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Sociologia da maconha, hehe!


bnonatural

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  • Usuário Growroom

Sociologia da maconha...

Galera, é minha estréia no fórum e meu post não saiu direito.. Talvez pq eu tô chapado, hehe! Mas tenho acompanhado os fóruns assiduamente, apesar de não ter as minhas meninas... ainda! Gostei muito do que a galera discute e queria colocar umas indagações que eu tenho e que acho que seria legal discutir isso com vcs. Deve ter algum outro cientista social por aqui, apesar de ter percebido que tem muito jurista por aqui, ou eles se pronunciam mais, pelo menos! O interessante é todo mundo discutir essas idéias, e me contestar mesmo, se não concorda. Não só pra sociólogos, e estudiosos dessas coisas, mas pra todo mundo mesmo... Afinal de conts, acho que é isso que nos define como maconheiros: a sociabilidade!!! Então lá va a bomba...

A primeira coisa que me veio a cabeça é que comecei a pensar na maconha, e em todas as drogas ilegais e, em alguns pontos mesmo as lícitas, sendo um bem de consumo, como qualquer outro, o que acaba por criar um mercado, grande, por sinal. Alguém pode querer focar nesse ponto, sobre os valores agregados e o valor de uso e o que mais quiser, mas eu pensei em fazer um paralelo com a favela.

A favela, sob o meu ponto de vista, é um lugar onde por definição o aparato jurídico tem dificuldades pra entrar. Vou entrar nesse ponto mais tarde... O fato é que a grande maioria da favelas são conglomerados habitacionais irregulares, que não deveriam existir e, só por esse simples ato, ela já é ilegal na sua natureza. Tive que fazer uns trabalhos numa favela daqui de sp e pude tirar umas conclusões a respeito disso, que eu acho que são interessantes pra entrar na discussão. Quem mora na favela geralmente só conhece uma das facetas do Estado, que é o aparelho coercivo, a polícia (nossa grande e velha amiga...) e, via de regra, ela é menos simpática com eles do que com quem mora de fora dela.

Aliás, uma coisa me veio a cabeça agora: se a favela é ilegal, a propriedade privada que existe nela é tb irregular. Não que ela não exista, mas ela tá de alguma forma, errada. E se, tomando os devidos cuidados com essa frase, não há propriedade (de acordo com a definição liberal), qual a finalidade desse aparato coercivo? Não seria proteger a propriedade no entorno dessa favela? Então, de acordo com essa idéia, a polícia tem é que chegar com tudo lá mesmo, pq lá é caos. É claro que tem vários fatores que impedem que isso seja feito, ao menos formalmente, como os direitos humanos, tomado num sentido mais amplo (aquela declaração universal e tal...). Não entendo muito de leis, mas agradeceria se um jurista nos desse sua opinião sobre isso, certo? :)

Esse ano fui fazer uns trabalhos na favela e vi que a idéia que o senso comum tem de lá é muito errada. Apesar dessa falta de infra-estrutura de cumprimento de leis, existe uma cordialidade entre os moradores da favela que impedem o descumprimento da lei, em grande parte dos casos, pelo menos. O trânsito é um bom exemplo disso. As ruas de qualquer favela são estreitas, sinuosas e sem calçamento. Só se pode passar um carro por vez e, mesmo assim, com bastante dificuldade, pois a movimentaçao de pessoas se dá no meio da rua mesmo. Mesmo com todos esses agravantes, NINGUÉM passa sem prestar atenção se já tem outro carro no caminho. E o mais interessante, todo mundo pára pra te deixar passar se vc quiser!! Além disso, as calçadas são limpas pq todo dia alguém se dispõe a limpar a sua parte, já que gari por ali não se tem notícia. Eu tenho algumas suposições para o que gere esse tipo de coisa, mas não sei de verdade o que poderia gerar esse tipo de comportamento social regrado, já que quase não existe uma pressão do Estado para que isso seja feito, a não ser num caso mais grave, como um assassinato ou quando o tráfico estende demais suas asinhas...

Pois bem. O tráfico, com atividade ilegal altamente lucrativa, não poderia ter estabelecido suas bases em um outro lugar, já que a favela já é um lugar 'ilegal', por assim dizer. Os bens de consumo propagados pelo tráfico funcionaram como uma alavanca social a quem não tinha nenhuma perspectiva de uma vida baseada no consumo de fúteis, como é nosso caso. Ele praticamente ocupa, em algumas favelas, o lugar do Estado de regulamentador da vida social. Claro que ele não consegue ser o 'portador da moral', como o Estado, mas ele estabelece leis formais que regram a vida dos moradores e, em alguns casos, interferem em quem está de fora da favela. Quem planta apenas para nosso consumo próprio, como é o caso de vcs (e de mim qualquer dia desses), se esquiva desse esquema próprio de mercado mesmo. Mas e quem compra? Fica sujeito a financiar uma atividade ilegal que provoca danos à vida dos moradores da favela, que apesar de serem moradores irregulares, não são criminosos. São apenas pessoas humildes que não têm condições de viver em outro lugar. Descriminalizar não resolveria o problema dando condições a quem é da favela de se integrar a uma atividade lícita: deslocaria-se o foco da venda para outros lugares, como as 'casas de café', na holanda. De qualquer modo, acho que eu tô começando a passar da conta das viagens, hehe!

Mas escrevam, galera... Quero discutir isso, pois são minhas dúvidas tb... Só parecem afirmações, mas quase todas as frases poderiam ter uma interrogação ao invés de um ponto final.

Valeu a paciência de quem teve saco pra ler! Vejo vcs por aí! Um abraço,

natural

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  • Usuário Growroom

Tinha mais umas coisas que eu queria falar, mas me esqueci, hehe! Mas depois eu jogo mais idéias, se não vai me fundir a cabeça!

Ah, weed smoker, li seu texto sobre a moral e a resposta jurídica e achei muito louco... Depois a gente podia trocar umas idéias, não?

Abraços,

natural

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  • 3 months later...
  • Usuário Growroom

minha primeira participaçao nesse forum...

nao vou me prolongar , vou apenas citar algumas coisas q vinham a cabeça enquanto lia suas indagaçoes.

uma delas é q o estado, antes de mais nada, ao meu ver, é em si algo ilegal, vejo o estado como uma aberraçao social, uma doença social, e de certa forma se sustenta pelo medo, alegando q uma sociedade sem estado seria impossivel e anarquico (e escolhem mal a palavar anarquia, pois anarquia nao é desordem, e sim ordem e auto gestao)enfim o estado é a tirania.

portanto quero dizer q a favela é mais legitima q o proprio estado , pois surge da necessiade natural das pessoas se organizarem a procura do bem estar, e numa sociedade desigual como a de hj no qual é regra a exclusao social, podemos observas como resultado o efeito colateral favelas.

vc relatou q é habito anas favelas algumas pessoas varrerem as calçadas e manterem uma certa ordem de transito, bom , isso é prova da possibilidade de uma organizaçao social independente da intervençao do estado.

o trafico se beneficia da favela pelos seguintes motivos.

-pouca interferencia estatal (muitas vezes nula)

-dificil acesso ao aparato estatal de repressao

-a baixa renda dos "favelados" facilitando a formaçao de um grande contigente a serviço do trafico

- etc.

a discriminalizaçao do consumo e do plantio da maconha livraria muitos usuarios e a propria erva das teias do trafico, e com toda certeza desarticularia boa parte da estrutura do narcotrafico.

vem tambem a possibbilidade de legalizar todas as drogas , mas junto vem a possibilidade do governo passar a distrubuir as drogas e tratar o viciado como alguem q precisa de cuidados medicos e nao cadeia

é isso

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  • Usuário Growroom

Sejam bem vindos, pirataverde e bnonatural.

Estamos mesmo precisando de gente que se interesse em fomentar a discussão nestes boards que são menos atrativos para a maioria dos usuários.

Quanto ao assunto do tópico, eu acrescentaria que o Crime só existe porque existe a Lei.

E quem nos perguntou sobre os nossos interesses na hora de fazer as leis?

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  • 3 weeks later...
  • Usuário Growroom

ô, pirataverde...

Pode crer, cara! Bom ter alguém interessado nesse tipo de coisa tb, hehehe!

Então... Eu concordo em partes com as teorias anarquistas e tal. Em tese, acho que eu até poderia me considerar um anarquista, mesmo que menos fervoroso, hehe! Eu concordo com a não-necessidade do Estado como regulador das relações sociais, seja qual for o nível. O Estado não é algo de natural. É apenas uma construção social de algumas sociedades como forma de organização política, como é o caso da nossa. Mas nada significa que ela sirva pra alguma coisa de bom, hehe! Mas o lance é que essa é uma análise bem superficial de uma situação que se arpoxime da prática. E, na prática, a grande maioria dos Estados Nacionais atuais têm uma pauta liberal, ou neoliberal, sei lá... E eu pensei só nessa concepção, mas é interessante pensar em todas essas coisas em mais de uma definição de Estado...

E eu tb concordo com vc nos motivos que o´tráfico teria pra usar a favela como meio de propagação e distribuição. Por esse motivo e muitos mais é que eu defendo a descriminalização da maconha e o plantio caseiro, velho. Não só desarticularia o tráfico, mas boa parte da corrupção que rola solta por aí. Acho que o problema das drogas é mais um problema de saúde pública (para os que passam da conta, hehe!) do que criminal, e o Estado, que é real, tem que parar de dar as costas a isso...

Pois é, mmonteiro, hehehe! Mas, como a gente tá numa democracia, quem faz as leis é a maioria, né? Então é nosso papel, maconheiros (ou seja lá como qualquer um se chama), divulgar informações sérias e verdadeiras sobre nosso grandioso hábito, hehhee!!

Abraços!

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  • Usuário Growroom

Essa parada é dificil de resolver, pois o sistema todo em si não funciona como nosso colega disse a favela por si só é ilegal, não só ilegal como imoral, pessoas sem ter onde morar por uma falta do estado, a de não fornecer educação aos seus cidadões, que por sua vez se reproduzem em grande escala sem nem se preocupar com isso, isso gera uma explosão populacional e novamente o estado não faz seu papel, e aonde esta nova leva de cidadões vai morar, não importava por governo até eles cmeçarem a encher o saco com o crime organizado, trafico e outras coisas, e agora para legalizarmos NÓS temos que resolver esta pendenga.

Os três pilares da incerteza:

1. O óbvio me é obscuro

2. A essência me escapa

3. A única certeza que tenho é que não tenho certeza alguma

Inteligência é chato; traz angustia, com seus labirintos. Inteligência nos desampara; burrice consola, explica. O bom asno é bem-vindo, enquanto o inteligente é olhado de esguelha. Na burrice, não há duvidas. A burrice não tem fraturas. A burrice alivia - o erro é sempre do outro. A burrice dá mais ibope, é mais fácil de entender. A burrice até dá mais dinheiro; é mais “comercial”. A burrice ativa parece até uma forma perversa de “liberdade”. A burrice é a ignorância ativa, a burrice é a ignorância com fome de sentido. O problema é que a burrice no poder chama-se “fascismo”. Arnaldo Jabor

Albert Einstein: "Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana."

"Deus é o Asilo da Ignorância." Baruch Spinoza, filósofo Alemão-Judeu

“A humanidade só será livre quando o último capitalista for enforcado com as tripas do último burocrata”

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  • Usuário Growroom

É isso aí, Anjo caído! Se não quer discutir, guedzillaz, sai de mansinho. Tem tantos outros threads por aí que vc acaba achando um que vc goste, sem ter a necessidade de desrespeitar ninguém...

Voltando ao assunto... Eu tenho uma idéia um pouco diferente da tua, anjo caído, apesar de concordar com o que vc disse. O que eu acho é que o tráfico é alguma coisa 'externa' ao ambiente da favela. Não é a favela que cria o crime organizado, mas é ele quem se aproveita de um ambiente favorável à esse tipo de atividade e se instala ali. É claro que não é tão simples assim, como vc mesmo disse... Esse lance da explosão populacional rola mesmo, e isso realmente faz com que o Estado fique sem reação. Mas o que eu acho mesmo é que, de alguma forma, a condição da favela (e do tráfico tb) pressiona o Estado em duas frentes opostas, tipo um cabo de guerra, hehe. De um lado vc tem a situação de a favela ser ilegal por princípio e não constituir 'propriedade' de fato, o que faz com que o Estado queira se isentar da sua parcela de responsabilidade excluindo os caras que vivem lá, educacionalmente, sanitariamente, etc. De outro lado vc tem o reconhecimento da política dos direitos humanos, que reconhece os habitantes da favela como quaisquer outros cidadãos brasileiros, com direitos e deveres, o que faz exatamente o contrário: que o Estado seja obrigado a também a zelar pelos pobres.

Aí eu acho que essa pressão em lados opostos acaba por anular um pouco o papel do Estado dentro de uma favela, e é aí que o crime organizado se infiltra. Ele preenche o papel que um Estado deveria ter. Ele tem um aparelho de coerção, tem uma certa burocracia, é altamente hierárquico... Só que ele assume a condição de um Estado totalitário, autoritário mesmo. O pq disso eu acho que é a própria exclusão social; os caras ficam sempre à margem da sociedade que talvez isso gere um sentimento de raiva, o que faz com que ele reforce os laços pessoais com pessoas de dentro da própria organização. E tomar conta da comunidade fica ainda mais fácil quando se tem laços pessoais (mesmo que mínimos) e um fuzil na mão...

É isso, hehe! Um abraço!

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  • Usuário Growroom

Concordo com você bnonatural

Este foi o intuito num ambiente onde o estado não é representado por ninguém ,normal eles criarem este poder paralelo, acredito que ai o crime organizado se instalou nesta brecha não acredito que a favela por si só seja mau, mas esta falta de representatividade do estado dentro dela daartida para o que tu falaste criasse um controle paralelo e é deste controle paralelo que o crime organizado tomou conta afinal eles tem rios de dinheiro e um aparato de coerção fisica e psicológica bem mais forte que qualquer um de nossos estados, e dai vem este grande controle, ao meu ver a saída para este impasse seria a instrumentalização do estado dentro das favelas para que com isso o povo da favela podesse ter uma alternativa ao estado que o tráfico representa. Isto primariamente, pois só isto em si não acabaria com o crime, mas ajudaria não só o mproprio estado a controlar melhor sua população, como a população a acreditar que o estado pode vir a funcionar bem também para elas tirando assim este "argumento" do trafico que mesmo que o trafico não argumente esta implicito na raiz deste problema.

E uma solução mais ampla seria uma grande reforma educacional em nosso pais, pois este metodo hoje aplicado que não nos ensina a pluralidade, só tenta nos fazer acreditar que as coisas são como são e que não podemos fazer nada para mudar, este ao meu ver ainda é o maior problema á enfrentar.

"Menos de 5 % dos caras do local, são dedicados á alguma atividade marginal e impressionam quando aparecem no jornal tapando a cara com trapos com uma UZI na mão..."

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