A República Checa descriminalizou desde janeiro deste ano a posse de praticamente todas as drogas, desde de que o porte esteja destinado ao uso pessoal e não à venda (ou seja, a venda continua proibida). Dentro da lei, a ofensa do uso de drogas em público está no mesmo patamar do que a ofensa de ter estacionado o carro em um local errado, tendo que pagar apenas uma pequena multa, ou seja, os cidadoes checos podem fumar seu baseado em paz, sem ter a preocupação de parar na cadeia por causa disso. Pra comemorar esse fato, a República Checa organizou o Cannabizz, International Hemp Fair, um evento com a presença de inúmeras empresas e grupos no setor, que atraiu atenção internacional (inclusive a minha). Resolvi dar um pulo lá pra ver como a questão de drogas e especialmente na maconha está se desenvolvendo na europa.
No evento participaram inúmeras empresas de toda a europa. Muitas apresentaram diferentes métodos de cultivos bastante interessantes. Mas mesmo que a maioria tinha se concentrado no ramo growing, houve também inúmeras que apresentaram diferentes utensílios para o consumo, dentre eles o que mais me interessaram foram os vaporizadores: muitas pessoas, principalmente pacientes que utilizam a maconha medicinalmente, se sentem mal em fazer uma joint e fumar a maconha, eles preferem por a erva num vaporizador e puxar o vapor. Nao sabia da existencia de tantos tipos diferentes de vaporizadores antes de ter participado do evento.
Fora isso havia inúmeros stands para a venda de sementes de maconha (que segundo à lei checa podem ser comprados para „colecionar“ mas não para plantar), de inúmeros países dentre os quais sementes da Áustria, Polónia e da Holanda, com sua destacada marca Sensi Seeds. Gostaria de salientar que na Áustria, nao apenas a venda de sementes de maconha para o cultivo é juridicamente legal, mas também a venda de mudas da planta, segundo me informaram os representantes da “Indras Planet GmbH” austríaca.
Para quem tem um Grow-Shop, esse evento foi um prato bem cheio: você pôde ter comunicação direta com representante de vendas dessas diversas áreas acima citadas e já começar um primeiro diálogo para possíveis pedidos.
Mas o evento não foi marcado pela presença apenas de empresas do setor, mas também por movimentos sociais e políticos de toda a europa, principalmente do partido Pirata checo (que me forneceu todas as informacoes sobre a situação legal da Cannabis na República Checa), e do movimento pró-legalização na Alemanha liderado por Steffen Geyer, pessoa que tive o extremo prazer de conhecer pessoalmente (veja seu Blog, em alemao, em: http://usualredant.de/tagesrausch/), e por grupos de apoio ao uso medicinal da planta.
O única parte negativa do evento na minha opinião foi a presença oportunista de empresas que apenas utilizam a imagem e nome da Cannabis pra fazer propaganda dos seus produtos, como por exemplo de vodkas que possuem sementes ilustrativas da cannabis em suas garrafas. Apesar da venda dessa Vodka ter sido um sucesso (a venda da maconha não pode ser realizada no evento), não houve ninguém que se intimidou em acender seu baseado caseiro, o que não incomodou nenhum (dos apenas dois) seguranças presentes no evento. A opinião da polícia local é que eles não se importam com o consumo, contanto que não seja em locais públicos.
A experiência que eu levei do evento é a visão sobre o quão enorme é o número de empresas em diversos ramos que atuam na produção de produtos relacionados ao uso/cultivo da maconha. Também me alegra ver a abertura dos países europeus em discutir essas questões, sem ter que necessariamente reprimir à força essas diferentes formas de manifestação e discutir essas questões com pessoas de países e culturas tão diferentes, de todas as partes do mundo. Acredito firmemente que essa política agressora/repressora, está (por mais que demore) com os dias contados, e ficarei muito feliz em ver um evento desse porte acontecendo no meu amado Brasil.