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Maconha: O Debate Está Aberto


Psicolouco

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  • Usuário Growroom

Meus pais eram meeiros, o que os faziam mudar constantemente de lavoura. Ora estavam num município, ora em outro. Eu tinha menos de 10 anos. Morávamos na zona rural de Tapejara, no oeste do Paraná. Logo que chegamos, comecei a explorar os arredores da casa e encontrei um poço de água, cuja profundidade passava de cinco metros.

Minha mãe ficou brava e não permitia que eu aproximasse daquele poço. Aquela proibição me deixava curioso. Um dia, escondido dela, fui ao local. Quando estava pronto para pular senti uma mão em meu ombro. Era meu pai que chegara para impedir meu mergulho.

O assunto rendeu conversa para mais de uma semana. Levei uma tremenda bronca. Mas meu pai ao invés de proibir de vez, voltou comigo ao poço. Amarrou uma corda na minha cintura e me jogou lá. Quando estava quase afogando, ele me puxou para fora.

Levei um susto tremendo e nunca mais quis voltar àquele poço. Aliás, acabou meu gosto pela água. Daquele dia em diante parei de mergulhar nas cachoeiras que se formavam nos córregos vizinhos ao sítio em que morávamos.

Fiz essa digressão para falar da maconha, cujo debate veio à tona com a liberação das marchas em prol da droga pelo Supremo Tribunal Federal.

Liberação certeira. É o direito à liberdade de pensamento. Não é uma marcha que vai fazer as pessoas se tornarem usuárias de maconha.

Está na hora de o Brasil discutir a descriminalização das drogas. Não dá mais para brincar de gato e rato. Os poucos traficantes presos pela polícia não ficam na cadeia. A repressão às drogas fracassou. Veja o que ocorre no México, onde o governo declarou guerra ao tráfico.

A cidade mexicana de Juaréz se transformou na mais perigosa do mundo. Os constantes confrontos entre traficantes rivais deixam dezenas de mortos. Quando a polícia intervém, mais carnificina.

É preciso pensar em algo diferente. Transformar a descriminalização das drogas em política de governo. Não basta livrar usuários da prisão, como ocorre hoje.

Claro, isso deve ser debatido amplamente. Não existe modelo pronto. Fala-se na política adotada por Portugal de tratamento aos usuários e guerra aos traficantes. Quem sabe, podemos copiar algumas coisas, mas o Brasil deve buscar seu próprio caminho.

No norte e noroeste do Paraná, por exemplo, não há centros de tratamentos públicos especializados para usuários de drogas. Há iniciativas louváveis, como o Marev de Maringá, associação que trabalha na recuperação de dependentes químicos. Existem outras, mas são programas isolados, encabeçados por voluntários.

Os Caps (Centros de Atenção Psicossocial), do governo federal, são uma boa ideia. Até têm produzido algum resultado, mas estão aquém da demanda.

Em vez de lamentos contra a decisão do STF, é hora de lutar para que a região tenha locais especializados na recuperação de dependentes químicos.

O momento exige atitudes. O debate está aberto. Só assim outros caminhos surgirão. Inclusive para combater o crack, a droga da morte. Assunto para outro artigo.

Donizete Oliveira

Jornalista e professor em Maringá

FONTE: http://www.odiario.com/opiniao/noticia/449047/maconha-o-debate-esta-aberto/

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  • Usuário Growroom

Alerta: POST IMENSO

Acho interessante ressaltar essa questão da guerra ao tráfico, veja , imaginemos isso como uma guerra real de um lado os traficantes com seus exércitos com o principal objetivo de ganhar mais dinheiro e conseguir com esse dinheiro recrutar mais soldados(aviões , traficantes menores , olheiros) e aumentar mais ainda seu poder.

Do outro lado o estado , com suas armas e afins tentando impedir esse poder de se expandir e garantir a segurança e a soberania do estado.

Os traficantes são uma força rebelde que ganha seu dinheiro através da comercialização de uma mercadoria atualmente ilegal que causa um dano X a sociedade.

Qual estratégia adotar?

Cenário 1:

Iniciada a guerra pelo commandante do estado (EUA) foi adotada a técnica de minar o inimigo tentando coibir a comercialização desse produto impedindo sua manufatura e sua comercialização , porem este como estado rebelde , não reconhece a soberania desse estado , ignorando completamente essa ordem.

O Estado começa a gastar mais e mais recursos coibindo esse estado rebelde que continua a ganhar força , consideram traidores os que utilizam essa mercadoria em sua sociedade e começa a executar prissões em massa , aumentando ainda mais o custo dessa guerra.

Economicamente isso trás efeitos financeiros agradaveis ao detentor dessa gama de serviços , vide casos como reconstrução do iraque , lucros altos de empresas como lockheed and martin , casas de detenção particulares e por ae vai. a economia é aquecida com a fonte desses recursos ao custo da liberdade e da vida de diversas pessoas.

Temos então a seguinte situação no momento , industria de guerra aquecida , economia publica dificil reduzindo a qualidade dos serviços publicos e a concentração de recursos em poucas empresas.

Historicamente falando as pessoas consumidoras desses se enquadram estatisticamente de maneira predominante em classes baixas causando uma diminuição na mão de obra barata disponivel e elevando os custos de produção (e consequentemente o de consumo) , ao mesmo tempo em que temos uma elevação nos serviços fundamentais de suporte da vida , como saúde , segurança e educação (tendo em vista a baixa verba publica) , o que irá fazer com que a população gaste muito mais dinheiro ao invez de economizar, aumentando assim a circulação de dinheiro.

Custo de produção alto , Inflação elevada devido a rápida circulação de dinheiro baseada numa politica de medo , como temos um alto custo de vida em caso de problemas finaceiros haverá uma rapida busca pelo crédito (já que a pessoa não pode deixar de gastar aquele dinheiro mesmo se não tiver) que pela lógica do sistema financeiro injeta mais dinheiro ainda em circulação aumentando mais ainda a inflação , se aumentarmos a taxa de juros para tentar freiar a economia acelerada por esse processo aumentamos radicalmente o tamanho do debito pessoal podendo facilmente elevar a quantidade de falências pessoais , aumentando ainda mais os indices de violência por crimes de falta de capital e aumentando a parcela consumidora dos produtos combatidos conforme fatores historicos e estatisticos previamente citados.

Ou seja , guerra as drogas = inflação devido economia descontroladamente acelerada , danos sociais pesados e perigo de elevação pesada desses danos em caso de tentativas de controle da economia e principalmente do ponto de vista estratégico militar dessa guerra que estamos analisando fortalecimento do inimigo.

Cenário 2:

Uma outra alternativa tática que podemos visualizar seria a regulamentação desse produto , ao regular esses produto para consumo , teremos captação de impostos pelo processamento desse produto , a economia nos gastos militares seria associada a uma redução do gasto governamental e a uma descentralização desse investimento , que poderá ser repassado aos outros focos de necessidade do governo , como saude e educação.

A Longo prazo:

Aumentando os investimentos de saúde e educação reduzimos a necessidade desses gastos em iniciativa privada , permitindo assim que as pessoas gastem o dinheiro em produtos não relacionados ao suporte a vida ou que façam economias , as economias das pessoas (citando caso brasil) se baseia fortemente no mecanismo de poupança e titulos do governo , ao aumentar a compra de titulo de governos estamos aumentando o capital disponivel para o governo investir em serviços sociais e obras publicas, ao adquirir a poupança o banco é obrigado por lei a disponibilizar esse investimento em formato de créditos para moradia e afins que possuem um juros muito menor alem de pagar juros ao depositante. com isso diminuimos a taxa de juros baseada na alta disponibilidade de crédito e aumentamos o serviço publico.

A curto prazo:

O Investimento militar ainda será necessário afim de combater as repressália dos inimigos que se iram se ver então sem captação de recursos apartir da sociedade e teremos um aumento provavel da violencia e do gasto militar inicial para combater esse efeito rebote que será seguido de um progressivo enfraquecimento economico do inimigo e consequentemente do seu poder , diminuindo o seu poder de captação de soldados. enfraquecendo o inimigo apartir da sua falta de captação de recurso.

Ou seja, utilizando essa estratégia , teremos um maior custo incial que será seguido de uma redução drástica do custo militar , possibilitando uma melhor estrutura publica que irá aumentar o nivel de educação populacional ao mesmo tempo em que diminui o custo de vida.

Com a diminuição do custo de vida (pelo melhor suporte publico) diminuimos os perigos do crédito , o aumento da qualidade educacional publica diminuirá o custo da mão de obra qualificada e mudamos a circulação de dinheiro, que será não entre uma minoria mas entre uma maioria de empresas diversas incluindo setores que no quadro anterior não receberiam tanta atenção como lazer e artes alem de facilitarmos a possibilidade de investimentos.

A economia mais ampla permitira que os juros sejam diminuidos para que se aqueça a economia sem risco demasiado de inflação.

Com uma melhor educação e mais emprego disponiveis (pela diversificação do mercado) diminuimos a fatia de pessoas sucetiveis ao abuso do produto que causa alguns danos a saúde, sendo que sobre os danos a saúde, teremos uma capacidade muito maior de lidar devido aos maiores investimentos publicos na area de saúde.

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Conclusão:

não sei se o que falei está totalmente correto sou só curioso sobre política , estratégia militar e economia mas ao menos na minha cabeça faz mais sentido a estratégia de regulamentação que a estratégia de repressão. :inseguro:

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  • Usuário Growroom

Alguns artigos ciêntificos interessante , incluindo um sobre os efeitos econômicos.

Comparativo entre os danos das drogas recreativas:

http://content.karger.com/​ProdukteDB/produkte.asp?Ak​tion=ShowPDF&ArtikelNr=000​317249&Ausgabe=254386&Prod​uktNr=224233&filename=0003​17249.pdf

Comparação do impacto da política de drogas:

http://www.sciencedirect.c​om/science/article/pii/S09​55395909000474

Impacto econômico das políticas alternativas:

http://www.nber.org/papers​/w16776.pdf

Abstrato desse artigo comenta sobre a redução do consumo em portugal decorrente da descriminalização:

http://bjc.oxfordjournals.​org/content/50/6/999.short

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