10 anos após a descriminalização do consumo de droga
Dez anos após a descriminalização do consumo de drogas em Portugal, o presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), João Goulão, faz um balanço "muito positivo" da lei em vigor desde 1 de Julho de 2001.
O modelo português é mesmo apontado internacionalmente como um caso de sucesso. "Hoje temos 40 mil toxicodependentes em tratamento, em todo o País. É um número recorde de pessoas em tratamento e simboliza uma enorme evolução. Quando comecei nesta área, há 20 anos, o estigma social era tão forte que as pessoas nem davam o seu nome completo aos técnicos", afirma João Goulão.
Dos doentes em tratamento, cerca de 10% são utilizadores de 'cannabis', vulgarmente conhecida por "erva". "Antes da descriminalização do consumo não tínhamos consumidores de 'cannabis' em tratamento. Agora, quando confrontados pelos técnicos das comissões, acabam por perceber que fumar 'cannabis' tem consequências para a saúde e aceitam o tratamento."
Em 10 anos, disse João Goulão ao DN, verificou-se também uma "descida do consumo de substâncias ilícitas nos jovens com idades entre os 15 e os 19 anos". O álcool não entra nessa contabilidade, precisou, apenas os estupefacientes como 'cannabis', cocaína, heroína, LSD ou outros.
Finalmente, "na última década o principal grupo de infectados com o vírus VIH/sida deixou de ser o dos toxicodependentes para passar a ser o dos heterossexuais e dos homossexuais". O modelo português de descriminalização do consumo e dissuassão da toxicodependência "tem vindo a ser estudado por outros países". Recentemente, os ministros da Justiça e da Saúde da Noruega estiveram no IDT para recolherem elementos que possam utilizar.
Diário de Notícias