Paciente medicinal, advogado, home grower, ativista e entusiasta canábico. É assim que um dos cultivadores mais irreverentes do Brasil se descreve no Instagram. Ele não revela a identidade, mas atende pela alcunha de Capivara Weed.
Se você é um entusiasta do cultivo de cannabis, pode ser que você já tenha se deparado com algum post do Capivara pelas redes. Hoje ele é um dos cultivadores mais influentes no Brasil com quase 50K seguidores (na data desta publicação 03/02/2018).
Além das fotos tentadoras, com flores enormes, que enchem os olhos de qualquer maconheiro; ele dá dicas de cultivo e faz sorteios semanais de brindes, o que movimenta e engaja ainda mais seus seguidores.
Capivara, apelido que resgatou da época da adolescência, não visa a fama pessoal. “Eu não quero aparecer. Acho que um avatar é sempre legal. Dá para brincar mais, fazer mais humor e criar empatia com o público”, ele explica.
Conversamos com essa figura canábica pra saber um pouco mais da sua história:
Ping-pong com o Capivara Weed
GR: Porque você começou a fumar maconha?
Capivara: Comecei com a maconha socialmente. Experimentei com 15 anos e entre os 15 e 20 anos fumei de maneira bem pontual. Uma ou outra ocasião. Mas já no segundo ano de faculdade comecei a fazer um uso mais frequente. A questão medicinal veio após eu interromper o uso por um tempo e começar a sentir uma piora no meu quadro, o que me levou a debruçar sobre este tema. Pois vi que a cannabis tinha um potencial terapêutico muito grande para mim.
GR: Como foi o processo para conseguir autorização para importação da Anvisa?
Capivara: O processo foi bem simples. Em consulta com minha médica Dra. Eliane Guerra Nunes, que tem uma abordagem bem técnica e atualizada, ela decidiu compassivamente e através de resultados clínicos dar continuidade ao tratamento e me prescreveu a medicação. Depois é só remeter a Anvisa e requerer a autorização.
GR: Como aprendeu a cultivar?
Capivara: O cultivo é uma antiga namorada. Sempre paquerei fóruns nacionais e internacionais. Tinha essa curiosidade e essa vontade. Até que um dia a vontade foi muito forte e comecei a devorar tudo que encontrava na internet sobre o tema. Eu não conhecia ninguém que plantava, nem tinha ninguém para me orientar inicialmente. Então fui futucando.
GR: Porque resolveu comprar o curso da Growroom High School?
Capivara: Eu acredito que toda iniciativa do mundo grower deve ser apoiada e divulgada. E nada melhor do que uma iniciativa do maior site de cultivo da América Latina. Um site que reúne cultivadores de todo Brasil, onde há essa troca de informação e experiências. Então fica um conteúdo muito rico e acessível. E o curso serviu para reunir todas essas informações do fórum de maneira didática, objetiva e ilustrativa.
GR: Como anda sua experiência com LED, você já usou HPS?
Capivara: Não podemos mais dizer que os LEDs são o futuro das fontes luminosas de cultivo indoor. Pois agora eles já são o presente. E cada dia que passa há uma maior evolução. As HPS, além de serem fontes nada eficientes, são um verdadeiro tapa na cara da onda verde! Só é muito disseminada ainda, por conta do seu baixo custo inicial e porque grande parte dos growers que a utilizam tem gato de luz. Num clima tropical como o nosso, faz mais sentido ainda usar os LEDs , pois rodam a temperaturas baixas, sem contar a melhor distribuição de luz. Mas importante lembrar que não pode ser qualquer led. O interessante é buscar chips(COBs) de qualidade como VEROs, CREE, CITIZEN, ou as novas Quantum Boards da Samsung. Já que tem muito produto ruim surgindo nesse movimento pró LEDs.Já tive oportunidade de cultivar e acompanhar muitos cultivos com HPS. São satisfatórios, mas difícil comparar um rendimento de 0,5g por watt (HPS) para 1,5g por watt(cobs). E a morfologia da planta também muda bastante, além dos óleos essenciais.
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GR: Como você controla temperatura e umidade dentro do grow?
Capivara: Eu gosto de colocar sensores em todo o grow. Tanto nas entradas, como saídas de ar e no interior e exterior. Pois é bem interessante ter todas essas referências. Além disso, tenho um sistema de arduino chamado GrowMestre, que pega todos esse dados e executa de acordo com os parâmetros que eu coloco. É um controlador de ambiente. Tenho também um desumidificador que não cumpre tão bem seu papel, então muitas vezes lanço mão do ar condicionado para resolver a umidade.
GR: Quais fertilizantes usa? Qual o preferido?
Capivara: Tenho utilizado um SuperSolo! Um solo vivo, com muito microorganismo e vida bacteriana rica. São os solos da Tropikali. Com ele basta regar e de quando em vez medir o pH. O resto a natureza se encarrega de fazer!! Super recomendo! Tem tudo que nossas plantinhas precisam em todas suas fases.
GR: Como faz pra evitar pragas?
Capivara: Faço prevenção de 15 em 15 dias, ao menos. Utilizo óleo de neem foliar e sopro terra diatomácea nelas e também no solo, como também pulverizo em ambos Dimmypel (Bacillus thuringiensis). Além da prevenção direta , tanto o Dimmypel como a terra diatomácea dão um boost de sílica no solo, o que também ajuda as folhas ficarem mais resistentes às pragas.
GR: Qual a genética favorita?
Capivara: Cindy99. É uma genética que se adequa bem aos terpenos que aprecio, como também tem seus efeitos bem balanceados.
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