Aquela fumacinha meio suspeita
Os fabricantes de “livrinhos de papel de seda gomado” não gostam de falar sobre o sucesso de seus produtos. Mais conhecidos como “papel de enrolar cigarro”, ou simplesmente “seda”, entre os mais jovens, esses artigos inundam quiosques nas grandes cidades brasileiras.
O setor era dominado pela marca Colomy, da Souza Cruz, mas cresceu tanto que já atraiu dois gigantes do pedaço: a espanhola Miguel & Costas, fabricante da Smoking, e a inglesa Imperial Tobacco, da marca Rizla.
Nenhuma delas revela números de venda, nem dados sobre o perfil de seus consumidores. Na Inglaterra, uma recente pesquisa descobriu que os compradores do produto são jovens de 18 a 30 anos, interessados em enrolar os próprios cigarros – mas não com tabaco.
Por aqui, os vendedores de quiosques acreditam que o público é semelhante e que os papeizinhos acabam mesmo enrolando “baseados” de maconha. A Imperial Tobacco, no entanto, acha a afirmação um exagero e coloca a culpa na voracidade fiscal brasileira: “A popularidade da Rizla pode ser atribuída a vários fatores, como fumantes que tentam economizar enrolando os próprios cigarros em mercados em que os impostos são muito altos”. disse Simon Evans, diretor de marketing do grupo.
Artigo de Gustavo Krieger (interino), Editora Globo, Revista Época n° 306, pg. 9, Seção Portal, 29 de Março de 2004.
Foto por Fabiano Accorsi / Época.