Por: Rubem César Fernandes*
Na Guerra, fala-se de estratégia e de tática. A primeira define o objetivo maior que se quer alcançar. A segunda propõe os caminhos para chegar lá. A guerra às drogas é uma tática para alcançar o objetivo estratégico proposto pela ONU em 1998, de UM MUNDO SEM DROGAS. Passados dez anos, não há como negar, vê-se que as táticas empregadas não funcionaram. A produção na América Latina não diminuiu, o consumo aumentou, o produto se diversificou, o preço caiu. E mais, conseqüências inesperadas aconteceram. Espalhou-se o crime organizado, fortalecido pelo controle do negócio proibido.
Tática errada? Acho que não. É a estratégia que nos fez mal. A ONU, sob liderança do governo dos EUA, fez a pergunta errada e nos jogou a todos num caminho sem saída, um círculo vicioso e violento. Ao invés de sonhar com um mundo sem drogas, sonho que se tornou pesadelo, é melhor perguntar sobre como conviver com elas – reduzir os danos que possam causar e cuidar do bem que por ventura possam estimular. É tempo de acabar com essa guerra!
* Rubem César Fernandes é antropólogo, diretor-executivo da ONG Viva Rio e colaborador do blog Sobredrogas
Fonte: Blog Sobre Drogas