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Editor Da Primeira Revista Sobre Maconha Do Brasil Fala Sobre Apologia E Preconceito


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Editor da primeira revista sobre maconha do Brasil fala sobre apologia e preconceito

Danubia Paraizo | 09/04/2014 17:15
Quando finalmente a primeira edição da Sem Semente ficou pronta, a alegria de seu editor, o jornalista Matias Maximiliano, só não foi maior por causa de um pequeno detalhe: a impressão. “A gráfica se negou a imprimir a revista depois que mandamos o arquivo final. Se recusaram a ganhar dinheiro por causa do conteúdo”, desabafa o idealizador da primeira publicação dedicada à cultura canábica do Brasil.
Criada em 2012, pouco tempo depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar a "Marcha da Maconha" e qualquer outra manifestação favorável à legalização da droga, a revista experimenta desafios semelhantes às demais revistas independentes, só que com o ônus do preconceito. “Eu queria que a gente tivesse anunciantes em todos os segmentos, mas no momento, todos eles são fabricantes de papel de seda, tabacarias e empresas de fertilizantes”.
Crédito: Fernando Schlaepfer
matias.jpg
Matias é editor da revista Sem Semente
Com a redação espalhada pelo Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Curitiba (PR), além de correspondentes na Espanha e Estados Unidos, a ideia inicial era tornar a publicação bimestral. Devido aos altos custos de produção e distribuição, foram lançadas apenas quatro números, além da expectativa de uma nova edição prevista para junho. O especial trará uma reportagem sobre a relação da maconha com o futebol.
Mas engana-se quem imagina que a revista tem objetivos de defender meramente o uso recreativo da droga. Cada edição traz um mix de entrevistas, como a do delegado Orlando Zaccone, membro de um movimento internacional que defende a regulamentação das drogas, o músico Marcelo Yuka, também militante da causa, e reportagens. Os assuntos recorrentes trazem notícias do uso medicinal da erva, e questões legislativas, como o projeto de lei do deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ), que propõe a legalização da produção e venda da maconha.
Em entrevista exclusiva à IMPRENSA, o editor da Sem Semente fala sobre os desafios de produzir uma revista sobre a cultura canábica, como contornar o preconceito e lidar com o fantasma da criminalização da apologia às drogas.
Que tipo de cuidado vocês tomam para não fazer apologia às drogas, algo considerado crime no Brasil?
Essa preocupação foi uma das principais razões para não termos feito a Sem Semente antes. O receio de acabarmos na prisão. Mas em 2008, após o Ministério Público ter proibido a Marcha da Maconha justamente por essa dita apologia, alguns grupos se organizaram para levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2011, o STF decidiu que qualquer tipo de protesto ou manifestação sobre a liberação da maconha não seria tipificado como apologia. A decisão garantia o direito à liberdade de pensamento previsto na Constituição. Seis meses depois, decidimos lançar o primeiro número da Sem Semente. Isso não quer dizer que está tudo liberado. Já tivemos uma gráfica que se negou a imprimir a revista depois que mandamos o arquivo final. Se recusaram a ganhar dinheiro por causa do conteúdo.
Como decidem o que pode virar pauta? Quais são as editorias da revista?
A gente tenta abranger ao máximo possível o universo da maconha, mas nem por isso deixa de ser informativo. A revista pode ser dividida em duas partes. A primeira, com notícias, ativismo, informação, política, entrevistas. A segunda parte é mais lúdica, com quadrinhos, curiosidades e um especial sobre cultivo de diferentes espécies.
Crédito:Divulgação
caparevistasemsemente02.jpg
Revista está em sua quarta edição
Quais são os diferenciais da Sem Semente em relação ao que já existe de publicações online e offline?
Acho que a qualidade editorial da revista. Se você for procurar na internet há inúmeros blogs e sites sobre o assunto. No “Fantástico”, recentemente, fizeram uma reportagem sobre uma família brasileira que importa THC (principal componente ativo da maconha) legalmente para o tratamento da filha. Tem muito assunto relacionado a erva, e não só sobre seu uso recreativo, mas suas propriedades medicinais. Há vários movimentos no Congresso, no Senado, é importante um veículo para acompanhar tudo isso. A gente está atrás de fazer jornalismo sério, com fotos boas, design maneiro, esse é o nosso diferencial do que já existe por aí.
Como é feita a distribuição da revista?
Temos as mesmas dificuldades de toda revista independente com a distribuição. Nosso plano original é que ela fosse bimestral, mas acabou que tudo foi mais difícil do que planejávamos. Até porque cada um tem seu trabalho, somos ativistas na luta para a liberação da maconha, mas temos nossos trabalhos fixos.
Estamos com uma tiragem de 10 mil exemplares distribuídos em lojas especializadas, como tabacarias em vários estados, além das bancas. Mas nossa distribuição em bancas é limitada a São Paulo e Rio de Janeiro. Só na capital paulista contamos com cerca de 200 pontos de venda, para isso, a gente conta com o apoio de pequenas distribuidoras.
Como lidam com os anunciantes? Há alguma resistência?
Eu queria que a gente tivesse anunciantes em todos os segmentos, desde uma rádio a uma marca de roupa, empresa de materiais de surfe, algum festival, etc. No momento, por causa do preconceito, todos os nossos anunciantes são do segmento, como fabricantes de papel de seda, lojas, tabacarias, empresas de fertilizantes. Os nossos anunciantes também têm uma bandeira ideológica muito forte, de investir em uma revista que quer fazer a diferença, levar cultura. As pessoas que anunciam com a gente tem muito essa carga militante.

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