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CiênciaCannabis

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  1. Valeu, Marcelo! Tava procurando pra baixar faz tempo! Abraço
  2. Parabéns ao grupo da USP Ribeirão Preto, que vem liderando as pesquisas com canabinóides atualmente no Brasil. Ambos pesquisadores citados, Zuardi e Crippa, vêm publicando trabalhos muito interessantes no campo da psiquiatria.
  3. Com certeza. O contexto e o estado emocional pessoal, juntamente com a dose, influenciam diretamente na resposta ou efeito.
  4. William, esse caso de excitação paradoxal (vc viu esse nome em algum lugar ou vc mesmo criou? interessante), eu conheço como efeito bifásico de algumas substâncias, como o álcool que vc citou. Exatamente como vc explicou. Mas já no caso da maconha, ela é classificada como droga perturbadora do SNC, devido à ação do THC, que é um alucinógeno (fraco, mas é). Outras drogas perturbadoras são o LSD, Mescalina, Psilocibina e outros (esses já são alucinógenos mais potentes). Os efeitos bifásicos da maconha são devido à ação do THC e do CBD, dependendo da concentração de cada um na amostra e da quantidade consumida. Já está provado cientificamente, por exemplo, que o CBD tem efeito ansiolítico em doses relativamente baixas e ansiogênico em doses altas. Porém a interação com o THC modifica essa 'curva'. Os efeitos periféricos que vc cita (dilatação da pupila, etc) são devido à ativação dos receptores CB sim, mas eles não precisam estar localizados especificamente no órgão. A ativação central gera efeitos periféricos, sacou? Quanto à anandamida, ela age exatamente como vc disse, hiperpolarizando células neuronais através de sua ação sobre os recebtores CB, os quais são receptores classificados como metabotrópicos, que são receptores acoplados a uma proteína G, a qual medeia sua ação desencadeando uma cascata de eventos celulares que vão interferir na abertura de canais iônicos e consequentemente na liberação de outros neurotransmissores. Veja esse texto mais detalhado: A maneira pela qual os endocanabinóides atuam no SNC contraria os conceitos clássicos que definem um neurotransmissor. Estes conceitos postulam que os neurotransmissores são sintetizados em neurônios pré-sinápticos, armazenados em vesículas e liberados após a ocorrência de uma despolarização, com conseqüente influxo de cálcio para o citoplasma. Porém, tanto a anandamida quanto o 2-AG são sintetizados em neurônios pós-sinápticos, sendo o aumento de cálcio intracelular o fator desencadeante. Uma vez sintetizados, os endocanabinóides não são armazenados em vesículas, mas imediatamente liberados pelos neurônios pós-sinápticos (Di Marzo et al., 1998). Após a liberação, difundem-se para o neurônio pré-sináptico e agem nos receptores canabinóides como mensageiros retrógrados. Este processo, denominado neurotransmissão retrógrada, muitas vezes diminui a probabilidade de liberação de outros neurotransmissores, por interferirem em uma etapa dependente de cálcio na liberação de vesículas sinápticas (Figura 3). Portanto, os endocanabinóides atuam “sob demanda”, modulando a atividade dos neurônios pré-sinápticos após a ativação pós-sináptica (Hoffman e Lupica, 2000). De maneira geral, a síntese dos endocanabinóides ocorre a partir de fosfolipídios de membrana que são hidrolisados por fosfolipases às respectivas formas finais dos neurotransmissores (Figura 4 e 5). A formação da anandamida, por exemplo, é realizada pela hidrólise de uma N-acil-fosfatidiletanolamina por uma fosfolipase D específica, enquanto o 2-AG é formado pela hidrólise de um acilglicerol contendo o araquidonato na posição 2 catalisado por uma hidrolase de diacilgliceróis. Pouco se sabe a respeito das vias de síntese específicas para os outros endocanabinóides (Bisogno et al., 2005). Já a inativação dos endocanabinóides ocorre por dois processos cooperativos, a recaptação e a degradação. A etapa de recaptação permanece controversa, podendo ocorrer por difusão simples e/ou por um processo facilitado por carreadores protéicos (Di Marzo et al., 1994; Beltramo et al., 1997a; Hillard e Campbell, 1997). Depois de recaptados, os endocanabinóides são metabolisados por enzimas de degradação específicas para cada ligante. O metabolismo da anandamida aparentemente ocorre nos neurônios pós-sinápticos por uma hidrolase de amidas de ácidos graxos (Fatty Acid Amide Hydrolase - FAAH) (Cravatt et al., 1996; Goparaju et al., 1999). Abraços!
  5. New Jersey’s New Medical Marijuana Laws Reportagem na íntegra: http://www.philly2philly.com/politics_community/politics_community_articles/2010/1/21/42946/new_jerseys_new_medical_marijuana_law Destaque para: abraços!
  6. Pessoal, artigo muito rico sobre a história da cannabis como medicamento: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v28n2/29785.pdf Abraços
  7. fala mandacaru! tranquilo cara?! por aqui tudo certo! po, dei uma olhada por cima no seu post velho! bem interessante mesmo! depois irei ler com a devida atenção, é que estou um tanto quanto sobrecarregado agora! quanto à questão da colaboração, é uma idéia interessante a se pensar bicho! vc é professor de química então? qual universidade e departamento no RJ? tentei mandar esse recado por msg direta mas seu profile n tá aceitando.. dá uma checada ae.. um abraço!
  8. Interessantes colocações William! Vejo que vc gosta mesmo de neuro (eu tb adoro). Vou tentar esclarecer suas dúvidas na medida do possível: 1. Os receptores CB1 se localizam principalmente no Sistema Nervoso Central (SNC), como você disse. São mais abundantes no Sistema Límbico (hipocampo, estriado, amígdala e gânglios da base), região envolvida em processos de aprendizagem, memória e emoção; no Córtex cerebral, região que desempenha funções cognitivas e executivas; e no Cerebelo, que relaciona-se principalmente com o controle do movimento. Principalmente nessas áreas, porém os receptores CB1 estão em praticamente todo o cérebro (ver figura abraixo). Já os receptores CB2 são pouco abundantes no SNC, localizando-se principalmente em células imunológicas distribuídas pelo corpo. Outros receptores CB (CB1a ou CB3) ainda são muito pouco estudados e sua localização ainda é pouco conhecida. 2. Os receptores CB2 estão mais envolvidos com processos imunológicos, uma vez que estão localizados principalmente em células imunológicas (obs.: conheço pouco sobre CB2 ainda, preciso estudar mais a respeito). Mas é certo que os efeitos psicoativos são devidos majoritariamente à ativação dos receptores CB1. Sobre o efeito ansiolítico especificamente, há estudos mostrando que o cannabidiol (CBD), um bloqueador ou antagonista moderado dos receptores CB1 (ao contrário do D9-THC, que é um ativador ou agonista) além de atuar sobre os receptores canabinóides, atua também como ativador de receptores serotoninérgicos aumentando a liberação de serotonina no SNC. A serotonina é bem conhecida por seu efeito de bem-estar e felicidade. Drogas anti-depressivas por exemplo atuam principalmente em receptores serotoninérgicos. Porém, não se deve pensar como uma atuação única em tais receptores. Os compostos ativos da cannabis atuam em diferentes vias neurais, seja direta ou indiretamente. E a interação entre os compostos tem uma resposta diferente de cada um isolado. Ou seja, é muito difícil falar em causa e efeito. Tudo depende de vários fatores. O ambiente (ou o contexto) no qual a droga é consumida também influencia nos efeitos. Estudamos os compostos separadamente para tentar compreender melhor, mas não pode-se reduzir tudo a um ou outro receptor. O CBD vem sendo estudado também no tratamento de transtornos do humor e psicoses como Transtorno Bipolar, Esquizofrenia, Depressão e até dependência de drogas! É um princípio ativo muito promissor! Vejam o artigo de revisão abaixo sobre as propriedades terapêuticas do CBD: www.scielo.br/pdf/rbp/v30n3/a15v30n3.pdf 3. Sobre os efeitos antiinflamatórios, esses parecem também estar atribuídos ao CBD devido à sua ação sobre células imunológicas. Pouco se sabe sobre os mecanismos específicos envolvidos nesse processo. 4. Isso. A anandamida atua de forma diferenciada dos demais neurotransmissores. É o que se chama de Neurotransmissão Retrógrada, onde a anandamida é produzida e liberada no neurônio pós-sináptico e chega até o neurônio pré-sináptico onde ativa receptores CB1, os quais desencadearão uma cascata de eventos celulares (mediados por uma proteína G) que culminarão na inibição do neurônio pré-sináptico. Se esse neurônio faz parte de uma via de glutamato (um nt excitatório) por exemplo, a anandamida atuou modulando a liberação desse nt. Como o glutamato é excitatório, a inibição do glutamato tem efeito inibitório sobre a via e o SNC em geral. Porém, se a anandamida age sobre um neurônio GABAérgico (o nt GABA é inibitório), a inibição do GABA tem efeito excitatório sobre o SNC, uma vez que inibir o inibidor = excitar. É difícil explicar isso em texto. Em esquemas fica muito mais fácil. Vou tentar achar referências bibliográficas que expliquem melhor isso e posto aqui. Por enquanto, sugiro a leitura da revisão acima, sobre o cannabidiol. Um abraço a todos!
  9. William, este efeito é conhecido medicinalmente como efeito ansiolítico (diminui ansiedade promovendo bem-estar). Para que todos se esclareçam, os efeitos da maconha são causados devido à ação dos princípios ativos contidos na planta (e também a combinação deles) em receptores cerebrais específicos, os receptores canabinóides CB1 e CB2 (há evidências da existência de pelo menos mais 1 receptor), que em conjunto formam o Sistema Endocanabinóide (ver artigo do Prof. Carlini no post mais antigo). Quando ativados, esses receptores modulam a liberação de diversos neurotransmissores (ex: dopamina, serotonina, anandamida e outros). Esses neurotransmissores, por sua vez, são os responsáveis pelos efeitos fisiológicos observados. No caso do efeito ansiolítico da maconha, este parece ser atribuído à liberação de serotonina. Contudo, o interessante dos compostos ativos da cannabis é que alguns possuem efeitos bifásicos, ou seja, determinada dose pode ser ansiolítica para um determinado indivíduo e ansiogênica (causadora de ansiedade) para outro. Por isso reforço que os efeitos variam MUITO de acordo com as características de cada pessoa e a dose. Espero ter esclarecido sobre a questão que vc levantou William. Um abraço e obrigado!
  10. História da maconha no Brasil http://www.ipub.ufrj.br/documentos/JBP_55_4_%28314-317%29.pdf
  11. Mais material de leitura: Ótimo artigo explicando riscos e benefícios da cannabis do Dr. Elisaldo Carlini para a Scientific American Brasil: "Riscos e promessas da Cannabis. Elisaldo Carlini, em Scientific American Brasil, edição no. 26, págs. 58-65, 2004." (infelizmente só tenho uma xerox da revista, se alguém conseguir baixar pela internet por favor postar aqui para todos) Artigo da revista Mente & Cérebro decorrendo sobre as propriedades medicinais da cannabis: http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/erva_curativa_imprimir.html Artigo da revista Mente & Cérebro sobre os endocanabinóides: http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/barato_natural_imprimir.html Abraços!
  12. Aconselho a leitura deste artigo científico que trata sobre os efeitos adversos na saúde do uso não-médico de cannabis: http://press.thelancet.com/cannabis.pdf (favor informar caso o link não abra) Um abraço a todos!
  13. Obrigado kushartois! Então, acho que se vc tem vontade de estudar cannabis deve sim conversar a respeito com o pesquisador responsável. Não é vergonha nenhuma estudar maconha, uma vez que, na minha opinião, esse é um dos medicamentos mais valiosos que possuímos e, infelizmente, ainda pouco compreendido. O que pode acontecer é o orientador te dizer que essa não é a linha de pesquisa específica dele e que vc terá de procurar material de estudo por sua conta. Caso aconteça, me procure que eu posso te ajudar em alguma coisa! Por curiosidade, em qual universidade vc está estudando farmácia? Um abraço e boa sorte!
  14. Muito obrigado pelas boas-vindas pessoal! O prazer é todo meu em poder divulgar a pesquisa científica com Cannabis. Respondendo às perguntas: Boris Casoy e Bonsai Roots: As plantas utilizadas na pesquisa não são cultivadas no Brasil (pelo menos AINDA não). O cultivo no nosso país ainda é proibido em qualquer circunstância, mesmo para pesquisa (Lei Federal de 1938). Atualmente, como os estudos se focam nos compostos ativos isolados, esses podem ser importados de grandes laboratórios estrangeiros quando tal importação é mediada por uma universidade pública, ou seja, só é permitido para fins de pesquisa. No caso de estudos com extratos ou resinas de maconha, a planta pode ser cedida por um órgão federal, normalmente a Polícia Federal, que cede parte de alguma apreensão. Contudo, estudos com extratos de plantas com origem/idade desconhecidas são pouco aconselháveis devido à concentração variável de canabinóides em cada amostra, concentração essa que está intimamente ligada à potência do extrato. A não ser que vc inclua uma análise química no seu estudo, este fato será o que se chama de "viés científico" e sua pesquisa perde credibilidade. MaldororBR: Bom Maldoror, nos países onde a indicação médica de maconha é permitida os pacientes vão até um médico especialista, alegam seus sintomas e podem sair de lá com uma autorização permitindo o uso e compra de qualquer tipo de produto canabinóide. Além da planta "in natura", hoje já existem várias formas de administração como pílulas, sprays bucais, extratos, óleos, resinas e outros. O médico irá receitar de acordo com as características da doença e também a preferência do paciente, assim como a dose e variedade da planta, que também varia de acordo com esses fatores. Por isso, o médico em questão deve ser MUITO capacitado. Administrações incorretas podem causar problemas. OBS: Boris, cuidado com esta afirmativa de que a superdosagem não causa grandes problemas. É fato que uma overdose de THC é quase impossível, porém no campo da psiquiatria pode sim causar grandes transtornos. No Brasil não existe médico que receite cannabis (pelo menos que eu saiba não). No entanto, sabemos que a medicina popular existe e hoje vemos pacientes que se auto-medicam. Com a criação da Agência da Cannabis Medicial Brasileira, o cultivo será feito de forma controlada e regulada pelo Ministério da Saúde, que assegurará a qualidade da planta, assim como a concentração de canabinóides na mesma. Médicos especializados poderão receitar cannabis de acordo com o quadro clínico específico e os resultados serão analisados e publicados no meio científico, de forma a gerar dados para a melhor compreensão da terapia com maconha. É o que está acontecendo hoje em países como a Holanda e o Canadá, que já possuem uma agência regulamentada. Muito importante esta discussão, pois percebo o quanto a divulgação científica está fraca no nosso país, infelizmente! Um abraço a todos!
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