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As Drogas E A Guerra Perdida


sano

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  • Usuário Growroom

As drogas e a guerra perdida

25/05/2013

A recente decisão do governo do Estado de São Paulo de destinar uma quantia em dinheiro para que usuários de crack possam ter recursos para tentar abandonar o vício está gerando muita polêmica, e o programa até já recebeu alcunha de "bolsa crack".

Há muito o que se discutir a respeito desta medida, mesmo sob a perspectiva de quem acredita que as atuais políticas de combate a drogas não surtem efeito, alimentam ainda mais o tráfico e acabam criminalizando quem na maioria dos casos não deveria ser tratado como criminoso.

Mas o que este debate esconde é algo mais profundo, qual seja, o fato de o Brasil ainda continuar na velha e antiquada linha de combate ao usuário: permanece atacando o doente em vez de combater a doença.

E ao que tudo indica o principal Estado e principal cidade do país consolida esta linha de atuação, conforme ficou claro na participação do psiquiatra Ronaldo Laranjeira no programa Roda-Vida (TV Cultura) da última segunda-feira.

Laranjeira, porta-voz de tudo o que se refere a drogas na Universidade Federal de São Paulo, agora também é responsável pela aplicação do programa do governo do Estado em que a tal "bolsa crack" se inclui e ainda por um outro programa referência da prefeitura paulistana, no populoso hospital Heliópolis.

Esta atuação em esferas tão abrangentes não é suficiente, porém, para que o médico tenha uma visão no mínimo mais holística do tema. Durante todo o programa da segunda-feira, embora confrontado com dados e informações relevantes, ele insistiu que a única maneira de se enfrentar a questão das drogas é assim mesmo, à sua maneira: atacando o usuário pela via da abstenção total, sem distinção de que tipo de droga use, como usa e em quais situações. É proibido e faz mal. Ponto.

Ao longo do programa o especialista ficou visivelmente contrariado todas as vezes em que se colocou a questão da redução de danos, em contraponto à criminalização, como política viável para enfrentar o problema.

Redução de danos é um conjunto de ações, inclusive de políticas públicas, segundo a qual quem usa drogas não é tratado como criminoso, mas, quando é o caso, como alguém que precisa de ajuda para diminuir os males que eventualmente cause a si e aos outros por causa da ingestão de substâncias ilíticas. Gasta-se mais, também, em prevenção, educação, esclarecimentos do que em repressão e controle policial.

Estas práticas permitem por exemplo que, por não ser considerado um criminoso e portanto não correr o risco de ser preso, um número muito maior de usuários com problemas busque ajuda de verdade em centros especializados.

Mesmo que esteja sendo aplicada com êxito em países como Holanda, Alemanha, Suíça, Espanha, Noruega, Dinamarca, Canadá e Austrália, este tipo de postura é desprezada por Laranjeira, que é intransigente ao defender sua linha proibicionista, afirmando genericamente que a política de redução de danos está sendo "abandonada" em todo o mundo.

Exemplo concreto de que não é bem assim foi apresentado no programa por Ilona Szabó, da Comissão Global de Política Sobre Drogas, órgão da ONU comandado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que busca alternativas à fracassada "guerra" empreendida por diversos países liderados pelos EUA. Trata-se do caso de Portugal, que em 2001 se transformou no primeiro país europeu a descriminalizar a posse e uso de qualquer tipo de droga.

Para Laranjeira, este exemplo não é válido porque segundo ele disse "o consumo aumentou no país".

O que também não é bem assim, porque o que ele não disse é que o consumo em Portugal, cujo governo considera seu programa um êxito, não aumentou mais do que qualquer outro país da Europa. E que desde a liberalização houve uma queda acentuada da criminalidade relacionada a drogas e tráfico, bem como uma enorme diminuição, de mais de 50%, dos casos de mortes relacionadas a consumo de drogas. Ou seja concretamente: redução de danos.

Outra afirmação feita por Laranjeira que surpreendeu os participantes do programa refere-se ao Estado americano do Colorado. Numa demonstração de que até mesmo os Estados Unidos está mudando sua visão do tema, a população daquele Estado aprovou a liberação do uso recreativo de maconha para maiores de 21 anos. Questionado sobre a validade desta medida num país radical no combate às drogas, Laranjeira afirmou ser contra porque ela significou "aumento de 25% do consumo".

Acontece que o referendo que liberou o uso da maconha e até mesmo o plantio doméstico em pequena escala foi realizado no Colorado em novembro do ano passado, ou seja, há apenas seis meses. E não são conhecidos, até o momento, dados oficiais que permitam afirmar que o consumo aumentou ou que diminuiu.

Estes dois exemplos são reveladores de uma postura, externada ao durante todo o programa, que só admite mão única nesta questão: proibir, combater e tentar a todo custo eliminar o uso, nem que seja à força. Possibilidades alternativas não são consideradas.

Tudo bem que esta seja a visão pessoal de Laranjeira como médico e que ele a aplique em seus pacientes, que podem ou não optar por isso. Mas é uma pena seja esta a política a prevalecer de forma hegemônica, com sua liderança, em São Paulo Estado e capital para ser aplicada compulsoriamente a todos os cidadão.

Mesmo porque há cada vez mais evidências, e até alguém como Fernando Henrique Cardoso não cansa de repetir isso, de que combater drogas desta maneira (tratamento escudado por polícia, armas e prisão em vez de educação, esclarecimento e apoio) não tem funcionado e, pior, serve para alimentar toda uma cadeia "do mal" decorrente do fato de ser algo valioso, proibido e criminoso, a saber: tráfico, violência, mortes.

Luiz Caversan

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizcaversan/2013/05/1284968-as-drogas-e-a-guerra-perdida.shtml

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  • Usuário Growroom

Muito lúcida e equilibrada a opinião do Luiz Carvesan. Pena que só saia no site e não na versão impressa, mas já estamos acostumados, a maioria das opiniões com grande visibilidade na imprensa é bem retrógrada. Hoje a folha publicou no caderno cotidiano que as clínicas de internação forçada "unem ciência e religião". PQP!

E não adianta xingar o Laranjeira, que é só um laranja midiático dos interesses de políticos escrotos que adoram repassar dinheiro público para cofres nem sempre bem esclarecidos como são esses institutos evangélicos. A corrupção, como sempre, é o nosso martírio.

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  • Usuário Growroom

No Brasil as drogas são o maior estigma, o bode expiatório, o maior problema na opinião do brasileiro.

Vocês viram a pesquisa de opinião? A maior preocupação dos brasileiros são as drogas.

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/05/ibope-drogas-sao-mais-preocupantes-que-desemprego-no-pai.html

Infelizmente isso é apenas mais umas das facetas da imensa inversão de valores que é parte da cultura brasileira.

Os verdadeiros problemas desse país são a corrupção, a falta de educação EM TODOS OS SENTIDOS, a péssima infraestrutura, saúde meia-boca.

As drogas são apenas o EFEITO disso tudo. Não a causa.

As vezes me pergunto, se é tudo dinheiro, se o Brasil gosta tanto de ser o garoto-propaganda dos direitos humanos, porque não adota o modelo dos outros países?

Já está claro a linha. Regulamentem a maconha como qualquer outro produto de usa recreacional que já estão no mercado.

E as drogas mais pesadas? Com a regulamentação da maconha, o uso delas iria cair bastante. FATO.

Quem quiser continuar usando, aí ainda existe problema. Clubes e praças como em outros países? Governo cadastrando e fornecendo mais ao mesmo tempo tentando tirar o usuário? Certamente durante um tempo ainda existiria o tráfico mas que certamente iria diminuir até deixar de ser um problema ou simplesmente desaparecer.

E no fundo é dinheiro que manda mesmo. Porque querendo ou não, as drogas sendo proibidas dão mais lucros a quem as proíbe.

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... e o pior é que, quase sempre, lá na frente, a gente descobre que esse laranjinha era uma tremendo viciado e que toda essa defesa pelas "internações compulsórias" encobria interesses meramente comerciais. O cara diz que tem que internar e monta um monte de clínica. Ele está cagando pro dependente. É assim mesmo, bem tosco e descarado. Sequer há sofisticação no crime.

Não entra na minha cabeça uma política sobre drogas sem a participação dos usuários e demais camadas da sociedade.Como assim: uma pessoa vem e decide o que é melhor para mim. Ahhhh, fala sério.

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  • Usuário Growroom

não adianta xingar o Laranjeira, que é só um laranja midiático dos interesses de políticos escrotos que adoram repassar dinheiro público para cofres nem sempre bem esclarecidos como são esses institutos evangélicos. A corrupção, como sempre, é o nosso martírio.

dbassgrow tem razão nesse ponto, mas não seria uma boa estratégia, nos debates como o do Roda Viva, confrontar esse sujeito com dados citando bibliografia, de forma que o tele-espectador possa conferir? Assim, se ele negar, ele passa por mentiroso, e se alegar desconhecimento da pesquisa, passa por incompetente e despreparado. Fiquei frustrado de ver esse senhor prepotente não receber publicamente o tratamento merecido.

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  • Usuário Growroom

Ainda mais essa...... o pé de meia tá engordando!!!

Governo foca cidades médias no combate ao crack
Leandro Mazzini

26/05/2013 - 07:43


O novo secretário Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, Vitore Maximiano, alerta que os municípios com mais de 200 mil habitantes precisam aderir ao programa nacional para um combate satisfatório ao avanço do crack.

Atualmente, 17 estados já celebraram essas adesões. “Na Sexta, tivemos adesão de 15 municípios em São Paulo e nove no Rio, além de municípios na Paraíba e no Rio Grande do Norte”, comemora. A União destinará R$ 4 bilhões às parcerias com estados e prefeituras.

Entre as parcerias, os microônibus entregues no DF, Rio e SP: são equipados com 20 minicâmeras de longo alcance para rastrear usuários de drogas.

Segundo Maximiano, os veículos serão usados ‘Tanto para ação da segurança, quanto para a dos profissionais de saúde e assistência social na abordagem’.

Com Maurício Nogueira

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  • Usuário Growroom

não adianta xingar o Laranjeira, que é só um laranja midiático dos interesses de políticos escrotos que adoram repassar dinheiro público para cofres nem sempre bem esclarecidos como são esses institutos evangélicos. A corrupção, como sempre, é o nosso martírio.

dbassgrow tem razão nesse ponto, mas não seria uma boa estratégia, nos debates como o do Roda Viva, confrontar esse sujeito com dados citando bibliografia, de forma que o tele-espectador possa conferir? Assim, se ele negar, ele passa por mentiroso, e se alegar desconhecimento da pesquisa, passa por incompetente e despreparado. Fiquei frustrado de ver esse senhor prepotente não receber publicamente o tratamento merecido.

Toim você está certo: faltou preparação para os entrevistadores. Perdemos essa batalha, aquilo devia ter sido rebatido na hora. O laranjeira chegou lá com sangue nos olhos todo estufado e o pessoal arregou.

Parecer ter razão já é meio caminho andado para persuadir as pessoas de que você está certo. O cara deve estar fazendo uns cursos com o Berlusconi!

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  • Usuário Growroom

Sem querer levantar a bandeira da revolução mas já levantando, ou o Brasileiro começa a pensar em um movimento nacionalista pra mudar essa situação ou no futuro seremos outra nação de animais ruminantes e pacatos pastando enquanto aguarda o momento do abate. Nesse momento não somos muito mais do que isso mas pra quem acha que a situação não pode piorar, é só olhar em países como a Venezuela como anda a situação;

"Uma nação de ovelhas atrai um governo de lobos." Edward R. Murrow

querer comparar esse lixo de pais com esse povo de merd.. com a naçao da venezuela e seu povo guerreiro é sacanagem quem dera nós chegarmos ao nivel da venezuela

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  • Usuário Growroom

querer comparar esse lixo de pais com esse povo de merd.. com a naçao da venezuela e seu povo guerreiro é sacanagem quem dera nós chegarmos ao nivel da venezuela

Venezuela? Não passa de outra nação populista, atrasada que desce a lenha no capitalismo, desliza no comunismo e vive na mesma merda como quase todos os países da América do Sul e Central. Hj estão a beira de uma guerra civil.

Se vc quiser exemplos de países que chegaram ao ponto de se tornarem nações dignas e realmente boas para seus cidadãos, vai ter que procurar no Norte da Europa.

Um exemplo claro foi o que ocorreu na Islândia. Foram roubados, quebrados, deixados com uma dívida enorme. Se redimiram, mudaram de caminho e hj é uma nação que se auto governa. Enquanto o ser humano não perceber que políticos são um câncer e que nenhuma nação precisaria deles se o povo tiver cultura e interesse em seu futuro, vamos viver a merce desses ladrões.

Mas infelizmente essa raça de macacos que habita esse planeta esta cada vez mais subjugada e caminhando lentamente para aquele governo mundial que será o auge da escravidão desse planeta.

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  • 2 weeks later...
  • Usuário Growroom

"Resposta Folha de S. Paulo Na edição da Folha de S. Paulo de 25 de maio, o repórter Luiz Caversan comete um grave equívoco de informação, no artigo: "As drogas e a guerra perdida", publicado em sua coluna. Segundo escreve Caversan: "(...) E ao que tudo indica o principal Estado e principal cidade do país consolidam esta linha de atuação, conforme ficou claro na participação do psiquiatra Ronaldo Laranjeira no programa Roda-Vida (TV Cultura) da última segunda-feira. Laranjeira, porta-voz de tudo o que se refere a drogas na Universidade Federal de São Paulo, agora também é responsável pela aplicação do programa do governo do Estado em que a tal "bolsa crack" se inclui e ainda por um outro programa referência da prefeitura paulistana, no populoso hospital Heliópolis." A afirmação segundo a qual o psiquiatra Ronaldo Laranjeira é "porta-voz de tudo o que se refere a drogas na Universidade Federal de São Paulo" é absolutamente incorreta. As posições defendidas pelo Prof. Ronaldo Ramos Laranjeira no Programa Roda-Viva exibido na semana passada na TV Cultura expressam sua posição pessoal sobre o tema, não sendo consensual nesta universidade. Como é próprio à natureza de uma universidade plural e democrática, há espaço para amplo debate de ideias e coexistem diferentes pontos de vista sobre esta e outras questões. Existem na Unifesp outros pesquisadores atuantes na mesma área, também reconhecidos nacional e internacionalmente, que não compartilham do seu ponto de vista e se posicionam a favor das políticas de redução de danos e outras iniciativas que visam promover uma visão mais abrangente da questão, não a limitando a ações na área da saúde mas promovendo ações educativas, de reinserção social e discussão política sobre os aspectos legais envolvendo esta complexa questão. Prof. Dra. Florianita Coelho Braga Campos Pró-reitora de Extensão da Unifesp"

http://www.unifesp.br/index.php?pag=noticias.php&tipo=1&idnoticia=707

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"Resposta

Folha de S. Paulo Na edição da Folha de S. Paulo de 25 de maio, o

repórter Luiz Caversan comete um grave equívoco de informação, no

artigo: "As drogas e a guerra perdida", publicado em sua coluna. Segundo

escreve Caversan: "(...) E ao que tudo indica o principal Estado e

principal cidade do país consolidam esta linha de atuação, conforme

ficou claro na participação do psiquiatra Ronaldo Laranjeira no programa

Roda-Vida (TV Cultura) da última segunda-feira. Laranjeira, porta-voz

de tudo o que se refere a drogas na Universidade Federal de São Paulo,

agora também é responsável pela aplicação do programa do governo do

Estado em que a tal "bolsa crack" se inclui e ainda por um outro

programa referência da prefeitura paulistana, no populoso hospital

Heliópolis." A afirmação segundo a qual o psiquiatra Ronaldo Laranjeira é

"porta-voz de tudo o que se refere a drogas na Universidade Federal de

São Paulo" é absolutamente incorreta. As posições defendidas pelo Prof.

Ronaldo Ramos Laranjeira no Programa Roda-Viva exibido na semana passada

na TV Cultura expressam sua posição pessoal sobre o tema, não sendo

consensual nesta universidade. Como é próprio à natureza de uma

universidade plural e democrática, há espaço para amplo debate de ideias

e coexistem diferentes pontos de vista sobre esta e outras questões.

Existem na Unifesp outros pesquisadores atuantes na mesma área, também

reconhecidos nacional e internacionalmente, que não compartilham do seu

ponto de vista e se posicionam a favor das políticas de redução de danos

e outras iniciativas que visam promover uma visão mais abrangente da

questão, não a limitando a ações na área da saúde mas promovendo ações

educativas, de reinserção social e discussão política sobre os aspectos

legais envolvendo esta complexa questão. Prof. Dra. Florianita Coelho

Braga Campos Pró-reitora de Extensão da Unifesp"

http://www.unifesp.br/index.php?pag=noticias.php&tipo=1&idnoticia=707

hahah chamou o laranjeiras de limitado

:cadeirada:

ele é porta voz de uma visão limitada e ultrapassada de mundo

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