do portal IBGF
Os preços ao consumidor da erva canábica (maconha, marijuana) e dos seus derivados (haxixe, óleo e “queijo”) sofreram aumentos daordem de 100% no mercado europeu.
A ameaça de o exército libanês invadir o Vale do Bekaa (aos pés do Monte Líbano) para destruir os plantios de maconha e a redução da safra no Marrocos são apontados como causas da subida dos preços. Na América Latina, os grandes produtores já ameaçam de aumento os EUA, seu maior consumidor.
O Marrocos é o maior produtor mundial de maconha e haxixe. Nos vales do Rif e Yebala concentram-se as áreas de plantio, que atingem 200 mil hectares.
Os agricultores marroquinos e as suas famílias dependem da maconha e da resina extraída para a elaboração do haxixe. Por outro lado, o próprio Marrocos tem um pib (produto interno bruto) dependente desse mercado canábico.
O produto marroquino entra na Europa pelo Atlântico e Mediterrâneo. A França é o maior mercado consumidor do haxixe do Marrocos.
Pressões internacionais e repressão governamental causaram uma redução na oferta dos produtos canábicos marroquinos, a gerar protestos de plantadores no vale do Rif e em Yebala.
Como conseqüência da redução da oferta e do permanente aumento da demanda, os preços dispararam na França, Espanha, e Inglaterra, países de elevado consumo.
Na Holanda, onde a maconha pode ser vendida em cafés autorizados, os comerciantes, que realizam importações dos produtos canábicos, subiram os preços em 0,5%. Aqueles que usam o produto para fins terapêuticos (pela lei holandesa, em cada residência podem ser plantados até três pés de maconha) acusam aumento nas sementes, evidentemente negociada, ilegalmente, entre vizinhos.
O segundo fator de aumento tem natureza especulativa. Os agricultores do Vale do Bekaa, grandes produtores de maconha, reuniram-se e ameaçaram pegar em armas para enfrentar o Exército libanês, caso resolva o comando erradicar os plantios de marijuana-maconha.
O temor dos agricultores do Bekaa veio depois do acordo de paz celebrado, por intermediação do comandante do Exército libanês, entre do Hezbollah e as outras facções de poder (cristãos-maronitas, sunitas e drusos). A propósito, o acordo levou à presidência, no final de maio passado e depois de ano e meio de vacância, o general Michel Sleimane, então comandante do Exército.
No vale do Bekaa impera o hezbollah, partido político contrário, pela religião xiita professada, ao consumo de drogas.
Diante da pacificação, ainda que precária, os agricultores temem que o Exército, que não tem força para enfrentar o Hezbollah, possa agora intervir, pela ausência de dissenso com relação ao tema drogas ilícitas, no Bekaa, promovendo erradicações, como já ocorreu num passado distante.
O jornal Le Mond, a respeito de uma possível resistência armada por plantadores de maconha do Vale do Bekaa, acabou de entrevistar o agricultor Ali Hassan. Ele declarou: – “Se não existe mais guerra, o exército virá para destruir os nossos plantios”.
Pacotes de Maconha para exportação.
No Bekaa moram 250 mil libaneses. A maconha de exportação movimenta cerca de US$350 milhões por ano. A oferta aumentou, segundo revelou Hassan, depois que as tropas sírias deixaram o Líbano em 2005.
Hassan, sempre consoante entrevista no Lê Mond, disse plantar outros produtos, como batata e tomate. A respeito, frisou que o preço da maconha é imbatível: não necessita de adubação e defensores agrícolas, a lavoura canábica consome pouca água e o intervalo entre os pés não precisa ser superior a 30 centímetros.
Sobre o aumento pelo temor de erradicação pelo Exército libanês, Hassan disse que o preço, neste ano de 2008, subiu para 800 euros o quilo e o dólar já era. Em 2007, para comparar, Hassan informou que o preço era de 450 euros por quilo. Ainda, revelou ter vendido, em 2007, cerca de 15 kg de haxixe e se considera um plantador de batatas e tomates que utiliza apenas uma pequena área para a maconha.
Uma análise da geoestratégica dessemercado ilegal mostra que, em breve, os norte-americanos experimentarão um forte aumento no preço da grama da maconha, pelo efeito cascata. Os EUA recebe maconha princilmente da Colômbia, México, Jamaica, República Domenicana.
Não vai demorar para a maconha virar commodity, a ser negociada em virtuais Bolsas de Mercadorias e Futuros.
–Wálter Fanganiello Maierovitch–