Ir para conteúdo

Os Proibicionistas


Anonymous420

Recommended Posts

Os proibicionistas - JOÃO LUIZ MAUAD

No Brasil, a exemplo do que já ocorre em outras praças, o proibicionismo vem ganhando cada vez mais espaço nas políticas públicas. Recentemente, os brasileiros foram proibidos de ingerir remédios para emagrecer, mesmo se receitados por médicos. Antes disso, já nos haviam proibido de recorrer ao bronzeamento artificial e de pitar uns cigarrinhos eletrônicos. Os especialistas da Anvisa também não querem que os malvados donos de drogarias nos vendam produtos outros que não remédios e cosméticos. Para proteger a nossa saúde, as indústrias de alimentos devem reduzir os teores de açúcar, gorduras e sal em seus produtos. A propaganda de bebidas, cigarros e até brinquedos é rigidamente controlada. Repare, caro leitor, que nos anúncios de cerveja ninguém leva o copo à boca. Só não me perguntem por quê.

Mas o furor regulatório não para aí. Entrará em vigor, nos próximos dias, uma nova norma para o uso dos cartões de crédito. "A fim de evitar o superendividamento das famílias", o Banco Central estabeleceu que o pagamento mínimo das faturas, a partir de junho de 2011, será de 15% do total, chegando a 20% em dezembro (hoje é de 10%). Resumo da ópera: nem mais decidir o quanto nos endividar podemos.

Além dos exemplos acima, existe no país uma infinidade de normas cujo objetivo é organizar e controlar as nossas vidas. O fato de políticos, burocratas, especialistas e ativistas fazerem-se de nossas babás não é novidade. O absurdo é como nós permitimos que eles assumam essa função sem nos dar conta de que estamos, cada vez mais, abrindo mão de nossa liberdade.

A síntese do pensamento proibicionista é a seguinte: as pessoas são incapazes de saber o que é melhor para elas e o governo deve, portanto, protegê-las de seus próprios desejos, necessidades e ignorâncias, bem como da ganância e da esperteza de comerciantes inescrupulosos. Somente o governo e seus especialistas são sábios, enquanto os cidadãos comuns são seres fracos e sem juízo, que devem ser eternamente guiados e protegidos para que não se machuquem. Depois do recente massacre de Realengo, por exemplo, houve até quem pretendesse censurar o noticiário a respeito, para não incentivar outros psicopatas a agir de modo semelhante.

Os proibicionistas imaginam ter adquirido o preciso conhecimento sobre o que os demais podem, desejam ou merecem ter. Por conta disso, sentem uma necessidade irresistível de ditar o que deve ser feito, como deve ser feito e quando deve ser feito. Alguma força avassaladora os compele a nos proteger de nós mesmos. A ideia de permitir que as pessoas sigam o seu próprio destino - às vezes errando, outras vezes acertando, eventualmente até morrendo por causa do caminho que escolheram - está além da sua compreensão, pois a imperfeição, para eles, é algo inadmissível.

Já que as pessoas não estão autorizadas a tomar decisões equivocadas ou a agir de modo errado, a solução é nada menos que planejar a vida alheia nos mínimos detalhes, da forma como eles imaginam ser a melhor, a mais eficiente e menos dolorosa para todos. O indivíduo ideal não é um ser humano, com suas vicissitudes e idiossincrasias, mas apenas uma peça inanimada num tabuleiro de xadrez, que eles podem mover à vontade, de um lado para outro, da frente para trás. Os proibicionistas simplesmente não conseguem compreender os conceitos de livre arbítrio e responsabilidade individual.

Malgrado toda a longa história das tiranias ao redor do mundo, a verdade é que os defensores da liberdade sempre estiveram na defensiva, especialmente em função da indefectível comparação entre o mundo real - com todas as suas imperfeições - e o mundinho ideal que povoa os corações e as mentes de muita gente - vide Platão, Thomas More e muitos outros expoentes do bom e velho Estado-Babá. Em função desse ideal utópico, existe uma fortíssima tendência no sentido de se considerar quaisquer intervenções governamentais como boas e desejáveis, enquanto a liberdade de escolha é vista como algo nocivo, que precisa ser evitado a todo custo.

O que há de mais deletério no proibicionismo, entretanto, é que ele pretende promover um suposto interesse geral não pelo estabelecimento de mecanismos capazes de persuadir os homens a fazer opções diversas das originais, mas simplesmente forçando-os a agir contra o que seriam as suas escolhas se livremente pudessem optar. Em outras palavras, as medidas proibicionistas visam a substituir os valores e desejos dos interessados pelos dos sábios e puros agentes públicos.

JOÃO LUIZ MAUAD é administrador de empresas.

  • Like 1
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Uma coisa que deveria ser proibida,é deixar de prender e deixar de expropiar os bens de politicos e autoridades que recebem mensalão ,propinas,etc,e essas autoridades depois que fasem seus crimes orendos continuam intocaveis e milionarias.

São tantos os casos, juiz nicolau,maluf,cartiola.aquela roriz,entre outras que fasem suas maracutaias e não são punidos,o que adianta lei da ficha limpa?mais uma lei inutil do dem ,demostenes torres.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

PIERRE-JOSEPH PROUDHON: SER GOVERNADO É...

Ser governado é: ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legisferado, regulamentado, depositado, doutrinado, instituído, controlado, avaliado, apreciado, censurado, comandado por outros que não têm nem o título, nem a ciência, nem a virtude.

Ser governado é: ser em cada operação, em cada transação, em cada movimento, notado, registrado, arrolado, tarifado, timbrado, medido, taxado, patenteado, licenciado, autorizado, apostilado, admoestado, estorvado, emendado, endireitado, corrigido.

É, sob pretexto de utilidade pública, e em nome do interesse geral: ser pedido emprestado, adestrado, espoliado, explorado, monopolizado, concussionado, pressionado, mistificado, roubado;

Depois, à menor resistência, à primeira palavra de queixa: reprimido, corrigido, vilipendiado, vexado, perseguido, injuriado, espancado, desarmado, estrangulado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, para não faltar nada, ridicularizado, zombado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis sua justiça, eis sua moral!

E dizer que há entre nós democratas que pretendem que o governo prevaleça; socialistas que sustentam esta ignomínia em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade; proletários que admitem sua candidatura à presidência! Hipocrisia!...”

PROUDHON, Pierre-Joseph. A propriedade é um roubo. L&PM Pocket. Porto Alegre. 2001. 172p. (p. 114-115). [15 de março de 2006]

PS.: qualquer semelhança com alguma república atual é coincidência.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

Mmmmm....não sei não....sou totalmente a favor da liberdade individual de escolha...mas o texto parece estender o clamor por liberdade para alem dos individuos e demandar maior liberdade para corporaçoes...

Eu quero ter o direito de fumar tabaco mas acharia otimo se o governo obrigasse a Philip Morris, por exemplo, a produzir um tabaco com o minimo de adicao de substancias quimicas possivel.

Liberdade para o cidadão e controle das corporacoes não me parecem coisas opostas.

Otimo que se obrigue a Nabisco a reduzir a gordura saturada no lixo que eles vendem pras pessoas comerem.

Melhor ainda seria se eles restringissem de alguma forma a venda de cheetos nas escolas e o bombardeio de comerciais de salgadinhos durante os intervalos da programacao infantil...

Mas vejam lá hein, isso não tem nada haver com liberdade de escolhas! Isso é simplesmente obrigação basica de qq sociedade que se preocupa minimamente com seus entes sociais.

Amarrar cachorro com linguiça dá no que deu em 2008 (alguem lembra da bolha do subprime? Pois é excesso de frouxidnao regulatoria...) não se pode confiar nas corporacoes.

Senti um certo cheiro rançoso de neoliberalismo nesse texto...

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

Vamos falar a verdade sobre os proibicionistas, são um bando caga-regras puritanos, que não conseguem conter os seus próprios impulsos e por isso impõem regras duras para todos na vã expectitiva de conter condutas próprias!

Em suma, se o proibicionismo cair, mesmo que ninguém seja obrigado a consumir Cannabis, eles temem cair em tentação na falta de uma coerção inibidora!

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

é do Orwell o 1984..

mas o Aldos Huxley tem o classico ''admiravel mundo novo'' fala sobre controle e condicionamento social, ordem mundial...ate engenharia genetica tem..um conto de ficção que faz alusao a nossa civilizaçao....tudo isso publicado em 1932... um baita livro!

xD

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

Só não citou que a premissa dos argumentos dos proibicionistas são os dogmas morais e religiosos....

Agora qto aos cartões de crédito eu discordo totalmente....o governo precisou interfirir já q as operadores são gananciosas e dar a chance do cliente fazer o pagamento mínimo é uma isca que já fez milhares se fuderem.....

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

A ídeia do "Admiravel mundo novo" tem mais haver com nossa sociedade que o 1984 , 1984 fala de censura absoluta de informação forçada por um estado totálitario enquanto o admiravel mundo novo do huxley fala sobre uma sociedade tão imersa em propaganda e noticias irrelevantes , que por viver eternamente anestesiada nesse mundo de informação e dopado 99% do tempo com "soma" se perde.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Orwell FTW

Orwell FTW

é do Orwell o 1984..

mas o Aldos Huxley tem o classico ''admiravel mundo novo'' fala sobre controle e condicionamento social, ordem mundial...ate engenharia genetica tem..um conto de ficção que faz alusao a nossa civilizaçao....tudo isso publicado em 1932... um baita livro!

xD

A ídeia do "Admiravel mundo novo" tem mais haver com nossa sociedade que o 1984 , 1984 fala de censura absoluta de informação forçada por um estado totálitario enquanto o admiravel mundo novo do huxley fala sobre uma sociedade tão imersa em propaganda e noticias irrelevantes , que por viver eternamente anestesiada nesse mundo de informação e dopado 99% do tempo com "soma" se perde.

Obrigado pela ajuda galera, minha cabeça já não é mais a mesma, acho que preciso reler os clássicos rsrs. Mas acho que o grande irmão do 1984 tbém tem a ver com a atual situação, pela vigilância exercida sobre os cidadãos. E acho que o Jabba tbém está certo, o texto mistura alhos com bugalhos para confundir ! Realmente o governo precisa controlar as corporações, mas sem tolher a liberdade de escolha. Daí o colunista aproveita a onda de liberdade de expressão para encaixar algumas idéias bem retrógadas. Obrigado a vc tbém Jabba pelo esclarecimento !

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

nao vi se ja foi comentado, Mas e essa atitude do PT de querer monitorar/censurar a midia?

nao eh essa coisa tipica dos extremistas? tanto de esquerda, direita, fundamentalistas ou o que for?

um partido famoso por lutar contra as ditaduras

nao acham isso muito estranho?

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

nao vi se ja foi comentado, Mas e essa atitude do PT de querer monitorar/censurar a midia?

nao eh essa coisa tipica dos extremistas? tanto de esquerda, direita, fundamentalistas ou o que for?

um partido famoso por lutar contra as ditaduras

nao acham isso muito estranho?

Cerveza, eu tenho uma tendencia de esquerda. Mas esse vício de controlar a mídia está presente em todas as vertentes de governo, sejam esquerda ou direita. Vide China.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

Opa Biscoito, mais uma opinião que um esclarecimento...

Esse tema do controle da midia já foi debatido bastante por aqui...tambem é um tema espinhoso pois apesar da liberdade de imprensa pra mim ser sagrada as familias Civita, Mesquita, Frias, Marinho, Macedo, etc etc fazem um uso pessimo de tal liberdade.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Jahbaa sempre pungente em seus argumentos! Essa é a mesma sensação que tenho, coloco a liberdade de imprensa num pedestal, infelizmente as nossas emissoras usam e abusam do sensacionalismo, pois esse se mostra um modelo lucrativo demais, se é desinformação ou não isso também pouco importa às emissoras...

Para quem estava falando sobre Orwell, para mim esse é um autor muito importante, que entendeu como nossa sociedade pode se deixar levar por ondas de moralismo e terror, e entregar de mãos beijadas todo poder nas mãos de um pequeno grupo, é o que está acontecendo hoje no Ocidente, e sim, podemos ser monitorados facilmente de várias maneiras, para quem acha que seu telefone é seguro só tenho pena da falsa sensação de segurança desse indivíduo, nós não temos direitos ou liberdade, e a cada dia ela se vai cada vez mais, as ruas já não são seguras, disso para a lei marcial também não há muita distância.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Usuário Growroom

Não concordo com o teor geral do texto. Pra mim é manipulação.

Primeiro o texto faz o uso errado do conceito de proibicionismo. Para nós, o proibicionismo é uma doutrina governamental e militar de proibição de certas drogas, materializada na perseguição e encarceramento de grandes contingentes populacionais marginalizados. Temos que localizar esta doutrina como parte ativa da política externa dos EUA. O autor do texto finge atacar um suposto proibicionismo, mas ocultamente defende o direito das empresas de enganar as pessoas.

Em todas as sociedades existe regulação sobre cartões de crédito, cigarros, bebidas etc. O autor do texto erra ao atacar tais regulações. Eu espero é que o governo controle MAIS, e não menos, as propagandas de bebida e cigarro, as manipulações dos bancos em cartão de crédito etc. Isso não tem NADA a ver com proibicionismo (daí a manipulação do texto, a começar pelo título).

O autor do texto está defendendo a liberdade da indústria farmacêutica, médica, do tabaco, dos grandes bancos etc. Ele está preocupado apenas com a liberdade de empresa.

O autor do texto não está preocupado com a liberdade do indivíduo, tanto que não falou sobre drogas ilícitas, eutanásia, aborto, sexualidade. Não falou sobre a liberdade de ir e vir (Tarifa zero já!), de plantar (reforma agrária) ou de pensar.

Quando as corporações têm mais liberdade, o indivíduo tem menos, e o autor desse texto (um adminitrador de empresas) claramente está preocupado com a liberdade das corporações e do capital, não a liberdade substantiva do indivíduo.

QUEREMOS A VERDADEIRA LIBERDADE! E a verdadeira liberdade não tem nada a ver com o que escreveu o autor do texto. Ele nem falou de liberdade.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Join the conversation

You can post now and register later. If you have an account, sign in now to post with your account.

Visitante
Responder

×   Pasted as rich text.   Paste as plain text instead

  Only 75 emoji are allowed.

×   Your link has been automatically embedded.   Display as a link instead

×   Your previous content has been restored.   Clear editor

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

Processando...
×
×
  • Criar Novo...