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Drogas, Por Um Debate Aberto E Sereno


cuba_libre

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  • Usuário Growroom

TENDÊNCIAS/DEBATES

Drogas, por um debate aberto e sereno

PAULO TEIXEIRA

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A única certeza é a de que não existem soluções mágicas; os nossos jovens usuários não podem ter como interlocutores a polícia e os traficantes

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No domingo (17/4), fui surpreendido pela capa deste jornal com os dizeres "Petista defende uso da maconha e ataca Big Mac".

Como o petista, no caso, era eu, e minhas posições sobre política de drogas no Brasil são mais complexas do que a matéria publicada, achei por bem do debate público retomar o tema, com a seriedade e a profundidade que merece.

A reportagem se baseou em frases pinçadas de palestra minha em seminário sobre a atual política de drogas no Brasil, há dois meses.

Lá, como sempre faço, alertei para os perigos do uso de drogas, sejam elas ilícitas ou não. Defendo a proibição da propaganda de bebidas alcoólicas e a regulação da publicidade de alimentos sem informações nutricionais. A regulamentação frouxa fez subir o consumo excessivo de álcool. O cigarro, com regulamentação rígida, teve o consumo reduzido.

Não defendo a liberação da maconha. Defendo uma regulação que a restrinja, porque a liberação geral é o cenário atual. Hoje, oferecem-se drogas para crianças, adolescentes e adultos na esquina. Como pai, vivo a realidade de milhões de brasileiros que se preocupam ao ver seus filhos expostos à grande oferta de drogas ilícitas e aos riscos da violência relacionada a seu comércio.

Por isso, nos últimos 15 anos, me dediquei ao tema, tendo participado de debates em todo o Brasil, na ONU e em vários continentes.

A política brasileira sobre o tema está calcada na Lei de Drogas, de 2006, que ampliou as penalidades para infrações relacionadas ao tráfico e diminuiu as relacionadas ao uso de drogas.

É uma lei cheia de paradoxos e que precisa ser modificada. Não estabeleceu, por exemplo, clara diferença entre usuário e traficante.

Resultado: aumento da população carcerária, predominantemente de réus primários, que agem desarmados e sem vínculos permanentes com organizações criminosas.

Do ponto de vista do aparelho estatal repressivo, há uma perda de foco. Empenhamos dinheiro e servidores públicos para acusar, julgar e prender pequenos infratores, tirando a eficácia do combate aos grandes traficantes.

Outros países têm buscado formas alternativas de encarar o problema. Portugal viveu uma forte diminuição da violência associada ao tráfico por meio da descriminalização do uso e da posse. Deprimiu-se a economia do tráfico e conseguiu-se retirar o tema da violência da agenda política, vinculando as medidas ao fortalecimento do sistema de tratamento de saúde mental.

Na Espanha, há associações de usuários para o cultivo de maconha, para afastá-los dos traficantes. A única certeza é a de que não há soluções mágicas. Nossos jovens usuários não podem ter como interlocutores a polícia e os traficantes.

É preciso retirar o tema debaixo do tapete e, corajosamente, trazê-lo à mesa para que famílias, educadores, gestores públicos, acadêmicos, religiosos e profissionais da cultura, da educação e da saúde o debatam. Esta posição é exclusivamente minha, não é em nome da liderança do PT.

Não tenho, conforme sugeriu a Folha, divergências com a postura da presidenta da República sobre o tema. Aplaudo os esforços extraordinários do governo Dilma no combate ao narcotráfico e na ampliação dos serviços de saúde de atenção aos usuários de drogas. Nesse sentido, sugiro ao governo que eleja uma comissão de estudos de alto nível para ajudar nessa discussão.

A questão não pode ser tratada de forma rasa. O debate público sobre as políticas de drogas deve envolver o conjunto das forças políticas e sociais de todo o país.

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PAULO TEIXEIRA, 49, advogado, é deputado federal (PT-SP) e líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara.

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  • Usuário Growroom

Nenhum argumento dessas reportagenzinhas sobrevive a esse texto simples do Paulo. Com o movimento se fortalecendo, essa turma do jornalixo só cai no ridículo.

Aliás, e o blog "sobredrogas", que saiu de fininho com aquela desculpa ridícula? Deixa quieto né...

É importante que todos leiam o ultimo texto do blog 'sobredorgas' . Ele deixou o email pra quem quiser maiores informações sobre a razao do fim do blog.. paulo.mussoi@gmail.com (vamo perguntar pra ele o pq, a desculpa ta muito esfarrapada).

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  • Usuário Growroom

Tb to gostando do burburinho.... agora é hora de aumentar a exposição do assunto na mídia.

Como fazer isso? Não deixe de comentar nenhuma notícia que sair sobre Cannabis por aí. É necessário volume de manifestações! Por exemplo as enquetes da Folha, a maioria possui 1500 a 2000 votos, já a enquete sobre as cooperativas de cultivo passou dos 4500. Na charge do Alpino no Yahoo, mais de 400 comentários, acima da média dos outros também. Não deixe de expor suas opiniões, e em se tratando de Cannabis, temos a verdade do nosso lado e, IMO, não precisamos bater boca com ignorantes nem usarmos de baixaria para isto. Apenas apresente os fatos! Contra fatos não há argumentos e neste confronto que vivemos diariamente entre fatos e mitos só precisamos revestir os fatos com "paciência" que estaremos no caminho.

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