Já se sabe que quem defende a proibição, defende o tráfico. Isto nunca ficou tão evidente com a prisão do supervisor da Unidade de Inteligência do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (DENARC), o delegado Clemente Calvo Castilhone Júnior.
Castilhone costumava dar palestra sobre combate às drogas e era fervoroso ao defender as estratégias de prevenção e repressão adotadas pelo Estado. O delegado chegou a participar da audiência pública de relançamento da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Crack, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Porém, tamanho engajamento vinha de interesse próprio.
Segundo as investigações, Castilho e outros seis agentes – também presos graças a uma operação conjunta do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Civil – recebiam cerca de R$300 mil ao ano, além de uma quantia mensal, para proteger e permitir o trabalho dos traficantes.
Não bastasse ser o supervisor da Unidade de Inteligência do DENARC, Castilhone também atuava na agência integrada de inteligência dos governos estadual e federal para combater a violência. Além de receber propina dos chefes do tráfico, o delegado é suspeito de ter vazado informações aos criminosos, o que teria prejudicado as investigações do Ministério Público.
Por isso nós insistimos em dizer: quem defende a proibição, também defende o tráfico. Seja o próprio traficante, o policial corrupto ou os donos de clínicas de habilitação, as polêmicas comunidades terapêuticas. Para eles, droga boa é droga proibida, que gera corrupção, propina e muito dinheiro às custas dos usuários criminalizados.