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Assolada pela cocaína, Colômbia entra no comércio legal de maconha
Homem segura produto terapêutico à base de maconha, em Bogotá, na Colômbia
A Colômbia, marcada pela violência de seus cartéis de tráfico de cocaína, está planejando entrar em um negócio mais requintado de drogas: óleos e cremes à base de maconha.
O clima e as normas do país andino fazem com que ele seja ideal para lucrar com o incipiente comércio da maconha legalizada, disse o ministro da Saúde Alejandro Gaviria em uma entrevista no dia 8 de janeiro em seu gabinete em Bogotá. O país legalizou o uso da droga para fins medicinais no mês passado.
"Vai ser uma nova commodity, está surgindo um comércio mundial da maconha medicinal", disse Gaviria. "Neste ano, empresas internacionais virão para a Colômbia para produzir maconha medicinal".
O aumento do uso regulamentado dessa droga nos EUA, no Canadá e em outros lugares cria uma oportunidade para que a Colômbia desenvolva um setor especializado, semelhante ao dos vinhos no Chile e ao dos brócolis e aspargos no Peru, disse Gaviria. Os fármacos à base de maconha são utilizados para aliviar as dores e náuseas provocadas por doenças crônicas e por tratamentos como a quimioterapia. O setor altamente regulamentado está muito distante dos assassinatos em massa e dos sequestros que marcaram a vida dos chefões da cocaína, como Pablo Escobar.
Entre os produtos farmacêuticos existentes à base de maconha está Sativex, um spray utilizado no tratamento de sintomas da esclerose múltipla e da dor crônica. O uso do remédio, desenvolvido pela GW Pharmaceuticals Plc, foi aprovado em 27 países, de acordo com o site da companhia.
Conforme as novas normas da Colômbia, as empresas terão que solicitar licenças para cultivar sementes de maconha e transformar a planta em produtos como óleos e cremes, disse Gaviria. Ele não quis dizer quais companhias demonstraram interesse em investir no país.
A Colômbia já era um grande produtor de maconha ilegal, com a maior parte da plantação concentrada ao sul de Cali, a terceira maior cidade do país, em montanhas controladas por rebeldes marxistas. As autoridades confiscaram 307 toneladas da droga em 2014, em comparação com 255 toneladas em 2010, de acordo com dados reunidos pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).
Ao mesmo tempo, o país ainda não conseguiu deixar para trás seus problemas com a cocaína. Em 2014, a área de cultivo de coca, matéria-prima da cocaína, aumentou 44 por cento para 69.000 hectares, de acordo com o UNODC, mais que no Peru e na Bolívia juntos.