Marcelo D2 regrava clássicos de Bezerra da Silva e se livra da imagem ligada às drogas
POR KAMILLE VIOLA
Rio - Não é à toa que, há três anos, Marcelo D2 traz tatuado no braço o rosto de Bezerra da Silva, morto há cinco. O sambista, que entrou na vida do rapper por acaso, se tornou um grande amigo — e agora ganha outra homenagem de D2, que lança o CD ‘Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva’.
“Conheci o Bezerra em 1993, quando o Rappa fez o vídeo de ‘Candidato Caô Caô’ com ele. Mas fiquei íntimo em 1994, quando o chamei para cantar com o Planet Hemp (sua ex-banda) no Canecão. Era o nosso primeiro show lá e foi superengraçado, era para ele cantar duas músicas e cantou sete, não queria ir embora. Daí para a frente foi camaradaço”, lembra ele.
“A gente fez uma turnê junto. Meu pai morreu em 1993 e ele fez um papel de tutor, botava a mão no meu ombro, tinha essa parada de amigo mais velho. Quando mostrei primeira batida de rap com samba, pensei: ‘Se ele falar que está uma m* vou ter que repensar’. Mas ele adorou.” D2 gravou 14 músicas do amigo, com produção do também ‘brother’ Leandro Sapucahy, entre elas a famosa ‘Malandragem Dá um Tempo’ e as polêmicas ‘Quem Usa Antena é Televisão’ e ‘Meu Bom Juiz’, feita para o traficante Escadinha, chefe do Morro do Juramento, onde Bezerra viveu.
A capa faz referência ao disco ‘Eu Não Sou Santo’, de Bezerra, com um detalhe: em vez de armas, Marcelo traz microfones nas mãos. “Antes a coisa parece que ficava mais entre os bandidos. Não ia ter nada a ver eu com arma e os amigos do meu filho me vendo”, analisa.
Sinal dos tempos, em que o rapper se livrou da imagem ligada a drogas. “Acho que limpei minha barra, era ‘maconheiro sem vergonha’, agora é ‘maconheiro pai de família’”, brinca o pai de quatro filhos. “Acho que a música que fiz com o Stephan (‘Loadeando’) foi um divisor de águas”, diz, referindo-se ao mais velho, hoje com 18 anos.
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