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Guedzillaz

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Tudo que Guedzillaz postou

  1. O sucesso de Paulo Coelho, claramente, provoca inveja em muita gente nesta máfia editorial brasileira. Eu o considero um escritor de ficção - jamais de misticismo.
  2. Não li o texticulo, mas comento o título. O correto é Juventude idiota X Juventude mais idiota.
  3. Eu curto fumar um e: - Pensar, acima de tudo. - Escutar som - de preferência jazz, hip-hop underground, trip-hop... - Ir em mega-store e, quando tô com grana, comprar livros e CDs. Sempre compro coisas boas chapado. - Tomar café. - Xavecar a mulherada - fico mais inspirado -, apesar de ter namorada. - Bom, e curto o efeito colateral: larica, sono, lezera... - Ah, e curto trampar também. Ficar chapado na redação e escrever chapado é muito bom. Com colírio, claro, pra previnir qualquer mal-olhado alheio.
  4. Lindo...Fantástico... Enfim, uma atitude primeiro-mundista num país terceiro-mundista. Até me emocionou.
  5. Eu gosto dos livros do CC. Mas, acho que são muito datados, falta a eles uma abordagem mais atípica daquele período. Nos anos 60/70 todo e qualquer jovem californiano (como Castañeda) conseguiria escrever um livro doidão. Não quero desmerece-lo, mas saibam que o Castañeda já foi muito patrulhado pela crítica, pela antropologia, por cientistas e até por outros indígenas da região de Sonora - que o acusavam de ter vendido os ensinamentos. Estes, por sua vez, estavam hipnotizados por Timothy Leary - o famigerado 'pai do LSD'. Aliás, em 'Flashbacks - Surfando no Caos' Timothy faz uma menção nada honrosa a Carlos Castañeda. Diz ele que, num de seus estudos, conheceu Carlos e que o considerou antipático e 'mudo'. Mas sabem por que? Olha que interessante. Quando o Timothy e toda sua delegação de hippies classe-média estavam invadindo o México como turistas suecos no Rio, Carlos Castañeda teve uma atitude heróica e ao mesmo tempo egoísta: não quis revelar nenhum dos ensinamentos a Timothy e todo o resto do bando de capitalistas frustrados. O que aconteceu? Timothy Leary, então o psicanlista mais famoso do globo, começou a espalhar boatos de que Carlos Castañeda estava vendendo os ensinamentos indígenas pra todo o mundo e que só ele, Timothy, poderia ajuda-los. Filhadaputagem sem tamanho. O mais legal de tudo é que Carlos quis manter toda a mística de Sonora, quis resguardar todo o mistério do peyote. Carlos jamais fez, em seus livros, qualquer referência a ao "Timóteo" - o que achei duca. Claro que Carlos queria os ensinamentos só pra si - pois Timothy Leary era um rival à altura dele. Mas, Analisando hoje, acho que Carlos teve a atitude mais cabível, afinal ele chegou lá antes, e chegou na humildade (quem leu sabe que não foi fácil conseguir os ensinamentos dos 'aliados'), e conseguiu o respeito de Dom Juan - que sabe-se lá se existiu ou não. Aliás, por muitas vezes me pego acreditando que Dom Juan nunca tenha existido - que tenha existido só em espírito. Aliás, de novo, ninguém sabe se ele existiu de fato ou não. Ninguém. Em suma, eu gosto sim dos livros dele. Acho uma literatura inofensiva, de carater recreativo, e prazerozíssima pra quem se interessa por antropologia. E há dois tipos de antropologia - uma que estuda as relações do homem com si mesmo, a outra que aborda o homem enquanto parte dum coletivo de outros homens. O Carlos faz o primeiro tipo de trabalho antropólogo, e, nesta área, é sem duvida o maior pesquisador do xamanismo, da influência da natureza mística sobre nós, pobres massas humanas. Zé Ramalho, dizem, conheceu o Carlos. Puts, se não tivesse taaaantos livros pra ler, eu até leria de novo. Fizeram parte de minha vida numa época de redescobrimento interior. EDIT: Veio, parabéns pelo tópico. Espero que meus comentários - e outros posteriores que irei deixar aqui - possam servir.
  6. Po brother Luchiano, valeu. Honrado.
  7. OFF-TOPIC (ou não...) Este teu comentário do camarada Green Man foi auto-excludente, auto-preconceituoso e conformado. Se um usuário fuma um no meio da rua isto é a atitude máxima de rebelia em prol da liberdade individual. Pode ser um "maluquinho malandrão" ou um "usuário experiente", de qualquer jeito acender um no meio da rua - com velhinhos passando, tsc, tsc, e daí? - é constentação em estado bruto. Sou completamente a favor de fumar baseados em portas de faculdade, no meio da rua, na balada. O cara que bebe e fuma tabaco pode, o que bacanão que atrofia no rabo trocentas pastilhas de Ecstasy pode, o cara que quer fumar um não pode? Não pode por este medo acomodado de maconheiros ignorantes que acham melhor não fumar pra não "manchar a imagem do maconheiro". É como um homossexual completamente frustrado por não dar em cima do vizinho porque isto vai "manchar a imagem da categoria". Existe um troço chamado LIBERDADE que a gente tanto fala - mas que só alguns provam-na. Que coisa mais bunda-mole, se não quer assumir que fuma, comece não fumando.
  8. Caraca! Enfim, uma atitude que, ao que parece, vai provocar reflexão. Esperar pra ver.
  9. Nossa! Nossa! Caralho, meu irmão! Você me lembrou dumas trips que eu tinha há muito tempo atrás. Eu toco guitarra e violão também e, vishi, como é bom tocar chapado. Eu tive aulas com Johnnesy Hunt, conhece? Se não conhecer, tudo bem, mas ele é um velhinho dos patronos do blues do Delta, aí ele deu uma mega-oficina em Floripa e meu tio pagou os 1.500R$ necessários para participar dos 6 meses de aula. Isos faz muito tempo. Eu, que já tocava blues relativamente bem, peguei uma técnica que, modèstia à parte, ficou muito apurada, com muito feeling e precisão. Aí, este ano precisei vender minha guita - uma Fender Strato branca -, meus pedais (incluindo um wah-wah by Hendrix) e meu cubo. Estou só com o violão - um Gianninni que dá pro gasto. Ma,s velho, como eu amava tocar minha guitarra chapado.... Inventava cada escala, cada blues... Eu lembro, meus velhos viajavam, aí eu comprava uma garrafa de Casal Garcia (um vinho argentino), abria as janelas da casa pro som circular, estourava um mega-banza, erguia o som do cubo no último (era mto forte, tremia as janelas à cada riff) e mandava ver blues de todas as safras. Velho, nego barbado parava na frente de casa (moro num sobrado) pra ouvir. Que saudades...Alguém vende uma guita baratinho aí? hehehe
  10. Respeito tua opinião. Eu não sou gay - e, ao contrario de você, não tenho preconceito nenhum - mas, sabe o que mais me deixa puto, nega? É ver devoto do 'pela-sacking' de 15 anos dizer 'odeio viado'. Odeio tanto quanto falsos-moralistas querendo engolir homossexuais.
  11. Crítica do livro do editor de cultivo da High Times. Paraíso na Fumaça – Chris Simunek Pouca gente tem noção de que os mais ardidos e negativos pecados atribuídos a Chris Simunek – o perverso egocentrismo, a capacidade nata para o esculacho, a irresponsabilidade gritante e a desenvoltura pra chutar a boca da morte – são suas mais cômicas qualidades. Adepto irrefutável do jornalismo-gonzo – onde o autor faz parte do contexto narrando os acontecimentos conforme a sua ótica doentia -, Chris consegue, em ‘Paraíso na Fumaça’, fazer literatura subversiva, desprendida de culhões gramaticais e deliciosamente chapada pela nevoa inebriante e crítica da maconha. Editor de cultivo da revista High Times (a única revista dedicada a subcultura da fumaça ilícita), Chris dedica a ‘Paraíso na Fumaça’ as anotações completas e complementares de matérias que foram veiculadas na revista. O desenrolar do livro é estimulante como metanfetamina, mas, a linguagem é lenta e reflexiva como o haxixe. Toda uma gama de acontecimentos significantes (ou não) para a cultura pop é alinhavada pela linha de pensamento perversa de Simunek. Assim, estadias psicóticas em acampamentos frustrados da Rainbow Family (a maior comunidade hippie de toda história), visitas às florestas de ganja de velhos caipiras e turnês de rock são lembradas com agudez desconcertante. Ao mesmo passo em que paga redenção na Jamaica em busca do “verdadeiro Bob” (num texto de arrepiar), o jornalista consegue esculachar motoqueiros alienados, velhos bêbados, caipiras medíocres, hippies e pós-hippies que, como ele, cresceram numa América dividida entre a falsa democracia dos otários da paz & amor e o consumismo pervertido dos bundões do Central Park. Porém, apesar da pena ferina, da acidez crítica e das referências beat, ‘Paraíso Na Fumaça’ não é todo provocador – embora pareça o diário secreto de um Diogo Mainardi punk. O episódio nos Maconheiros Anônimos – em que o editor da revista sugere que ele se infiltre – é hilariante, sobretudo pela capacidade de Chris em fantasiar, chapadíssimo, delírios de deturpação social num ambiente completamente simples, se não amigável. O delírio em purificar a alma distorcida pelo pandemônio do materialismo através da literatura – atitude recorrente aos seus ídolos Ginsberg e Kerouack – é constante em ‘Paraíso na Fumaça’. Mas, a transgressão pára por aí, ao maconheiro de Internet, ao alienígena de butique das raves e ao pós-hippie-virtual, um alerta. Chris Simunek não é, nem se propõe a ser, um xamã pseudo-espiritual-virtual-bunda-molístico ou um profeta-da-maconha disposto a desperdiçar a vida lutando pela legalização da erva. Suas intenções são banais, quase primais, mas tentadoras: consumir o maior número de drogas por metro quadrado, foder a maior quantidade de ninfetas que agüentar e, se sobrar tempo, devolver ao ser humano toda sua podridão.
  12. Não, de fato, não sou todos os PMs. É uma minoria. A Rota toda, mas na PM, em geral, uma minoria. Mas a falsa-consciência é geral.
  13. Eu desisto. Moderadores, por favor, deletem este tópico. Nada contra quem postou nele, mas deleta mesmo, por favor. Já cansei, não dá certo, não.
  14. João Gordo e um cabelereiro gay-assumido.
  15. Não vamos dar atenção ao Xiclet, é isto que ele quer. Dum rapaz sem noção de tempo verbal e língua portuguesa a gente não deve esperar nada. Vamos voltar ao tópico.
  16. Mentira atrás de mentira. A Rota não dá batida - muito menos 'amigável' como a sua -, a Rota mata. Você provavelmente não morreu porque é playboy e se cagou todo pros caras. Teu comentário foi completamente parcial e infundado, não existe nenhuma outra espécie de polícia que, segundo estatísticas, tenha matado mais que a Rota. Não existe policial café-com-leite e como prova de teu comentário ignorante, deixo a reflexão com você: quem mata mais, um PM com 100 mortes nas costas ou um café-com-leite que matou 2 e enquadra playboy em show de reggae? Meu irmão, eu cresci na periferia. Amigos aqui do grow podem comprovar que é verdade. Lá não há policia amigável, eu já fui testemunha ocular de casos absolutamente brutais. O meu jornalismo me leva a circunstâncias que no passado já as experimentei e não quero repeti-las. Já tomei choque no ouvido de policial por portar meio baseado no bolso meu irmão. Tenha compostura na hora de bancar o fodão escrevendo 'i o kiko?'. Playboy não leva enquadro, a marca da tua roupa lhe é certificado de impunidade perante a mentalidade ignorante do poder nacional. Aí depois você se esquiva dizendo que o enquadro foi 'di boa', de 'pm normal'. Você sabe a diferença entre ROTA e PM? Não, porque enquadro pra você deve ser status - 'ah, vou contar pros meus amigos que quase fui preso'. A Rota não dá 'sermãozinho', a Rota, no mínimo, lhe enfia um aparelho de choque no ânus, rapaz. A Rota não conversa, a Rota executa, assassina, tortura, extorse. Não me venha botar banca por aqui, por favor. NEXT! Killernauta, o livro é perfeito, meu velho. Não há porque não comprar.
  17. Eu sou Marxista. Já disse uma vez e repito de novo. O marxismo é uma espécie de utopia real.
  18. Bom, eu escrevi uma msg depois da sua, mas a sua foi incrivelmente melhor. Vc se mostrou um rapaz de respeito, obrigado pela força. Moderadores apaguem meu comment, acima, por favor (em que falo do Xiclet).
  19. Rota 66, A História da Polícia que Mata – Caco Barcellos Um leitor desavisado até poderia concluir: ‘Rota 66’ é um livro de ficção. Porém, a narrativa jornalística de Caco – mordaz, fria e incisiva - em ‘Rota 66’ é real até demais. O provável elo com a ficção poderia surgir do espanto de quem ainda não tomou conhecimento do poder abusivo e brutal dos policiais de elite. Eletrizante e verídico, ‘Rota 66’ narra os episódios quase macabros da polícia militar paulista com a dinâmica de filme policial e faro rastejador aguçado. Não uma crítica perfeitamente cifrada – apesar do autor indicar constantemente sua reprovação -, mas um panorama entristecedor de uma entidade policial que à surdina age de maneira dissimulada, irregular e predatória ao matar jovens, pela ótica doentia dos policiais, “suspeitos”. Mapeando com precisão de lupa as pegadas dos coturnos-fatais da Rota, o livro é todo ambientado nas imediações da capital paulista. Não é novidade que periferias se constituem apetitosos cenários para a investigação (seja policial ou jornalística), mas, como Caco é um “jornalista que tem lado” (“o lado do povo” diria um amigo seu), seus relatos pendem para a afronta, como que defendesse ou bradasse por uma nação emudecida pelo abuso do poder policial. Indo mais ao fundo, o resultado (de 7 anos de pesquisa rigorosa) do livro é chocante ao provar, pelo relato da realidade, que a sociedade se constitui falida. Hoje correspondente da Globo em Londres, Caco destina apenas parte de seu tempo à investigação policial do sub-mundo. A época de ‘Rota 66’, porém, data de sua militância social em profunda indignação com a somatória objetiva da violência (aquela do ‘violência + violência = violência’). Entre casos que se tornaram famosos (como do ator Pixote) e outros profundamente obscuros (em que policiais executavam quem quer fosse), o jornalista encarnava um fantasma a rondar por necrotérios, delegacias e vielas de favelas, anotando de maneira minuciosa o ato de covardia. ‘Rota 66’ cumpre seu papel jornalístico-documental, mas sua grande proeza é trazer à luz do dia a brutalidade de policiais que agiram impunes na calada da noite. Rafael *****, se formando jornalista, crítico esporádico e frequentador assíduo do Growroom.net sob o codi-nome 'Guedzillaz'.
  20. ignore voltando ao tópico: pena q não assisti, poderia repetir né...
  21. Queimando Tudo. A biografia definitiva de Bob Marley – Por Timothy White Demasiados vingativos, os jamaicanos levam a máxima do ‘olho por olho, dente por dente’ tão a sério que até mesmo o manto pseudo-canonizado de um Bob Marley cai por terra - pelo menos é a idéia que o livro de White passa. Editor de reggae da revista Billboard e profundo conhecedor dos sons rufados pelas camas sonoras afro-caribenhas, Timothy dá um tratamento especial à cultura jamaicana. Basicamente, ‘Queimando tudo’ é uma biografia do ídolo-mor do reggae, mas suas proezas vão além do mero documentário. O livro retrata uma Jamaica nua e crua, cujos habitantes se equilibram num ponto curioso entre marginalidade absoluta (o que inclui roubos, estupros, assassinatos brutais, armas, drogas pesadas, gangues e capangas) e redenção mística-religiosa (temem a magia do ‘obeah’, rezam regularmente para seus credos, acreditam no amor e perseguem a alforria espiritual). Um jovem Bob Marley - brigão de rua disposto a esfaquear qualquer um que atravessasse seu caminho - é a síntese perfeita do marginalizado jamaicano e, por conseqüência, de todo o perfil daquela faixa etária. E é num trabalho minucioso e esmerado que Timothy consegue retratar a infância, juventude e fase adulta do maior ídolo do reggae traçando paralelos deliciosos com a situação além-Marley que se vivia na Jamaica. Até certa altura da leitura, ‘Queimando Tudo’ poderia ser a biografia de qualquer jamaicano – com muita maconha, empregos efêmeros, sexo sujo e sem camisinha, promiscuidade, o sobreviver no gueto, as brigas de rua violentas -, mas, como o sujeito em questão é Bob Marley há toda uma sorte de transformações. A influência rastafari e, principalmente, política construíram o Marley conhecido mundialmente: quase um profeta catequizando nações de negros e brancos, sob doses chapadas de reggae da melhor qualidade. O sistema deglutiu a mensagem de Marley da pior maneira possível que é incorporando-a a seu modo de operar – ou seja, depois disso não faltariam pseudo-rastas e pseudo-profetas dispostos a lucrar em cima desta imagem. O mais interessante é notar que Bob, enquanto vivo, era um incendiário solitário na história da cultura jamaicana. O reggae roots, as mensagens conscientes e o modo de vida simplório, pra engano de muita gente, não eram absolutos na ilha; lá a garota queria mais é ‘white-devil’ (cocaína), sexo e armas. E mais interessante ainda é mapear o discurso engajado de Bob e perceber que surtiu efeito efêmero, fraco e incapacitado de sequer arranhar. Bob Marley era um extraordinário profeta terceiro-mundista do gueto que se fez ouvir pelo Primeiro Mundo – claramente mais capacitado de entender sua mensagens do que os próprios ‘brothas’ do gueto. A linguagem de White não é das mais simplórias, devo admitir, e exige uma cumplicidade intelectual e ideológica por parte do leitor. Mas, diante de um talento fervorosamente invocado como um Leão de Judá e presente numa sociedade tão atraente e atrapalhada como a Jamaica, qualquer pendenga da língua portuguesa pode ser resolvida. ‘Queimando tudo’, um livro fantástico, confirma: Bob Marley foi um profundo conhecedor de seu povo, pena que muita gente o entendeu de maneira errada. Texto por Rafael 'Guedzillaz' Guedes
  22. Ai galera, firmeza? Então, antes de me enveredar pela crítica musical, eu escrevi regularmente sobre filmes. Gostaria de dividir com vocês a crítica que acabei de escrever sobre o filme 'A Promessa', que acabei de assistir. Taí ----------------------------------------------------- A Promessa – Sean Penn Fato: o cinema necessita de elementos não tão óbvios, mas essenciais para que qualquer platéia se deixe hipnotizar pelo emaranhado – no caso de ‘A Promessa’, não tão acessível - da trama. ‘A Promessa’ condensa todas as qualidades necessárias para o entretenimento e vai além: provoca reflexão até no mais ignóbil dos seres. O último thrilller do ator-diretor Sean Penn tece uma trama explosiva em magnetismo e desenvoltura, a interpretação de Jack Nicholson é assustadora o suficiente para concluir o transe do espectador. Ambientado no gélido norte do Canadá, o desenrolar da trama é intrigante – quando não horripilante. Uma série de assassinatos de garotinhas idênticas em diferentes pontos da região leva o detetive-investigador Jerry (Nicholson) a se debruçar sobre o caso de maneira tão entregue quanto a própria interpretação do ator. Com a ótica aguçada e o faro rastreador límpido, Jerry tenta o impossível para solucionar o caso. A partir disso, o detetive vive um turbulento presságio de que novos assassinatos irão ocorrer, mas o descaso e má-fé de seus companheiros o jogam numa encruzilhada-chave: estaria Jerry louco, velho e bêbado o suficiente para confundir realidade com ficção? Ele – e o espectador – acredita que não. Em menos de meia-hora depois do começo, o espectador se prende a minimalismos e achismos (quanto à história) tão contagiantes quanto à trama. Engana-se quem ficou fantasiando dragões a respeito do egoísmo artístico de Jack Nicholson – como se fosse um filme feito exclusivamente pra ele. A simbiose entre ele e o diretor é incrível, quando não siamesa, e sua interpretação desperta claustrofobia e reflexão num ambiente deliciosamente acachapante. ‘A Promessa’ é um filme psicológico capaz de avivar fantasmas do passado em qualquer pessoa.
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