Caro colega,
tenho 33 anos e desde os 22 fumo diariamente, quase todos os dias.
A campanha da Jovem Pan contra as drogas reedita o discurso ideológico de Harry Anslinger, na origem da proibição moderna da cannabis. Os fatores econômicos e sociais que originaram as mentiras sobre a cannabis você encontra pesquisando sobre esse sr. Harry Anslinger e de preferência no livro "O rei vai nu" de Jack Herer.
Maconha é bem diferente de pó. Antes de me interessar pela maconha em si (eu já tive preconceito) me interessava pela estética psicodéilica, na música, na literatura coomo surrealismo, nas cores e formas. E sempre torcio o nariz para estética ligada à cocaína. As pessoas das quais posso comprar maconha também vendem pó e o que for. Mas nunca quis comprar e não pretendo, vindo a ser legalizado ou não. Meu interesse por drogas está estabelicido nos alucinógenos. Até mesmo o álcool eu cortei, depois de me definir nos alucinógenos. Lógico que vivemos em uma cultura que impõe o álcool, então às vezes preciso acompanhar uma garota ou amigos em uma bebiba. Mais por educação. Então não só não foi porta de entrada para o pó e o crack, como foi porta de saída para o álcool.
Sobre a questão do efeito ao longo do tempo, e das quantidades necessárias, a minha experiência é de uma ocilação dos efeitos e uma estabilidade da quantidade ao longo dos vários anos. Maconha não deixa de fazer efeito, pelo menos não a mim em 11 anos de uso continuado e assíduo. O que há é que não há o encantamento do início, como em relação a qualquer objeto de nosso desejo. Uma característica dos alucinógenos é que têm algo de imprevisível no efeito, principalmente aos iniciantes, um pouco mais controlável com o tempo. O estado psíquico do fumador, o contexto e o lugar onde se intoxica, e as qualidades psicoativas da planta em mãos são fatores que podem alterar bastante os efeitos. Até mesmo a bitola do baseado altera. Se der duas tragadas de uma baseado bem grosso, o impacto pode ser mais forte do que fumar muitas tragadas de um baseado fino. Num relato que colhi, por exemplo, a força do efeito tóxico da cannabis acompanhou as relações de um grupo de amigos. Esse sujeito começou a fumar quando formou-se uma república com amigos, no interior, ao entrarem na faculdade. A felicidade das novas amizades, da vida longe dos pais, ambiente acadêmico foi acompanhada da felicidade tóxica da cannabis. Com o tempo, as pessoas que iam na república era só para fumar o guerrilha deles, agrônomos, laços com pouco sentido de amizade, alguns se mudaram, a faculdade acabou, antes para uns que para outros, e aí o efeito tóxico da cannabis passou a ser pouco animante, talves sonolento e chapante. Isso não significa que chegado nesse ponto aí se estabeleça. Pode se formar um outro contexto em que a euforia cannábica ressurja novamente, talvez até sozinho, em uma experiência intelectual, ou artística. Assim segue, como uma pulsação.
Sobre a quantidade, houve aumento no primeiro e segundo ano, depois uma estabilidade de 15 gramas por mês, algo em torno disso, porque não tenho balança para saber exatamente.
Esta é a minha experiência.
Abraço.