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Mais Equívocos Governamentais Nas Políticas De Drogas


sano

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  • Usuário Growroom

MAIS EQUÍVOCOS GOVERNAMENTAIS NAS POLÍTICAS DE DROGAS...

Dartiu Xavier da Silveira

Diversas instâncias governamentais tem apresentado propostas de enfrentamento dos problemas relacionados a dependência química.

No entanto, a grande maioria delas parte de pressupostos equivocados a respeito do tema, não conseguindo assim caminhar para a real solução do problema.

Uma dessas iniciativas questionáveis seria o projeto Recomeço.

Ao dependente químico seria disponibilizada a quantia de 1.350 reais mensais, durante seis meses, paga diretamente a uma instituição de internação, preferencialmente uma comunidade terapêutica.

Ou seja, o primeiro grande engano é que já se determina de antemão uma estratégia terapêutica fundamentada na internação e, pior ainda, em uma comunidade terapêutica.

Não existe fundamentação cientifica para se privilegiar o tratamento através de internação em detrimento de um tratamento ambulatorial.

A eficácia tende a ser maior quando o dependente é atendido ambulatorialmente por uma equipe multidisciplinar (a exemplo do que ocorre nos CAPS-AD, como preconiza o Ministério da Saúde).

No caso das internações, a imensa maioria dos dependentes recai logo após o seu termino.

Se agregarmos as avaliações de custo-beneficio aos estudos de eficácia, chegaremos a conclusão que este é um modelo incomparavelmente mais dispendioso e menos eficaz.

Isto para não mencionar outros problemas bastante graves que foram levantados nos últimos anos a respeito das comunidades terapêuticas.

Embora algumas delas sejam exemplares e ofereçam um tratamento de qualidade, infelizmente são exceções.

Na grande maioria das vezes, as CT são instituições precárias, com equipes mal preparadas, que utilizam métodos pouco científicos, sem preocupação com avaliação da eficácia das intervenções propostas.

São geralmente modelos mistos, com forte viés moralista, sem conhecimento adequado da complexidade do fenômeno dependência.

A maioria delas sequer sabe distinguir um usuário de um dependente de drogas (e precisamos lembrar que os estudos epidemiológicos do mundo inteiro nos mostram que mais de 80 % dos usuários de drogas não são dependentes e portanto, não teriam que ser submetidos a nenhuma forma de tratamento!!!).

Isto sem mencionar os frequentes casos de aviltamento a que são submetidos os pacientes internados, alguns deles sofrendo tortura psicológica e mesmo física, como foi amplamente documentado por vários órgãos, inclusive pelo Conselho Federal de Psicologia.

Os pontos centrais que não deveriam ser negligenciados em qualquer iniciativa de abordagem da questão:

A grande maioria dos usuários de drogas não são dependentes;

deve sempre ser privilegiado o tratamento ambulatorial, sem o afastamento do dependente do seu meio (menos custoso e mais eficaz);

nos casos que requerem internação (menos de 20 %), esta deveria ser de curta duração (geralmente de 2 a 4 semanas apenas) e serem feitas em ambiente de hospital geral.

As internações longas não contemplam as necessidades do dependente químico e, pior ainda, reeditam o inadequado modelo psiquiátrico asilar e manicomial.

Diante do exposto, os governos deveriam investir esses recursos do projeto nas suas próprias estruturas de atendimento, implementando as unidades básicas de saúde e os CAPS-AD, o
que talvez não resulte em mais votos mas que certamente ajudaria muito mais os dependentes de drogas. A ONU preconiza que o tratamento de um dependente químico deva ser feito
preferencialmente em regime ambulatorial e que os tratamentos coercitivos (como ocorre com a imensa maioria das internações) deveriam ser considerados como equivalentes a tortura.

Acho irônico que justamente quando temos na chefia de nosso atual governo federal uma pessoa que foi vítima de tortura na época da ditadura militar, sejam incentivadas medidas “terapêuticas” que os órgãos internacionais consideram como sendo formas disfarçadas de tortura(!).

Texto parcialmente publicado em:

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/08/1327942-internacao-de-dependentes-quimicos-e-controversa.shtml

E recebido na íntegra por email diretamente do Autor.

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  • Usuário Growroom

Puxa, Sano... Eu andava pessimista, vendo uma tendência ruim, querendo estar errado. Agora isso!

Pelo menos hoje em dia tem gente como o Dartiu pra dizer a real. Meu medo é que seja só um registro melancólico p/ a História. #bad

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  • Usuário Growroom

Enquanto querem engaiolar usuários de drogas no Brasil, o Uruguai da uma lição no mundo inteiro de como diminuir o poder do trafico e tratar um usuário. Quem sabe um dia viveremos assim, mas no momento tenho que continuar nas aulas de espanhol, para viver em um país melhor.

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  • Usuário Growroom

Puxa, Sano... Eu andava pessimista, vendo uma tendência ruim, querendo estar errado. Agora isso!

Pelo menos hoje em dia tem gente como o Dartiu pra dizer a real. Meu medo é que seja só um registro melancólico p/ a História. #bad

Não vai ser um registro melancolico não, irmão!

O Dartiu não está só, na verdade é uma rede de aliados que combate o obscurantismo na política de drogas. Ao mesmo tempo que os proibicionistas se mexem, nós também não ficamos parados!

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  • Usuário Growroom

Sempre gostei muito do Dr. Dartiu. Ele usa uma linguagem bem simples e fácil de entender quando fala sobre o assunto. Como pode ter gente que não consegue entender

É muito bom saber que a rede de aliados que combate o obscurantismo na política de drogas está recheada de pessoas como Dr Dartiu e à todo vapor!! :animbong:

Parabéns e obrigado!!

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  • Usuário Growroom

Teenso mesmo..... as coisas na realidade tem avanços (marcha da maconha, uruguai), porem também existem retrocessos. Resistir ao modus operandi do capital e a opressão diária da polícia e da sociedade consumista que um, dia .....ah um dia o Brasil dará uma chance para a civilidade, para uma sociedade mais politizada e plural.

Volto sempre a dizer, parte de importantes respostas do proibicionismo que se materializou na nefasta war on drugs está no PROCESSO HISTÓRICO, pela qual a planta passou a ser proibida "politicamente". Isso também se dá/deu por que no séc. 18 era a maior monocultura do mundo. Hoje, salvo engano é a quinta monocultura do mundo, consome 2% da energia eletrica do EUA, e já processada industrialmente. Cannábis é uma realidade ...PARA OS RICOS. Veja Israel, Canadá, EUA, grande parte dos EUA.

Uma política que visa justamente enfraquecer o plantio pra uso pessoal, coisa que a polícia não está gostando nada, pois está perdendo os arregos antes devidos. Tudo política equivocada, desde suas premissas...

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  • Usuário Growroom

E um dos maiores defensores da internação compulsória aqui no Brasil, como nos mostrou o sano, publicou em inglês texto atacando a internação compulsória de forma contundente, é um hipócrita esse Laranjeiras mesmo, um bandido disfarçado de doutor.

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  • Usuário Growroom

Teenso mesmo..... as coisas na realidade tem avanços (marcha da maconha, uruguai), porem também existem retrocessos. Resistir ao modus operandi do capital e a opressão diária da polícia e da sociedade consumista que um, dia .....ah um dia o Brasil dará uma chance para a civilidade, para uma sociedade mais politizada e plural.

Volto sempre a dizer, parte de importantes respostas do proibicionismo que se materializou na nefasta war on drugs está no PROCESSO HISTÓRICO, pela qual a planta passou a ser proibida "politicamente". Isso também se dá/deu por que no séc. 18 era a maior monocultura do mundo. Hoje, salvo engano é a quinta monocultura do mundo, consome 2% da energia eletrica do EUA, e já processada industrialmente. Cannábis é uma realidade ...PARA OS RICOS. Veja Israel, Canadá, EUA, grande parte dos EUA.

Uma política que visa justamente enfraquecer o plantio pra uso pessoal, coisa que a polícia não está gostando nada, pois está perdendo os arregos antes devidos. Tudo política equivocada, desde suas premissas...

O que a "sociedade consumista" tem haver com isso?

Foi a sociedade "estatista" a grande culpada pela proibição, na sociedade "consumista" você poderia plantar, comprar na farmácia, em coffee shops e etc. Afinal, Holanda, Califórnia, Canadá, e tantos outros onde a maconha é legalizada não são lugares capitalistas?

Bota na conta do "bem estar social" essa, vulgo socialismo corporativista.

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