Foto: Prensa420
Por Verijuana
Atualmente, a produção, processamento e supervisão da canábis medicinal tem cruzado a linha entre o farmacêutico e o alimentar. Em países onde o consumo medicinal é regulamentado, a maconha é usada para tratar uma infinidade de condições médicas, mas tem sido produzida de uma maneira mais próxima dos produtos agrícolas do que de medicamentos.
O que torna a maconha um remédio?
A planta da canábis tem dezenas de princípios ativos chamados canabinoides, que são encontrados na flor, folha e caule. Os canabinoides são produzidos em diversos níveis ao longo da vida e da extensão da planta. A maioria é encontrada nas folhas de plantas femininas, concentrada em uma resina viscosa, produzida numa estrutura glandular conhecida como tricoma. Além dos canabinoides, a resina é rica em terpenos, que são responsáveis pelo cheiro e as diferentes nuances fisiológicas, que variam de acordo com a espécie.
Os canabinoides entram no corpo humano de várias formas diferentes. Você pode consumi-los fumando, comendo o vegetal bruto (ou variedades de seus concentrados), e até mesmo através de aplicação tópica (onde as substâncias são aplicadas diretamente na pele ou no local do problema). Pesquisadores já identificaram mais de 100 canabinoides exclusivos na planta da maconha. Muitos deles interagem com o sistema endocanabinoide humano através de seus receptores, que são encontrados ao longo do nosso corpo.
Entretanto, existem receptores endocanabinoides que acabaram de ser reconhecidos e ainda estão sendo identificados e estudados. Os dois tipos de receptores mais conhecidos são o CB1 e CB2. O CB1 é expresso principalmente no cérebro e no sistema nervoso central, além de pulmões, fígado e rins. O receptor CB2 está mais presente no sistema imunológico, células hematopoiéticas e ao longo do intestino. A afinidade de um canabinoide com cada receptor determina o efeito daquele canabinoide, que se liga seletivamente ao receptor mais desejável ao uso médico.
Próximos passos
Já que a rede de distribuição, regulamentação e legalidade andam juntas, a canábis traz diversas questões para governantes, produtores, vendedores e consumidores de países onde já foi legalizada. Uma delas pode ser: “Como esse remédio pode ser prescrito para pacientes de forma segura e com uma dosagem conhecida e correta?”. Na medida em que esses países começam a fornecer um ambiente regulatório mais simpático com a produção e distribuição da erva, resolver este problema deve ser prioridade.
Enquanto isso, no Brasil, alguns largos passos atrás, seguimos esperando que a legalização da maconha medicinal não tarde acontecer. E que venha acompanhada pelo direito ao cultivo caseiro – que possibilita a independência do paciente e o acesso autosustentável à planta, sem as amarras impostas pelo lobby da indústria farmacêutica.