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Serra = Dr. Laranjeira


Picax

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  • Consultores Jurídicos GR

encerrando minha participação aqui, eu acho que valeu pelo que foi levantado e fomentou a discussão. ótimo! mostra que maconheiro não é o que a sociedade pensa que nós somos. o estereótipo e o preconceito que a sociedade tem, não passam disso, estereótipo e preconceito.

a tentativa de fazer pensar, só vale mesmo pros indecisos, já que burro velho (inclusive eu), não sai da trilha.

o que está em jogo no momento, são dois sistemas de governo. de um lado, a ditadura comunista. do outro, a democracia.

nos paises que adotaram o comunismo, em nenhum desses países se adotou a LIBERDADE, muito menos a DEMOCRACIA. fato!

na China, se tú for pego com um beck na rua, o que tú ganha é uma 5,56 na nuca, e sua família, que não tem grana, ainda tem que pagar o custo da execução.

os paraísos comunistas do planeta, que cabem em apenas UMA ÚNICA MÃO: Cuba, China, Bolívia, Venezuela e Coréia do Norte, em nenhum deles a maconha foi legalizada. NENHUM DELES! e com os atuais dominantes desses países, NUNCA, eu disse NUNCA, vai ser. e o pior é quem nem substituir os comandantes vc pode! NÃO SE DEIXE LEVAR POR UMA ILUSÃO!

não se deixe levar por quem se apropria das idéias e do trabalho do outro. quem já teve uma idéia/trabalho roubados, sabe do que estou falando. e o partido que quer se perpetuar do poder, é mestre nisso!

a QUADRILHA, e eu digo com todas as letras, a quadrilha que se instalou no poder, a custa da ignorância dos menos favorecidos, teve oito anos pra melhorar o que dizem eles que o governo anterior fez ou deixou de fazer, e não fizeram NADA. como eu disse, vermelho é incompetente por natureza.

aeroportos, portos, estradas, infraestrutura em geral, não mudou nada. aliás, ficou bem pior do que era antes. basta lembrar do caos áereo da relaxa-e-goza. do apagão elétrico causado por raios, como disse na época, a porta que era ministra das minas e energia, que por coincidência era quem mesmo? ah! A Dilma! (raios? vento? chuva? KKKKKKKKKKKKK), e do sucateamento geral.

não adianta alcançar recordes de produção, se vc não tem como escoar, e se seu custo de escoamento é maior do que o dos seus concorrentes.

esse papo furado de entreguismo, de que a Petrobrás é nossa, a Vale é nossa, a CSN é nossa, é o caralho! isso é só papo furado de vagabundo sindicalista que como todos os outros sindicalistas, não trabalha pra ir fazer piquete em porta de fábrica, à custa dos empregos dos outros, já que sindicalista só pode ser demitido por justa causa. empresa estatal, só serve como moeda de troca entre partidos, e pra gerar renda do dízimo da cumpanherada! é pra isso que elas servem!

bom mesmo é a grandeza de um rei árabe lá no oriente médio, que divide os lucros da exportação de petróleo com todos os seus súditos! NÃO HÁ IMPOSTOS PARA OS RESIDENTES! NENHUM IMPOSTO! (esquecí o nome do país. maconheiro é foda! :rolljoint: ) ESSE, SIM! é um tipo de socialismo que certamente levaria meu voto!

a Petrobrás é nossa, e por isso a gente paga os combustíveis mais caros do planeta! sem citar que em dez anos, do jeito que caminham as pesquisas, combustíveis fósseis serão banidos do planeta, ou seja, quem tem, vai ter que beber tudo, porque não vai servir pra nada. até agora, a única discussão que saiu disso, foi como se vai distribuir o butim, já que nenhuma gota foi retirada desses poços. e outra, diferente do que o supremo apedeuta diz, o petróleo já estava lá a milhões de anos, só foi descoberto agora, como seria descoberto em qualquer outro governo que estivesse no comando. o Brasil não foi descoberto pelo falastrão analfabeto. hoje esses canalhas colhem o que o Itamar/FHC plantaram, e não tem sequer a hombridade de reconhecer isso! a soberba do cara que se vangloria em ser um analfabeto fala muito mais alto!

diferente de uns e outros, eu não sou filiado a partido político nenhum, a não ser, o meu mesmo. não sou pago pra ficar fazendo campanha política em fóruns, pra vagabundos que sequer merecem o valor que o meu voto tem! as bobagens que eu digo, sou eu mesmo quem patrocina.

esquece esse papo de ditadura cara! a ditadura já acabou. ficou lá pra trás e muitos de vcs nem estavam vivos nessa época. eu estava lá, e não foi tão ruim assim, pelo menos pra mim que me preocupava mais com o meu futuro e em estudar, do que implantar uma ditadura comunista no Brasil. mas, quem entra na chuva é pra se queimar, e sabe o risco que corre. hoje eu sei que fiz a escolha certa. se bem que nem tanto, se eu fosse esperto, hoje eu poderia processar o estado por uma coisa que eu mesmo resolví fazer, e levantar uns milhõezinhos às SUAS custas! sei lá...

essa escória que dizia que lutava pela democracia e por vc, lutava O CARALHO! eles lutavam era por eles mesmos e pelas mordomias eternas que pertencer a elite do partido iria trazer!

é isso aí! a letra tá aí. e pro bem do Brasil e a garantia da sua LIBERDADE, vote no SERRA! SERRA 45.

ao contrário do que diz o Tiririca, a coisa pode ficar muito pior sim, basta querer!

fogo na bomba e abraços. fogo na bomba antes que nos enfiem uma 5,56 na nuca! ah! lembrando que é a sua família quem vai pagar a bala! :rastabannab::smokeabowl:

mas o que eu queria saber de fato, é por que que o PT se chama Partido dos Trabalhadores, já que nenhum dos caras que se servem dele, não trabalham! essa é só uma dúvida minha, mesmo. :rasta2bigsmoke0gf::335968164-hippy2:

Em vez de escrever tanto, poderia falar assim: eu leio Diogo Mainardi, ouço Arnaldo Jabour e acredito em tudo o que eles dizem!

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  • Usuário Growroom

Meu Deus chama sindicalista de vagabundo foi o fim mesmo, se não fosse essa classe que depois do AI5 levou 10 anos para poder fazer uma nova greve a greve da Scania em 1978,que foi o primeiro passo para greve geral dos anos seguintes os rumos políticos seriam bem diferente, quem sabe não estariamos nem fazendo essa discução pois não teriamos nem direito a voto, greve é a arma do trabalhador contra o abuso dos patrões, sei que tem muito aproveitador infiltrado pelos sindicatos e partidos políticos mas generalizar dessa forma é agir como os preconceituosos que generaliza como vagabundos quem faz uso da maconha. E a respeito do tema é como diz o "ditado me diga com quem andas que direis quem tu és".SERRA=Laranjada. só por isso é motivo suficiente para votar na Dilma.

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  • Usuário Growroom

Mas sabem que eu enchergo no fato de possuirmos no growroom e no movimento cannabico em geral correntes de pensamento politico opostas algo positivo?

Ninguem pode acusar um movimento que conta com o "apoio" do FHC e do Plinio Sampaio, ao mesmo tempo, de ser um movimento politico e partidario.

Acho que assumir a bandeira de que somos um movimento civil e apartidario de reinvidicacao de direito eh uma estrategia interessante. Ter dialogo e entrada em diferentes grupos eh importantissimo pra qualquer minoria que se queira fazer ouvida...

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  • Usuário Growroom

Estava me sentindo muito em minoria nesses últimos dias com a campanha pelo "voto útil" em Dilma Rouseff aumentando a cada dia...:mellow:

Aumentou em vários setores, cresceu entre conhecidos, parentes e amigos meus.

Me cutuquei várias vezes tentando entender pq não votar em Dilma, já que eu desajaria derrotar Serra também. Acho que um dos sentimentos que pode responder a isso é o de que nos últimos oito anos o PT e governo abraçaram o capitalismo, feriram coisas muito delicadas, cometeram falhas graves por isso, o que eu acho péssimo, triste e preocupante, deixando de ser confiável na tarefa de mudar muitas coisas.

Muita gente sabe disso, mas um bonito discurso que aparece tb é de que não é possível uma política de ruptura mais profunda com esse sistema, e vai justificando e esgotando o problema...

Eu não concordo. Acho que tb não tenho gostado muito de quem reforça esse tipo de idéia, ao contrário, fico muito alegre quando percebo um movimento que ajuda a incendiar os ânimos, inflamar a esperança, mexer na sensibilidade, e combater a perigosa ilusão de que está tudo uma beleza. As pessoas ( e aí estou me referindo aos pensamentos de transformação) diante da dominação capitalista, perdem expectativas elevadas, não acreditam senão em reformas nos limites da ordem existente. "Não acreditam que é possível porque perderam a confiança em si mesmos, portanto, na força de qualquer "luta". blush.gif

Que Dilma e Serra são diferentes é claro que é verdade, mas o discurso sobre a dicotomia política entre eles, baseado nas privatizações, ou sobre as políticas assistencialistas, ou sobre a repressão às lutas operárias e populares, ou até sobre a aliança com Laranjeiras e Malafaias justificam o voto em Dilma para muitos, e pode até fazer sentido, mas passa longe de tocar o âmago.-_-

Eu honestamente não gostaria de reduzir tudo apenas a esses parâmetros. "Não preciso escolher o mal menor. Se pode votar nulo. E esse deveria ser um bom critério!" :)

Eu espero e acho essencial que eles se sensibilizem logo em relação a uma nova visão quanto a maconha e as drogas aqui no Brasil, mas acho que isso acontecendo é resposta a uma séria mobilização, partindo de muitos lugares, que levará a isso, do que por uma atitude política deles, e portanto eu comemoraria e até agradeceria, mas continuaria tentando preservar a liberdade...:Pothead:

Como ando precisando de referências pra pensar e amadurecer isso tudo, ontem aqui na internet me deparei com uma Carta do jornalista José Arbex ao jornal Brasil de Fato, rompendo com o jornal pelo fato de terem assumido apoio a Dilma. Criei um tópico compartilhando muito do que falei aqui e postei a Carta, mas até agora o tópico não foi liberado. Talvez se torne até repetitivo com esse post aqui. Mas eu queria muito partilhar com o Growroom um pouco disso. O Growroom é um espaço que festejo e respeito muito!

Que os horizontes fiquem vastos! E a perseverança se fortaleça! :rolleyes:

Abraços Growroom!!!

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Estava me sentindo muito em minoria nesses últimos dias com a campanha pelo "voto útil" em Dilma Rouseff aumentando a cada dia...:mellow:

Aumentou em vários setores, cresceu entre conhecidos, parentes e amigos meus.

Me cutuquei várias vezes tentando entender pq não votar em Dilma, já que eu desajaria derrotar Serra também. Acho que um dos sentimentos que pode responder a isso é o de que nos últimos oito anos o PT e governo abraçaram o capitalismo, feriram coisas muito delicadas, cometeram falhas graves por isso, o que eu acho péssimo, triste e preocupante, deixando de ser confiável na tarefa de mudar muitas coisas.

Muita gente sabe disso, mas um bonito discurso que aparece tb é de que não é possível uma política de ruptura mais profunda com esse sistema, e vai justificando e esgotando o problema...

Eu não concordo. Acho que tb não tenho gostado muito de quem reforça esse tipo de idéia, ao contrário, fico muito alegre quando percebo um movimento que ajuda a incendiar os ânimos, inflamar a esperança, mexer na sensibilidade, e combater a perigosa ilusão de que está tudo uma beleza. As pessoas ( e aí estou me referindo aos pensamentos de transformação) diante da dominação capitalista, perdem expectativas elevadas, não acreditam senão em reformas nos limites da ordem existente. "Não acreditam que é possível porque perderam a confiança em si mesmos, portanto, na força de qualquer "luta". blush.gif

Que Dilma e Serra são diferentes é claro que é verdade, mas o discurso sobre a dicotomia política entre eles, baseado nas privatizações, ou sobre as políticas assistencialistas, ou sobre a repressão às lutas operárias e populares, ou até sobre a relação internacional com os EUA e as outras potências imperialistas justificam o voto em Dilma para muitos, e pode ser comovente, mas passa longe de tocar o âmago.-_-

Eu honestamente não gostaria de reduzir tudo apenas a esses parâmetros. "Não preciso escolher o mal menor. Se pode votar nulo. E esse deveria ser um bom critério!" :)

Eu espero e acho essencial que eles se sensibilizem logo em relação a uma nova visão quanto a maconha e as drogas aqui no Brasil, mas acho que isso acontecendo é resposta a uma séria mobilização, partindo de muitos lugares, que levará a isso, do que por uma atitude política deles, e portanto eu comemoraria e até agradeceria, mas continuaria tentando preservar a liberdade...:Pothead:

Como ando precisando de referências pra pensar e amadurecer isso tudo, ontem aqui na internet me deparei com uma Carta do jornalista José Arbex ao jornal Brasil de Fato, rompendo com o jornal pelo fato de terem assumido apoio a Dilma. Criei um tópico compartilhando muito do que falei aqui e postei a Carta, mas até agora o tópico não foi liberado. Talvez se torne até repetitivo com esse post aqui. Mas eu queria muito partilhar com o Growroom um pouco disso. O Growroom é um espaço que festejo e respeito muito!

Que os horizontes fiquem vastos! E a perseverança se fortaleça! :rolleyes:

Abraços Growroom!!!

Excelente esclarecimento de posicionamento, pena que teu partido (PSOL) tambem não teve toda essa coerencia, quando votou junto com o PFL/DEMO só pra dizer que era oposição, sendo contra o ProUni, que hoje dá condições a inumeros militantes do PSOL e dos outros partidos de estudar em uma universidade; tambem quando votou contra a manutenção da CPMF com a aliquota ridicula de 0,005% que não tira mais que centavos do bolso das pessoas e foi o instrumento mais utilizado pela PF para combater a lavagem de dinheiro.

Nem tanto ao Ceu, nem tanto ao Inferno...

O PSOL é um partido necessário e na grandiosa maioria das vezes coerente, mas nunca será a unica solução, tampouco tera papel hegemonico na politica nacional. (by polvo paul - in memorian)

porra... a china é o ultimo dos capitalistas verdadeiro....

os cara tao numa crescente fudida, e la vale tudo pelo desenvolvimento... q se foda os trabalhadores...

a china é comunista assim como eu sou abstinente...

Essa é a primeira vez que concordo com o Canadense em políticarasta2bigsmoke0gf.gif

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  • Usuário Growroom

Mas sabem que eu enchergo no fato de possuirmos no growroom e no movimento cannabico em geral correntes de pensamento politico opostas algo positivo?

Ninguem pode acusar um movimento que conta com o "apoio" do FHC e do Plinio Sampaio, ao mesmo tempo, de ser um movimento politico e partidario.

Acho que assumir a bandeira de que somos um movimento civil e apartidario de reinvidicacao de direito eh uma estrategia interessante. Ter dialogo e entrada em diferentes grupos eh importantissimo pra qualquer minoria que se queira fazer ouvida...

Essa é a primeira vez que concordo com o Canadense em políticarasta2bigsmoke0gf.gif

Olha só que maravilha então, eu concordo com vc e o Jahbaa ao mesmo tempo!!! Caralho, tamo evoluindo heim. kkkk :rastabannab:

abs

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Po Togo, mas isso eu ja vim dizendo desde o inicio dessa página...

Nosso movimento é Plural. Temos que entrar nas resistências conservadoras, que estão dentro de todos os partidos, inclusive PT, PSTU (e toda aquela esquerdalha - sic), nossa luta é longa e será ainda maior.

Quem é da TV Cultura, pressiona na TV Cultura, quem é do PT, pressiona no PT, quem é da TFP... ih esse tá fudido, quem é do PSDB, pressiona no PSDB, quem é do DEMO... problema é dele... heuaheuaheuaheuhae

Brincadeira... Tá e daí, vocês curtiram a musiquinha do Dep. Federal, o Clown Francisco Everaldo da Silva?

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Estava me sentindo muito em minoria nesses últimos dias com a campanha pelo "voto útil" em Dilma Rouseff aumentando a cada dia...:mellow:

Aumentou em vários setores, cresceu entre conhecidos, parentes e amigos meus.

Me cutuquei várias vezes tentando entender pq não votar em Dilma, já que eu desajaria derrotar Serra também. Acho que um dos sentimentos que pode responder a isso é o de que nos últimos oito anos o PT e governo abraçaram o capitalismo, feriram coisas muito delicadas, cometeram falhas graves por isso, o que eu acho péssimo, triste e preocupante, deixando de ser confiável na tarefa de mudar muitas coisas.

Muita gente sabe disso, mas um bonito discurso que aparece tb é de que não é possível uma política de ruptura mais profunda com esse sistema, e vai justificando e esgotando o problema...

Eu não concordo. Acho que tb não tenho gostado muito de quem reforça esse tipo de idéia, ao contrário, fico muito alegre quando percebo um movimento que ajuda a incendiar os ânimos, inflamar a esperança, mexer na sensibilidade, e combater a perigosa ilusão de que está tudo uma beleza. As pessoas ( e aí estou me referindo aos pensamentos de transformação) diante da dominação capitalista, perdem expectativas elevadas, não acreditam senão em reformas nos limites da ordem existente. "Não acreditam que é possível porque perderam a confiança em si mesmos, portanto, na força de qualquer "luta". blush.gif

Que Dilma e Serra são diferentes é claro que é verdade, mas o discurso sobre a dicotomia política entre eles, baseado nas privatizações, ou sobre as políticas assistencialistas, ou sobre a repressão às lutas operárias e populares, ou até sobre a aliança com Laranjeiras e Malafaias justificam o voto em Dilma para muitos, e pode até fazer sentido, mas passa longe de tocar o âmago.-_-

Eu honestamente não gostaria de reduzir tudo apenas a esses parâmetros. "Não preciso escolher o mal menor. Se pode votar nulo. E esse deveria ser um bom critério!" :)

Eu espero e acho essencial que eles se sensibilizem logo em relação a uma nova visão quanto a maconha e as drogas aqui no Brasil, mas acho que isso acontecendo é resposta a uma séria mobilização, partindo de muitos lugares, que levará a isso, do que por uma atitude política deles, e portanto eu comemoraria e até agradeceria, mas continuaria tentando preservar a liberdade...:Pothead:

Como ando precisando de referências pra pensar e amadurecer isso tudo, ontem aqui na internet me deparei com uma Carta do jornalista José Arbex ao jornal Brasil de Fato, rompendo com o jornal pelo fato de terem assumido apoio a Dilma. Criei um tópico compartilhando muito do que falei aqui e postei a Carta, mas até agora o tópico não foi liberado. Talvez se torne até repetitivo com esse post aqui. Mas eu queria muito partilhar com o Growroom um pouco disso. O Growroom é um espaço que festejo e respeito muito!

Que os horizontes fiquem vastos! E a perseverança se fortaleça! :rolleyes:

Abraços Growroom!!!

Frida adoro vc e o Diego, mas meus preferidos ainda sao Tamayo Rufino e Siqueiros! Heheheheheheheheheheh

Licenca mais vou dar agora a maior off-topicada da historia do growroom!

Claro que nao eh texto meu...mas espero que te seja util nessa tua busca atual;

Como começar do começo

11 de maio de 2009

Slavoj Žižek, Maio-Junho 2009

Num pequeno artigo maravilhoso, "Notas de um publicista" – escrito em fevereiro de 1922, quando os bolcheviques, depois de terem vencido a guerra civil contra todas as expectativas, tiveram de retroceder à Política da Nova Economia (NEP) e abrir amplo espaço para a economia de mercado e a propriedade privada – Lênin faz uma analogia com um alpinista obrigado a descer, numa primeira tentativa de escalar montanha desconhecida, para recomeçar a escalada. Com a analogia, comenta o significado da retirada, como etapa de um processo revolucionário; e diz que é possível fazer uma retirada sem, com isso, trair a causa:

"Imaginemos um homem que está escalando montanha muito alta e íngreme que jamais foi escalada. Imaginemos que o homem já superou dificuldades e perigos sem precedentes e já alcançou altura muito acima de qualquer ponto que outros homens já tenham alcançado, mas ainda não chegou ao cume da montanha. E o homem, num certo momento, percebe que está em posição na qual o avanço e não só é dificil e perigoso, mas evidentemente impossível".[1]

Nessas circunstâncias, Lênin escreve:

"Ele é forçado a dar meia volta, descer, procurar outro caminho, mais longo talvez, mas caminho pelo qual possa chegar ao pico. Pode acontecer de a descida, de altura jamais antes alcançada por ninguém, seja ainda mais perigosa e difícil que a subida, para nosso alpinista imaginário — pode escorregar a qualquer momento; não consegue ver exatamente onde põe o pé; não há a exaltação que sempre se sente ao subir, firme, direto à meta etc. Para descer é preciso amarrar-se firmemente; é preciso andar muito devagar, e descer, descer, descer, cada vez mais se distanciando da meta; e ninguém sabe onde termina essa descida tão extremamente perigosa e dolorosa; nem se haverá outra trilha mais segura e mais curta, que leve mais diretamente ao cume."

Nada mais natural, para esse alpinista nessa situação, que ter "momentos de desânimo". O mais provável é que esses momentos aconteçam cada vez mais frequentemente, e mais difíceis de suportar, se o alpinista ouve as vozes dos que estão em terra firme e que, "por telescópio e de distância segura, assistem à perigosa retirada: são vozes que soam com mal disfarçada alegria. Ninguém nem se preocupa com disfarçar as risadas, e muitos gritam: "Vai despencar! Vai cair a qualquer momento! Bem-feito! Esse lunático!". Outros fingem, fazem como "Judas Golovlyov,

o hipócrita dono de terras no romance de Saltykov-Shchedrins, A família Golovlyov:

"Torcem as mãos e reviram os olhos para o céu, como se dissessem: 'Quanto nos doi ver justificados nossos piores temores! Mas não pedimos tantas vezes, nós, que passamos a vida a planejar escaladas criteriosas, que a escalada não fosse iniciada antes de termos prontos nossos planos?! E nós tantas vezes protestamos veementemente contra essa trilha, que esse lunático agora está obrigado a abandonar (olhem, olhem, ele deu meia volta! Queria subir e está descendo! Demora horas para dar um passo! E o quanto nos recriminaram sempre que recomendamos moderação, cautela!). Se tanto recriminamos e censuramos esse doido, e tanto tentamos avisar para que não o seguissem, que não o imitassem, que não o ajudassem, só o fizemos porque cremos e confiamos no nosso grande plano para escalar essa montanha. Nunca permitimos que nosso grande plano fosse desmoralizado!"

Felizmente, Lênin continua, nosso alpinista imaginário não ouve todas essas vozes dos 'sinceros amigos' da ideia da escalada. Se as ouvisse, "provavelmente teria náuseas". "E a náusea, como se diz, não ajuda ninguém a manter a cabeça clara e o pé firme, sobretudo quando se escalam montanhas muito altas."

Claro que nenhuma metáfora prova coisa alguma: "todas as analogias têm pé quebrado". Lênin continua a falar sobre a situação real pela qual passava a recém-nascida república soviética:

"O proletariado da Rússia alcançou altura gigantesca em sua revolução, não só se comparada a 1789 e 1793, mas também se comparada a 1871. Temos de fazer o inventário do que fizemos e do que não fizemos, o mais desapaixonadamente possível, o mais claramente, o mais concretamente possível. Se o fizermos, conseguiremos manter claras as ideias. Não teremos náuseas, nem ilusões, nem desilusões, nem desânimo."

Depois de enumerar as conquistas do Estado soviético em 1922, Lênin explica o que não foi feito:

"Ainda nem terminamos de construir as fundações de uma economia socialista, e os poderes hostis do capitalismo moribundo ainda nos podem roubar o que já fizemos. Temos de avaliar isso claramente e de admiti-lo seriamente; nada mais perigoso que a ilusão (a vertigem, sobretudo em montanhas muito altas). E não há absolutamente coisa alguma de terrível, coisa alguma que justifique sequer o mínimo desânimo, se se admitem essas verdades amargas. Sempre dissemos e repetimos a verdade elementar do marxismo – que os esforços conjugados dos trabalhadores de vários países avançados são indispensáveis para a vitória do socialismo. Ainda estamos sós, em país atrasado e mais arruinado do que tantos. Mas já fizemos muito."

Mais que isso, Lênin observa: "preservamos intacto o exército das forças proletárias; preservamos íntegra sua habilidade de manobra; mantivemos a cabeça clara e podemos calcular sobriamente onde, quando e até onde prosseguir na retirada (antes de podermos saltar ainda mais adiante); onde, quando e como voltar ao trabalho para terminar o que ficou por terminar". E conclui:

"Fracassam os Comunistas que imaginem que seria possível levar a termo a construção de novos tempos, obra tão grande quanto construir as fundações de uma economia socialista (sobretudo em pequeno país de camponeses), sem jamais errar, sem ter de bater em retirada várias vezes, sem várias vezes modificar o que ficou sem fazer ou foi mal feito. Comunistas sem ilusões não cedem ao desânimo nem à decepção. Eles preservam a força e a flexibilidade para "começar do começo" outra vez, outra vez, aproximando-se passo a passo de completar as tarefas mais difíceis. Esses comunistas não fracassam (e o mais provável é que cheguem onde desejem chegar)."

"Fracasse melhor."

É Lênin em seu melhor momento Beckett, tomando a fala de Worstward Ho: "Tente outra vez. Fracasse outra vez. Fracasse melhor."[2] Sua conclusão – começar do começo – deixa claro que não se trata de andar devagar e reforçar o que tenha sido conseguido, mas de retroceder ao ponto inicial: é preciso começar do começo, não do ponto a que se tenha chegado na tentativa em curso. Em termos de Kierkegaard, um processo revolucionário não é progresso gradual, mas movimento repetitivo, movimento de repetir o início, outra vez, outra vez.

Georg Lukács concluiu sua obra-prima pré-marxista, Teoria do Romance (LUKÁCS, Georg [1916]. A teoria do romance. São Paulo: Editora 34, 2000) com a famosa frase: "A viagem terminou. Começa a caminhada."

É o que acontece no momento da derrota: a viagem de uma determinada experiência revolucionária terminou, mas a verdadeira caminhada, o trabalho de começar outra vez, apenas começa. A disposição para a retirada, contudo, de modo algum implica abertura não-dogmática em direção a outros, a admitir ideias dos competidores políticos, "Estávamos errados, vocês tinham razão no que diziam. Então, agora vamos unir forças." É o contrário disso.

Lênin insiste em que esses momentos são tempos em que é indispensável a máxima disciplina. Em fala dirigida ao 11º Congresso dos Bolcheviques, alguns meses depois, em abril de 1922, Lênin argumentou:

"Quando todo um exército (falo em sentido figurado) está em retirada, não pode ter a mesma moral que enquanto avança. A cada passo, sente-se algum tipo de desânimo, de depressão (...). Aí mora o mais sério perigo; é terrivelmente difícil bater em retirada depois de algum grande avanço, porque as relações são completamente diferentes. Numa avançada vitoriosa, até a disciplina relaxa, todos empurram adiante como que por vontade sua. Na retirada, contudo, a disciplina tem de ser mais consciente e é cem vezes mais necessária, porque quanto o exército está em retirada, não sabe nem pode ver em que ponto terá de parar. Só vê à retaguarda; nessas circunstâncias, basta, às vezes, apenas uma ou outra voz de pânico, para gerar a debandada. O perigo então é imenso. Quando o exército está em retirada, as metralhadoras são mantidas engatilhadas e, se a retirada em ordem degenera em debandada desorganizada, vem a ordem para atirar; correta, aliás."

As consequências daquele momento eram muito claras para Lênin. Em resposta aos 'sermões' contra a NEP, dos mencheviques e socialistas-revolucionários ("A revolução foi longe demais. O que você diz hoje nós já dizemos há muito tempo, permita-nos repetir que..."), ele disse ao 11º Congresso:

Respondemos: "É o caso de pô-los ante um pelotão de fuzilamento, por dizerem o que dizem. Ou contêm a própria manifestação, ou, se insistirem em repetir em público o que têm dito, nas atuais circunstâncias, quando nossa posição é tão mais difícil do que quando estávamos sob ataque direto dos Guardas Brancos, então vocês serão os únicos responsáveis se forem tratados como tratamos os piores e mais daninhos Guardas Brancos."[3]

Esse 'terror vermelho' contudo, é absolutamente diferente do 'totalitarismo' stalinista. Em suas memórias, Sándor Márai oferece definição precisa da diferença.[4] Mesmo nas fases mais violentas da ditadura leninista, quando os que faziam oposição à revolução foram brutalmente privados do direito de manifestar-se (em público), jamais perderam o direito ao silêncio: foi-lhes permitido o exílio interior. Um episódio do outono de 1922, quando, instigados por Lênin, os bolcheviques organizavam o infame "Vapor da Filosofia", é muito eloquente. Quando Lênin soube que um velho historiador menchevique cujo nome estava na lista dos intelectuais a serem expulsos havia abandonado a vida pública e se retirara para a vida privada, muito doente, para morrer em casa, Lênin não apenas excluiu seu nome da lista: ordenou também que lhe fosse fornecida quota extra de bônus de alimentação. Dado que o inimigo desistira da luta política, a animosidade de Lênin desapareceu.

No stalinismo foi diferente; até o silêncio era considerado barulhento demais. Stalin exigia mais que massas que manifestassem apoio em enormes manifestações públicas: os artistas e cientistas também tinham de comprometer-se, participar ativamente, assinar proclamações oficiais, ajudar nas conversas de gabinete sempre a favor de Stalin e do marxismo oficial. Se, na ditadura leninista, alguém podia ser fuzilado pelo que dissesse, na ditadura stalinista qualquer um podia ser fuzilado também pelo que não dissesse. E assim foi até o fim: até o suicídio, último desesperado esforço para conseguir calar, foi condenado por Stálin, como última e mais grave traição ao partido.

Essa distinção entre o leninismo e o stalinismo reflete diferenças na atitude geral de um e outro em relação à sociedade: para Stálin, a sociedade era uma campo de luta impiedosa pelo poder, luta abertamente admitida; para Lênin, o conflito é – às vezes quase imperceptivelmente – redefinido como luta entre uma sociedade 'saudável' e, do outro lado, o que todas as sociedades humanas sempre excluíram – vermes, insetos, traidores vistos como subumanos. Uma separação soviética dos poderes?

A passagen de Lênin a Stalin foi necessária? A resposta hegeliana sempre evocará a necessidade retroativa: dado que a passagem aconteceu e Stalin venceu, a passagem foi necessária. A tarefa de um historiador dialético é ver o devir dessa passagem, expor a contingência de uma luta que poderia ter tido final diferente, como Moshe Lewin tentou fazer em Lenin’s Last Struggle.

Lewin chama a atenção, primeiro, para o quanto Lênin insistiu em dar plena soberania às entidades nacionais que compunham o Estado soviético – motivo pelo qual não surpreende que, em carta ao Politburo de 22/9/1922, Stalin tenha abertamente acusado Lênin de "liberalismo nacionalista".

Segundo, Lewin chama a atenção para o quanto Lênin enfatizava a importância de definirem-se aspirações modestas: não o socialismo, mas cultura, alfabetização para todos, eficiência, tecnologia; sociedades cooperativas, nas quais os camponeses pudessem vir a ser convertidos em "comerciantes alfabetizados" no contexto da NEP. Claro que esse é modo de ver muito diferente do "socialismo em um só país". A modéstia nos objetivos é várias vezes surpreendentemente clara: Lênin ri várias vezes de todas as tentativas de "construir o socialismo"; brinca várias vezes com as questões das deficiências do partido, e insiste em que a política dos sovietes sempre teria muito de improvisação, a ponto de citar Napoleão: "Nos engajamos. Do resto, cuidamos depois."

É bem conhecida a luta final de Lênin contra o poder da burocracia do Estado. Conhece-se menos, como Lewin observa com perspicácia, a tentativa de Lênin para impor a quadratura, ao círculo da democracia e da ditadura do Estado-partido, com sua proposta para constituir-se um novo corpo dirigente, a Comissão de Controle Central. Embora admitisse plenamente a natureza ditatorial do regime soviético, Lênin tentou criar, na cúpula, alguma espécie de equilíbrio entre diferentes elementos, um "sistema de controle recíproco que tivesse a mesma função – em comparação apenas aproximativa – que tem a separação dos poderes num regime democrático." Um Comitê Central ampliado, que fixaria as linhas mais gerais da política e supervisionaria todo o aparelho do partido. Essa Comissão de Controle Central deveria:

"atuar para controlar o Comitê Central e seus vários subgrupos – o Comitê Político, o Secretariado, o Comitê de Organização (...). A independência do CCC estaria assegurada, porque seria diretamente ligado ao Congresso do Partido, sem mediação do Politburo e de seus órgãos administrativos ou do Comitê Central."[5]

Peso e contrapeso, divisão de poderes, controles recíprocos – essa foi a desesperada resposta que Lênin tentou oferecer à pergunta: "quem controla os controladores?".

Há algo de delírio, de fato fantasmático, nessa ideia de uma Comissão Central de Controle: um corpo educativo, independente, controlador, quase 'apolítico', composto dos melhores professores e tecnocratas, para fiscalizar o Comitê Central 'politizado' e seus órgãos – em resumo, expertise neutra, para que os executivos do partido não saíssem da linha. Tudo isso, dependente da verdadeira independência do Congresso do Partido – de fato já minada pela proibição de subgrupos, que permitia que o aparato da cúpula partidária controlasse o Congresso e calasse os críticos, expurgados como 'grupistas' ou divisionistas. O que mais espanta é a ingenuidade com que Lênin confia nos especialistas, muito espantosa, de fato, se se pensa que é ideia oferecida por alguém que sempre foi muito profundamente consciente de que a luta política tudo invade e de que não há posição neutra.

A direção em que soprava o vento já estava aparente na proposta de Stalin, em 1922, de simplesmente proclamar o governo da República Socialista Soviética Federativa e

o governo das repúblicas da Ucrânia, Belarus, Azerbaijão, Armênia e Geórgia:

"Se essa decisão for confirmada pelo CC do PCR, não será tornada pública; será comunicada aos CCs das repúblicas para informação aos órgãos soviéticos, aos comitês centrais executivos ou aos congressos soviéticos daquelas repúblicas antes da convocação do Congresso dos Sovietes de toda a Rússia, ao qual será declarado como desejo daquelas repúblicas."[6]

A interação entre cúpula e bases não apenas já está abolida – e a mais alta cúpula impõe sua vontade – mas, acrescentando o insulto à injúria, a cena é montada como o oposto do que diz: o CC impõe o desejo que as bases apresentarão ao CC como desejo das bases.

ato e terror

Outro traço das batalhas finais de Lênin para o qual Lewin chama a atenção é uma surpreendente atenção à polidez e à civilidade. Dois incidentes haviam perturbado Lênin profundamente, naquele momento: num debate político, o representante de Moscou na Georgia, Sergo Ordzhonikidze, havia atacado fisicamente um membro do CC georgiano; e o próprio Stalin havia ofendido Krupskaya verbalmente (depois de descobrir que ela entregara a Trotsky uma carta na qual Lênin propunha um pacto contra Stalin). Esse último incidente levou Lênin a escrever seu famoso apelo:

"Stalin é grosseiro demais. A grosseria, embora possa ser tolerada entre nós comunistas, é intolerável num secretário-geral. Por isso, sugiro que os camaradas pensem em algum modo para remover Stalin do posto que ocupa e indicar para substituí-lo alguém muito diferente dele, sem sua arrogância, mais tolerante, mais leal, menos adulador, mais respeitoso com os camaradas e menos impulsivo."[7]

Mas a proposta de criar-se um Comissão Central de Controle e sua preocupação com a civilidade de modo algum devem fazem pensar em amolecimento liberal. Em carta para Kamenev desse mesmo período, Lênin escreve claramente: ´"É grande erro pensar que a NEP marca o fim do terror; temos de recorrer ao terror e ao terror econômico." Esse terror contudo, que sobreviveria à planejada redução do aparelho do Estado e da Cheka, sempre seria mais ameaça que realidade.

Como Lewin conta, Lênin procurava meios "pelos quais todos que agora [em tempos de nova política econômica] querem ir além dos limites autorizados pelo Estado aos empresários e comerciantes" pudessem ser lembrados "com tato e polidez" de que essa arma extrema ainda existe.[8] Lênin acertou, nesse ponto: a ditadura está sempre associada ao excesso (constitutivo) do poder (do Estado) e, nesse nível, não há neutralidade possível. A questão crucial é: quem se excede, nesse excesso? Nunca nós; sempre eles.

"Sonhando", para usar expressão do próprio Lênin, sobre como operaria sua Comissão de Controle do Comitê Central, em artigo de 1923 ("Menos melhores, mas melhores melhores"), o último texto que escreveu, Lênin sugere que esse corpo recorreria a:

"truques semi-humorísticos, recursos engenhosos, cenas de representação, truques ou algo desse tipo. Sei que os sisudos e graves Estados da Europa Ocidental ficariam horrorizados com essa ideia e nenhum funcionário decente atraver-se-ia sequer a cogitar coisa semelhante. Espero contudo que nós ainda não nos tenhamos convertido em burocratas idênticos a eles e que, entre nós, a discussão dessa ideia nos faça rir.

De fato, por que não combinar utilidade e prazer? Por que não recorrer a truques humorísticos ou semi-humorísticos para expor o que seja ridículo, tantas vezes tão danoso, ideias semi-ridículas, semidanosas etc.?"[9]

Não é quase um duplo 'cômico', do 'sério' poder executivo concentrado no CC e no Politburo? Truques, cenas, inversão da razão – um sonho maravilhoso, mas, mesmo assim, utopia.

A fraqueza de Lênin, argumenta Lewin, foi que ele viu o problema da burocratização, mas subestimou seu peso e sua real dimensão: "a análise da sociedade feita por Lênin baseou-se em apenas três classes sociais – operários, camponeses e a burguesia – sem considerar o aparelho do Estado como elemento social distinto, num país que estatizara os principais setores da economia."[10]

Os bolcheviques logo perceberam que seu poder político carecia de base social específica: praticamente toda a classe trabalhadora em cujo nome os bolcheviques exerciam o poder fora dizimada na Guerra Civil. Os bolcheviques governavam, de certo modo, num vácuo de representação social.

Contudo, ao se imaginarem como puro poder político que impunha seu desejo a toda a sociedade, não deram a devida atenção ao modo como – uma vez que agia como proprietária de fato, ou agia como fiel depositária do proprietário ausente, das forças de produção – a burocracia estatal "viria a ser a verdadeira base social do poder":

"Não há qualquer 'puro' poder político, destituído de qualquer fundação social. Um regime tem de encontrar alguma outra base social, além do próprio aparelho de repressão. O 'vácuo' no qual o regime soviético parecia estar em suspensão foi rapidamente preenchido, ainda que os bolcheviques não tenham percebido ou tenham querido não ver."[11]

Pode-se admitir que essa base teria bloqueado o projeto leninista de um Comitê Central de Controle. É verdade que, de modo anti-economicista e determinista, Lênin insiste na autonomia do político; mas o que Lênin não percebe, em termos de Badiou, não é como cada força política representa alguma força ou classe; o que Lênin não vê é como essa força polítca de representação está diretamente inscrita no próprio nível representado, como força social de pleno direito.

O último combate de Lênin contra Stalin traz todas as marcas de uma tragédia clássica: não foi melodrama no qual um 'mocinho' enfrenta um 'bandido'; foi tragédia na qual o heroi entende que está em luta com sua progenitura; e que já é tarde demais para deter o trágico desdobramento de decisões passadas; e erradas.

Um outro caminho

Então, em que pé estamos hoje, depois do désastre obscur* de 1989? Como em 1922, as vozes dos que vivem na segurança das planícies inferiores riem seu riso malicioso, de nós e à nossa volta: "Bem-feito, lunáticos que tentaram impor sua visão totalitária à toda a sociedade!". Outros disfarçarão a risada maliciosa; e gemerão e erguerão os olhos para o ceu, e dirão: "Quanto nos doi ver confirmados nossos piores temores! Como foi nobre [e 'ética'] a visão de vocês, de uma sociedade justa! Nosso coração está com vocês! Mas a razão nos diz que vocês deliram e que seus planos só gerarão mais miséria e mais totalitarismos!"

Ao mesmo tempo em que rejeitamos qualquer solidariedade ou acordo com essas vozes sedutoras, nós definitivamente temos de recomeçar do começo. Não para construir outra vez a partir das fundações do momento revolucionário do século 20, que durou de 1917 a 1989, ou, mais precisamente, até 1968 – mas para descer até o ponto inicial da escalada e escolher outro caminho.

Mas que caminho?

O problema crucial, definidor do marxismo ocidental, foi a falta de sujeito revolucionário: como se explica que a classe trabalhadora não complete a passagem do em-si para o para-si e não se tenha constituído, ela mesma, como agente revolucionário?

Essa questão foi usada como principal razão de ser da referência do marxismo ocidental à psicanálise, que foi evocada para explicar os mecanismos libidinais inconscientes que impediram a constituição da consciência de classe que se inscrevem no próprio ser ou na situação social da classe trabalhadora.

Desse modo, salvou-se a verdade das análises socioeconômicas marxistas: não houve motivo para deixar engordar as teorias revisionistas sobre a ascenção das classes média. Pela mesma razão, o marxismo ocidental também se engajou em pereno busca de outros que pudessem desempenhar a função de agentes revolucionários, com o subestudo substituindo a classe trabalhadora que já não havia: camponeses do Terceiro Mundo, estudantes, intelectuais, os excluídos. É bem possível que essa busca desesperada pelo agente revolucionário seja o modo de fazer surgir seu exato oposto:

o medo de encontrá-lo, de vê-lo onde ele já cresce e esperneia. Contar com que outro fará o nosso serviço sempre é meio para racionalizar nossa inação.

Contra tudo isso, Alain Badiou sugeriu que nós reafirmemos a hipótese comunista. Escreveu:

"Se temos de abandonar a hipótese comunista, então não vale mais a pena fazer coisa alguma com vistas à ação coletiva. Sem o horizonte do comunismo, sem essa Ideia, nada mais há no devir histórico e político que interesse a um filósofo."

"Mas", prossegue Badiou:

"agarrarmo-nos à Ideia, afirmar a existência da hipótese, não significa que essa primeira modalidade de apresentação, focada na propriedade e no Estado, deva ser mantida inalterada. Tarefa filósofica, de fato, dever, é ajudar uma nova modalidade de existência da hipótese a vir à luz."[12]

Deve-se ter cuidado para não ler essas linhas com olhos kantianos, entendendo o comunismo como Ideia regulatória e, assim, ressuscitando o espectro do 'socialismo ético', com a igualdade como princípio a priori ou axioma. Em vez disso, deve-se cuidar para manter precisa referência a um conjunto de antagonismos sociais que geram a carência de comunismo; a boa velha noção marxiana de comunismo não como ideal, mas como movimento que reage a contradições reais. Tratar o comunismo como Ideia etérea implica que a situação gera o comunismo também é etéria, que o antagonismo ao qual o comunismo reage está aí e sempre estará aí. Daí falta só um pequeno passo para uma leitura desconstrutiva do comunismo que concluirá que o comunismo não passa de sonho de presença, de abolição de toda a representação alienante; um sonho que implica alimentar sua própria impossibilidade.

Por mais que seja muito fácil rir da noção de fim-da-história de Fukuyama, a maioria hoje é fukuyamista. O capitalismo liberal democrático está aceito como fórmula da melhor sociedade possível; só resta torná-lo mais justo, mais tolerante e coisa e tal. Aqui surge pergunta simples mas pertinente: se o capitalismo liberal é, se não a melhor, pelo menos a menos pior das formações sociais, por que nós simplesmente não nos conformamos, não nos resignamos a ele como adultos? Por que não o aceitamos, de fato, de todo o coração? Por que insistir na hipótese comunista, contra todas as probabilidades?

lasse e comuns

Não basta continuar a crer na hipótese comunista: é preciso localizar os antagonismos que há na realidade histórica e que fazem daquela hipótese uma urgência para a prática. A única questão crucial hoje é: o capitalismo global carrega contradições suficientemente poderosas a ponto de impedir que o capitalismo global reproduza-se indefinidamente?

Quatro contradições estão à vista: a terrível ameaça da catástrofe ambiental; a apropriação indevida da propriedade privada pela chamada propriedade intelectual; as implicações socioéticas dos desenvolvimentos tecnocientíficos, sobretudo a biogenética; e, por último mas não menos importante, as novas formas de apartheid social – novos muros e novos ghettos.

Deve-se observar que há uma diferença qualitativa nesse último problema, a questão de se separarem excluídos e incluídos, em relação aos outros três, que chama a atenção para o domínio do que Hardt & Negri designam como "o comum" – substância partilhada de nosso ser social, cuja privatização é ato violento ao qual é indispensável resistir, pela força se necessária.

Primeiro, há o comum da cultura, as formas imediatamente socializadas do capital cognitivo: basicamente a linguagem, nossos meios de comunicação e educação, mas também a infraestrutura partilhada (transporte público, eletricidade, correios etc. Se se permitir o monopólio a Bill Gates, teremos chegado à situação absurda na qual um indivíduo privado será proprietários do tecido (em software) de nossa rede básica de comunicação.

Segundo, há os comuns da natureza exterior, ameaçados pela exploração e pela poluição – do petróleo às florestas e todo o habitat natural. E, terceiro, há os comuns da natureza interior, a herança biogenética da humanidade.

O que reúne todas essas lutas é a consciência do potencial destrutivo que se mobiliza

– que inclui o risco de auto-aniquilamento da própria humanidade – se se deixa correr solta a lógica capitalista que cercou esses comuns.

Essa referência aos "comuns" é que permite ressuscitar a noção de comunismo: permite ver e faz-ver o cerco progressivo dos comuns como um processo de proletarianização dos que são excluídos de sua própria substância; processo que também aponta para a exploração. A tarefa hoje é renovar a economia política da exploração – por exemplo, a exploração dos "trabalhadores cognitivos" anônimos, pelas empresas.

Contudo, só a quarta contradição, na referência aos excluídos, justifica o termo comunismo. Nada pode ser mais privado que um Estado que veja os excluídos como ameaça e cuide de mantê-los excluídos, à distância segura.

Em outras palavras, na lista acima de quatro contradições, a contradição entre excluídos e incluídos é a contradição crucial: sem ela, as demais perder o gume subversivo.

A ecologia passa a ser questão de desenvolvimento sustentável; a propriedade intelectual vira complexo desafio legal; a biogenética vira questão ética. Pode ser ecologista sinceramente empenhado na defesa do meio ambiente; pode-se lutar por noções mais amplas de propriedade intelectual, combater o copyrigh na propriedade dos genes, sem, nem por isso, tomar posição na oposição entre incluídos e excluídos.

Ainda mais: pode-se formular qualquer dessas lutas em termos dos incluídos ameaçados pelos excluídos que poluem. Assim, não se chega a nenhuma universalidade; no máximo, chega-se às questões 'do privado' em termos kantianos. Corporações como Whole Foods e Starbucks continuam a gozar dos favores dos liberais mesmo que ambas as empresas combatam qualquer atividade sindical. O truque é que vendem produtos 'progressistas': café feito com grãos comprados de empresas que praticam 'comércio justo", veículos 'verdes' caríssimos etc. Em resumo, sem que se considere a oposição incluídos e excluídos, facilmente teremos um mundo no qual Bill Gates é homem que faz trabalho humanitário, que combate a pobreza e a doença; e no qual Rupert Murdoch é digno ambientalista, porque mobiliza centenas de milhões de outros ambientalistas mediante seu império midiático.

É preciso acrescentar aqui, para andar além de Kant, que há grupos sociais que, por não terem lugar definido na ordem 'privada' da hierarquia social, qualificam-se para defender diretamente o que é do interesse de todos: são, como diz Jacques Rancière, "a parte dos sem-parte" (fr. "la part des sans-part") do corpo social.

Qualquer política realmente emancipatória* é gerada pelo curto-circuito entre a universalidade do uso público da razão e a universalidade da "parte dos sem-parte". Esse já era o sonho comunista do jovem Marx – aproximar a universalidade da filosofia e a universalidade do proletariado. Desde a antiga Grécia, já há nome definido para a intrusão dos excluídos no espaço sociopolítico: democracia.

A predominante noção liberal de democracia também lida com os excluídos, mas de modo radicalmente diferente: visa a incluí-los sempre como vozes minoritárias. Devem-se ouvir todos os lados, considerarem-se todos os interesses, todos os modos de vida; devem-se respeitar todas as culturas e todas as práticas e por aí vai. Essa democracia é obcecada por proteger minorias: culturais, religiosas, sexuais etc. A fórmula da democracia aqui é a negociação paciente e a construção de acordos. A primeira vítima, aí, é a posição de universalidade incorporada nos excluídos.

A nova política emancipatória não será ato de nenhum agente social particular, mas combinação explosiva de diferentes agentes. O que une todos, nesse caso, é que, diferente da imagem clássica dos proletários que nada tinham a perder "além de suas cadeias", todos estamos sob risco de perder tudo.

A grande ameaça é sermos reduzidos a um sujeito cartesiano abstrato, despossuídos de todo o nosso conteúdo simbólico, com nossa genética manipulada, vegetando em meio ambiente no qual a vida seja impossível. Essa tripla ameaça nos torna todos proletários, reduzidos a "subjetividade sem substância", como Marx escreveu nos Grundrisse.

A figura da "parte dos sem-parte" confronta-nos com a verdade de nossa posição. E o desafio ético-político é nos reconhecermos nessa figura.

De certo modo, estamos todos excluídos da natureza, tanto quanto de nossa substância simbólica. Hoje, já somos todos potencialmente homo sacer*, e o único modo para evitar de sermos todos excluídos e agir preventivamente.

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  • Usuário Growroom

Aí chuck, vo te falar que eu li tudo mas demorei a sacar que a música é do deputado federal do Jahbaa

Cuma? Meu deputado? Como assim???? Hhehehehehehehehe...

E essa assinatura ai Boris? Ta pensando em fazer dread? Coincidensssa eu tamem!!! So nao fiz ainda pusque tao cobrano 200 merreca por aqui...ai ta foda! hauhauhauhauhauhauhhuauha :rastabannab: viva o rastabannab!!!!

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  • Usuário Growroom

Frida adoro vc e o Diego, mas meus preferidos ainda sao Tamayo Rufino e Siqueiros! Heheheheheheheheheheh

Licenca mais vou dar agora a maior off-topicada da historia do growroom!

Claro que nao eh texto meu...mas espero que te seja util nessa tua busca atual;

Como começar do começo

11 de maio de 2009

Slavoj Žižek, Maio-Junho 2009

Num pequeno artigo maravilhoso, "Notas de um publicista" – escrito em fevereiro de 1922, quando os bolcheviques, depois de terem vencido a guerra civil contra todas as expectativas, tiveram de retroceder à Política da Nova Economia (NEP) e abrir amplo espaço para a economia de mercado e a propriedade privada – Lênin faz uma analogia com um alpinista obrigado a descer, numa primeira tentativa de escalar montanha desconhecida, para recomeçar a escalada. Com a analogia, comenta o significado da retirada, como etapa de um processo revolucionário; e diz que é possível fazer uma retirada sem, com isso, trair a causa:

"Imaginemos um homem que está escalando montanha muito alta e íngreme que jamais foi escalada. Imaginemos que o homem já superou dificuldades e perigos sem precedentes e já alcançou altura muito acima de qualquer ponto que outros homens já tenham alcançado, mas ainda não chegou ao cume da montanha. E o homem, num certo momento, percebe que está em posição na qual o avanço e não só é dificil e perigoso, mas evidentemente impossível".[1]

Nessas circunstâncias, Lênin escreve:

"Ele é forçado a dar meia volta, descer, procurar outro caminho, mais longo talvez, mas caminho pelo qual possa chegar ao pico. Pode acontecer de a descida, de altura jamais antes alcançada por ninguém, seja ainda mais perigosa e difícil que a subida, para nosso alpinista imaginário — pode escorregar a qualquer momento; não consegue ver exatamente onde põe o pé; não há a exaltação que sempre se sente ao subir, firme, direto à meta etc. Para descer é preciso amarrar-se firmemente; é preciso andar muito devagar, e descer, descer, descer, cada vez mais se distanciando da meta; e ninguém sabe onde termina essa descida tão extremamente perigosa e dolorosa; nem se haverá outra trilha mais segura e mais curta, que leve mais diretamente ao cume."

Nada mais natural, para esse alpinista nessa situação, que ter "momentos de desânimo". O mais provável é que esses momentos aconteçam cada vez mais frequentemente, e mais difíceis de suportar, se o alpinista ouve as vozes dos que estão em terra firme e que, "por telescópio e de distância segura, assistem à perigosa retirada: são vozes que soam com mal disfarçada alegria. Ninguém nem se preocupa com disfarçar as risadas, e muitos gritam: "Vai despencar! Vai cair a qualquer momento! Bem-feito! Esse lunático!". Outros fingem, fazem como "Judas Golovlyov,

o hipócrita dono de terras no romance de Saltykov-Shchedrins, A família Golovlyov:

"Torcem as mãos e reviram os olhos para o céu, como se dissessem: 'Quanto nos doi ver justificados nossos piores temores! Mas não pedimos tantas vezes, nós, que passamos a vida a planejar escaladas criteriosas, que a escalada não fosse iniciada antes de termos prontos nossos planos?! E nós tantas vezes protestamos veementemente contra essa trilha, que esse lunático agora está obrigado a abandonar (olhem, olhem, ele deu meia volta! Queria subir e está descendo! Demora horas para dar um passo! E o quanto nos recriminaram sempre que recomendamos moderação, cautela!). Se tanto recriminamos e censuramos esse doido, e tanto tentamos avisar para que não o seguissem, que não o imitassem, que não o ajudassem, só o fizemos porque cremos e confiamos no nosso grande plano para escalar essa montanha. Nunca permitimos que nosso grande plano fosse desmoralizado!"

Felizmente, Lênin continua, nosso alpinista imaginário não ouve todas essas vozes dos 'sinceros amigos' da ideia da escalada. Se as ouvisse, "provavelmente teria náuseas". "E a náusea, como se diz, não ajuda ninguém a manter a cabeça clara e o pé firme, sobretudo quando se escalam montanhas muito altas."

Claro que nenhuma metáfora prova coisa alguma: "todas as analogias têm pé quebrado". Lênin continua a falar sobre a situação real pela qual passava a recém-nascida república soviética:

"O proletariado da Rússia alcançou altura gigantesca em sua revolução, não só se comparada a 1789 e 1793, mas também se comparada a 1871. Temos de fazer o inventário do que fizemos e do que não fizemos, o mais desapaixonadamente possível, o mais claramente, o mais concretamente possível. Se o fizermos, conseguiremos manter claras as ideias. Não teremos náuseas, nem ilusões, nem desilusões, nem desânimo."

Depois de enumerar as conquistas do Estado soviético em 1922, Lênin explica o que não foi feito:

"Ainda nem terminamos de construir as fundações de uma economia socialista, e os poderes hostis do capitalismo moribundo ainda nos podem roubar o que já fizemos. Temos de avaliar isso claramente e de admiti-lo seriamente; nada mais perigoso que a ilusão (a vertigem, sobretudo em montanhas muito altas). E não há absolutamente coisa alguma de terrível, coisa alguma que justifique sequer o mínimo desânimo, se se admitem essas verdades amargas. Sempre dissemos e repetimos a verdade elementar do marxismo – que os esforços conjugados dos trabalhadores de vários países avançados são indispensáveis para a vitória do socialismo. Ainda estamos sós, em país atrasado e mais arruinado do que tantos. Mas já fizemos muito."

Mais que isso, Lênin observa: "preservamos intacto o exército das forças proletárias; preservamos íntegra sua habilidade de manobra; mantivemos a cabeça clara e podemos calcular sobriamente onde, quando e até onde prosseguir na retirada (antes de podermos saltar ainda mais adiante); onde, quando e como voltar ao trabalho para terminar o que ficou por terminar". E conclui:

"Fracassam os Comunistas que imaginem que seria possível levar a termo a construção de novos tempos, obra tão grande quanto construir as fundações de uma economia socialista (sobretudo em pequeno país de camponeses), sem jamais errar, sem ter de bater em retirada várias vezes, sem várias vezes modificar o que ficou sem fazer ou foi mal feito. Comunistas sem ilusões não cedem ao desânimo nem à decepção. Eles preservam a força e a flexibilidade para "começar do começo" outra vez, outra vez, aproximando-se passo a passo de completar as tarefas mais difíceis. Esses comunistas não fracassam (e o mais provável é que cheguem onde desejem chegar)."

"Fracasse melhor."

É Lênin em seu melhor momento Beckett, tomando a fala de Worstward Ho: "Tente outra vez. Fracasse outra vez. Fracasse melhor."[2] Sua conclusão – começar do começo – deixa claro que não se trata de andar devagar e reforçar o que tenha sido conseguido, mas de retroceder ao ponto inicial: é preciso começar do começo, não do ponto a que se tenha chegado na tentativa em curso. Em termos de Kierkegaard, um processo revolucionário não é progresso gradual, mas movimento repetitivo, movimento de repetir o início, outra vez, outra vez.

Georg Lukács concluiu sua obra-prima pré-marxista, Teoria do Romance (LUKÁCS, Georg [1916]. A teoria do romance. São Paulo: Editora 34, 2000) com a famosa frase: "A viagem terminou. Começa a caminhada."

É o que acontece no momento da derrota: a viagem de uma determinada experiência revolucionária terminou, mas a verdadeira caminhada, o trabalho de começar outra vez, apenas começa. A disposição para a retirada, contudo, de modo algum implica abertura não-dogmática em direção a outros, a admitir ideias dos competidores políticos, "Estávamos errados, vocês tinham razão no que diziam. Então, agora vamos unir forças." É o contrário disso.

Lênin insiste em que esses momentos são tempos em que é indispensável a máxima disciplina. Em fala dirigida ao 11º Congresso dos Bolcheviques, alguns meses depois, em abril de 1922, Lênin argumentou:

"Quando todo um exército (falo em sentido figurado) está em retirada, não pode ter a mesma moral que enquanto avança. A cada passo, sente-se algum tipo de desânimo, de depressão (...). Aí mora o mais sério perigo; é terrivelmente difícil bater em retirada depois de algum grande avanço, porque as relações são completamente diferentes. Numa avançada vitoriosa, até a disciplina relaxa, todos empurram adiante como que por vontade sua. Na retirada, contudo, a disciplina tem de ser mais consciente e é cem vezes mais necessária, porque quanto o exército está em retirada, não sabe nem pode ver em que ponto terá de parar. Só vê à retaguarda; nessas circunstâncias, basta, às vezes, apenas uma ou outra voz de pânico, para gerar a debandada. O perigo então é imenso. Quando o exército está em retirada, as metralhadoras são mantidas engatilhadas e, se a retirada em ordem degenera em debandada desorganizada, vem a ordem para atirar; correta, aliás."

As consequências daquele momento eram muito claras para Lênin. Em resposta aos 'sermões' contra a NEP, dos mencheviques e socialistas-revolucionários ("A revolução foi longe demais. O que você diz hoje nós já dizemos há muito tempo, permita-nos repetir que..."), ele disse ao 11º Congresso:

Respondemos: "É o caso de pô-los ante um pelotão de fuzilamento, por dizerem o que dizem. Ou contêm a própria manifestação, ou, se insistirem em repetir em público o que têm dito, nas atuais circunstâncias, quando nossa posição é tão mais difícil do que quando estávamos sob ataque direto dos Guardas Brancos, então vocês serão os únicos responsáveis se forem tratados como tratamos os piores e mais daninhos Guardas Brancos."[3]

Esse 'terror vermelho' contudo, é absolutamente diferente do 'totalitarismo' stalinista. Em suas memórias, Sándor Márai oferece definição precisa da diferença.[4] Mesmo nas fases mais violentas da ditadura leninista, quando os que faziam oposição à revolução foram brutalmente privados do direito de manifestar-se (em público), jamais perderam o direito ao silêncio: foi-lhes permitido o exílio interior. Um episódio do outono de 1922, quando, instigados por Lênin, os bolcheviques organizavam o infame "Vapor da Filosofia", é muito eloquente. Quando Lênin soube que um velho historiador menchevique cujo nome estava na lista dos intelectuais a serem expulsos havia abandonado a vida pública e se retirara para a vida privada, muito doente, para morrer em casa, Lênin não apenas excluiu seu nome da lista: ordenou também que lhe fosse fornecida quota extra de bônus de alimentação. Dado que o inimigo desistira da luta política, a animosidade de Lênin desapareceu.

No stalinismo foi diferente; até o silêncio era considerado barulhento demais. Stalin exigia mais que massas que manifestassem apoio em enormes manifestações públicas: os artistas e cientistas também tinham de comprometer-se, participar ativamente, assinar proclamações oficiais, ajudar nas conversas de gabinete sempre a favor de Stalin e do marxismo oficial. Se, na ditadura leninista, alguém podia ser fuzilado pelo que dissesse, na ditadura stalinista qualquer um podia ser fuzilado também pelo que não dissesse. E assim foi até o fim: até o suicídio, último desesperado esforço para conseguir calar, foi condenado por Stálin, como última e mais grave traição ao partido.

Essa distinção entre o leninismo e o stalinismo reflete diferenças na atitude geral de um e outro em relação à sociedade: para Stálin, a sociedade era uma campo de luta impiedosa pelo poder, luta abertamente admitida; para Lênin, o conflito é – às vezes quase imperceptivelmente – redefinido como luta entre uma sociedade 'saudável' e, do outro lado, o que todas as sociedades humanas sempre excluíram – vermes, insetos, traidores vistos como subumanos. Uma separação soviética dos poderes?

A passagen de Lênin a Stalin foi necessária? A resposta hegeliana sempre evocará a necessidade retroativa: dado que a passagem aconteceu e Stalin venceu, a passagem foi necessária. A tarefa de um historiador dialético é ver o devir dessa passagem, expor a contingência de uma luta que poderia ter tido final diferente, como Moshe Lewin tentou fazer em Lenin's Last Struggle.

Lewin chama a atenção, primeiro, para o quanto Lênin insistiu em dar plena soberania às entidades nacionais que compunham o Estado soviético – motivo pelo qual não surpreende que, em carta ao Politburo de 22/9/1922, Stalin tenha abertamente acusado Lênin de "liberalismo nacionalista".

Segundo, Lewin chama a atenção para o quanto Lênin enfatizava a importância de definirem-se aspirações modestas: não o socialismo, mas cultura, alfabetização para todos, eficiência, tecnologia; sociedades cooperativas, nas quais os camponeses pudessem vir a ser convertidos em "comerciantes alfabetizados" no contexto da NEP. Claro que esse é modo de ver muito diferente do "socialismo em um só país". A modéstia nos objetivos é várias vezes surpreendentemente clara: Lênin ri várias vezes de todas as tentativas de "construir o socialismo"; brinca várias vezes com as questões das deficiências do partido, e insiste em que a política dos sovietes sempre teria muito de improvisação, a ponto de citar Napoleão: "Nos engajamos. Do resto, cuidamos depois."

É bem conhecida a luta final de Lênin contra o poder da burocracia do Estado. Conhece-se menos, como Lewin observa com perspicácia, a tentativa de Lênin para impor a quadratura, ao círculo da democracia e da ditadura do Estado-partido, com sua proposta para constituir-se um novo corpo dirigente, a Comissão de Controle Central. Embora admitisse plenamente a natureza ditatorial do regime soviético, Lênin tentou criar, na cúpula, alguma espécie de equilíbrio entre diferentes elementos, um "sistema de controle recíproco que tivesse a mesma função – em comparação apenas aproximativa – que tem a separação dos poderes num regime democrático." Um Comitê Central ampliado, que fixaria as linhas mais gerais da política e supervisionaria todo o aparelho do partido. Essa Comissão de Controle Central deveria:

"atuar para controlar o Comitê Central e seus vários subgrupos – o Comitê Político, o Secretariado, o Comitê de Organização (...). A independência do CCC estaria assegurada, porque seria diretamente ligado ao Congresso do Partido, sem mediação do Politburo e de seus órgãos administrativos ou do Comitê Central."[5]

Peso e contrapeso, divisão de poderes, controles recíprocos – essa foi a desesperada resposta que Lênin tentou oferecer à pergunta: "quem controla os controladores?".

Há algo de delírio, de fato fantasmático, nessa ideia de uma Comissão Central de Controle: um corpo educativo, independente, controlador, quase 'apolítico', composto dos melhores professores e tecnocratas, para fiscalizar o Comitê Central 'politizado' e seus órgãos – em resumo, expertise neutra, para que os executivos do partido não saíssem da linha. Tudo isso, dependente da verdadeira independência do Congresso do Partido – de fato já minada pela proibição de subgrupos, que permitia que o aparato da cúpula partidária controlasse o Congresso e calasse os críticos, expurgados como 'grupistas' ou divisionistas. O que mais espanta é a ingenuidade com que Lênin confia nos especialistas, muito espantosa, de fato, se se pensa que é ideia oferecida por alguém que sempre foi muito profundamente consciente de que a luta política tudo invade e de que não há posição neutra.

A direção em que soprava o vento já estava aparente na proposta de Stalin, em 1922, de simplesmente proclamar o governo da República Socialista Soviética Federativa e

o governo das repúblicas da Ucrânia, Belarus, Azerbaijão, Armênia e Geórgia:

"Se essa decisão for confirmada pelo CC do PCR, não será tornada pública; será comunicada aos CCs das repúblicas para informação aos órgãos soviéticos, aos comitês centrais executivos ou aos congressos soviéticos daquelas repúblicas antes da convocação do Congresso dos Sovietes de toda a Rússia, ao qual será declarado como desejo daquelas repúblicas."[6]

A interação entre cúpula e bases não apenas já está abolida – e a mais alta cúpula impõe sua vontade – mas, acrescentando o insulto à injúria, a cena é montada como o oposto do que diz: o CC impõe o desejo que as bases apresentarão ao CC como desejo das bases.

ato e terror

Outro traço das batalhas finais de Lênin para o qual Lewin chama a atenção é uma surpreendente atenção à polidez e à civilidade. Dois incidentes haviam perturbado Lênin profundamente, naquele momento: num debate político, o representante de Moscou na Georgia, Sergo Ordzhonikidze, havia atacado fisicamente um membro do CC georgiano; e o próprio Stalin havia ofendido Krupskaya verbalmente (depois de descobrir que ela entregara a Trotsky uma carta na qual Lênin propunha um pacto contra Stalin). Esse último incidente levou Lênin a escrever seu famoso apelo:

"Stalin é grosseiro demais. A grosseria, embora possa ser tolerada entre nós comunistas, é intolerável num secretário-geral. Por isso, sugiro que os camaradas pensem em algum modo para remover Stalin do posto que ocupa e indicar para substituí-lo alguém muito diferente dele, sem sua arrogância, mais tolerante, mais leal, menos adulador, mais respeitoso com os camaradas e menos impulsivo."[7]

Mas a proposta de criar-se um Comissão Central de Controle e sua preocupação com a civilidade de modo algum devem fazem pensar em amolecimento liberal. Em carta para Kamenev desse mesmo período, Lênin escreve claramente: ´"É grande erro pensar que a NEP marca o fim do terror; temos de recorrer ao terror e ao terror econômico." Esse terror contudo, que sobreviveria à planejada redução do aparelho do Estado e da Cheka, sempre seria mais ameaça que realidade.

Como Lewin conta, Lênin procurava meios "pelos quais todos que agora [em tempos de nova política econômica] querem ir além dos limites autorizados pelo Estado aos empresários e comerciantes" pudessem ser lembrados "com tato e polidez" de que essa arma extrema ainda existe.[8] Lênin acertou, nesse ponto: a ditadura está sempre associada ao excesso (constitutivo) do poder (do Estado) e, nesse nível, não há neutralidade possível. A questão crucial é: quem se excede, nesse excesso? Nunca nós; sempre eles.

"Sonhando", para usar expressão do próprio Lênin, sobre como operaria sua Comissão de Controle do Comitê Central, em artigo de 1923 ("Menos melhores, mas melhores melhores"), o último texto que escreveu, Lênin sugere que esse corpo recorreria a:

"truques semi-humorísticos, recursos engenhosos, cenas de representação, truques ou algo desse tipo. Sei que os sisudos e graves Estados da Europa Ocidental ficariam horrorizados com essa ideia e nenhum funcionário decente atraver-se-ia sequer a cogitar coisa semelhante. Espero contudo que nós ainda não nos tenhamos convertido em burocratas idênticos a eles e que, entre nós, a discussão dessa ideia nos faça rir.

De fato, por que não combinar utilidade e prazer? Por que não recorrer a truques humorísticos ou semi-humorísticos para expor o que seja ridículo, tantas vezes tão danoso, ideias semi-ridículas, semidanosas etc.?"[9]

Não é quase um duplo 'cômico', do 'sério' poder executivo concentrado no CC e no Politburo? Truques, cenas, inversão da razão – um sonho maravilhoso, mas, mesmo assim, utopia.

A fraqueza de Lênin, argumenta Lewin, foi que ele viu o problema da burocratização, mas subestimou seu peso e sua real dimensão: "a análise da sociedade feita por Lênin baseou-se em apenas três classes sociais – operários, camponeses e a burguesia – sem considerar o aparelho do Estado como elemento social distinto, num país que estatizara os principais setores da economia."[10]

Os bolcheviques logo perceberam que seu poder político carecia de base social específica: praticamente toda a classe trabalhadora em cujo nome os bolcheviques exerciam o poder fora dizimada na Guerra Civil. Os bolcheviques governavam, de certo modo, num vácuo de representação social.

Contudo, ao se imaginarem como puro poder político que impunha seu desejo a toda a sociedade, não deram a devida atenção ao modo como – uma vez que agia como proprietária de fato, ou agia como fiel depositária do proprietário ausente, das forças de produção – a burocracia estatal "viria a ser a verdadeira base social do poder":

"Não há qualquer 'puro' poder político, destituído de qualquer fundação social. Um regime tem de encontrar alguma outra base social, além do próprio aparelho de repressão. O 'vácuo' no qual o regime soviético parecia estar em suspensão foi rapidamente preenchido, ainda que os bolcheviques não tenham percebido ou tenham querido não ver."[11]

Pode-se admitir que essa base teria bloqueado o projeto leninista de um Comitê Central de Controle. É verdade que, de modo anti-economicista e determinista, Lênin insiste na autonomia do político; mas o que Lênin não percebe, em termos de Badiou, não é como cada força política representa alguma força ou classe; o que Lênin não vê é como essa força polítca de representação está diretamente inscrita no próprio nível representado, como força social de pleno direito.

O último combate de Lênin contra Stalin traz todas as marcas de uma tragédia clássica: não foi melodrama no qual um 'mocinho' enfrenta um 'bandido'; foi tragédia na qual o heroi entende que está em luta com sua progenitura; e que já é tarde demais para deter o trágico desdobramento de decisões passadas; e erradas.

Um outro caminho

Então, em que pé estamos hoje, depois do désastre obscur* de 1989? Como em 1922, as vozes dos que vivem na segurança das planícies inferiores riem seu riso malicioso, de nós e à nossa volta: "Bem-feito, lunáticos que tentaram impor sua visão totalitária à toda a sociedade!". Outros disfarçarão a risada maliciosa; e gemerão e erguerão os olhos para o ceu, e dirão: "Quanto nos doi ver confirmados nossos piores temores! Como foi nobre [e 'ética'] a visão de vocês, de uma sociedade justa! Nosso coração está com vocês! Mas a razão nos diz que vocês deliram e que seus planos só gerarão mais miséria e mais totalitarismos!"

Ao mesmo tempo em que rejeitamos qualquer solidariedade ou acordo com essas vozes sedutoras, nós definitivamente temos de recomeçar do começo. Não para construir outra vez a partir das fundações do momento revolucionário do século 20, que durou de 1917 a 1989, ou, mais precisamente, até 1968 – mas para descer até o ponto inicial da escalada e escolher outro caminho.

Mas que caminho?

O problema crucial, definidor do marxismo ocidental, foi a falta de sujeito revolucionário: como se explica que a classe trabalhadora não complete a passagem do em-si para o para-si e não se tenha constituído, ela mesma, como agente revolucionário?

Essa questão foi usada como principal razão de ser da referência do marxismo ocidental à psicanálise, que foi evocada para explicar os mecanismos libidinais inconscientes que impediram a constituição da consciência de classe que se inscrevem no próprio ser ou na situação social da classe trabalhadora.

Desse modo, salvou-se a verdade das análises socioeconômicas marxistas: não houve motivo para deixar engordar as teorias revisionistas sobre a ascenção das classes média. Pela mesma razão, o marxismo ocidental também se engajou em pereno busca de outros que pudessem desempenhar a função de agentes revolucionários, com o subestudo substituindo a classe trabalhadora que já não havia: camponeses do Terceiro Mundo, estudantes, intelectuais, os excluídos. É bem possível que essa busca desesperada pelo agente revolucionário seja o modo de fazer surgir seu exato oposto:

o medo de encontrá-lo, de vê-lo onde ele já cresce e esperneia. Contar com que outro fará o nosso serviço sempre é meio para racionalizar nossa inação.

Contra tudo isso, Alain Badiou sugeriu que nós reafirmemos a hipótese comunista. Escreveu:

"Se temos de abandonar a hipótese comunista, então não vale mais a pena fazer coisa alguma com vistas à ação coletiva. Sem o horizonte do comunismo, sem essa Ideia, nada mais há no devir histórico e político que interesse a um filósofo."

"Mas", prossegue Badiou:

"agarrarmo-nos à Ideia, afirmar a existência da hipótese, não significa que essa primeira modalidade de apresentação, focada na propriedade e no Estado, deva ser mantida inalterada. Tarefa filósofica, de fato, dever, é ajudar uma nova modalidade de existência da hipótese a vir à luz."[12]

Deve-se ter cuidado para não ler essas linhas com olhos kantianos, entendendo o comunismo como Ideia regulatória e, assim, ressuscitando o espectro do 'socialismo ético', com a igualdade como princípio a priori ou axioma. Em vez disso, deve-se cuidar para manter precisa referência a um conjunto de antagonismos sociais que geram a carência de comunismo; a boa velha noção marxiana de comunismo não como ideal, mas como movimento que reage a contradições reais. Tratar o comunismo como Ideia etérea implica que a situação gera o comunismo também é etéria, que o antagonismo ao qual o comunismo reage está aí e sempre estará aí. Daí falta só um pequeno passo para uma leitura desconstrutiva do comunismo que concluirá que o comunismo não passa de sonho de presença, de abolição de toda a representação alienante; um sonho que implica alimentar sua própria impossibilidade.

Por mais que seja muito fácil rir da noção de fim-da-história de Fukuyama, a maioria hoje é fukuyamista. O capitalismo liberal democrático está aceito como fórmula da melhor sociedade possível; só resta torná-lo mais justo, mais tolerante e coisa e tal. Aqui surge pergunta simples mas pertinente: se o capitalismo liberal é, se não a melhor, pelo menos a menos pior das formações sociais, por que nós simplesmente não nos conformamos, não nos resignamos a ele como adultos? Por que não o aceitamos, de fato, de todo o coração? Por que insistir na hipótese comunista, contra todas as probabilidades?

lasse e comuns

Não basta continuar a crer na hipótese comunista: é preciso localizar os antagonismos que há na realidade histórica e que fazem daquela hipótese uma urgência para a prática. A única questão crucial hoje é: o capitalismo global carrega contradições suficientemente poderosas a ponto de impedir que o capitalismo global reproduza-se indefinidamente?

Quatro contradições estão à vista: a terrível ameaça da catástrofe ambiental; a apropriação indevida da propriedade privada pela chamada propriedade intelectual; as implicações socioéticas dos desenvolvimentos tecnocientíficos, sobretudo a biogenética; e, por último mas não menos importante, as novas formas de apartheid social – novos muros e novos ghettos.

Deve-se observar que há uma diferença qualitativa nesse último problema, a questão de se separarem excluídos e incluídos, em relação aos outros três, que chama a atenção para o domínio do que Hardt & Negri designam como "o comum" – substância partilhada de nosso ser social, cuja privatização é ato violento ao qual é indispensável resistir, pela força se necessária.

Primeiro, há o comum da cultura, as formas imediatamente socializadas do capital cognitivo: basicamente a linguagem, nossos meios de comunicação e educação, mas também a infraestrutura partilhada (transporte público, eletricidade, correios etc. Se se permitir o monopólio a Bill Gates, teremos chegado à situação absurda na qual um indivíduo privado será proprietários do tecido (em software) de nossa rede básica de comunicação.

Segundo, há os comuns da natureza exterior, ameaçados pela exploração e pela poluição – do petróleo às florestas e todo o habitat natural. E, terceiro, há os comuns da natureza interior, a herança biogenética da humanidade.

O que reúne todas essas lutas é a consciência do potencial destrutivo que se mobiliza

– que inclui o risco de auto-aniquilamento da própria humanidade – se se deixa correr solta a lógica capitalista que cercou esses comuns.

Essa referência aos "comuns" é que permite ressuscitar a noção de comunismo: permite ver e faz-ver o cerco progressivo dos comuns como um processo de proletarianização dos que são excluídos de sua própria substância; processo que também aponta para a exploração. A tarefa hoje é renovar a economia política da exploração – por exemplo, a exploração dos "trabalhadores cognitivos" anônimos, pelas empresas.

Contudo, só a quarta contradição, na referência aos excluídos, justifica o termo comunismo. Nada pode ser mais privado que um Estado que veja os excluídos como ameaça e cuide de mantê-los excluídos, à distância segura.

Em outras palavras, na lista acima de quatro contradições, a contradição entre excluídos e incluídos é a contradição crucial: sem ela, as demais perder o gume subversivo.

A ecologia passa a ser questão de desenvolvimento sustentável; a propriedade intelectual vira complexo desafio legal; a biogenética vira questão ética. Pode ser ecologista sinceramente empenhado na defesa do meio ambiente; pode-se lutar por noções mais amplas de propriedade intelectual, combater o copyrigh na propriedade dos genes, sem, nem por isso, tomar posição na oposição entre incluídos e excluídos.

Ainda mais: pode-se formular qualquer dessas lutas em termos dos incluídos ameaçados pelos excluídos que poluem. Assim, não se chega a nenhuma universalidade; no máximo, chega-se às questões 'do privado' em termos kantianos. Corporações como Whole Foods e Starbucks continuam a gozar dos favores dos liberais mesmo que ambas as empresas combatam qualquer atividade sindical. O truque é que vendem produtos 'progressistas': café feito com grãos comprados de empresas que praticam 'comércio justo", veículos 'verdes' caríssimos etc. Em resumo, sem que se considere a oposição incluídos e excluídos, facilmente teremos um mundo no qual Bill Gates é homem que faz trabalho humanitário, que combate a pobreza e a doença; e no qual Rupert Murdoch é digno ambientalista, porque mobiliza centenas de milhões de outros ambientalistas mediante seu império midiático.

É preciso acrescentar aqui, para andar além de Kant, que há grupos sociais que, por não terem lugar definido na ordem 'privada' da hierarquia social, qualificam-se para defender diretamente o que é do interesse de todos: são, como diz Jacques Rancière, "a parte dos sem-parte" (fr. "la part des sans-part") do corpo social.

Qualquer política realmente emancipatória* é gerada pelo curto-circuito entre a universalidade do uso público da razão e a universalidade da "parte dos sem-parte". Esse já era o sonho comunista do jovem Marx – aproximar a universalidade da filosofia e a universalidade do proletariado. Desde a antiga Grécia, já há nome definido para a intrusão dos excluídos no espaço sociopolítico: democracia.

A predominante noção liberal de democracia também lida com os excluídos, mas de modo radicalmente diferente: visa a incluí-los sempre como vozes minoritárias. Devem-se ouvir todos os lados, considerarem-se todos os interesses, todos os modos de vida; devem-se respeitar todas as culturas e todas as práticas e por aí vai. Essa democracia é obcecada por proteger minorias: culturais, religiosas, sexuais etc. A fórmula da democracia aqui é a negociação paciente e a construção de acordos. A primeira vítima, aí, é a posição de universalidade incorporada nos excluídos.

A nova política emancipatória não será ato de nenhum agente social particular, mas combinação explosiva de diferentes agentes. O que une todos, nesse caso, é que, diferente da imagem clássica dos proletários que nada tinham a perder "além de suas cadeias", todos estamos sob risco de perder tudo.

A grande ameaça é sermos reduzidos a um sujeito cartesiano abstrato, despossuídos de todo o nosso conteúdo simbólico, com nossa genética manipulada, vegetando em meio ambiente no qual a vida seja impossível. Essa tripla ameaça nos torna todos proletários, reduzidos a "subjetividade sem substância", como Marx escreveu nos Grundrisse.

A figura da "parte dos sem-parte" confronta-nos com a verdade de nossa posição. E o desafio ético-político é nos reconhecermos nessa figura.

De certo modo, estamos todos excluídos da natureza, tanto quanto de nossa substância simbólica. Hoje, já somos todos potencialmente homo sacer*, e o único modo para evitar de sermos todos excluídos e agir preventivamente.

Jahbaa,

Confesso que não li todo o texto, mas uma coisa que acho que acontece é que quando se expressa certas coisas cai logo o estigma de "Esquerdista Fanático", "Fundamentalista" e tudo isso...

Cai tb a mancha dos erros históricos cometidos em nome de alguma Revolução...

Sabe Jahbaa, me sinto completamente "outsider", já cheguei a escrever uma vez aqui que pra mim nenhum governo representará totalmente bem o seu povo, e que todos cometerão falhas fundamentais. Acho mesmo isso. Acho até que essa coisa de direita e esquerda não me pega mais, embora isso nada tenha a ver com tentar manter uma sensibilidade crítica, ou se abalar com a injustiça.

Imagino que se eu estivesse lá na União Soviética de Stalin e Lenin eu me recusaria a defendê-los, pagaria caro, sofreria...Em Cuba, na Venezuela...

Acho que estamos tolerando coisas intoleráveis, e que isso aplicada a lógica desse sistema tem se naturalizado cada vez mais. Não sei sequer se o que deve substituir o que está aí deve ser Socialismo, não sei o que é, mas tenho a impressão que como está não pode seguir, e muita coisa devia mudar. Entende? Pra isso...

Fiquei contente com a candidatura de Seu Plínio e teria votado nele (se n estivesse longe de onde voto), pq ele tratou de questões profundas e apontou mudanças muito positivas!

Não apoiaria Dilma agora, pq n faz sentido ter criticado eles esse tempo todo e agora defendê-los por medo do Serra. Não acredito no projeto que eles celebram tb, e acho ruim...

Tentei participar aq compartilhando o que tenho sentido, pensado, modestamente. Escrever os posts tem sido um exercício...

É por aí...

Abraço!

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  • Usuário Growroom

Jahbaa,

Confesso que não li todo o texto, mas uma coisa que acho que acontece é que quando se expressa certas coisas cai logo o estigma de "Esquerdista Fanático", "Fundamentalista" e tudo isso...

Cai tb a mancha dos erros históricos cometidos em nome de alguma Revolução...

Sabe Jahbaa, me sinto completamente "outsider", já cheguei a escrever uma vez aqui que pra mim nenhum governo representará totalmente bem o seu povo, e que todos cometerão falhas fundamentais. Acho mesmo isso. Acho até que essa coisa de direita e esquerda não me pega mais, embora isso nada tenha a ver com tentar manter uma sensibilidade crítica, ou se abalar com a injustiça.

Imagino que se eu estivesse lá na União Soviética de Stalin e Lenin eu me recusaria a defendê-los, pagaria caro, sofreria...Em Cuba, na Venezuela...

Acho que estamos tolerando coisas intoleráveis, e que isso aplicada a lógica desse sistema tem se naturalizado cada vez mais. Não sei sequer se o que deve substituir o que está aí deve ser Socialismo, não sei o que é, mas tenho a impressão que como está não pode seguir, e muita coisa devia mudar. Entende? Pra isso...

Fiquei contente com a candidatura de Seu Plínio e teria votado nele (se n estivesse longe de onde voto), pq ele tratou de questões profundas e apontou mudanças muito positivas!

Não apoiaria Dilma agora, pq n faz sentido ter criticado eles esse tempo todo e agora defendê-los por medo do Serra. Não acredito no projeto que eles celebram tb, e acho ruim...

Tentei participar aq compartilhando o que tenho sentido, pensado, modestamente. Escrever os posts tem sido um exercício...

É por aí...

Abraço!

É um texto de folego mesmo, ainda mais na tela, mas vai lendo aos poucos porque vale a pena, recomendo a todos, destrincha muito bem a questão utopia-ideal/momentohistorico-politico,ou seja, onde é que fica a ideologia em confronto com a realidade. Vale para socialistas, neo-liberais, marineiros, fascistas, tiririqueiros, niilistas, anarquistas...enfim...

Tolerar o intoleravel é contigencia da existencia humana desde os primordios das primeiras sociedades, ou então desde o primeiro momento em que se criou o conceito de "intoleravel". Aquele que discorda de todas as barbaries que ocorrem e ocorreram no mundo é obrigado a assisti-las cotidianamente não por desejo mas por impossibilidade de mudança. Não implica necessariamente em aceita-las e sob nenhuma hipotese, embora isso aconteça largamente, aplaudi-las.

Não acho que você seja tão outsider assim pois indentifico alguns dos aspectos do teu pensamento em muita gente. Acho bacana voce agregar no debate aqui, e creio que diante dessa tua atual falta de perspectiva de sistema, ideologia, crenças, seja lá oq for...debater, ler e entrar em contato com o maior tipo de ideias e pensamentos possiveis é a melhor coisa a fazer, ainda que isso não te leve a conclusão final nenhuma!

Só não entendo votar no Plinio e ser contra o regime cubano por exemplo.

Abç!

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  • Usuário Growroom

E essa assinatura ai Boris? Ta pensando em fazer dread? Coincidensssa eu tamem!!! So nao fiz ainda pusque tao cobrano 200 merreca por aqui...ai ta foda! hauhauhauhauhauhauhhuauha :rastabannab: viva o rastabannab!!!!

Dread num se faz.... deixa fazer.... é só parar de pentear...

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  • Usuário Growroom

Seguindo o processo offtopicatorio...hehehehe...

Vc tem dread ate a bunda né cara? Mas não tem que passar cera? Tinha um truta (meu cunhado) que usou até pouco tempo, ele tinha uma agulha tipo de tricô que de vez em quando ele ficava dando volta no cabelo, me dizia que tinha que fazer isso porque não tinha cera nos dread dele...

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  • Usuário Growroom

cara eu num faço nada... rapei em 1997... de vez em quando dou umas aparada....

tipo meus dreads num são aqueles certinhos... meu é aqueles roots... galera na holanda achava que eu era o Alborosie...

alborosie-foto-1.jpgAlborosie%20Just%20doing%20Alborosie.jpg

os reggae do cara ele fala que queima um com o Robert Nesta lol....

http://www.youtube.com/watch?v=nqjU6vFXPbY&feature=fvst

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  • Usuário Growroom

rastafari??? bicho eu sou ateu.... nunca que eu acreditaria que um cara com mais de 200 rolls royces na etiopia seria 2ª vinda de cristo

de rasta eu passo longe... dread é dread... nada haver com rasta...

e quem fala que num dar pra lavar dread é um sujo mentiroso...

lol.. da uma pesquisada... boné do yankees é que os dread usa... simplesmente por ser os mais baratos...

alias, unico boné que serve pra mim por causa do tamanho da caixola sao esses new era... que o modelo mais comum é do yankees...

Nada haver com ideologia.... apenas moda....

agora usar o usar o boné do curinthia é que num iria usar...

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offtopic.gifofftopic.gifofftopic.gifofftopic.gifofftopic.gifofftopic.gifofftopic.gifofftopic.gifofftopic.gifofftopic.gifofftopic.gifofftopic.gif

PORRA EU VOU GRITAR! AAAAARRRGGGGHHHH!

ehauheuaheuaheuhaeuhaeuhaeuh

VAMO ESCULHAMBAR TUDO ENTÃO!!!

Canadense Modinha! heauehauehuahe!!!

Guri do Mainstream!!! Tu não usa bonezão du Curintia pq tu gasta todo teu dinheiro na boca, em maconha!!

Tu tem essa cabeça não é por causa dos cabelos e sim pela tua Ascendência Sino-Judaica-Brasileiro-Libanês... ehauheuaheuaheuhaeuhauehuaheuaheuhaeuhaeuhauehauehauhesmoke18.gif

Boris, Sei lá man, aí deve chover pq aqui já vai ter passado!aicon18.gifofftopic.gif

...party0033.gif Quando a gente conhece uma pessoa, logo já sabe se é gente boa... o Klingom uma certeza a gente tem, o Klingom é do bem, o Klingom é do bem!

Acelera Brasil, Acelera com Klingon, com Klingon!!party0033.gifanim_19.gif

ó saiu pesquisa dos institutos do PSDB, neles o Serra perde apenas por 5 pontos !!! \o/\o/\o/

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  • Usuário Growroom

É um texto de folego mesmo, ainda mais na tela, mas vai lendo aos poucos porque vale a pena, recomendo a todos, destrincha muito bem a questão utopia-ideal/momentohistorico-politico,ou seja, onde é que fica a ideologia em confronto com a realidade. Vale para socialistas, neo-liberais, marineiros, fascistas, tiririqueiros, niilistas, anarquistas...enfim...

Tolerar o intoleravel é contigencia da existencia humana desde os primordios das primeiras sociedades, ou então desde o primeiro momento em que se criou o conceito de "intoleravel". Aquele que discorda de todas as barbaries que ocorrem e ocorreram no mundo é obrigado a assisti-las cotidianamente não por desejo mas por impossibilidade de mudança. Não implica necessariamente em aceita-las e sob nenhuma hipotese, embora isso aconteça largamente, aplaudi-las.

Não acho que você seja tão outsider assim pois indentifico alguns dos aspectos do teu pensamento em muita gente. Acho bacana voce agregar no debate aqui, e creio que diante dessa tua atual falta de perspectiva de sistema, ideologia, crenças, seja lá oq for...debater, ler e entrar em contato com o maior tipo de ideias e pensamentos possiveis é a melhor coisa a fazer, ainda que isso não te leve a conclusão final nenhuma!

Só não entendo votar no Plinio e ser contra o regime cubano por exemplo.

Abç!

O tópico está bem comum e discontraído! :<img src=:'>

Oi Jahbaa,

Concordo absolutamente contigo, mas acho que não me referia ao sofrimento da condição existencial, pelo menos não totalmente, desse tb procuro me resignar, o que é difícil, e era sobre aspectos principalmente políticos, aqueles que há a possibilidade de mudança que inquietam...

Também é verdade sobre a identificação do meu pensamento com o de muita gente Jahbaa, inclusive com o de Seu Plínio, do jornalista José Arbex que citei, e quando disse outsider é por não fazer mesmo parte de nenhum grupo, ou pelo menos de achar que mesmo se fizesse procuraria não "me enquadrar" a ele. Mas é bom esse contato contigo e o tb o seu post, pq o Growroom tem sido um dos poucos lugares onde tento me expressar minimamente, e tb pq estou longe de decretar a minha própria infalibilidade...

Sou de fato uma rebelde meio mística Jahbaa, com uma forte tendência emocional a ser aquele tipo revolucionário, a se inflamar com a injustiça e tal, sonhar muito, mas sou a parte disso, e até em contradição com isso, muitas outras coisas...:mellow:

Esses governos deviam ser bem melhores do que tem sido. São maravilhosos pra alguns e pra conservação de muita coisa, e péssimos para a maioria. "Atropelam" coisas sagradas, vitais...:watchplant:

Por mim mudaria muita coisa , mesmo que não evitasse o nó maior que é esse que vc mesmo disse: o da existência. -_-

Eu poderia concordar com seu Plínio em muitas coisas e em outras não, mas não disse que era contra Cuba, e sim que ela certamente não é perfeita, e que eu provavelmente seria rebelde tb por lá.

Olha Jahbaa, acho que é a primeira vez que tenho um diálogo aq no Fórum com outro Grower. Pra mim é bom. Mesmo...

Abraço!!

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  • Usuário Growroom

Olha Jahbaa, acho que é a primeira vez que tenho um diálogo aq no Fórum com outro Grower. Pra mim é bom. Mesmo...

Pois seja muito bem vinda aos dialogos e debates (e discussoes interminaveis!) canabicos (e afins) do Growrrom.net!

:Pothead:

Tamos ae!

abracao

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