Por Guilherme Dreyer Wojciechowski – SopaBrasiguaia.com
Maior produtor de maconha da América do Sul e com mercado garantido graças ao crescente número de usuários de drogas nos países vizinhos, o Paraguai colhe anualmente, conforme cifras conservadoras, cerca de 5,9 mil toneladas da erva com propriedades alucinógenas.
A cifra, extraída do relatório mundial sobre entorpecentes, realizado pelo Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (UNODC), permite estimar, de acordo com o jornal ABC Color, o faturamento dos traficantes que atuam no Paraguai em algo próximo a US$ 3,6 bilhões / ano.
Tais ganhos, calculados com base no preço da maconha em suas diferentes etapas de produção e mercados – Brasil (70%), Argentina (20%) e Chile (10%) – superam amplamente os valores obtidos com exportações de produtos agropecuários legais, como soja, carne e milho.
Dessa forma, entre os meses de maio de 2007 e abril de 2008, as exportações paraguaias chegaram apenas a US$ 3,3 bilhões, com US$ 1,1 bilhão correspondente à soja, US$ 439 milhões à carne bovina congelada ou in natura e US$ 296 milhões aos grãos de milho.
Quanto à “geração de empregos” ao longo da cadeia, o ABC Color avalia que o cultivo da maconha cria mais postos de trabalho que a agricultura empresarial, havendo farta logística que inclui cargos como financiador, produtor, operador, cuidador, moedor, embalador, transportador, distribuidor, vendedor, etc.
Outro detalhe relevante, trazido pelo jornal paraguaio, é o cada vez mais difundido uso de agrotóxicos para afastar pragas agrícolas e garantir a qualidade da maconha cultivada, medida pelo teor da substância THC, responsável pelos efeitos alucinógenos experimentados pelo usuário.
O ABC Color revela, ainda, o provável envolvimento de políticos e líderes camponeses com o financiamento e o recrutamento de agricultores para a criação das lavouras, situadas, em sua maioria, nas imediações da fronteira seca entre Paraguai e Brasil, em áreas de difícil acesso.
Sobre o percentual do faturamento que fica no Paraguai ao término de uma nova “safra” de maconha, especialistas apontaram cifras que variam de 30% a 50%, uma vez que os financistas, na maioria dos casos, são traficantes de origem brasileira, ligados a grupos criminosos de São Paulo e Rio de Janeiro.
“Em qualquer dos casos, estamos falando de algo entre US$ 1 bilhão e US$ 1,8 bilhão anuais, valor notável em comparação com o tamanho da economia paraguaia, o que estaria explicando a origem do suntuoso nível de consumo observado em alguns círculos da população, por exemplo, política”, conclui o ABC Color.