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ToggleProvavelmente, você já ouvir falar sobre redução de danos e maconha. Mas sabe mesmo o que esse termo quer dizer e como aplicá-lo ao consumo? Regulamentada no Brasil por uma portaria federal em 2005, a redução de danos é um conjunto de práticas e políticas públicas que visa minimizar os efeitos nocivos causados pelo consumos das drogas. Por definição, foca na prevenção aos danos, ao invés da prevenção do uso de drogas, uma vez que trata de pessoas que seguem usando substâncias.
A redução de danos e a maconha
No caso da Cannabis, as preocupações concentram-se na frequência e, principalmente, na forma do uso. Apesar de considerada por muitos autores como uma substância que não causa dependência, como cita Edward MacRae em texto apresentado à Unifesp, em 2004, a erva pode causar a chamada “síndrome amotivacional”, caracterizada por apatia, reclusão e falta de motivação.
É sabido, também, que a Cannabis deve ser evitada por determinados grupos. Indivíduos com propensão a doenças mentais como a esquizofrenia podem ter sintomas exacerbados pelo uso da erva. As mulheres grávidas também devem ficar atentas: embora o tema ainda seja controverso, há evidências de que o uso da erva durante a gravidez pode afetar o bebê.
Redução de danos físicos, mentais e sociais
Por ser uma substância proibida, é preciso ainda atentar-se para a redução de danos sociais do uso da maconha. Reguardar-se socialmente e não ter problemas com a polícia é essencial para, consequentemente, manter uma boa saúde mental e física.
Portanto, prefira sempre fumar maconha em casa e, caso vá sair, carregue pouca quantidade. Evitar dirigir logo após o uso também é fundamental. Se você for cultivador, tenha poucas plantas em casa, fora da vista dos vizinhos, e mantenha o segredo sobre o seu cultivo. O segredo do sucesso é o segredo.
Usuário, conheça seus direitos!
E, claro: saiba quais são os seus direitos e tenha o discurso na ponta da língua. Desde 2006, quando a Lei 11.343 mudou, o usuário de maconha não pode mais ser preso no Brasil. Por mais que a lei não seja clara, cabe a você saber que não pode ser preso como usuário. Abaixo, o Growroom dá algumas dicas importantes de redução de danos que dizem respeito ao modo de usar a maconha. Se liga!
Plante sua própria maconha
Não é novidade para ninguém que a maconha vendida pelo mercado ilegal pode estar misturada a outras substâncias nocivas à saúde. Cascas de árvore, pedaços de insetos e amoníacos estão entre as mais conhecidas. As colheitas são feitas antes da hora e o armazenamento de forma inadequada, o que contribui para o aparecimento de fungos. Então, o melhor é sempre plantar a sua própria erva. Sem contar que, cultivando sua maconha, você consegue escolher a genética que melhor lhe atende, dosando índices de THC e CBD, além de aroma e sabor.
Se não puder plantar, lave o prensado
Uma alternativa para quem precisa recorrer ao prensado é lavar o fumo. Pode parecer besteira, mas a técnica é uma boa ajuda para minimizar eventuais riscos à saúde. Não que resolva o problema, mas ajuda a “tirar o grosso” da sujeira. Consiste em lavar o fumo com água morna (a cerca de 80ºC), deixar coar numa peneira e esperar secar totalmente, com paciência, em local seco. A cor e o aspecto nojento da água mostram a importância do processo. Há um mito de que a maconha perde potência, o que é uma grande besteira, já que os canabinoides são lipossolúveis.
Prefira usar vaporizadores para redução de danos
Na forma de baseados, a combustão da erva libera diversas substâncias tóxicas que podem causar ou piorar sintomas respiratórios. No ato, o fumante inala a fumaça quente, que mistura a erva e a matéria da combustão (a seda ou celulose usada para enrolar). “O que faz mal é o papelzinho”, já diria Maria Alice Vergueiro, em “Tapa na Pantera”. Portanto, a maneira mais saudável de consumir maconha é utilizar vaporizadores. Esses aparelhinhos mágicos esquentam a erva apenas a uma temperatura em que os canabinoides e terpenos são vaporizados. Assim, não há nem combustão nem fumaça, e a onda é a mesma. Depois dos vapes, acessórios que filtram a fumaça na água, como bongs e water pipes, são opções interessantes.
Consuma comestíveis, óleos e extratos
Outra forma saudável de consumir a maconha é por meio da ingestão de comidas preparadas com a erva, bem como óleos, azeites e extratos. A modalidade evita a combustão da erva e ainda possibilita uma absorção bem maior de suas propriedades. Quando ingerimos Cannabis, a metabolização do corpo converte 100% do THC para 11-hydrocy-THC, que é o que causa a onda. Quando fumada, a porcentagem cai para 20%. Ou seja, atenção para a dosagem: quando se consome a Cannabis em brigadeiros, bolos, doces e outras “laricas”, os efeitos podem demorar entre 30 e 60 minutos para se manifestar. Por isso, muita gente costuma achar que “não bateu” e comer mais. Vá com calma!
Use boas sedas e guarde sua erva direito
Improvisos com guardanapo ou papel de pão são coisas de décadas passadas. Se você vai consumir maconha na forma de cigarros, é importante enrolar em papeis de qualidade. Use uma seda fina, de papel de arroz ou cânhamo, de preferência sem cloro (as brown/unbleached). As sedas da Raw e da Elements não deixam a desejar. Outra importante dica é acondicionar bem a sua erva. Não adianta cultivar (ou mesmo lavar o prensado) e depois acabar deixando a erva mofar por não saber guardar. Vá pelo jeito infalível: pote de vidro, espaçoso e com boa vedação, que não deixe passar luz.
Faça piteiras longas ou use piteiras de vidro
Além de um item essencial para bolar um bom baseado, as piteiras garantem mais higiene ao uso, principalmente compartilhado, e ajudam a criar distância entre o foco da combustão e a boca do fumante. Por isso, prefira sempre fazer piteiras longas. Dessa forma, você está afastando o calor do beque da sua boca e diminuindo possíveis danos à garganta, evitando ainda que a resina de alcatrão entre em contato com os seus lábios. Uma boa alternativa é adquirir piteiras de vidro, cujo material é ainda mais higiênico e duradouro.
Não fume beque de pontas
Um hábito antigo de muitos (as) maconheiros (as) é guardar pontas para fumar em épocas de seca, muitas vezes reunidas em um só baseado, o famoso beque de pontas. Mas isso pode ser extremamente danoso à saúde: afinal, as pontas são ricas em alcatrão, aquela resina marrom e grudenta. As pontas concentram, ainda, outras diversas toxinas que fazem mal à saúde, muitas delas cancerígenas. Ficar fumando ponta pode detonar seu sistema respiratório, causando tosses e acumulando catarro, além de deixar os dedos amarelos e o ambiente com aquele cheiro carregado.
Evite cair na bad trip
Outro dia, demos aqui 10 dicas de como prevenir uma bad trip de maconha. Entre as principais, no tocante à redução de danos, está o cuidado com a mistura com outras drogas. Psicoativos como o LSD e os cogumelos podem ser potencializados pelo uso da maconha. Então, tenha sempre muita cautela ao misturar substâncias. Evitar reter o fumo no pulmão mais que alguns segundos também é essencial. Isso basta para absorver o THC, enquanto “o resto do tempo representa uma exposição desnecessária aos componentes cancerígenos do fumo”.
Fique ligado no seu ritmo de consumo
Por fim, mas não menos importante: mantenha-se atento ao seu padrão de uso. Por ir ficando mais “cabeção” com o tempo, os (as) usuários (as) tendem a aumentar naturalmente o fluxo de consumo. Mas é bom ficar ligado. Apesar de a maconha não ter um alto índice de dependência, o uso abusivo da maconha pode estimular tosses, problemas respiratórios e pulmonares. Sem contar que é bom evitar aquelas ressacas que acontecem quando você fuma mais do que devia, dorme um sono pesado e acorda indisposto.