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A legalização da maconha e a polícia


-Beronha-

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  • Usuário Growroom

A legalização da maconha e a polícia

Por 1a527f56dde0a9c0adfe3f336614c0ed 02/11/2003 às 13:36

Como reivindicar nossa cidadania se não soubermos reconhecer que os policiais também são cidadãos? Nosso movimento é também pela vida do policial.

Sábado às 14:00 no vão livre do Masp o único sinal de que existiria uma manifestação pela legalização da maconha era a quantidade de policiais e viaturas no local. Os manifestantes eram umas poucas pessoas tímidas lá no fundo. Aos poucos os dois grupos se aproximaram e entraram em acordo: a polícia colaboraria com a manifestação, mas não poderíamos fumar maconha nem fazer apologia. "Legalise já" pode, "Fume maconha" não, e quem fumasse iria preso. A reclamação do sargento responsável pela dita repressão foi de não avisarmos antes que haveria uma manifestação para que a PM e CET pudessem parar o trânsito e garantir a nossa segurança.

Às 16:00 resolvemos andar até o ibirapuera e aos policiais sobrou o trabalho de organizar a manifestação, já que não havia um responsável. A primeira tentativa de organização resultou de um coro "ÃO ÃO ÃO, ABAIXO A REPRESSÃO", quando a polícia nos impediu de invadir a paulista, mas logo em seguida pararam o trânsito para que a passeata prosseguisse. Fomos escoltados até o parque pela PM e CET e a passeata foi pacífica, apesar do olhar nada amistoso de alguns policiais que já haviam tirado os cacetetes da bainha em resposta a gritos como "POLÍCIA É PRA LADRÃO, PRA MACONHEIRO NÃO" e "EI VOCÊ AÍ FARDADO, VEM FUMAR UM BASEADO".

Aos poucos o protesto deixou de ser contra a legislação e passou a ser contra a polícia. A segurança no Ibirapuera seria feita agora por outra equipe, que não sabia de nada, apenas viram uma multidão marchando para o parque. O responsável avisou-nos para acalmar os manifestantes enquanto ele conversava com a administração do parque para abrir os portões, mas nessa hora os policiais já estavam sendo confrontados.

No parque fomos mais uma vez avisados pelo policial responsável, que veio conversar. A maioria fumou como sempre faz, discretamente e com bastante cuidado. Tivemos nossos 10 minutos de woodstock enquanto a polícia não se organizava. Até que alguém resolveu ser o grande mártir do movimento e fez o que não podia: fumou na frente dos policiais, desafiando a autoridade.

O que se seguiu foi uma repressão violenta. Não dos policiais, mas dos manifestantes que reprimiam os cidadãos que tentavam trabalhar. A viatura foi cercada, alguns deitaram na frente do carro, outros resgataram à força o companheiro, que foi novamente preso. Logo o grito de "LULA-LÁ, VAMOS LEGALIZAR" se transformou em "É É É, NÃO ESTUDOU VIROU GAMBÉ". E a passeata terminou na delegacia.

Alguém que aparecesse no Masp as 15:00 e conversasse com os manifestantes ouviria frases como "também somos cidadãos", "estudo, trabalho e fumo maconha", "pessoas normais querendo direitos iguais", "queremos uma sociedade mais madura, que saiba conviver com a diferença de opinião". Os policiais diriam que "o problema não é o usuário, é o tráfico", "não somos contra vocês, fazemos o nosso trabalho". Nós dissemos a eles que nosso movimento é também pela vida do policial, que morre todo dia na luta contra o tráfico, vítima da lei como nós.

COMO PODEMOS REIVINDICAR NOSSA CIDADANIA SE NÃO SOUBERMOS RECONHECER QUE OS POLICIAIS TAMBÉM SÃO CIDADÃOS? COMO PEDIR PARA A SOCIEDADE UMA ABORDAGEM MAIS MADURA AO USO DE DROGAS SE NÃO FORMOS CAPAZES DE DAR O EXEMPLO? SE VAMOS LUTAR PELA LEGALIZAÇÃO, O PRIMEIRO PASSO É PERCEBER QUE A MACONHA É PROIBIDA E APRENDER A LIDAR COM ISSO. PARA QUE O MOVIMENTO DÊ CERTO, PRECISAMOS DA SIMPATIA E PARTICIPAÇÃO DA POLÍCIA, NÃO O CONFRONTO.

Apesar de tudo isso, o confronto com a polícia foi apenas um evento isolado se olharmos avanço que fizemos ontem nessa luta pela liberdade. A maior parte da passeata foi pacífica. Quem foi participar de uma manifestação pela paz se divertiu bastante e conseguiu o que queria. A próxima será bem maior. E se formos inteligentes, muito melhor.

NOTA: O Autor é anônimo e tem seus direitos autorais garantidos por uma chave de criptografia. O conteúdo é livre, de acordo com a Cypherpunks anti-License

Email:: 1a527f56@mandic.com.br

Retirado de: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2...11/267070.shtml

Taí, concordo com o cara!

Como dizia o finado Sabotage: "Respeito é pra quem tem!"

Falou

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