Por Arnaldo Branco
Fonte: Revista Zé Pereira
Se eu fosse o Michael Phelps me naturalizaria jamaicano. Seria conveniente viver em um lugar onde não só medalha olímpica, mas também a maconha, é motivo de orgulho nacional.
Pedir retratação de alguém que consegue ganhar quatorze medalhas de ouro com a cabeça cheia de tetraidrocanabinol é muito moralismo, mas também desinformação: isso é façanha pra valer a décima-quinta. O Phelps sabe disso e deve ter se coçado todo pra não mandar um “faz melhor” pra quem ficou de bronca, ao invés de dar aquela desculpinha mandrake.
Parece que a idéia geral que os leigos fazem da maconha é que ela é uma espécie de droga bipolar que desacelera a fala e o raciocínio mas aumenta o fôlego e a capacidade de girar os braços alternadamente. Bem, talvez, vai saber, matei muita aula de química – mas uma leitura rasteira da reação do público também poderia a levar a crer que o efeito da abstinência é o patriotismo furado.
Por isso, só tem um tipo de pessoa para quem recomendaria o uso não-recreativo de maconha: não, não é para quem sofre de glaucoma, pra quê encher os carinhas com outra coisa que vai ferrar ainda mais com seu senso de direção? Estou falando do pessoal de marketing do governo que faz as campanhas contra as drogas.
Está claro que, como desconhecem as propriedades da canabis, não podem ter argumentos convincentes para levar os usuários a desistir do hábito. Por isso aquelas propagandas na TV que mostram um bando de sujeitos mal-encarados que tentam empurrar um baseado para algum outro cara que eles ficam tirando de otário. Com essa crise e essa seca, vai sonhando.
Phelps já perdeu um dos seus patrocinadores, um fabricante de cereais. Mais um exemplo da falta de conhecimento sobre os efeitos da maconha.