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ToggleEm agosto de 2019, um vídeo causou comoção na internet e chamou a atenção para mais um importante assunto: maconha e Alzheimer. Nele, o goiano Filipe Barsan Suzin, então com 28 anos, se emociona ao ser reconhecido pelo pai, Ivo Suzin, portador da doença neurodegenerativa. À época com 58, Seu Ivo vinha sendo tratado com óleo de Cannabis completo (full spectrum) há apenas seis meses, já apresentando melhoras significativas com relação à enfermidade, diagnosticada quando tinha apenas 52 anos.
A experiência da família vem sendo relatada desde então na conta de Instagram @curandoivo, que mostra a evolução do tratamento de Seu Ivo. Nos primeiros vídeos, nota-se que o a doença havia deixado o senhor extremamente agressivo e tirado sua autonomia para realizar tarefas simples, como comer e ir ao banheiro.
Segundo o filho, antes do óleo de Cannabis, nenhum tratamento convencional havia surtido efeito. “Sua alma parecia que tinha o abandonado, e esse abandono trouxe em seu lugar uma pessoa perigosa e agressiva, que já não tinha mais noção de nenhuma de suas funções básicas”, afirma Filipe Suzin, em uma postagem.
Uso da maconha no tratamento para Alzheimer
O Alzheimer é uma doença crônica em que células cerebrais se degeneram e morrem, causando um declínio progressivo na memória e na função mental. As funções cognitivas são afetadas, reduzindo as capacidades da pessoa trabalhar e se relacionar.
Com a Cannabis, porém, a evolução se deu olhos nus. Os vídeos mostram Seu Ivo conversando, dançando, jogando bola, escovando os dentes e até escrevendo. “Não lembro quando foi a última vez que meu pai me chamou de filho, falou que me ama e me deu um abraço. Hoje foi esse dia. Gratidão!”, disse Suzin no post que mobilizou a internet, chamando a atenção para relação entre maconha e Alzheimer.
“No começo, minha mãe se mostrou avessa ao cultivo da maconha. Mas a convenci, depois de muita pesquisa. Eu percebi a melhora depois do tratamento com a planta, que se iniciou em janeiro de 2019. E no início do ano ganhamos o direito de plantar a maconha de forma terapêutica e hoje eu mesmo a extraio e dou para o meu pai”, afirmou Suzin, em entrevista ao Uol. “Os resultados foram surpreendentes. Hoje, mesmo não sabendo meu nome, ele fica bem mais calmo, sorridente e chega até a me abraçar e beijar. Apresentou melhora no sono e até para comer. Temos paz e ganhamos qualidade de vida”.
Maconha e Alzheimer: como é essa relação?
O Alzheimer é a doença degenerativa mais comum nos seres humanos. Leva a uma demência progressiva e incurável. Ou seja: uma doença crônica que degenera e mata as células cerebrais, causando declínio progressivo na memória e na função mental. Portadores de Alzheimer têm suas funções cognitivas comprometidas e podem desenvolver diversos sintomas em suas diferentes fases.
Na fase inicial, entre os sintomas mais comuns estão a perda de memória, os problemas de linguagem, as dificuldades de tomar decisões, a agressividade, a desmotivação, as variações de humor, a depressão e a ansiedade. A doença afeta 1% dos idosos entre os 65 e 70 anos, mas a prevalência aumenta exponencialmente com a idade: 6% aos 70; 30% aos 80 anos; e mais de 60% depois dos 90 anos.
Segundo a AMA+ME, até junho de 2015, existiam apenas dois ensaios clínicos sobre maconha e Alzheimer. Em ambos os ensaios, os pacientes com doença de Alzheimer foram tratados com Dronabinol©, um THC sintético. O primeiro ensaio mostrou que 2,5 mg de THC, duas vezes por dia, foi eficaz na tratamento de anorexia e perturbações do comportamento, e o segundo evidenciou que 2,5 mg de THC, uma vez por dia, foi capaz de reduzir a atividade motora noturna e a agitação.
Novos horizontes para tratamentos de Alzheimer com Cannabis
Ainda de acordo com a associação, “o grupo do Prof. Fabrício Moreira do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e colaborador da AMA+ME, confirmou o papel neuroregenerador do CBD que atua aumentando, numericamente, as células progenitoras de neurônios no hipocampo. Novos estudos clínicos são necessários para avaliar o real potencial terapêutico dos canabinoides na evolução da doença de Alzheimer”.
Em 2019, foi publicado por um grupo de médicos, na “Revista Brasileira de Neurologia”, o artigo “Canabinoides como uma nova opção terapêutica nas doenças de Parkinson e de Alzheimer: uma revisão de literatura”. O texto afirma que: “Os resultados mostraram efeitos terapêuticos promissores do canabidiol e do delta-9 –tetrahidrocanabinol nestas doenças, tais como redução de sintomas motores e cognitivos, e ação neuroprotetora. Estes resultados podem ser explicados, em parte, pelos efeitos antioxidante, antiinflamatório, antagonista de receptores CB1, ou pela ativação de receptores PPAR-gama produzido por estas substâncias”.
Como solicitar o óleo de CBD para fazer tratamento de Alzheimer
Atualmente, no Brasil, é preciso ter laudo médico e receita médica para solicitar a importação de medicamentos à base de Cannabis. A solicitação é feita pelo site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que dá um passo a passo de como fazer o pedido. Há também a opção de recorrer aos óleos vendidos por associações legalmente constituídas, que hoje atuam no Brasil em favor de pacientes que utilizam a Cannabis para suas enfermidades. Aqui, o Growroom te dá uma lista de várias associações pelo Brasil.