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BJL

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Tudo que BJL postou

  1. Para piorar essa declaração de ter THC no medicamento e por isso ainda não liberam fez chover críticas sobre o THC a ponto de algumas pessoas, movidas pela angustia de verem seus entes sofrendo, declararem ser contra a legalização do uso recreativo e plantio, isso mostra a enorme confusão que esse cara causou. Não existe planta de maconha sem THC , e há pessoas que precisam do THC para seu tratamento. Alem disso, ocorre também, uma grande injustiça com aqueles que a muito tempo lutam e levam, literalmente, porrada pela legalização que sempre lutou pela uso medicinal mesmo antes das famílias saberem da existencia do CBD.
  2. É isso mesmo Otto, aqui onde moro acontece o mesmo e é cidade pequena, tem até uma galera que fuma numa praça bem frequentada aqui , e eles fumam em qualquer hora. Onde porra esses proibicionistas vivem?
  3. É isso mesmo Otto, aqui onde moro acontece o mesmo e é cidade pequena, tem até uma galera que fuma numa praça bem frequentada aqui , e eles fumam em qualquer hora. Onde porra esses proibicionistas vivem?
  4. Aeee Black Label, cara fumo faz 12 anos mesmo sem saber a posologia correta kkk. Isso mesmo brother querem colocar a criançada pra tomar sintético e botar a grana na maleta. As farmacêuticas estam com o cú na mão porque sabem que podem perder a renda dos anteconvulsivantes merda que eles criaram, dai vão criar um CBD pra compensar e ter apoio da anvisa e da OMS.
  5. Powww o cara deu a maior bola para industria farmacêutica, não existe planta de maconha só de CDB, nem que seja 1% de THC a planta tem ou até menos. O que ele disse foi o seguinte: se fazer CBD sintético agente libera. FDPs mercenários.
  6. Aeee brou, feliz por isso. Bem vindo novamente e a luta continua.
  7. Isso é um hipócrita, cada dia ele vem com uma merda nova. Se alguém tinha alguma dúvida sobre votar nele olha ai a declaração dele.
  8. Depoimento de Renato Malcher O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. PSB - SE) Agradeço as palavras e os esclarecimentos contundentes que foram aqui prestados pelo Dr. José Henrique Torres, juiz de direito do Tribunal de Justiça de São Paulo.Agora, eu passo a palavra ao Dr. Renato Malcher Lopes, neurocientista e professor adjunto do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade de Brasília.O SR. RENATO MALCHER LOPES Bom dia a todos. É uma honra ter sido convidado e ter a oportunidade de trocar ideias aqui, de conhecer pessoas que eu admiro muito, e avançar, no sentido de esclarecer questões dentro da minha alçada do conhecimento que, certamente, envolve uma perspectiva também como cidadão. Mas eu sou da mesma linha de pesquisa do Dr. Alexandre Crippa. É uma honra especial para mim estar aqui do lado dele, porque é uma referência internacional neste assunto.Vai ser especialmente interessante poder refutar as coisas que ele falou aqui e mostrar que um dos grandes problemas da proibição e da estigmatização que é necessária para mantê-la politicamente foi criar uma tendência de interpretação de resultados na ciência que mais ou mesmo corrobora a essência do que o Dr. Crippa falou de que existe uma influência grande eu não diria de uma visão ideológica, mas de um contexto em que o foco sobre a questão da maconha concentra-se em prestar uma certa sintonia a esse medo de que a maconha faça mal, que é um medo real, mas que não pode nos seduzir a ponto de desviar o nosso olhar de determinados detalhes da pesquisa, que podem ser interpretados de maneira diferente, mas, que, em geral, acabam caindo no que é o menos agressivo para a expectativa que as pessoas têm, sobretudo porque as acusações que pesam sobre o uso da maconha são graves e as pessoas responsáveis, como o Dr. Crippa, estão preocupadas em não errar e em guiar as pessoas pelo caminho errado, como é o meu caso também.Então, eu trouxe um resumo muito curto sobre a essência do que eu acho importante falar, e, no final desse resumo, eu falo um pouco rapidamente sobre as questões que tangem a parte que eu vou contestar um pouco a interpretação do Dr. Crippa. E eu espero que eu tenha bastante tempo para desenvolver isso, até porque eu não trouxe eslaides. Mas eu trouxe algumas referências aqui comigo que vão me ajudar.Então, vou fazer uma leitura um pouco rápida para adiantar então a essência do que eu vou falar; e, depois, eu vou entrar em detalhes da reinterpretação dessa discussão sobre a interpretação da ciência.Bom, (...)11:16 Bom, todos nós sabemos que existe uma certa disparidade entre o senso comum de que as drogas proibidas são necessariamente as que fazem mais mal. Mas essa discussão realmente não é uma discussão tão relevante, porque o fato é que a pior droga é aquela com a qual a pessoa tem problemas, a despeito de a droga ser considerada proscrita ou não. É importante levar em conta que a maioria das pessoas que usam drogas não têm problemas de abuso, e aquelas que têm problemas causados pelo abuso precisam de ajuda e, obviamente, não de punição.Em geral é importante ressaltar , as pessoas que desenvolvem dependência problemática são pessoas que possuem um histórico de vida sofrido e são privadas de estrutura familiar e oportunidades, ou são pessoas que sofrem de problemas psico ou neuropsiquiátricos subjacentes e que encontram na droga uma situação que complica o seu quadro, mas que as diferencia de outros usuários e que as torna mais propensas a ter esse uso complicador.A criminalização do uso simplesmente não inibe o uso. Não faz diferença criminalizar essas pessoas, já que elas fazem uso de droga para aliviar sofrimentos mentais e físicos intensos, imediatos e constantes. Quando se vê um cara na rua, na miséria, fumando crack, o crack não foi a causa da miséria dele. O crack é um anestésico existencial de dores psíquicas e físicas. Todas as drogas que causam dependência e abuso são substâncias que aliviam dores físicas e psíquicas. O crack não é a causa da desgraça daquela pessoa. Ele é um remédio mal usado por aquela pessoa, um remédio que tem uma série de efeitos colaterais, mas não é a causa. Então, precisamos entender que aquela pessoa acorda num pesadelo. A vida dela é muito melhor quando ela está dormindo do que quando ela acorda. Quando ela acorda num pesadelo, a droga é o que ela encontra para aliviar o seu sofrimento. Portanto, não adianta criminalizar essa pessoa. Não é isso que vai mudar a situação dela.Então, criminalizá-las amplia esse sofrimento, porque vai se estigmatizar por prejudicar a sua autoestima, o que, por conseguinte, amplia a sensação de exclusão, rejeição social e revolta, que são sensações que, obviamente, favorecem a manutenção do abuso da droga e não a inibem. Além disso, criminalizar afasta as pessoas do tratamento.Em relação especificamente à maconha eu vou aqui falar de uma forma sucinta e, depois, vou pormenorizar em função do que o Dr. Crippa detalhou, mas interpretando de uma forma bem diferente da dele , os problemas, em geral, estão associados, sobretudo, á composição da planta, à idade de quem usa e à condição neuropsicológica da pessoa que usa.O excesso de THC e a baixa concentração de canabidiol podem levar a estados de ansiedade e paranoia em qualquer pessoa. Na grande maioria das pessoas, esses efeitos são passageiros e sem maiores consequências. Entretanto, entre adolescentes que possuem histórico familiar de esquizofrenia ou que estão na fase inicial da doença, quando ela ainda não é diagnosticada, mas já existem sintomas que podem levar a pessoa a usar a droga, esse estado de ansiedade exacerbada causado pelo excesso de THC pelo desencadear um surto, que pode ser o primeiro surto da pessoa. Mas é errado dizer que a maconha causa esquizofrenia.(Palmas.)Essa possibilidade de desencadear o surto é um problema sério sobre o qual nós temos que atuar, e não podemos ignorá-lo isso é óbvio. Mas as pessoas das quais estamos falando são pessoas que fazem parte de um grupo de risco. Existe um artigo de Harvard, que vou citar daqui a pouco e que foi publicado neste ano, que mostra que a associação do uso de maconha com esquizofrenia tem a ver apenas com pessoas que têm histórico de esquizofrenia na família; não é uma coisa causada pela maconha. Há uma tendência de que a própria esquizofrenia leva ao uso da maconha, porque a maconha, dependendo da concentração de canabidiol, pode aliviar a ansiedade. Portanto, pessoas na fase prodrômica da doença que têm ansiedade podem gostar de usar maconha por causa disso. Então, é comum, é esperável que pessoas que tenham ansiedade, usem maconha e sintam alívio de ansiedade tendam a continuar a usar e fazer até um uso pesado. Quando isso acontece nesses adolescentes, isso é um problema. É uma automedicação feita de uma forma... (...)11:21 a indicação feita de uma forma inapropriada porque complica a situação deles. Agora, esse é um universo de pessoas que corresponde mais ou menos ao máximo que a gente pode esperar de incidência de esquizofrenia no mundo, que é em torno de 1%. Não é que mereçam menos atenção, mas merecem uma atenção focada.Então, do ponto de vista da saúde pública, o ideal, portanto, tendo uma perspectiva bastante objetiva e não ideológica, como falou o Dr. Crippa, é que as pessoas adultas saibam o conteúdo de canabinóides do que estão consumindo, que haja um teto máximo para a proporção de THC e que as vendas sejam impedidas para adolescentes, a não ser no caso do uso médico dos seus derivados, quando haja a recomendação e o acompanhamento de um médico.E eu quero colocar uma coisa que foi falada pelo Dr. Crippa e foi um exemplo muito bom de um de um dos grandes impactos da proibição, ou seja, o prejuízo sobre a ciência, sobre a subjetividade a qual todos nós, cientistas, estamos sujeitos. Nós vivemos num contexto social, nós ouvimos coisas dos nossos pais, da nossa família, da sociedade que influenciam a nossa formação moral, nossas preocupações com o bem-estar das pessoas, da mesma forma que qualquer pessoa. Não é porque somos cientistas que o nosso cérebro passa a funcionar como um computador. Portanto, é importante, no meio acadêmico, termos consciência disso, termos consciência que os dados podem ser interpretados de formas diferentes e é por isso que existe uma ampla discussão sempre em torno da interpretação dos dados.Já quase entrando na questão com o Dr. Crippa, quero colocar aqui algo que eu acredito que vai espantar a todos vocês da mesma forma que me espantou e me comoveu também.O Dr. Crippa falou do caso da Katiele e da filha dela, Ane, que tem um caso grave de epilepsia. A Katiele ficou sabendo, através da Internet, que uma família nos Estados Unidos estava usando clandestinamente um óleo de maconha rico em canabidiol. Ainda que tenha os outros componentes, ele era especialmente rico em canabidiol com pouca concentração de THC. E ela viu que esse uso clandestino surtiu efeito nesse caso. Assim, após um tempo com os vários estados americanos regulamentando o uso médico, surgiu um comércio regular dessa substância e ela conseguiu trazer ilegalmente para o País, experimentou e deu certo. E a vida da filha dela simplesmente deixou de ser um pesadelo rumo a uma possível morte para ser uma outra história. Ela renasceu praticamente. Isso não é um caso isolado, existem muitos casos de epilepsia adulta e infantil, existem muitos casos de epilepsia parecidos com o dela. E para vocês terem uma ideia, eles são tratados com remoção do hemisfério inteiro do cérebro, certo? E vou falar aqui para vocês o que há de mais chocante nisso. Vou aproveitar tomar água para retomar a atenção do Prof. Cristovam, porque é muito importante que ele ouça isso. O primeiro caso, o primeiro artigo científico do mundo ocidental formal, relatando os efeitos medicinais da maconha foi escrito por um médico irlandês que estava fazendo serviço na Índia, na época em que a Inglaterra estava colonizando a Índia. O nome dele é um nome esquisito que não sei pronunciar direito até hoje, William Brooke O'Shaughnessy. Esse artigo data gente, preste atenção de 1843. Exatamente no dia 4 de fevereiro de 1843, ele publicou um artigo descrevendo os usos de tintura de cannabis indica. Ele fez um extrato alcoólico de cannabis indica e um dos casos que ele relata em 1843 é de uma menina recém-nascida que estava padecendo a ponto de quase morrer de convulsões intratáveis. Eles tentavam usar opióides e outras coisas na época e nada dava certo. E ele usou tintura de cannabis indica e curou, curou não, interrompeu essa série de epilepsia.Parem para pensar nisso. Em 1843, já se conhecia algo que poderia ter salvo tantas e tantas vidas, poderia ter se evitado tanto sofrimento e não se fez por causa da proibição. (...)11:26 por causa da proibição. Esse surgimento de toda essa questão em torno do uso para a epilepsia fez com que algumas mães participassem da marcha da maconha no Rio de Janeiro, e uma dessas mães falou o seguinte em O Globo, em declaração pessoal, que algumas pessoas dizem que o movimento pela legalização, regulamentação da maconha está abusando desses casos. Ela falou: "Não, nós é que estamos agradecendo a eles por expor essa aberração". Isso porque foi a proibição que impediu o desenvolvimento da ciência em torno do uso da maconha desde então e não há nada que justifique uma guerra para impedir que se administre uma questão que pode ser administrada de forma racional e não ideológica, não pela ideologia da guerra.Vou agora detalhar sobre as coisas que o Dr. Crippa falou para mostrar o exemplo muito interessante de como o contexto influencia na interpretação das coisas. Nós somos cientistas, não somos robôs. O artigo que ele citou e que argumenta sobre a relação da maconha com a esquizofrenia afirma que aumenta em 370 vezes a chance de relação da maconha com a esquizofrenia. Eu queria esclarecer exatamente do que ele está falando para vocês verem que a coisa pode ser vista de uma forma muito diferente. Esse artigo mostrou o seguinte: se você pegar e olhar o histórico de pessoas que usaram maconha aos 15 anos e for ver o grupo dessas pessoas que desenvolveram esquizofrenia e comparar com o grupo de pessoas que nunca usaram maconha e ver o número delas que desenvolveram esquizofrenia, você vaio ver que, entre o grupo das pessoas que usaram maconha, em torno de 12% delas foram diagnosticadas, eventualmente, com esquizofrenia, enquanto que no grupo dos que nunca usaram maconha, cerca de 3,5% tiveram esquizofrenia. Ou seja, o valor que ele falou que tem 3,5% mais chances, na verdade, é que tem 3,5% mais pessoas que tiveram esquizofrenia no grupo dos que usaram maconha do que no que não usaram.Vou repetir: dentre as pessoas que usaram maconha com 15 anos, na idade adulta, 12% foram diagnosticados como esquizofrênicas. Dentre as que não usaram, apenas 3,5% foram diagnosticadas como esquizofrênicas. Ele falou de um jeito que parece que se conclui, diretamente, que há causalidade. Mas não há causalidade; há correlação.Vou falar uma coisa para vocês que é muito clara da influência do contexto estigmatizado sobre a interpretação de correlação na pesquisa de canábis. Correlação não indica causalidade. Um exemplo disso é que existe um estudo que mostra correlação estatisticamente comprovada de que em países onde se consome mais chocolate per capta são os países que tem mais Prêmio Nobel per capta. Ninguém aqui acha que chocolate causa ganho de Prêmio Nobel. Existe uma correlação mas não existe uma causalidade.O resultado do trabalho que o Dr. Cripper expor, na verdade, apresenta duas hipóteses. A primeira hipótese de que a maconha pode causar esquizofrenia quando as pessoas a usam aos 15 anos. A segunda hipóteses é que pessoas que têm tendência a esquizofrenia podem ter mais chances de gostar de usar maconha e aderir ao seu uso a partir dos 15 anos. O interessante é que o próprio artigo que ele citou tem uma análise que é a seguinte: essas pessoas também tinham uma detecção dos seus quadros de saúde mental aos 11 anos de idade no mesmo artigo que ele mostrou. Quando eles pegam... O Dr. Crippa quer responder, vai ser ótimo.Quando eles pegam e tiram do grupo das pessoas que usaram maconha aos 15 anos aquelas que já tinham problemas psiquiátricos aos 11, a diferença deixa de ser significativa. Ou seja, isso implica que a hipótese de causalidade está sendo enfrentada por uma outra hipótese, a hipótese de comorbidade, isto é, que as pessoas que têm algum problema (...)11:31 que antecede o diagnóstico de esquizofrenia pode levá-los a usar maconha.Esse conceito foi comprovado pelo seguinte, a interpretação que ele deu gerou a hipótese de que se aumentasse o uso de maconha numa população, aumentar-se-ia o número de esquizofrênicos, essa é a hipótese que deriva da conclusão dele. E o engraçado é que essa hipótese foi testada várias vezes. Um dos artigos eu trouxe aqui para mostrar foi feito pela Schizophrenia Research, em 2009. Eles verificaram um aumento muito grande de uso de maconha entre a década de 70 e a década de 90. Eles foram estudar se o que o Dr. Crippa postulou é verdade ou não, ou seja, se esse aumento causava um aumento na quantidade de esquizofrenia. A conclusão é a seguinte. Vou ler em inglês para depois traduzir: "In conclusion, this study did not find any evidence of increasing schizophrenia or psychoses in the general population from 1996 to 2005." Ou seja, a despeito de um aumento no uso... (Soa a campainha.)O SR. RENATO MALCHER LOPES ... de maconha, não houve um aumento... Todo mundo teve mais tempo. Esse sinal é para eu parar de falar?Desculpa. Todo mundo teve mais tempo.O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. PSB - SE) O senhor teve um tempo bastante razoável.O SR. RENATO MALCHER LOPES Tudo bem.O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. PSB - SE) Só falta um orador.O SR. RENATO MALCHER LOPES Estou acabando, então.O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. PSB - SE) Depois o Dr. Crippa quer responder...O SR. RENATO MALCHER LOPES Claro.Esse mesmo artigo que estou citando cita outros artigos que corroboram essa hipótese, ou seja, outros lugares onde houve aumento do uso da maconha, mas não houve aumento de incidência de esquizofrenia.Mas há um caso interessante em Zurique. Nesse caso, se verificou que havia, antes da década de 70, uma tendência de queda nos diagnósticos de psicose na cidade de Zurique, que fica na Suíça. Eles viram que essa queda foi revertida na década de 90. Eles perceberam que essa reversão na queda não de diagnóstico de psicose, mas de entrada no hospital com os sintomas de psicose, ou seja, com surtos ou com outros sintomas paranoicos , uma reversão nessa tendência de queda. Eles associaram isso a algo que é o foco que temos que ter, que é a comercialização ilegal de maconha com excesso de THC. Então, a maneira realmente não ideológica, realmente objetiva, preocupada com a questão da saúde pública em relação à possibilidade de antecipar um evento psicótico em pessoas que tenham tendência à psicose, é controlar a quantidade de canabinoides para que os adultos conheçam o que estão consumindo, para que o Estado impeça o excesso de THC. Se vocês forem ao mercado e procurarem, acho que ninguém vai achar uma bebida alcoólica...(Soa a campainha.)O SR. RENATO MALCHER LOPES ... com 50% de álcool. É importante que os adolescentes não usem.Eu queria falar sobre mais duas coisas com relação ao Q.I.(Soa a campainha.)O SR. RENATO MALCHER LOPES ... eu li o artigo que o Dr. Crippa...O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. PSB - SE) Para finalizar, professor.O SR. RENATO MALCHER LOPES É?O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. PSB - SE) Já estamos bastante adiantados...O SR. RENATO MALCHER LOPES Eu falei tanto assim? Eu acho que o outro pessoal falou mais do que eu.(Soa a campainha.)O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. PSB - SE) Vamos encerrar?O SR. RENATO MALCHER LOPES Posso só concluir? É que em relação...O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. PSB - SE) No debate, V. Sª vai ter toda oportunidade de falar.O SR. (Não Identificado) (Fora do microfone.) Só mais um pouco, Senador.O SR. RENATO MALCHER LOPES Tudo bem.O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. PSB - SE) Mais dois minutos para V. Sª concluir.O SR. RENATO MALCHER LOPES Tudo bem, mais dois minutos.Em relação ao Q.I., é importante dizer que as pessoas que estão em fase de desenvolvimento não devem usar a maconha, a não ser que haja uma relação custo-benefício num contexto controlado de uso médico, que é diferente do...(Interrupção do som.)O SR. RENATO MALCHER LOPES ... porque o cérebro dela está (Fora do microfone.) em desenvolvimento, certo? Agora, a gente tem que ter a medida certa da verdade, para tomar os caminhos corretos. O Dr. Crippa citou um artigo que ganhou manchetes, dizendo que o uso de maconha diminuía o Q.I. em oito pontos, certo? Esse artigo foi refutado na própria Proceedings of the National Academy of Sciences, o jornal que o publicou, porque eles verificaram que essa diferença de oito pontos, na verdade, se devia a fatores socioeconômicos. O que é o Q.I.? O Q.I. não é o modelo do chip do nosso cérebro, o Q.I. é um teste de desempenho intelectual. Sabe-se que se você pegar uma pessoa que ficar um ano a mais no colégio em relação a outra que ficar um ano a menos, pode ter três pontos a menos de Q.I. Se ela ficar dois anos a mais (...) (...)11:36 Se ela ficar dois anos a mais, ela pode ter sete pontos a mais de QI. Então se verificou que, na verdade, era uma questão socioeconômica. Em relação às alterações de estrutura do cérebro, é importante dizer que pessoas que têm ansiedade, depressão, que passaram por algum período de estresse crônico possuem alterações no cérebro que são semelhantes às alterações encontradas em artigos que olham para o cérebro das pessoas quando elas já abusam da maconha. Não quer dizer que a maconha causou essa alteração. Essa alteração pode ser um diagnóstico de uma condição subjacente que pode causar ansiedade e leva as pessoas ao abuso de drogas. Mas não descarta a possibilidade. O abuso deve ser evitado e tem que ser evitado com um discurso realmente objetivo, cristalino, profundo na análise dos dados. A gente tem um compromisso muito grande na ciência de não guiar as pessoas para o caminho errado. Então, falar sobre os limites do que é bom e ruim sobre a maconha é importante para que as pessoas saibam a verdade e não que fiquem assustadas, porque a educação é feita com consciência, não com medo. (Palmas.)O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. PSB - SE) Agradeço ao Sr. Relator Malcher Lopes, Neurocientista e Professor Adjunto da Universidade de Brasília.
  9. Prevenção do Alzheimer começa com maconha, diz estudo segunda-feira, maio 19, 2014 funcionamento da maconha no cérebro, maconha medicinal, maconha medicinal no tratamento de Parkinson e Alzheimer, notícia, sistema endo-canabinoide 0 comments Um artigo publicado pelo British Journal of Pharmacology sugere que os compostos químicos na maconha provavelmente previnem o aparecimento da doença de Alzheimer, doença de Parkinson , doença de Huntington, e a demência relacionada com a idade. A inflamação crônica do cérebro, estresse oxidativo e disfunção intra-celular são as principais razões por que as pessoas desenvolvem essas doenças neurológicas debilitantes. O estudo constatou que tanto THC e CBD (os compostos químicos primários encontrados na maconha) afetam positivamente a função das células nervosas nos consumidores, reduzindo significativamente estas condições neurológicas nocivas. THC e CBD (chamados canabinóides) agem em um sistema de sinalização química primordial em células no cérebro chamado de "o sistema endocanabinóide". O documento mostra que os canabinóides diminuem a inflamação, protegem as células dos danos oxidativos, e promovem a saúde celular em um alto nível. Este artigo reflete as reivindicações feitas em janeiro por Gary Wenk, professor de neurociência, imunologia e genética médica na Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, que "se você fumar maconha por 20 ou 30 anos, você pode acabar com tudo da inflamação no cérebro. E você simplesmente morre de velhice antes da inflamação tornar-se um problema para você". As implicações de efeitos medicinais da maconha sobre o cérebro são monumentais, de não apenas uma perspectiva de saúde, mas financeira, bem como, para mais de cinco milhões de americanos com a doença de Alzheimer. Um em cada três idosos vão morrer com a doença de Alzheimer ou outra forma de demência, e a doença de Alzheimer é a sexta maior causa de morte no país, custando ao país cerca de 203.000 milhões dólares em 2013. http://maconhamedicinal.blogspot.com.br/2014/05/prevencao-do-alzheimer-comeca-com.html
  10. A Maria Lúcia Karam tira onda viu, da gosto ouvir. http://www12.senado.gov.br/ecidadania/visualizacaoaudiencia?id=2161
  11. Uhuh a página e show de beleza, gostei. Rapaz e o advogado achou ruim foi, fuma quem quer brother, vai ajudar nossos irmãos que injustamente estam presos por fumar um daseado.
  12. Maconha, a mais antiga revolução da medicina* (Renato Malcher) 9 de maio de 2014 às 12:09 Não é exagero dizer que a maconha (Cannabis sativa) está entre as mais antigas plantas cultivadas pelo homem e entre os mais úteis e antigos remédios conhecidos. Há mais de cinco mil anos, de leste a oeste da estepe asiática, mais ao sul, da antiga Mesopotâmia até a Índia, assim como no norte da África, a Cannabis já era cultivada para suprir as mais diferentes necessidades. Os mais antigos escritos da Humanidade vieram da Mesopotâmia, ali foram encontrados tabletes de argila de mais de quatro mil anos, pertencentes à Biblioteca Sagrada do Rei Assurbanipal, os quais continham milenares receitas de “poções mágicas” compiladas por sacerdotes sumérios contra as mais diversas doenças. Em um desses livros, chamado “Quando o Cérebro do Homem Tem Fogo” encontram-se receitas para curar males do cérebro e da mente. Algumas incluem maconha e serviam para febres e dor de cabeça, e outras tratavam males com estranhas denominações, tais como “Mão de Fantasma na Têmpora”. Estes são, provavelmente, os mais antigos registros de fármacos de que se tem notícia. O segundo pergaminho mais antigo do Egito, de 3.000 aC, trás o uso da maconha para facilitar o trabalho de parto, como antisséptico e como ingrediente de remédio para os olhos. Na mais antiga farmacopeia Chinesa, compilada a partir de tradições milenares, a maconha aparece para o tratamento de problemas associados a menstruarão, dor reumática, malária, constipação e falta de concentração. Os pioneiros da cirurgia chinesa também usavam maconha misturada ao vinho como anestésico. Na Índia, a planta sagrada do Hinduísmo, preferida de Shiva, era usada para finalidades medicinais e existenciais: contra dores, espasmos e convulsões do tétano e da epilepsia ou para o “aumento da coragem, do regozijo e da libido”. Na Pérsia, a Cannabis também era reconhecida como planta sagrada e medicinal e, assim como na Índia e na China, sabia-se que seu uso abusivo por período prolongado faz com que perca suas funções benéficas e tenha alguns de seus efeitos invertidos. Apesar de seu uso milenar por xamãs, curandeiros, sacerdotes e pessoas comuns no mundo oriental, a Europa antiga e medieval não conhecia os efeitos medicinais e psicoativos da maconha, embora a fibra da planta fosse imprescindível para as atividades de construção civil, tecelagem e navegação. Isto se dava por conta do ambiente frio e úmido que não favorecia a produção da resina protetora da planta, onde são encontradas as substancias que possuem propriedades farmacológicas – os chamados canabinóides. Foi apenas no final do século XIX, quando da ocupação da Índia pelo Império Britânico, que um médico Irlandês, William Brooke O'Shaughnessy (1809-1889), descobriu tais propriedades. Naquela época, os europeus padeciam com sintomas severos de doenças infecciosas como o tétano e a cólera, para os quais desconheciam tratamento. Na índia, entretanto, O'Shaughnessy ficou extremamente impressionado com os efeitos da maconha. Em especial, chamou-lhe a atenção as propriedades de alivio multi-sintomático, capazes de reduzir dores severas, febre, inflamação, náuseas, vômitos, tremores, espasmos e convulsões. O conjunto dos efeitos era extraordinário por esses serem carreados em uma única planta e de forma tão eficiente. Além disso, cabe destacar que a maconha é, quase certamente, o primeiro composto anticonvulsivante descoberto pelo homem. Ao voltar para a Inglaterra, O'Shaughnessy realizou estudos para sistematizar o uso medicinal da planta no ocidente onde, de forma arrebatadora, a maconha passou a ser um dos mais importantes componentes de toda a indústria farmacêutica. Assim, desde o fim do século XIX até meados da década de 1930, xaropes a base de maconha eram usados para tratar delirium tremens (abstinência de álcool), dores severas (enxaqueca, dor de dente, nevralgia, câncer, etc), artrite, reumatismos, gota, epilepsia, cólicas menstruais, TPM, depressão, náuseas, febre, resfriado e muitos outros males. Em 1937, entretanto, após uma absurda campanha difamadora, o uso medicinal da maconha foi inviabilizado pelo Governo Federal norte americano que, na falta de evidencias científicas contra seu uso, fez valer o poder da Receita Federal para impor requisitos impraticáveis e taxas impagáveis aos médicos que quisessem continuar receitando-a. Jamais houve qualquer reunião de médicos e cientistas que decidiram que a maconha era mais prejudicial que outras drogas e, portanto, deveria ser proibida. As motivações foram políticas e econômicos de diversas matizes, mas nenhuma tinha relação com possíveis problemas causados pelo abuso – que são relativamente moderados se comparados aos do álcool, por exemplo. A partir de 1940, a maconha ganhou status de substancia proscrita em todo o mundo. Em consequência, toda a pesquisa em torno de suas propriedades medicinais forma radicalmente dificultadas, sobretudo nos Estados Unidos. Em Israel, no entanto, uma visão mais pragmática permitiu que as pesquisa prosseguissem de modo que, na década de 60, o grupo de Rafael Mechoulan isolou o THC, principal componente psicoativo da maconha. Até o final da década de 80, não se sabia exatamente como a maconha produzia seus efeitos. Dizia-se, sob influencia dos estigmas criados, que seus princípios ativos causavam desorganização aleatória da função neuronal. Entretanto, descobriu-se que o cérebro possui receptores nos quais os componentes da maconha se ligam especificamente. Receptores funcionam como fechaduras da ignição, sendo que as “chaves” são substâncias que a ele se ligam para modular o funcionamento dos neurônios. Mais tarde, o mesmo grupo israelense isolou as “chaves” produzidas pelo próprio cérebro – os chamados endocanabinóides. Hoje em dia sabe-se que os endocanabinóides normalmente protegem o cérebro contra ativação descontrolada e regulam funções fundamentais para a integração do equilíbrio orgânico e mental, incluindo percepção sensorial, atenção, cognição, emoções, sensação de dor, inflamações, resposta imune, metabolismo, apetite, ciclo celular, interação social, entre outras funções vitais. A maconha possui quase cem variedades de canabinóides que imitam os endocanabinóides do nosso cérebro, juntos estes componentes possuem mais de 20 propriedades farmacológicas comprovadas. Estimulam o apetite, a percepção lúdica dos sentidos, a afetividade, a sensualidade e a sexualidade; inibem dores severas, náuseas e vômitos; inibem a formação e a proliferação de tumores benignos e malignos, protegem os neurônios da toxicidade causada por excesso de ativação ou por reações inflamatórias neuro-degenerativas (como Alzheimer); inibem convulsões e espasmos e reduzem a febre. Sua ação neuroprotetora e inibitória da ativação neuronal caótica, trás muita esperança para formas severas de epilepsia e autismo. A capacidade de inibir metástases e até causar a regressão de câncer é um fato extraordinário desconhecido pela sociedade e escandalosamente negligenciado pelas autoridades. Óleos produzidos diretamente da planta, princípios isolados, ou mesmo material vegetal in natura, todos são recursos válidos no tratamento dos diversos males mencionados acima. Não há porque ter medo ou preconceitos. As contraindicações e efeitos colaterais estão sempre associados à fase de desenvolvimento do paciente e à concentração dos componentes. Plantas com excesso de THC e pouco canabidiol, por exemplo, podem causar ansiedade e estados paranóides, que podem desencadear surtos em pessoas com tendência familiar à esquizofrenia ou na fase pró-drômica da doença (menos de 1% da população). De uma forma geral, este perfil de composição também é inadequado ao uso por gestantes, crianças e jovens em crescimento. Porém, em um contexto regulamentado, onde diversas linhagens padronizadas de plantas, com diferentes concentrações de canabinóides, podem ser produzidas, a relação custo-benefício para inúmeros casos, envolvendo os mais severos sofrimentos, é simplesmente revolucionária. *Artigo publicado na revista de Consulex de Consultoria Jurídica em Abril de 2014- Seshat, deusa egípcia da sabedoria, do conhecimento e da escrita. https://www.facebook.com/notes/10203844962667923/
  13. Caraca, aqui onde moro rolou um parada assim, mas foi com crack, a cara reclamou do tamanho da pedra e levou bala.
  14. O Sistema Endocanabinoide Introdução ao Sistema Endocanabinoide* Dustin Sulak, doutor em medicina osteopática Maine, EUA Ao ler esta revisão da literatura sobre os efeitos terapêuticos da canabis e dos canabinoides, uma coisa logo ficará evidente: a canabis tem uma profunda influencia sobre o corpo humano. Essa erva única e sua variedade de componentes terapêuticos parecem afetar todo aspecto de nossos corpos e mentes. Como isso é possível? Em minha clínica de medicina integrativa na região central do estado do Maine, EUA, tratamos mais de mil pacientes com uma diversidade enorme de doenças e sintomas. Em um dia eu posso ver câncer, doença de Crohn, epilepsia, dor crônica, esclerose múltipla, insônia, síndrome de Tourette e eczema, só para citar alguns. Todas estas condições têm causas diferentes, diferentes estados fisiológicos e sintomas bastante diferentes. São pacientes velhos e jovens. Alguns passam por terapia convencional. Outros se decidiram por um caminho alternativo. Mesmo apesar das diferenças, quase todos concordariam em um ponto: a canabis ajuda a melhorar a situação de cada um. Como médico sou naturalmente desconfiado de qualquer medicamento que se propõe a curar tudo. Panaceias, remédios de óleo-de-cobra e modismos caros muitas vezes vêm e vão, alardeando grandes propriedades mas com pouca evidência científica ou clínica a apoiar sua eficácia. Ao explorar o potencial terapêutico da canabis, no entanto, não encontro falta de evidencias. Na verdade acho uma explosão de pesquisas científicas sobre o potencial terapêutico da canabis, com mais evidencias do que se pode encontrar a respeito de algumas das mais usadas terapias da medicina convencional. Quando esse texto foi escrito, uma busca na base de dados PubMed sobre artigos de periódicos científicos publicados nos últimos 20 anos, contendo a palavra "canabis", revelou 7.704 resultados. Ao adicionar a palavra "canabinoides" os resultados aumentam para 15.899 artigos. Isso dá uma média de mais de duas publicações científicas por dia nos últimos 20 anos! Estes números não apenas ilustram o interesse científico e o investimento financeiro para compreender mais sobre a cannabis e seus componentes mas, também, enfatizam a necessidade de revisões de alta qualidade e sumários como o que você está prestes a ler. Como pode uma erva ajudar em tantas situações diferentes? Como pode proporcionar tanto ações paliativas quanto curativas? Como pode ser tão segura ao oferecer efeitos tão poderosos? A busca de resposta a estas questões levou os cientistas à descoberta de um sistema fisiológico até então desconhecido, um componente central da saúde e cura de todos os humanos e de quase todos os animais: o sistema endocanabinoide. O que é o Sistema Endocanabinoide? O sistema endógeno-canabinoide, que recebeu o nome da planta responsável por seu descobrimento, é talvez o mais importante sistema fisiológico envolvido no estabelecimento e manutenção da saúde humana. Os endocanabinoides e seus receptores são encontrados em todo o corpo: no cérebro, órgãos, tecidos conectivos, glândulas e células imunológicas. Em cada tecido, o sistema canabinoide desempenha tarefas diferentes, mas a meta é sempre a mesma: homeostase, a manutenção de um ambiente interno estável apesar de flutuações no ambiente externo. Os canabinoides promovem homeostase em todos os níveis da vida biológica, do sub-celular ao organismo, e talvez até a comunidade e além dela. Um exemplo: a autofagia, processo no qual uma célula sequestra parte de seu conteúdo para ser auto-ingerido e reciclado, é intermediado pelo sistema canabinoide. Enquanto esse processo conserva vivas as células normais, permitindo-lhes manter um equilíbrio entre síntese, degradação e subsequente reciclagem dos produtos celulares, ele tem um efeito mortal em células de tumores malignos, fazendo-as se consumir a si próprias num suicídio celular programado. A morte de células cancerosas, claro, promove homeostase e sobrevivência ao nível do organismo inteiro. Endocanabinoides e canabinoides são encontrados também na intersecção dos vários sistemas do corpo, permitindo a comunicação e a coordenação entre diferentes tipos de células. No local de um ferimento, por exemplo, os canabinoides podem ser encontrados diminuindo a liberação de ativadores e sensibilizadores do tecido machucado, estabilizando a célula nervosa para prevenir excessivos disparos e acalmando células imunológicas em volta para evitar a liberação de substancias inflamatórias. Três mecanismos diferentes de ação em três tipos diferentes de células, voltadas para um único propósito: minimizar a dor e o dano causados pelo ferimento. O sistema endocanabinoide, com suas complexas ações em nossos sistemas imunológico, nervoso e em todos os órgãos do corpo, é literalmente uma ponte entre corpo e mente. Ao compreender este sistema nós começamos a enxergar um mecanismo que explica como os estados de consciência podem promover saúde ou doença. Além de regular nossa homeostase interna e celular, os canabinoides influenciam o relacionamento de uma pessoa com o ambiente externo. Socialmente, a administração de canabinoides altera claramente o comportamento humano, em geral promovendo compartilhamento, humor e criatividade. Ao intermediar a neurogênese, a plasticidade neural, e o aprendizado, os canabinoides podem influenciar diretamente a abertura mental e a capacidade de uma pessoa para se mover além de padrões limitantes de pensamento e comportamento decorrentes de situações passadas. Reformatar estes velhos padrões é parte essencial da saúde no nosso ambiente em rápida mutação. O que são receptores canabinoides? Ascídias, minúsculos nematoides e todas as espécies vertebradas compartilham o sistema canabinoide como parte essencial da vida e adaptação às mudanças ambientais. Comparando a genética dos receptores de canabinoides em diferentes espécies, cientistas estimam que o sistema endocanabinoide desenvolveu-se em animais primitivos há mais de 600 milhões de anos. Pode parecer que sabemos muito sobre canabinoides, mas os estimados 20 mil artigos científicos apenas começaram a jogar luz sobre o tema. Grandes lacunas devem existir em nossa compreensão atual, e a complexidade das interações entre os vários canabinoides, tipos de células, sistemas e organismos individuais desafia os cientistas a pensar a fisiologia e a saúde de maneiras novas. O breve esboço que se segue resume o que nós realmente sabemos. Receptores de canabinoides estão presentes em todo o corpo, embutidos em membranas celulares, e acredita-se que sejam mais numerosos do que em qualquer outro sistema receptor. Quando os receptores são estimulados, desencadeia-se uma variedade de processos fisiológicos. Pesquisadores identificaram dois receptores de canabinoides: CB1, presente principalmente no sistema nervoso, tecidos conectivos, gônadas, glândulas e órgãos; e CB2, encontrado principalmente no sistema imunológico e suas estruturas associadas. Muitos tecidos contem os dois conectores, cada um ligado a uma ação diferente. Os pesquisadores especulam que pode haver um terceiro receptor de canabinoides esperando para ser descoberto. Endocanabinoides são substancias que nossos corpos produzem naturalmente para estimular estes receptores. As duas dessas moléculas mais bem compreendidas são chamadas anandamida e 2-arachidonoilglicerol (2-AG). Elas são sintetizadas sob encomenda a partir dos derivados do acido araquidônico da membrana celular, tem um efeito local e uma meia-vida curta antes de serem degradadas pelas enzimas dos processos de aminohidrolase do ácido graxo (FAAH) e monoacilglicerolipase (MAGL). Fitocanabinoides são substancias de plantas que estimulam receptores de canabinoides. O delta-9-tetrahidrocanabinol, ou THC, é a mais psicoativa e certamente a mais famosa dessas substancias, mas outros canabinoides, como o canabidiol (CBD) e o canabinol (CBN), estão chamando a atenção dos pesquisadores devido à variedade de propriedades curativas. A maior parte dos fitocanabinoides foi isolada da cannabis sativa, mas descobriu-se que outras ervas medicinais, como echinacea purpura, também contem canabinoides não-psicoativos. Interessante que a planta da maconha também usa o THC e outros canabinoides para promover sua própria saúde e prevenir doenças. Os canabinoides tem propriedades antioxidantes que protegem as folhas e as estruturas de florescimento contra a radiação ultravioleta – eles neutralizam os danosos radicais livres gerados pelos raios UV, protegendo as células. Nos humanos os radicais livres causam envelhecimento, câncer e comprometem a saúde. Antioxidantes encontrados em plantas tem sido promovidos há tempos como suplementos naturais para prevenir os danos dos radicais livres. Laboratórios também produzem canabinoides. O THC sintético, comercializado como dronabinol (Marinol), e nabilone (Cesamet), um análogo do THC, são drogas aprovadas pela FDA (agencia americana de vigilância sanitária) para tratamento de náuseas severas e síndrome degenerativa. Alguns médicos acham que ajudam no tratamento de dores crônicas, enxaqueca e outros quadros sérios. Vários outros canabinoides sintéticos são usados em pesquisas com animais, e alguns tem uma potencia 600 vezes maior do que a do THC. Canabis, o sistema endocanabinoide e a boa saúde Continuando a peneirar a emergente ciência da canabis e dos canabinoides, uma coisa se mantem clara: um sistema canabinoide funcional é essencial para a saúde. Da implantação do embrião na parede do útero de nossas mães, à amamentação e crescimento, até a resposta a ferimentos, os endocanabinoides estão sempre nos ajudando a sobreviver em um ambiente que muda rapidamente, cada vez mais hostil. Quando cheguei a essa conclusão, comecei a me perguntar: pode um individuo reforçar seu sistema canabinoide tomando suplemento de canabis? Além de tratar sintomas e mesmo curar doenças, a canabis pode nos ajudar a prevenir doenças e promover saúde, ao estimular um antigo sistema que está bem implantado dentro de todos nós? Acredito agora que a resposta é sim. As pesquisas nos mostraram que pequenas doses de canabinoides da maconha podem sinalizar ao corpo para produzir mais endocanabinoides e construir mais receptores de canabinoides. Por isso que muitos usuários não sentem efeito da primeira vez, mas na segunda ou terceira vez usando a erva ja construíram mais receptores de canabinoides e estão prontos para responder. Mais receptores aumentam a sensibilidade de uma pessoa frente aos canabinoides; doses menores tem efeitos maiores, e o individuo reforça uma linha básica de atividade dos endocanabinoides. Acredito que doses pequenas e regulares de maconha podem agir como um tônico para o nosso principal sistema fisiológico de cura. Muitos medicos não se sentem a vontade com a ideia de recomendar uma substancia botânica e claramente se horrorizam com a ideia de se fumar um remédio. Nosso sistema médico fica mais confortável com substancias individuais, isoladas, que podem ser engolidas ou injetadas. Infelizmente este modelo limita significativamente o potencial terapêutico dos canabinoides. Diferentemente de derivados sintéticos, a erva da maconha pode conter mais de cem canabinoides diferentes, incluindo THC, os quais trabalham todos sinergicamente para produzir melhores efeitos médicos e menos efeitos colaterais do que o THC sozinho. Mesmo a maconha sendo segura e funcionando bem quando fumada, muitos pacientes preferem usar vaporizador ou tintura de canabis. Levantamentos científicos e testemunhos de pacientes indicam que a erva tem qualidades medicinais superiores do que os canabinoides sintéticos. Em 1902 Thomas Edison disse: “Nunca houve tantas mentes capazes e ativas trabalhando sobre os problemas de doença como agora, e todas as descobertas tendem em direção à verdade simples de que não se pode melhorar a natureza”. A pesquisa com canabinoides provou que a afirmação ainda é válida. Então, é possível que a maconha medicinal possa ser o remédio mais útil para tratar a mais ampla variedade de doenças humanas, possa virar um componente do sistema de saúde preventivo e um suporte de adaptação ao nosso meio ambiente crescentemente tóxico e carcinogênico? Sim. Isso era bem conhecido dos sistemas médicos indígenas da antiga India, China e Tibete e, como se verá nesse relato, está se tornando cada vez mais conhecido pela ciência ocidental. Claro, precisamos de mais pesquisas baseadas em humanos sobre a eficácia da maconha, mas a base de evidencias já é ampla e cresce constantemente, apesar dos melhores esforços da DEA para desencorajar pesquisas relacionadas com canabis. Seu medico entende os benefícios da canabis medicinal? Ele ou ela pode lhe orientar com indicações apropriadas, dosagens e rotinas de administração? Provavelmente não. Mesmo com as duas maiores associações médicas americanas pedindo mais pesquisas, com a Administração Obama prometendo não mais prender pacientes protegidos por leis estaduais de canabis medicinal, com os 5 mil anos de historia de uso terapêutico seguro, e com uma enorme quantidade de pesquisas publicadas, a maior parte dos médicos sabe pouco ou nada sobre canabis medicinal. Isto está mudando, em parte porque o publico está demandando. As pessoas querem tratamentos seguros, naturais e baratos que estimulem a habilidade dos nossos corpos para se auto-curar e que ajudem nossa população a melhorar sua qualidade de vida. Canabis medicinal é uma dessas soluções. Este resumo é uma excelente ferramenta para espalhar o conhecimento e ajudar a educar pacientes e cuidadores sobre a evidencia cientifica por trás do uso medicinal da canabis e dos canabinoides. ------------------------------ * Traduzido por Tim Muller. O artigo original encontra-se publicado no site da ong NORML em: http://norml.org/library/item/introduction-to-the-endocannabinoid-system
  15. BJL

    Maconha E Álcool

    Então, fiz uma cirurgia na boca a alguns meses, e o pós operatório foi um sucesso, fumava uma vez por dia, nada de dor, cicatrização rápida tudo blz, o médico disse " poxa tua recuperação foi ótima" ai o cara escuta um negocio desses, e pra fuder mesmo.
  16. BJL

    Maconha E Álcool

    Aeee Eregio blz, é isso mesmo brother, tenho feito o mesmo assumindo que sou usuário e tenho visto que as opiniões mudam mesmo. As pessoas estam acustumadas a ver maconha associada com roubo, violência, armas etc o que só passa nos jornais, quando observam que pessoas que levam uma vida igual a deles que estudam, trabalham e tem vida social, as coisas mudam. Sei que n é fácil assumir essa condição por razões obvias, mas acredito que quanto mais pessoas do bem assumirem isso mais nossa força aumentara.
  17. Aeee estaleihu blz, admiro vc pela grande atitude, é muito difícil ver um pai se preocupar dessa forma quando se trata desse assunto. Nem sei se posso dizer mais alguma coisa que não tenha sido dito aqui pelo pessoal, mas acredito fortemente que vc esta fazendo a coisa certa e esta no lugar certo para colher informações, sei que vc já percebeu que aqui é solo sagrado pra nós e que além de usuários de maconha vc encontra aqui professores, advogados, pedreiros, psicólogos, vendedores, tudo gente super normal, e digo isso porque o primeiro passo para lidar com a situação e saber que usar maconha não é a razão pra transformar uma pessoa em um bandido vagabundo. Concordo com alguns colegas acho que ele se mostra um pouco, além da fase (16 anos) há o fato de ser uma substancia proibida e isso dá um certo "poder" nos jovens, claro que sabemos que não é assim. Continue conversando com ele, tente mostrar mais o growroom a ele, mas ele precisa saber que existem alguns limites a serem respeitados, o fato de vc ter aceitado que ele usa não significa deixar ele fazer o que quiser, mas mantenha a calma por mais difícil que seja. Sei que pra quem esta fora é fácil falar, mas dizer o contrário do que dizemos aqui só iria piorar a situação. Espero que tudo fique bem entre vcs, JAH (DEUS) não deu essa planta para nos desunir, obrigado pela visita ao meu cultivo espero futuramente ver o seu. Fica na paz.
  18. Comentário de Renato Malcher sobre o estudo. Francamente, eu não tenho mais saco pra ficar repetindo que o cérebro de todos está sempre em transformação, estresse, mudanças hormonais, profissão, exercício físico, tudo isso altera o cérebro de forma dinâmica. Nada nesses estudos indica que essas transformações presentes em usuários de maconham sejam "danos" , ou que tenham efeitos ruins, nem que sejam permanentes. Nada nesses estudos indica que essas alterações foram causadas pela maconha. Muitas alterações encontradas nesses estudos são idênticas àquelas encontradas em pessoas que passaram por estresse ou que sofrem de ansiedade ou depressão e que nunca usaram drogas. Em casos de uso pesado, é mais plausível admitir que exista alguma condição subjacente, como tendencia à ansiedade e/ou depressão que possam ter causado essas diferenças, e, ao mesmo tempo, o uso pesado de maconha como forma de aliviar os sintomas destas condições. Por fim, tudo isso serve de mais apoio para que o uso seja regulamentado e feito de forma consciente. https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=536647013113470&id=100003045279258&_rdr#!/story.php?story_fbid=10203726721711973&id=1335995637
  19. 'Meu projeto é um gatilho para um debate sobre a maconha', diz Jean Wyllys Deputado projeta aprovação de descriminalização do consumo e da produção no próximo mandato legislativo, tenta impedir que agronegócio se aproprie do nicho e acusa PT de se ater a cálculo eleitoral por Eduardo Maretti, da RBA publicado 21/04/2014 13:53, última modificação 22/04/2014 13:47 Comments Alexandra Martins/Câmara dos Deputados São Paulo – O debate sobre a descriminalização da maconha no país começa a ganhar corpo, apesar do conservadorismo incrustado no Congresso Nacional como reflexo da visão da sociedade sobre o tema, e embora falte a chamada “vontade política” ao governo e a sua base no parlamento. A opinião é do deputado federal Jean Wyllys, autor do Projeto de Lei n° 7270/2014, que descriminaliza a maconha e regula a produção, a industrialização e a comercialização de cannabis. Para ele, a hora de tocar no assunto é agora. “Não há momento mais propício para pelo menos a gente iniciar esse debate no Brasil”, diz. Nesta entrevista à RBA, Wyllys diz estimar que cerca de 60% das pessoas que se manifestam sobre o tema, nas redes sociais, se mostram a favor da descriminalização da maconha ou pelo menos de discutir posições nesse sentido, e outros 40% são formados por “aquela gente conservadora, reacionária, que de maneira raivosa e eivada de preconceito não se permite sequer ler os argumentos do projeto”. O parlamentar afirma não estar preocupado com os efeitos que seu projeto possa ter em sua candidatura à reeleição. “Há quem ache que eu comprometi minha carreira política, mas, se comprometi, paciência. Para mim era fundamental travar o debate, não estou preocupado com a reeleição”, diz o parlamentar. “Eu não nasci deputado, estou deputado. Então, se perder o mandato, continuo no ativismo político. De cena é que não vou sair.” Leia os principais trechos da entrevista. Na sua opinião, os atuais debates apontam para a definição de um novo paradigma social para a maconha? Acho, sim, que o momento é esse. Quando o presidente dos Estados Unidos sinaliza para uma nova política de resposta ao consumo de maconha, quando um conjunto de líderes mundiais de notáveis como como Kofi Annan, Bill Clinton, os ex-presidentes da Colômbia [César Gaviria], do México [Vicente Fox] e do Brasil [Fernando Henrique Cardoso] se juntam para dizer ao mundo que a atual resposta às drogas é um equívoco, quando nosso vizinho Uruguai legaliza e regulamenta a cannabis, é porque o momento é esse. Não há momento mais propício para pelo menos a gente iniciar esse debate no Brasil. O custo da guerra às drogas é muito grande, custo econômico-financeiro aplicado no policiamento, no efetivo policial, armamento, toda a infraestrutura das polícias para enfrentar o tráfico, como o custo de vidas e da população carcerária. Somos o quinto país que mais gasta com população carcerária no mundo e a quarta população carcerária mundial. Apesar disso, o consumo de maconha só aumentou nos últimos anos. Então a resposta não pode ser essa. Como avalia a resposta do governo brasileiro em relação ao tema? O governo brasileiro está silente, como em tantas outras questões. O governo não se posiciona em relação à violência homofóbica, à violência contra a mulher. Em relação ao projeto, a resposta [da sociedade] foi muito melhor do que eu imaginava. Há os reacionários que tentam deturpá-lo, mas de maneira geral a resposta é muito positiva. Como o senhor espera que se dê o debate no Congresso Nacional, que é bastante conservador quanto a temas morais? É bem conservador, mas, se a gente pensar no Congresso que a gente tem, não se propõe nada, a gente vai ficar eternamente refém de um Congresso majoritariamente conservador. Mas o papel de um parlamentar é também provocar esse tipo de discussão e enfrentar esse conservadorismo, esse senso comum. Espero pautar esse debate com honestidade intelectual, em primeiro lugar; com audiências públicas, ouvir movimentos a favor da legalização, ouvir os movimentos de quem é contra, embora argumentos que não se sustentam muito. Mas sobretudo dando voz à ciência e à história. É paradoxal, porque a maconha está liberada, na prática, mas continua criminalizada... Ela é liberada e criminalizada. Mas é sempre assim. O aborto também, é liberado e criminalizado e, apesar de criminalizado e estigmatizado, é largamente praticado no Brasil por mulheres pobres que morrem vítimas de abortos clandestinos. O mesmo se passa com a maconha. Essa é a maneira que o Brasil responde, porque temos um governo covarde, que está há 12 anos no poder e com acúmulo de forças e de recursos financeiros, tendo se transformado numa máquina eleitoral como o PT se transformou, não tem coragem de honrar suas bandeiras históricas e enfrentar esse debate. Não estou me referindo só aos parlamentares – também a eles, mas no meio deles têm alguns mais corajosos –, mas me refiro ao governo não encarar, mobilizar sua base como [o presidente do Uruguai] Mujica fez. O Mujica ganhou por pouco, mas mobilizou a base, convenceu a base da importância do debate, disse à nação que esse é o melhor caminho, é o que se espera de um governante. Mas o Brasil não é politicamente muito mais complexo em relação ao Uruguai, que tem apenas 3 milhões de habitantes? Eu não nego que o Brasil seja mais complexo, negar isso seria uma estupidez, o Brasil é um país de dimensões continentais, com uma diversidade muito grande. Mas, a despeito disso, pode iniciar um debate. É para isso que existe a representação e os governos, para dizer à maioria quais são os melhores caminhos de uma maneira honesta e clara. Lugares mais ou tão complexos quanto o Brasil encararam isso, uma outra política de drogas, essa não é a melhor das desculpas. Na verdade o que está em jogo aí é cálculo eleitoral e medo de perder o poder. É não encarar os preconceitos arraigados há anos por essa política de drogas com medo de perder as eleições. Seu projeto é um contraponto ao do Osmar Terra? Ele é um contraponto ao conservadorismo do projeto dele. Meu projeto é um gatilho para um debate. Algumas organizações estavam também no armário. Há quem ache que eu comprometi minha carreira política, mas, se comprometi, paciência, para mim era fundamental travar o debate, não estou preocupado com a reeleição, eu não nasci deputado, estou deputado, então, se perder o mandato, continuo no ativismo político. De cena é que não vou sair. Muitos usuários de maconha que estavam no armário estão com mais coragem. É uma saída do armário muito parecida com a que acontece com a orientação sexual. É preciso ter coragem para enfrentar a ignorância, o insulto, o preconceito para assumir algo que é um direito seu. Tenho direito de escolher, como meu pai fez. Ele sabia que o cigarro poderia levá-lo ao câncer, mas optou por fumar, era o prazer dele. Cada vez que ele comprava um maço de cigarro, por mais pobre que fosse, pagava o imposto embutido no consumo. A gente sabe quanto a tributação no Brasil é regressiva, uma tributação sobre o consumo, então cada pessoa paga imposto e espera que isso seja revertido em serviços de saúde de qualidade. É tão somente isso. A pessoa tem de ter o direito de plantar em casa, poder comprar uma maconha sem sangue, sem violência. Eu não quero colaborar com a força do narcotráfico, associar minha droga ao tráfico de armas, ao tráfico de pessoas. Na sua opinião, se o projeto for aprovado, haverá uma disputa entre mercado, o setor privado, e estado? Tomei alguns cuidados no projeto exatamente por conta da experiência do cigarro, para impedir que o mercado encareça o produto. A gente não pode excluir o mercado, mas pode regulamentar a participação do mercado nesse comércio. Limitar, não excluir a presença, porque a gente vive num mundo capitalista. Não posso ignorar o mercado nesse momento, mas limitar muito a atuação dele na produção e comercialização, e também impedir que o agronegócio, essas empresas não se apropriem disso para transformar a maconha num produto como a soja. O projeto proíbe a manipulação genética da maconha, para não ter maconha transgênica. Se a gente permitir um mercado sem controle, ele pode encarecer o preço do produto e manter o tráfico, a pessoa vai comprar clandestinamente num outro preço. Já teve audiências públicas para debater o projeto? Estamos esperando definir a comissão especial. Como o Eurico Junior, do PV, apresentou um projeto menor que o meu, mas antes de mim, apenas pra não perder o mérito de ter sido o primeiro partido na história que tocou nesse tema, o meu foi apensado ao dele e o Paulo Teixeira será o relator de ambos os projetos na comissão especial. Como espera que a sociedade encare o projeto? Eu diria que 60% nas redes sociais se mostraram a favor, depois de ler a argumentação compreende que é o melhor caminho; e tem outros 40%, aquela gente conservadora, reacionária, que de maneira raivosa e eivada de preconceito não se permite sequer ler os argumentos do projeto. A dificuldade maior que estou tendo é mesmo com a imprensa, sobretudo não com os grandes jornais, mas jornais controlados por grupos políticos no que a gente chama de Brasil profundo, no Norte, Nordeste, jornais que têm feito um desserviço, não tratando a questão de maneira séria. Um jornal no Maranhão deu a manchete: “Deputado propõe o uso da maconha”. Cheguei a achar que era um pouco de analfabetismo funcional, as redações agora estão tomadas por analfabetos funcionais, mas não era, é uma deturpação mesmo. Eu não proponho o uso da maconha, a maconha já é usada, não proponho o uso de nada. Qual sua perspectiva de tramitação? Agora é a comissão especial. Cria-se a comissão, que designa o relator, são feitas audiências públicas, vota-se o relatório na comissão especial e vai a plenário. Minha expectativa é de que na próxima legislatura a gente consiga aprovar esse projeto. Acho que este ano a gente inicia o debate, o debate será aprofundado no início da legislatura que vem. Se eu for reeleito vou estar aqui encampando o PL, se não for reeleito estarei na sociedade defendendo o projeto de qualquer jeito, vou mobilizar algum aliado que desarquive, caso ele seja arquivado na virada da legislatura. Mas o principal ganho agora não é nem um ganho legislativo, é um ganho político, é ter colocado esse debate na agenda nacional. E me orgulho de ter conseguido fazer isso. Para o seu projeto, qual a diferença entre possíveis cenários políticos em 2015? Qual seria mais favorável: a reeleição de Dilma, o senador Aécio Neves ou Eduardo Campos? Dilma já mostrou que não construiu cenário positivo para nenhuma agenda ligada a minorias e a comportamento. Ela provou isso no mandato dela. A questão LGBT e a violência homofóbica, que é uma desgraça, a questão indígena, tudo ficou esquecido no governo dela. Não sei se com esse comportamento e com as alianças vai ter um cenário positivo. O Randolfe Rodrigues, o pré-candidato nosso, vai defender esse projeto porque está no programa do partido defender isso. E fora o Randolfe há uma possibilidade da candidatura do Aécio tratar disso por causa do FHC. Fernando Henrique é um dos caciques do PSDB e defende isso. Como vai ser para Aécio Neves, durante a campanha, ser contra a uma nova política de drogas, se o ex-presidente, do partido dele, defende a legalização? Por um lado tem isso, mas por outro o PSDB tem pendido muito pra direita, é um partido de centro-direita hoje, então pode ser que Aécio não fale dessa questão. E Eduardo Campos, pode ser que ele trate por causa da presença da Marina, que tem a Rede Sustentabilidade e de alguma maneira tem um acúmulo nessa questão da maconha e de uma nova resposta às drogas também dessa perspectiva da sustentabilidade. http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2014/04/meu-projeto-e-um-gatilho-para-um-debate-sobre-a-maconha-diz-jean-wyllys-2876.html
  20. BJL

    Enquete No Jornal O Globo

    Você é a favor da descriminalização do uso de drogas? Vamos votar galera, juntos somos fortes. http://oglobo.globo.com/ http://www2.camara.leg.br/agencia-app/resultadoEnquete/enquete/BA0D5DBE-F619-4CB4-A6FD-D3BB27E0ADEA
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