura reavaliação de nossa situação atual e um exame de alguns padrões antigos, praticamente esquecidos, de experiência e comportamento relacionados às drogas. A importância dessa tarefa não pode ser subestimada. Sem a menor dúvida a auto-administração de substâncias psicoativas, tanto legais quanto ilegais, cada vez mais fará parte do desdobramento futuro de uma cultura global. Uma reavaliação dolorosa Qualquer reavaliação do uso que fazemos das substâncias deve começar com a noção do hábito, “uma tendência ou prática estabelecida”. Familiares, repetitivos e geralmente não examinados, os hábitos são simplesmente as coisas que fazemos. Segundo um velho ditado, “as pessoas são criaturas de hábito”. A cultura é em grande parte questão de hábito, aprendido com os pais e as pessoas ao nosso redor, e depois lentamente modificados pelas mudanças nas condições e por inovações inspiradas. Mas, por mais lentas que sejam essas modificações culturais, a cultura apresenta um espetáculo de novidade violenta e contínua quando comparada com a modificação lentíssima das espécies e dos ecossistemas. Se a natureza representa um princípio de economia, a cultura certamente deve exemplificar o princípio de inovação através do excesso. Quando os hábitos nos consomem, quando nossa devoção a eles excede as normas culturalmente definidas, nós os chamamos de obsessões. Nesses casos sentimos que a dimensão unicamente humana do livre-arbítrio foi violada de algum modo. Podemos ficar obcecados com quase tudo: com um padrão de comportamento como o de ler jornal matutino ou com objetivos materiais (o colecionador), com terras e propriedades (o construtor de impérios) ou com o poder sobre outras pessoas (o político). Enquanto muitos de nós podem ser colecionadores, poucos têm a oportunidade de se entregar às obsessões a ponto de se tornarem construtores de impérios ou políticos. A obsessões das pessoas comuns tendem a se concentrar no aqui e agora, no âmbito da gratificação imediata através do sexo, da comida e das drogas. Uma obsessão com os constituintes dos alimentos e das drogas (também chamados de metabólitos) é rotulada de vício. Os vícios e as obsessões são exclusivos dos seres humanos. Sim, existem amplas evidências relatadas sobre as preferências por estados intoxicados entre elefantes, chimpanzés e algumas borboletas. Mas, assim como acontece quando comparamos as capacidades lingüísticas de chimpanzés e golfinhos com a fala humana, vemos que os comportamentos desses animais são enormemente diferentes dos comportamentos humanos. Hábito. Obsessão. Vício. Essas palavras são marcos de sinalização em um caminho de livre arbítrio decrescente. A negação do poder do livre-arbítrio está implícita na noção de vício, e em nossa cultura os vícios são levados à sério – especialmente os vícios exóticos ou não-familiares. No século XIX o vício do ópio era o “demônio de ópio”, uma descrição que trazia de volta a idéia de uma possessão demoníaca levada a cabo por uma força externa. No século XX a idéia do viciado como uma pessoa possuída foi trocada pela noção do vício como doença. E com a noção do vício como doença o papel do livre-arbítrio finalmente é reduzido até desaparecer. Afinal de contas, não somos responsáveis pelas doenças que podemos herdar ou desenvolver. Mas hoje em da a dependência humana às substâncias químicas representa um papel mais consciente na formação e manutenção dos valores culturais do que em qualquer época anterior. Desde meados do século XIX, e com velocidade e eficiência cada vez maiores, a química orgânica vem colocando nas mãos de pesquisadores, médicos e – em última instância – qualquer pessoa uma cornucópia infinita de drogas sintéticas. Essas drogas são mais poderosas, mais eficazes, de maior duração e, em alguns casos, muitas vezes mais viciantes do que seus parentes naturais. (Uma exceção é a cocaína, que, apesar de natural, quando refinada, concentrada e injetada torna-se particularmente destrutiva) O surgimento de uma cultura global levou à ubiqüidade de informações sobre as plantas recreacionais, afrodisíacas, estimulantes, sedativas e psicodélicas que foram descobertas por seres humanos inquisitivos vivendo em partes remotas e anteriormente desconhecidas do planeta. Ao mesmo tempo em que esta torrente de informações botânicas e etnográficas chegava à sociedade ocidental, enxertando hábitos de outras culturas dentro da nossa e proporcionando-nos mais escolhas do que nunca, foram dados grandes passos na síntese de moléculas orgânicas complexas e na compreensão da mecânica molecular dos genes e da hereditariedade. Essas novas idéias e tecnologias estão contribuindo para um conhecimento muito diferente sobre a engenharia psicofarmacológica. Drogas projetadas em laboratório como o MDMA, o u Ecstasy, e os esteróides anabólicos usados por atletas e adolescentes para estimular o desenvolvimento dos músculos são arautos de uma era de intervenção farmacológica cada vez mais freqüente e eficaz sobre a nossa aparência, nosso desempenho e nosso sentimentos. A idéia de regulamentar num nível planetário primeiro centenas, e depois milhares de substâncias sintéticas facilmente produzidas, intensamente procuradas, porém ilegais, é estarrecedora para qualquer pessoa que tenha esperança de um futuro mais aberto e menos regimentado. Um renascimento arcaico Este livro irá explorar a possibilidade de um renascimento do arcaico – ou da atitude pré-industrial e pré-alfabetizada com relação à comunidade, ao uso de substâncias e à natureza; uma atitude que serviu bem e por muito tempo aos nossos ancestrais nômades pré-históricos, antes do surgimento do estilo de cultura que chamamos de “ocidental”. O termo arcaico refere-se ao paleolítico superior, um período entre sete e dez mil anos atrás, precedendo à intervenção e à disseminação da agricultura. O arcaico foi um tempo de pastoreio nômade e de igualitarismo, de uma cultura baseada na criação de gado, no xamanismo e no culto à Deusa. Organizei a discussão numa ordem mais ou menos cronológica, com as últimas seções, mais orientadas para o futuro, retomando e revendo os temas arcaicos dos primeiros capítulos. A argumentação segue de acordo com as linhas de progresso de uma peregrinação farmacológica. Assim chamei as quatro sessões do livro de “Paraíso”, “Paraíso Perdido”, “Inferno” e, espero que sem ser exageradamente otimista, “Paraíso Reconquistado”. Um glossário de termos especiais é dado no final do livro. Obviamente, não podemos continuar pensando como antigamente sobre o uso de drogas. Sendo uma sociedade global, devemos encontrar uma nova imagem orientadora para nossa cultura, uma imagem que unifique as aspirações da humanidade com as necessidades do planeta e do indivíduo. Uma análise da imperfeição existencial que nos leva a formar relacionamentos de dependência e vício com plantas e drogas mostrará que, no início da história, perdemos alguma coisa preciosa, cuja ausência nos tornou doentes de narcisismo. Somente uma recuperação do relacionamento que desenvolvemos com a natureza através do uso de plantas psicoativas antes da queda na história pode nos oferecer a esperança de um futuro humano e aberto. Antes de nos comprometermos irrevogavelmente com a quimera de uma cultura livre de drogas, comparada ao preço de um abandono completo dos ideais de uma sociedade planetária livre e democrática, devemos nos fazer perguntas duras: por que, como espécie, somos tão fascinados por estados alterados de consciência? Qual tem sido o impacto deles sobre nossas aspirações estéticas e espirituais? O que perdemos ao negar a legitimidade do impulso de cada indivíduo para o uso de substâncias visando experimentar pessoalmente o transcedental e o sagrado? Minha esperança é de que a resposta a essas perguntas vai nos forçar a enfrentar as conseqüências de negar a dimensão espiritual da natureza, de ver a natureza como nada mais que um “recurso” a ser dominado e esgotado. A discussão bem-informada sobre esses temas não dará conforto a quem é obcecado pelo controle, não dará conforto ao fundamentalismo religioso ignorante, a qualquer forma de fascismo. A pergunta de como, enquanto sociedade e indivíduos, nos relacionamos com as plantas psicoativas no final do século XX, levanta uma questão mais ampla: como, com o passar do tempo, fomos moldados pelas alianças mutáveis que formamos e rompemos com vários membros do mundo vegetal enquanto caminhávamos pelo labirinto da história? Esta é uma questão que irá nos ocupar detalhadamente nos próximos capítulos. O grande mito de nossa cultura se inicia no Jardim do Éden, quando foi comido o fruto da Árvore do Conhecimento. Se não aprendermos com o passado, essa história pode terminar com um planeta intoxicado, suas florestas sendo apenas uma lembrança, sua coesão biológica despedaçada, nosso legado um deserto de ervas daninhas. Se deixamos de perceber alguma coisa em nossas tentativas anteriores de compreender nossas origens e nosso lugar na natureza, será que agora estamos em condições de olhar para trás e compreender não somente o passado, mas também o futuro, de um modo inteiramente novo? Se pudermos recuperar o sentimento perdido da natureza como um mistério vivo poderemos ter confiança em novas perspectivas na aventura cultural que certamente nos espera adiante. Temos a oportunidade de nos afastar do triste niilismo histórico que caracteriza o reino de nossa cultura profundamente patriarcal e dominadora. Estamos em posição de recuperar a avaliação arcaica de nossa relação praticamente simbiótica com as plantas psicoativas como uma fonte de idéias e coordenação fluindo do mundo vegetal para o mundo humano. O mistério de nossa consciência e de nosso poderes de auto-reflexão está de algum modo ligado a este canal de comunicação com a mente invisível que os xamãs afirmam ser o mundo vivo da natureza. Para os xamãs e as culturas xamânicas a exploração desse mistério sempre foi uma alternativa crível à vida numa cultura materialista confinadora. Nós, que pertencemos às democracias industriais, podemos escolher explorar agora essas dimensões estranhas ou podemos esperar até que a destruição cada vez maior do planeta vivo torne irrelevante qualquer outra exploração. Um novo manifesto Portanto chegou o tempo, no grande discurso natural que é a história das idéias, de repensar totalmente nosso fascínio pelo uso habitual das plantas psicoativas e fisioativas. Temos de aprender com os excessos do passado, especialmente da década de 1960, mas não podemos simplesmente advogar o “Diga não”, do mesmo modo que não podemos advogar o “Experimente, você vai gostar”. Nem podemos apoiar uma visão que deseje dividir a sociedade entre usuários e não-usuários. Precisamos de uma abordagem ampla a essas questões, uma abordagem que envolva as implicações evolucionárias e históricas mais profundas. A influência da dieta em induzir mutações nos primeiros humanos e o efeito de metabólitos exóticos na evolução de sua neuroquímica e sua cultura ainda é um território não estudado. A adoção de uma dieta onívora por parte dos primeiros hominídeos e a descoberta do poder de certas plantas foram fatores decisivos para afastá-los da corrente da evolução animal, levando-os para a maré acelerada da linguagem e da cultura. Nossos ancestrais remotos descobriram que certas plantas, quando auto-administradas, suprimem o apetite, diminuem a dor, proporcionam jorros de energia súbita, conferem imunidade contra patogenes e sinergizam atividades cognitivas. Essas descobertas levaram-nos à longa jornada para a auto-reflexão. Assim que nos tornamos onívoros usuários de ferramentas, a própria evolução de um processo de modificação vagarosa para uma rápida definição de formas culturais através da elaboração de rituais, linguagens, escrita, capacidades mnemônicas e tecnologia. Essas mudanças imensas ocorreram em grande parte como resultado das sinergias entre os seres humanos e as várias plantas com as quais eles interagiram e co-evoluíram. Uma avaliação honesta do impacto das plantas sobre as bases das instituições humanas descobriria que elas são absolutamente fundamentais. No futuro, a aplicação de soluções estáveis botanicamente inspiradas, como o crescimento zero de população, a extração do hidrogênio da água do mar e os programas maciços de reciclagem podem ajudar a reorganizar nossas sociedades e nosso planeta em termos mais holísticos, conscientes do meio ambiente, neo-arcaicos. A supressão do natural fascínio humano com relação aos estados alterados de consciência e a atual situação de perigo por que passa toda a vida na terra estão íntima e causalmente conectadas. Quando suprimos o acesso ao êxtase xamânico represamos as águas refrescantes da emoção que flui de um relacionamento profundamente ligado, quase simbiótico, com a terra. Em conseqüência disso se desenvolvem e se mantêm os estilos sociais mal-adaptados que encorajam a superpopulação, o mau uso dos recursos e a intoxicação ambiental. Nenhuma cultura na terra é tão profundamente narcotizada, em termos de se acostumar às conseqüências do comportamento mal-adaptado, quanto o ocidente industrializado. Buscamos uma atitude tranqüila numa atmosfera surreal de crise cada vez maior e contradições irreconciliáveis. Como espécie, precisamos reconhecer a profundidade de nosso dilema histórico. Continuaremos a jogar com um baralho pela metade enquanto continuarmos a tolerar os cardeais do governo e da ciência que pretendem ditar onde a curiosidade humana pode se concentrar e onde não pode. Essas restrições à imaginação humana são aviltantes e absurdas. O governo não somente restringe a pesquisa sobre substâncias psicodélicas que poderiam talvez produzir valiosas idéias psicológicas e médicas; ele pretende impedir também seu uso religioso e espiritual. O uso religioso das plantas psicodélicas é uma questão de direitos civis; sua restrição é a repressão de uma legítima sensibilidade religiosa. De fato, não é uma sensibilidade religiosa que está sendo reprimida, mas a sensibilidade religiosa, uma experiência da religio baseada no relacionamento entre plantas e seres humanos que existe desde muito antes do advento da história. Não mais podemos adiar uma reavaliação honesta dos verdadeiros custos e benefícios do uso habitual das plantas e das drogas versus os verdadeiros custos e benefícios da supressão de seu uso. Nossa cultura global corre o risco de sucumbir a um esforço orwelliano de acabar com o problema através do terrorismo militar e policial contra os consumidores de drogas em nossa população e os produtores de drogas no Terceiro Mundo. Essa resposta repressiva é alimentada em grande parte por um medo não examinado que é produto de desinformação e ignorância histórica. Preconceitos culturais profundamente arraigados explicam porque a mente ocidental torna-se subitamente ansiosa e repressiva com relação às drogas. As mudanças de consciência induzidas por substâncias revelam dramaticamente que nossa vida mental tem fundamentos físicos. Assim, as drogas psicoativas desafiam a suposição cristã da da inviolabilidade e do status ontológico especial da alma. De modo semelhante, elas desafiam a idéia moderna do ego, de sua inviolabilidade e de suas estruturas de controle. Resumindo, os contatos com as plantas psicodélicas questionam toda a visão de mundo da cultura dominadora. Abordaremos frequentemente esse tema do ego e da cultura dominadora nesse reexame da história. De fato, o terror que o ego sente ao contemplar a dissolução de fronteiras entre o Eu e o mundo não está somente por trás da supressão dos estados alterados da consciência, mas, de modo mais geral, explica a supressão do feminino, do estrangeiro e exótico e das experiências transcedentais. Nos tempos pré-históricos, porém pós-arcaicos, de cerca de 5000 a 3000 a.C., a supressão da sociedade igualitária pelos invasores patriarcais arrumaram o cenário para a supressão da investigação experimental e aberta da natureza, feita pelos xamãs. Em sociedades altamente organizadas essa tradição arcaica foi substituída por uma tradição do dogma, da politicagem clerical, das guerras e, finalmente, dos valores “racionais e científicos” ou dominadores. Até aqui usei sem explicação os termos “igualitários” e “dominadores” para falar de estilos de cultura. Devo essas expressões úteis a Riane Eisler e sua importante revisão da história no livro The Chalice and the Blade. Eisler desenvolveu a noção de que os modelos de sociedade “igualitária” precederam e mais tarde competiram e foram oprimidos pelas formas de organização social “dominadora”. As culturas dominadoras são hierárquicas,, paternalistas, materialistas e de domínio masculino. Eisler acredita que a tensão entre as organizações igualitárias e dominadoras e a superexpressão do modelo dominador são responsáveis pelo nosso afastamento da natureza, de nós mesmos e ins dos outros. Eisler escreveu uma brilhante síntese do surgimento da cultura no antigo Oriente Próximo e do desdobramento do debate político relativo à feminização da cultura e à necessidade de superar padrões de domínio masculino para a criação para a criação de um futuro viável. Sua análise política dos sexos eleva o nível do debate para além dos que saudaram estridentemente um ou outro “matriarcado” ou “patriarcado” antigo. The Chalice and the Blade introduz a noção de “sociedades igualitárias” e “sociedades dominadoras” e usa os registros arqueológicos para argumentar que, sobre vastas áreas e durante muitos séculos, as sociedades igualitárias do Oriente Médio antigo não tinham guerras nem levantes. A guerra e o patriarcado chegaram com o aparecimento de valores dominadores. A herança dominadora Nossa cultura, auto-intoxicada pelos subprodutos venenosos da tecnologia e pela ideologia egocêntrica, é a infeliz herdeira da atitude dominadora que diz que a alteração da consciência através do uso de plantas ou de substâncias é errada, onanística e perversamente anti-social. Irei argumentar que a supressão da gnose xamânica, com sua confiança e insistência na dissolução extática do ego, roubou-nos o significado da vida e tornou-nos inimigos do planeta, de nós mesmos e de nossos netos. Estamos matando o planeta para manter intactas as suposições equivocadas do estilo cultural dominador do ego. É tempo de mudança.
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Graças à complexidade de espécies de vidas tanto vegetal, biológica como mineral faz com que cada planta tenha suas próprias características ao interagir com o nosso organismo, o lúpulo e a cannabis são um bom exemplo disso, agora querer separar a cannabis porque seus efeitos psicoativos são diferentes do que qualquer outro em minha opinião isso por si só não precisa nem de pensamentos proibicionistas ou conservadores, pois entre nós mesmos já criamos um tabu elevando a cannabis a um status diferente das demais substancias psicoativas. O mais interessante é que o lúpulo nesse texto foi mostrado como sendo usado para fins recreativos, afinal a cerveja tem exatamente essa função de ser utilizada com fins recreativos, agora em sites de Legal Highs ele é qualificado como um calmante natural, a industria de cerveja não faz uso de seus efeitos para fins medicinais e sim recreativos, agora a cannabis existem vários artigos mostrando seus efeitos medicinais e ela é proibida justamente por causa de seu uso para fins recreativos, talvez por esse tabu de querer diferenciar seus efeitos psicoativos dos demais. Eu pelo menos entendi dessa maneira a diferença do lúpulo para a cannabis, o primo rico (lúpulo) que tem a poderosa indústria cervejeira para investir em pesquisa e divulgação de seus efeitos e o primo pobre (cannabis) que alem de ser marginalizada, suas pesquisas não são levadas em consideração talvez visto que não tenha um padrinho de tamanho cacife como tem o seu primo rico.
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Quanto tempo uma experiência deve continuar até ser considerada um fracasso? Para a lei seca, nossa versão estadunidense, durou cerca de 13 anos. Entre os crimes da máfia, as intoxicações por bebidas adulteradas e a idade declinante em que o pessoal virava alcoólatra, os estadunidenses decidiram que a “Nobre Experiência” – quer deva mesmo ser considerada nobre ou não – era uma idéia ruim. E lhe deram fim. O Estado de Nova Iorque fez a parte dele há 75 anos hoje, ratificando a 21ª emenda para revogar a 18ª, aproximando a Constituição de sua restauração. Foi necessário outro meio ano, até o dia 05 de dezembro, para convencer os 36 estados necessários na época a fazer o trabalho. Mas, os estadunidenses dos anos 1930 reconheceram o fracasso da experiência da lei seca e tomaram providências ao promulgar a legalização do álcool. O industrialista John D. Rockefeller descreveu a evolução de seu pensamento que conduziu ao reconhecimento do fracasso da proibição em uma famosa carta de 1932: “Quando a Lei Seca foi apresentada, eu esperava que ia receber o respaldo geral da opinião pública e que um dia os maus efeitos do álcool seriam reconhecidos. Devagar e com relutância, cheguei a acreditar que este não tem sido o resultado. Em troca, a bebida aumentou em geral; o bar clandestino substituiu a taberna; apareceu um tremendo exército de transgressores; muitos de nossos melhores cidadãos ignoraram a Lei Seca abertamente; o respeito pela lei foi grandemente reduzido; e a criminalidade aumentou a um nível nunca dantes visto”. No contexto da principal proibição de hoje – o combate às drogas -, é importante perceber que aquelas outras drogas foram ilegalizadas mesmo antes do álcool. Foi no dia 17 de dezembro de 1914, quando a Lei Harrison sobre os Entorpecentes [Harrison Narcotics Act] foi aprovada pelo Congresso dos EUA – a propósito de uma lei regulatória para sincronizar o sistema dos EUA com o novo que era adotado pelos países ao redor do mundo. Mas, a força pública a interpretou como se proibisse as drogas – a coca, a papoula e seus derivados como a heroína e a cocaína eram as substâncias em questão naquele então – e se saiu com a sua. O que quer dizer que as drogas têm sido ilegais há quase um século. E, contudo, apesar do século de proibição – cem anos combatendo o ópio -, o Talibã deu um jeito de ganhar cem milhões com ele no ano passado, tal é a quantidade que ainda se consome. Nos EUA, o índice de dependência é mais alto hoje do que se acredita ter sido no fim do Século XX e embora outras coisas que certamente mudaram podem ter afetado o consumo de drogas, caso se trave um “combate” para acabar com o consumo de drogas, caso a dependência tomar a direção contrária, então há um problema. Um exemplo recente de como os resultados são o contrário do que se pretendera são os preços da cocaína nas ruas das cidades estadunidenses, que, de acordo com os dados da DEA, são um quinto do que eram em 1980 quando ajustados em relação à inflação e à pureza. A meta da estratégia erradicação-interceptação-detenção-prisão é fazer com que os preços subam a fim de inibir o consumo. Ah, e as drogas também ficaram piores – quem ouvira falar da pedra de cocaína antes de 1986, 72 anos depois da aprovação da Lei Harrison? A proibição da maconha, promulgada em 1937, é uma experiência ainda menos bem-sucedida do que a proibição dos opiáceos e da cocaína. A respeito das drogas mais pesadas, seria possível dizer que pelo menos alguns jovens encontram problemas para adquiri-las, embora, na verdade, esses sejam os garotos que não gostam de drogas. Mas, praticamente qualquer estudante de secundária nos EUA pode comprar maconha em praticamente qualquer colégio secundário dos EUA, e, em geral, de outros estudantes. Quando garotos vendem drogas a outros garotos e isso acontece EM TODO LUGAR, qual é o resultado da experiência? Qual é sua conclusão? É preciso mesmo mais pesquisa a esta altura? Não, não é preciso. As descobertas acerca da experiência da proibição das drogas são conclusivas – é um fracasso. E embora muitas das pessoas que travam o combate às drogas achem que ela é nobre, tal crença é enganosa – com meio milhão de pessoas presas nas cadeias e prisões estadunidenses por crimes ligados às drogas, a experiência da proibição é tudo menos nobre. O dia em que legalizarmos as drogas será o dia em que poderemos começar a limpar a bagunça que a experiência da proibição das drogas criou. Link: http://stopthedrugwar.org/pt/cronica/541/p...ncia_fracassada StoptheDrugWar.org
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Eu não sou ativista da causa, sou apenas um apoiador e defensor da causa, agora em 2009 estou querendo ser ativista, pois os fatos ocorridos esse ano mostrou que a grande barreira contra a legalização é muito mais dogmática e política do que qualquer outra coisa. Estou me aprofundando no pensamento do judiciário e vejo claramente que se a decisão for para a esfera judicial a maconha já estava legalizada, então a meu ver o primeiro passo já pode ser dado esse ano que temos eleições pesquisando cuidadosamente os candidatos e evitando aqueles que fazem da repreensão como carro-chefe da sua plataforma política. Temos que mudar o pensamento do Legislativo e esse só vamos conseguir mudar renovando os legisladores, pois para a grande maioria isso é a maior propaganda política, assim eles não precisam expor projetos para educação, saúde (ótimo ponto para se questionar, afinal o Estado é obrigado a bancar o tratamento dos dependentes sem um imposto para subsidiar os gastos, atualmente as verbas destinadas ao combate as drogas vão para a segurança publica e não para a saúde publica), redução de danos ambientais, etc. Quando mencionei o termo dogmático me refiro à religião, mas não sou contra a religião, eu acho que cada um tem o direito de acreditar e crer no que melhor lhe convém, o que sou contra são os supostos homens da fé que corrompem a religião em favor próprio ou por politicagem, esses sim são o perigo de uma nação, pois são formadores de opinião e são vistos como homens de Deus o que é um erro grave.
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Eu acredito sim que o lúpulo seria proibido, pois o mesmo é bem conhecido nos sites de legal Highs, podemos fazer uma analogia a Sally-D (salvia Divinorum) já ocorreu prisão nos EUA por compra e porte de Sally-D.
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O Cara tem 22 anos, trabalha e tem família. Não vou comentar, vou deixar uma Charge sobre isso: Tradução: você serviu o seu país, criou uma família, pagou taxas e apoiou sua comunidade por anos enquanto fumava maconha. graças a deus nós finalmente te pegamos!
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Caro Pernola Não entendi o sentido de Chapar no seu texto, se for um termo pejorativo para os efeitos do THC você tem razão, agora se for com referência que o Lúpulo é desprovido de efeitos neurológicos você está errado porque o Lúpulo possui um efeito sedativo, ou seja, é uma droga também, toda substancia que altera seu metabolismo é droga, digo uma coisa se não fosse um componente fundamental para as indústrias de cerveja você pode ter certeza que o Lúpulo iria entrar-nos mesmo moldes da cannabis.
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completando o post do cabelo Sua residência é asilo inviolável. Determinação judicial só tem validade das 6 da manha as 6 da noite.
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vcs conhecem Cheech e Chong de filmes como "Up in Smoke", certo? e vcs também sabem como se fabricam - legalmente - bongs de vidro nos Estados Unidos, certo? mas vcs sabiam que a primeira prisão da vida de Chong (depois de 30 anos na indústria do entretenimento atuando em filmes com temática maconheira) se deu por conta de uma empresa que fabricava e vendia bongs pela internet? a Chong Glass? a história toda está no filme "a/k/a Tommy Chong". e a distribuição em DVD desse documentário virou caso de polícia nos Estados Unidos. entenda a história que deu origem ao filme: no dia 24 de fevereiro de 2004, Thommy Chong (a segunda metade da dupla Cheech e Chong) e sua esposa Shelby acordaram com uma batida diferente na porta da frente da casa no bairro de "Pacific Palisades" - em Los Angeles. era uma equipe do DEA (Drug Enforcement Administration), com mais de uma dúzia de policiais. eles faziam parte das Operações "Pipe Dreams" e "Headhunter". naquela manhã, mais de 100 casas e escritórios foram revistados. e 55 pessoas foram indiciadas, acusadas de traficar "parafernália (para uso de) droga ilegal" o documentário "a/k/a Tommy Chong" conta a história dos nove meses de prisão de Tommy Chong, "um homem preso pelo que é, e não pelo que fez" - defende Josh Gilbert, diretor do filme. download em torrent site oficial Fonte: Blog do Filipeta da Massa http://filipetadamassa.blogspot.com/2008/0...ommy-chong.html
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Está na hora de tirar os republicanos do poder, principalmente se tratando da maior potencia do planeta, os democratas são mais liberais e não são tão bitolados em guerra como os republicanos. Barack Obama é um senador respeitado, creio que como presidente ele não vai conseguir legalizar a maconha, mas vai descriminalizar ela como ocorre no Canadá, talvez se ele conseguir um segundo mandato ele consiga liberar ela de uma vez para a alegria dos países subdesenvolvidos como o Brasil que sofre grande conseqüência com a guerra das drogas.
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Holanda proíbe tabaco em 'coffee shops' e preocupa usuários de maconha A lei antitabaco, que entra em vigor a partir desta terça-feira na Holanda, não irá excluir os famosos coffee shops - cafés que vendem maconha e haxixe e em que a compra e consumo das drogas também é permitido. A nova legislação proíbe o fumo em cafés, bares e restaurantes e segue o exemplo de vários outros países europeus, que já adotaram a proibição. Mas, na Holanda, a legislação, introduzida para proteger os não-fumantes, teve que ir mais longe por causa dos coffee shops. De acordo com a nova legislação, os famosos joints - cigarros de maconha ou haxixe misturados com tabaco - só poderão ser consumidas em espaços internos reservados e isolados do restante do público nos coffee shops. Os freqüentadores dos coffee shops, entretanto, poderão fumar cigarros de maconha pura, sem a mistura com o tabaco. Cigarros comuns só podem ser fumados do lado de fora dos estabelecimentos comerciais. (assista ao vídeo da BBC Brasil ) A permissão para o uso dessas cabines internas é a principal diferença da lei antitabaco holandesa com relação à de outros países europeus. Na Holanda, cigarros de maconha e haxixe não podem ser consumidos na rua - pelo menos oficialmente - e, por isso, a lei inclui a permissão para a construção dessas cabines isoladas. A ofensiva antitabaco na Holanda vai ao encontro da orientação da União Européia, cujo comissário da Saúde, Markos Kyprianou, já expressou desejo de ver uma proibição total ao fumo de tabaco em locais públicos em toda a Europa em questão de poucos anos. "Os cigarros de maconha ou haxixe misturados com tabaco só poderão ser consumidas em espaços internos reservados e isolados nos coffee shops" Comércio Proprietários de coffee shops temem que a medida afete a freqüência dos estabelecimentos - tidos como importante atração turística na Holanda- já que a maioria dos clientes costuma fumar maconha e haxixe misturados com o tabaco. O proprietário do coffee shop Pumpkin, em Amsterdã, Sigmund Laurent, diz que a droga pura é impossível de ser consumida porque "é muito pesada para o corpo, ninguém agüenta". Segundo ele, a nova legislação irá mudar o perfil de seu estabelecimento comercial, já que os fregueses, que normalmente vão ao local para fumar seu joint, jogar xadrez, ouvir música e conversar. "A partir de agora, vai se tornar apenas um centro de recolhimento do produto", disse Laurent. Ele não tem espaço para construir uma cabine reservada, mas ainda assim calcula que não irá ter prejuízo financeiro porque o local é pequeno e sua clientela é fiel. Os clientes estão recebendo nota de esclarecimento com os detalhes da lei antitabaco. Já o proprietário do coffee shop Trenchtown, em Amersfoort, investiu em uma cabine hermeticamente fechada com vidro duplo, para satisfazer sua freguesia fumante e a lei. Dois terços do local estão dentro do "aquário" e os funcionários no balcão de atendimento são totalmente protegidos da fumaça, até mesmo para alcançar o banheiro. Há dois meses, o proprietário do local começou com o "processo de educação" de sua clientela. Segundo o gerente, "a tendência é que o movimento aumente ainda mais, já que o local será uma rara alternativa para quem deseja tomar um cafezinho acompanhado por um joint". Nos coffeeshops não são permitidas bebidas alcoólicas. "Cigarros comuns só podem ser fumados do lado de fora dos estabelecimentos comerciais" Adaptação Muitos detalhes sobre a implantação da lei no país ficaram claros somente no final da semana passada. Isso porque a organização dos proprietários de hotéis, cafés e restaurantes (Horeca) abriu vários processos contra o governo para modificar algumas resoluções. " Em três meses as pessoas já vão estar acostumadas a fumar lá fora e nem vão sentir a diferença (A. Klarenbeek, dona de café) " Há novas restrições para o uso de tabaco em barracas de campanha abertas ou fechadas, nos terraços, nos festivais culturais e artísticos, em danceterias, nas cantinas de ginásios de esporte entre outros casos específicos. O que facilita a adoção da medida é que ela ocorre no verão. O calor e o tempo bom são essenciais para o sucesso da lei, assinala Angela Klarenbeek, proprietária do Jazz Café e Restaurante Lazy Louis, em Amersfoort. "Dentro de três meses as pessoas já vão estar acostumadas a fumar lá fora e nem vão sentir a diferença". Já o dono do restaurante Pallas Athenas, na região de Utrecht, Kostas Georgiadis, diz que vai esperar passar o verão para decidir se constrói ou não uma cabine para fumantes no andar superior de seu restaurante. Festa Organizações antitabagistas prevêem que a entrada da lei em vigor nesta terça-feira será marcada por grande movimentação nos bares, cafés, restaurantes e coffee shop. Já os fumantes promovem, nesta segunda-feira, a "festa do cinzeiro", onde irão fumar seus últimos cigarros em ambiente fechado. Uma enquete do instituto de pesquisa Nivel, a pedido do Ministério da Saúde e o Fundo para Asma, revelou que o setor de hotéis, cafés e restaurantes vai contar com 800 mil novos fregueses, entre pacientes asmáticos e de outras doenças respiratória e os não-fumantes. Para mais notícias, visite o site da BBC Brasil Fonte: O Globo Online http://oglobo.globo.com/viagem/mat/2008/06...a-547026472.asp
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Assisti esse fim de semana, é um documentário misturado com comedia, achei fantástica a idéia, pois como não adianta mostrar o “lado cientifico” ele resolveu mostrar o lado pessoal e fazer muitas criticas aos conservadores. ===~