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Comunicado Da Agência Da Ue De Informação Sobre Droga (oedt)


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  • Usuário Growroom

Observatório Europeu da Droga e da Toxidependência

COMUNICADO da agência da UE de informação sobre droga (OEDT)

26 DE JUNHO: DIA INTERNACIONAL CONTRA O ABUSO E O TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS

A agência da UE de informação sobre droga publica obra de referência sobre a cannabis

(EMBARGO 00:01 CET 26.6.2008, LISBOA) Fumada, ingerida, absorvida — ou apenas motivo de conversa — afigura-se que o mundo tem um forte apetite pela cannabis. Estima-se que um em cada cinco adultos europeus já a tenha experimentado, pelo menos uma vez. Mais de 13 milhões de europeus consumiram﷓na no último mês. A nível mundial, são anualmente produzidas para consumo quase 50 000 toneladas de cannabis herbácea ou resina de cannabis. Não é de estranhar, portanto, que a cannabis se tenha tornado um fenómeno cultural controverso.

No Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, a cannabis ocupa um lugar de destaque com a publicação pela agência da UE de informação sobre droga (OEDT) da sua mais ampla monografia científica até à data: Uma leitura sobre a cannabis: questões globais e experiências locais — Perspectivas sobre as controvérsias a respeito da cannabis, o seu tratamento e a sua regulamentação na Europa. Ao longo de mais de 700 páginas, eminentes especialistas europeus fornecem informações fundamentadas sobre vários temas relacionados com a cannabis: desde a evolução política, legislativa, económica e social à prevenção, tratamento e cuidados de saúde.

“Embora a cannabis seja a droga ilícita mais consumida na Europa, pode também constituir um factor de grande controvérsia, dando origem a frequentes debates entre os responsáveis políticos, os cientistas, os investigadores, as autoridades responsáveis pela aplicação da lei, os profissionais desta área e os cidadãos. Consequentemente, o público vê-se diariamente confrontado com uma torrente de informações sobre a cannabis — algumas delas bem fundamentadas, outras promocionais e, por vezes, enganadoras. Esta monografia foi concebida como um guia fiável de referência sobre este assunto de carácter complexo, contribuindo deste modo para a investigação, o debate e a tomada de decisões políticas”, afirma o Director do OEDT, Wolfgang Götz.

Legislação sobre a cannabis: o regresso das políticas restritivas em alguns países

Nos últimos anos, vários países europeus introduziram alterações substanciais às leis relacionadas com as drogas em geral, ou especificamente com a cannabis. Por exemplo, Portugal descriminalizou o consumo de drogas em 2000; no Luxemburgo, em 2001, o consumo e posse de cannabis passaram a ser punidos com multa e não com pena de prisão; e, em 2004, o Reino Unido procedeu à reclassificação da cannabis, que passou de uma droga da classe B para uma droga da classe C (1). Existe uma grande variedade de leis e de procedimentos sobre a cannabis nos Estados﷓Membros da UE, uns mais rigorosos do que outros.

Esta monografia descreve as preocupações manifestadas, sobretudo a nível da ONU, quanto à possibilidade da adopção de uma posição mais tolerante face à cannabis colocar em risco o esforço internacional global contra as drogas. Além disso, acompanha a evolução recente em alguns países onde a balança pende novamente a favor de medidas mais restritivas (ver secção: “Policies, legislation and control strategies”).

A Dinamarca, por exemplo, onde a posse de cannabis para consumo pessoal era punida com um mera advertência desde a década de 1970, passou a aplicar multas aos infractores desde 2004 (nesse ano, as autoridades fecharam o mercado de cannabis ao ar livre situado na zona de Christiania em Copenhaga). Nos Países Baixos, onde uma posição mais dura em relação aos “coffee shops” levou ao encerramento de mais de metade destes estabelecimentos entre meados da década de 1990 e 2004 (passando de aproximadamente 1 500 para 700), o Governo adoptou um plano de acção para prevenir, entre outros, o consumo problemático de cannabis (2004). Também na Itália, uma nova lei aprovada em 2006 eliminou a anterior distinção entre a cannabis e outras drogas, alegando que todas as drogas são perigosas. Por seu lado, o Governo do Reino Unido anunciou, em Maio de 2008, a sua intenção de pedir ao Parlamento britânico para reclassificar a cannabis da classe C para a classe B (nos termos do “Misuse of Drugs Act 1971”).

“Assiste-se a uma preocupação crescente a nível internacional e nacional”, afirmam os especialistas. Esta situação poderá ficar a dever-se, entre outros factores, aos recentes relatórios sobre variedades mais fortes de cannabis herbácea e ao aumento dos pedidos de tratamento por consumo de cannabis. Em 2005, mais de um quarto (29%) dos novos pedidos de tratamento estavam relacionados com o consumo de cannabis. Estima﷓se que cerca de 3 milhões de europeus consomem cannabis diariamente ou quase diariamente.

Potência: um quadro ambíguo

“Em termos globais, a potência conhecida da cannabis não aumentou drasticamente na Europa nos últimos anos”, não obstante alguns relatórios alarmistas afirmarem o contrário, os especialistas afirmam (ver secção: “Supply and production issues”). O teor de Δ9-tetra-hidrocanabinol (THC) da cannabis herbácea e da resina de cannabis importada para a Europa manteve﷓se relativamente estável ao longo da última década, sendo a potência média de cerca de 5 %.

“Mas tal não significa que a potência da cannabis não seja motivo de preocupação”, acrescentam os especialistas. Claramente, o que mudou na Europa desde o início da década de 1990 foi o aparecimento de cannabis herbácea de elevada potência, produzida a nível doméstico através de técnicas de cultivo intensivo, atingindo frequentemente potências superiores a 12% (por ex., “sinsemilla”/ gíria = “skunk”; “nederwiet”). A “sinsemilla” de produção doméstica, geralmente mais forte do que a cannabis herbácea importada, constitui agora aproximadamente metade do respectivo mercado na Irlanda, a maior parte desse mercado nos Países Baixos e quase a sua totalidade no Reino Unido.

Embora os meios de comunicação social tenham tendência para se concentrar nos casos de elevada potência, esta monografia destaca a “grande diversidade da potência conhecida da cannabis” na Europa. A potência pode variar entre diferentes produtos da cannabis (herbácea, resina, óleo), entre diferentes amostras ou até dentro da mesma amostra. Segundo o estudo: “Os dados provenientes da Europa não confirmam a ideia generalizada de que a potência da cannabis é agora 10 ou mais vezes superior ao que era no passado”.

Efeitos sobre a saúde: uma nova área científica

A cannabis tem sido associada a diversos efeitos físicos e psicológicos adversos sobre a saúde e surgem regularmente novos estudos que parecem alargar a base de conhecimentos. No entanto “é prematuro retirar conclusões definitivas sobre diversos problemas de saúde de longa duração associados ao consumo de cannabis”, afirmam os especialistas (ver secção: “Health effects of cannabis use”).

Os analistas deparam-se com diversos obstáculos: a ausência de um produto normalizado (diferentes tipos, potência); diferentes modos de consumo (cachimbo de água, vaporizador) e a diferente intensidade e frequência do consumo. A cannabis é também geralmente consumida em conjunto com álcool e tabaco, o que dificulta a identificação dos efeitos de cada uma das substâncias. Além disso, os principais consumidores desta droga são jovens saudáveis e a escassez de estudos sobre consumidores de cannabis mais velhos dificulta a determinação dos efeitos da droga a longo prazo. No entanto, é possível identificar alguns problemas de saúde, tais como ligações entre o consumo de cannabis e doenças respiratórias.

Para além dos riscos que a cannabis pode representar para a saúde, colocam-se também algumas questões de saúde pública de âmbito mais vasto. Entre elas figuram os riscos secundários para a saúde, tais como o papel que a substância desempenha nos acidentes rodoviários. Por exemplo, em França, um estudo publicado em 2005 estimou que, de entre os 6 000 acidentes de viação fatais registados anualmente, a cannabis era responsável por mais 230 mortes. Os países reagiram ao mais alto nível aos possíveis riscos colocados pelo consumo de drogas psicoactivas associado à condução, tendo muitos deles aprovado leis mais rigorosas, reforçado as penas aplicáveis ou alterado as estratégias nacionais para responder ao problema.

Prevenção do consumo de cannabis

Os especialistas afirmam que são poucos os programas de prevenção na UE que visam especificamente a cannabis. “A prevenção do consumo de cannabis na Europa decorre num cenário vasto e diversificado”, tendo geralmente lugar no contexto de actividades de informação mais vastas que visam comportamentos relacionados, tais como o consumo de álcool e tabaco, ou a promoção de estilos de vida mais saudáveis. “A Europa tem vindo a substituir as intervenções que dividem substâncias lícitas e ilícitas por uma abordagem baseada em riscos relativos e drogas complementares”, diz o relatório (ver secção: “Prevention and treatment”).

Aqueles que consomem cannabis ocasionalmente e aqueles que a consomem frequentemente ou intensivamente podem ser afectados por problemas muito diferentes, que exigem abordagens de prevenção distintas. “São cada vez mais os programas de prevenção na Europa que prevêem componentes dedicadas à cannabis, a fim de dar resposta a estas necessidades específicas”, afirma o relatório. Os especialistas em epidemiologia estudam de que modo se procede actualmente ao rastreio das populações de consumidores de cannabis, para identificar os consumidores intensivos cujos padrões de consumo os poderão expor a maiores riscos.

Hoje, o Presidente do Conselho de Administração do OEDT, Marcel Reimen, comentou: “Esta monografia realça o facto de a cannabis não ser apenas uma substância estática, imutável, mas sim um produto dinâmico, sujeito a uma evolução gradual no que respeita à potência, à prevalência e às técnicas de cultivo. Embora os padrões de consumo continuem a ser, em grande parte, ocasionais, existem indícios de um consumo mais intensivo que suscitam questões sobre futuros problemas sociais e de saúde. O OEDT e os Estados﷓Membros responderam com iniciativas destinadas a melhorar a monitorização deste consumo intensivo em toda a Europa, a fim de melhorar a compreensão da questão e o planeamento de respostas”.

Notas:

(1) http://www.homeoffice.gov.uk/drugs/drugs-law/Class-a-b-c/

http://www.homeoffice.gov.uk/drugs/drugs-l...eclassification

Uma leitura sobre a cannabis: questões globais e experiências locais — Perspectivas sobre as controvérsias a respeito da cannabis, o seu tratamento e a sua regulamentação na Europa (A cannabis reader: global issues and local experiences — Perspectives on cannabis controversies, treatment and regulation in Europe), Monografia n.º 8 do OEDT. http://www.emcdda.europa.eu/publications/monographs

Uma brochura sobre a monografia em inglês: http://www.emcdda.europa.eu/publications/brochures

Um resumo em 24 línguas: http://www.emcdda.europa.eu/publications/m...nabis/summaries

Comunicado em DE, EN, FR, PT: http://www.emcdda.europa.eu/about/press/news-releases/2008

EMCDDA publications database: http://www.emcdda.europa.eu/publications

O OEDT assinala este Dia Internacional com um evento de sensibilização dirigido à comunidade diplomática de Lisboa e às autoridades portuguesas suas parceiras, que conta com a participação do Secretário de Estado da Saúde, Dr. Manuel Pizarro. O Gabinete das Nações Unidas para o Controlo da Droga e Prevenção do Crime (UNODC) lançará o seu Relatório Mundial sobre a Droga 2008 em 26 de Junho.

Fonte: http://www.emcdda.europa.eu/about/press/news-releases/2008

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  • Usuário Growroom

Não consegui ler tudo detalhadamente, de noite vou ler com mais calma,

MAS

uma coisa me chamou a atenção...a questão é: DIA INTERNACIONAL CONTRA O ABUSO E O TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS e não do uso em si... do uso moderado, esporádico e consciente...

Por que continuar com essa hipocrisia???

crime hediondo é corrupção, preconceito, pedofilia, assassinato :raiva: ... isso pra mim é um crime inafiançável...

Considerando que o mundo vem amadurecendo bastante para essa questão e buscando um diálogo baseado em argumentos mais cientificos do que fictícios, acho que poderemos ter um pouco de esperança, de que em menos de 10 anos poderemos ter nossas plantinhas na varanda e não teremos que nos preocupar com incensos, bom ar, colirios ou chicletes para podermos difarçar dos caretas...

Pena que sofremos mais influencia americana do que europeia... :(

B)

valewz

peace

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  • Usuário Growroom

Essa monografia é interessante mas tem alguns "erros":

1º - O uso de cannabis nunca aumentou o indice de acidentes.

2º - A planta Cannabis já é usada a mais de 10 mil anos, quer maior prova dos beneficios que isso?

3º - Eles falam em assistência mas não acredito que nenhuma maconheiro não seja capaz de dar um tempo parar sem maiores problemas, até mesmo porque é uma guerra psicologica travada em entre você mesmo, só basta um pouco de força de vontade nada mais, não é como heroina que se o cara deixa de usar do dia pra noite pode até morrer.

Fora isso é um estudo bem pro lado da redução de danos bem diferente da idéia dos norte-americanos de combate.

E vamos nós rumo a legalização!!!

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  • Usuário Growroom

Permita-me colocar um post sobre o dia da guerra às drogas (ontem).

Dia Internacional de Combate às Drogas. Fracasso

Neste 2008, o destaque a marcar o dia internacional de combate às drogas proibidas vem da Indonésia, com o silêncio da agência de drogas da ONU. Para comemor o dia de combate às drogas, o governo da Indonésia anunciou o fuzilamento, em Jacarta, de dois nigerianos, condenados por tráfico internacional de drogas.

Pelo mundo, o “Dia Internacional de Combate ao Abuso e ao Tráfico Ilícito de Drogas”, criado pelas Nações Unidas, quase passa despercebido. Não é para menos. As convenções faliram. Prova disso é que ainda está em vigor a de 1961, celebrada em Nova York e que adotou a matriz norte-americana da “war on drugs”. A propósito marco-se o prazo de 25 anos para a de erradicação dos cultivos: o prazo, contado a partir de 1964, terminou em 1989. Neste 2008, o destaque a marcar o dia internacional de combate às drogas proibidas vem da Indonésia. Para comemorá-lo, o governo anunciou o fuzilamento de dois nigerianos, condenados por tráfico internacional de drogas. Os nigerianos foram presos em 2001 no aeroporto de Jacarta na posse de quase três quilos de heroína. Sobre tal barbárie, a ONU, que recentemente promoveu uma moratória para a pena de morte, silenciou. E sua agência, -- o escritório das Nações Unidascontra Drogas e Crimes (UNODC)--, limitou-se a apresentar o Relatório Anual sobre Drogas, que totaliza dados informativos enviados pelos estados-membros. Ou seja, a UNODC não levanta dados, apenas os recebe. O relatório chapa-branca da UNODC vem sempre acompanhado de um comentário do chefe da agência, o italiano Antonio Maria Costa. Costa dirige uma desprestigiada e quebrada agência, posta a reboque financeiro e ideológico do pensamento governamental norte-americado, que faz doações em dinheiro para que não feche as portas. A longa gestão de Costa vem sendo marcada pela submissão à linha política dos EUA, que insistem na sua “war on drugs”, a torná-los campeões mundiais de consumo. Além disso, Costa é visto como aquele que propôs aos estados-membros, nas escolas, a submissão de crianças e adolescentes a processos contiados de testagens. Assim, colocou todos os estudantes do planeta sob suspeita de consumidores de drogas.

Todos os anos, nos dia de 26 de junho, Costa costuma, além de obviedadese alertas, abrir caminhos para acontinuação de intervenções norte-americanas, mascaradas de cooperação internacional. Este ano, ele alerta para o aumento do plantio de coca na América do Sul. Esquece de criticar o Plan Colômbia, de fracasso completo, e de apresentar soluções concretas. Para Costa, que já escreveu que o problema do Brasil é com o elevado consumo de drogas para emagrecimento e nenhum problema com a demanda à cocaína, o controle internacional “está sob ameaça”, em face do aumentos dos plantios da coca e de papoula, da qual se extrai o ópio e se prepara a heroína. Uma velha ameaça que a Unodc não contribui para debelar, pois, na região andina, a oferta de matéria-prima (folha de coca) sempre foi suficiente para atender a demanda. Por último, Costa está a dever os dados e as fórmulas empregadas para calcular os aumentos. Como já está no por vários mandatos, deveria falar sobre a sua parcela de responsabilidade, quando não é capaz nem de promover uma reforma nas convenções. --Wálter Fanganiello Maierovitch--

fonte: http://www.ibgf.org.br/

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