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ToggleSe você está interessado em experimentar maconha ou já usou alguma vez, provavelmente já deve ter ouvido de amigos e familiares que a cannabis vicia e isso te assustou um pouco.
Devido à ilegalidade no Brasil, a mídia e o governo nacionais fazem grandes esforços para disseminar a ideia de que a maconha vicia e é uma droga que “leva o usuário a drogas mais fortes”.
Isso acaba espalhando mentiras e afastando a população das informações transparentes sobre o assunto.
Então que tal entender melhor? Confira a seguir mais detalhes e estudos se a maconha vicia!
Maconha natural vicia?
Sim, a maconha pode viciar, assim como qualquer outra substância que contém compostos psicoativos.
Porém, a taxa de dependência dela é muito baixa, ou seja, é rara entre os usuários, principalmente se comparada a outras drogas.
É muito fácil pensar em outros componentes que viciam também, como o álcool, açúcar e café.
Veja a seguir a taxa de dependência das drogas em comparação à maconha:
Droga | Taxa de Dependência entre os Usuários |
Nicotina | 32% |
Heroína | 23% |
Cocaína | 17% |
Álcool | 15% |
Crack | 13,6% |
Maconha | 10% |
Vale ressaltar que o risco de dependência da maconha é maior quando o usuário inicia o consumo muito novo, entre os 12 a 18 anos. Isso aumenta a taxa de dependência para 13%.
Além disso, a maconha existente atualmente possui taxas de THC (o composto psicoativo da planta) muito mais altas do que antigamente, tendo potencial de vício maior.
Mas, a boa notícia é que a maconha não causa overdose fatal, ou seja, não há até hoje nenhum registro de usuários que morreram por overdose de maconha.
O máximo que pode acontecer com o usuário é ter uma bad trip, ou seja, ter alucinações ruins.
Mas, isso geralmente acontece quando a pessoa já está com o estado mental afetado por problemas pessoais.
E existem formas de evitar a bad trip, para garantir que o consumo da planta seja mais seguro e divertido, um momento alegre entre os amigos.
A maconha medicinal vicia?
Não. Uma dúvida comum em quem precisa consumir a maconha medicinal para tratar alguma doença é se ela vicia.
Mas, vale lembrar que a maconha medicinal tem um objetivo diferente da maconha usada de forma recreativa e sua produção também é diferente, não contendo compostos psicoativos.
A cannabis medicinal é composta pelo canabidiol (CBD), que é um composto não psicoativo responsável pelo relaxamento muscular, pela redução de convulsões e alívio da ansiedade.
Ela é muito indicada para pacientes com epilepsia, esclerose múltipla, Doença de Parkinson e esquizofrenia, por exemplo.
Na produção dos medicamentos com maconha medicinal, o composto THC, responsável pelos efeitos psicoativos, é separado do conteúdo.
Isso proporciona ao paciente somente os benefícios necessários para o seu tratamento médico, não correndo risco dele ter alguma experiência alucinógena ou vício.
Como identificar uma pessoa dependente de maconha?
Um estudo do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) identificou que existem quatro tipos de usuários de drogas, que são:
- Experimentador – a pessoa que experimenta a droga por curiosidade e não tem interesse em repetir a experiência;
- Usuário ocasional – é a pessoa que utilizou a droga algumas vezes, somente quando têm à sua disposição. Ela não tem consequências sociais, profissionais ou emocionais, pois a frequência de uso é muito baixa;
- Usuário frequente – é a pessoa que tem o hábito de consumir a droga, mas isso não chega a afetar sua vida, ela tem o controle do uso;
- Usuário dependente – é quem utiliza a droga diariamente de maneira exagerada e isso traz consequências para sua vida pessoal, social, afetiva e profissional. Essa pessoa não consegue interromper o uso por conta própria.
Considerando esses padrões, é bem mais provável que um usuário de maconha comum se encaixe nas categorias 1, 2 ou 3, já que a planta tem baixíssimo teor de dependência.
Portanto, é mais difícil identificar uma pessoa dependente de maconha. A forma mais fácil de distinguir esse usuário é notando se ele:
- Desiste de outras atividades, como o trabalho ou festas, para ficar em casa consumindo a droga;
- Continua consumindo a planta, mesmo após ter comprovações de que isso está lhe afetando psicologicamente – como é o caso de pessoas com histórico depressivo ou psicótico;
- Afirma para os amigos que precisa reduzir o consumo, mas continua usando com frequência.
A maconha causa abstinência?
Sim, a maconha pode causar abstinência em usuários dependentes. Porém, a abstinência da cannabis demora muito mais a surgir em comparação com outras drogas e seus sintomas são mais leves.
Isso porque os compostos da maconha podem ficar no corpo de um usuário habitual entre 15 e 30 dias após interromper o uso.
Assim, a abstinência virá somente após esse período, quando os efeitos da maconha no corpo desaparecerem.
Os sintomas mais comuns da abstinência da maconha são:
- Estresse e irritabilidade;
- Dor muscular;
- Desconforto físico;
- Ansiedade;
- Perda de apetite;
- Insônia;
- Humor negativo.
Mas, vale lembrar que todos esses sintomas surgem de forma muito sutil ao longo dos dias, não sendo um evento específico, como chamam a “fissura” dos usuários de outras drogas.
Portanto, a abstinência pode ser confundida apenas com um momento de tristeza e mau humor do usuário.
E mesmo durante esses sintomas, o usuário não tem ativamente a vontade de consumir a planta para aliviar a abstinência, ou seja, ele não relaciona diretamente seu mau humor à falta da cannabis.
Devido a esse quadro simples de abstinência, é mais fácil para os usuários de maconha abandonarem o consumo da planta.
Maconha prensada vicia?
Assim como a flor natural da maconha, a maconha prensada também tem um potencial de vício, mesmo que baixo.
Se a maconha natural for apenas prensada e compactada para facilitar o transporte, o potencial de vício é o mesmo que fumar a flor inteira.
O problema é que, no Brasil, a maconha é ilegal, portanto, os prensados são uma alternativa para transportar a erva de forma mais fácil e comercializá-la.
Devido a essa produção sem fiscalização e sem os padrões higiênicos adequados, é muito comum que os prensados tenham adição de componentes prejudiciais à saúde, não sendo apenas a maconha pura prensada.
Durante a etapa de prensagem, podem cair galhos, serragem, insetos e mofo na maconha.
Além disso, como forma de alimentar o tráfico, alguns prensados podem ter outros componentes viciantes.
Ou seja, em resumo, não se pode saber a origem, procedência e a pureza de um prensado, podendo conter compostos viciantes no conteúdo.
Por isso, opte sempre por plantar sua maconha em casa ou, se não tiver nenhuma opção, lave seu prensado antes do consumo.
Maconha vicia logo na 1ª vez que for consumida?
Em geral, a maconha não vicia logo na primeira vez de consumo. Isso é algo muito raro de acontecer, já que a maconha causa bem menos dependentes do que outras drogas como cocaína e álcool, por exemplo.
De acordo com um estudo relatado pela Superinteressante e feito pelo Programa de Atenção a Dependentes Químicos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), apenas entre 6% e 10% dos usuários de maconha se tornam dependentes a partir da primeira vez de consumo.
Essa taxa é baixa se comparada a outras drogas. Usuários de crack, por exemplo, correm um risco maior. Estima-se que 20% dos usuários do crack viciam logo na primeira vez de uso.
Além do baixo risco de vício no primeiro consumo, outros fatores influenciam bastante se um usuário vai se tornar dependente de maconha logo na primeira tragada.
Se o usuário for uma pessoa com histórico depressivo, ansioso ou está enfrentando muitos problemas pessoais, ele pode acabar vendo a maconha como uma válvula de escape e isso pode desencadear a dependência no primeiro uso.
Mas isso demonstra apenas que o estado mental da pessoa é uma das maiores influências no vício.
Se o usuário estiver com esse quadro mental, ele pode se viciar tanto na maconha quanto em outros hábitos, como jogos, internet e álcool.
Afinal, a maconha é a porta de entrada para outras drogas?
Isso é um mito. Você já deve ter ouvido bastante essa história, que se começar a usar maconha, você irá ter interesse em outras drogas mais fortes e mais viciantes.
Mas, vale lembrar que atualmente não há nenhuma comprovação científica de que a maconha sirva como porta de entrada para drogas mais pesadas.
E se considerarmos o contexto do Brasil, em que o álcool, droga legalizada no país, é muito mais acessível para adolescentes e adultos, é bem possível que a maioria da população entre em contato com uma bebida alcoólica antes de usar maconha, sendo ele o primeiro contato das pessoas com uma droga.
Mas, isso acaba sendo ignorado, simplesmente porque o álcool é socialmente e legalmente aceito.
A fumaça da maconha vicia?
Inalar somente a fumaça da maconha passivamente, ou seja, sem realmente consumir a planta, não é suficiente para gerar uma dependência forte da planta.
Mas, pode causar prejuízos à saúde, assim como ocorre nos fumantes passivos de tabaco.
Esses prejuízos dependem de diversos fatores, por exemplo, se o fumante indireto (quem inala a fumaça) é uma criança ou um jovem adulto.
Em geral, a maior parte do prejuízo da inalação da fumaça se deve ao fato de que ela irá se alojar nos pulmões, causando danos respiratórios em caso de exposição frequente. Mas, também é possível haver alguns prejuízos mentais.
Crianças que inalam a fumaça indiretamente com muita frequência podem ter alterações cognitivas e cerebrais, já que seus corpos ainda estão em desenvolvimento.
Já quando o fumante passivo é um adulto, as consequências vão depender mais do seu histórico mental.
Ou seja, se o fumante passivo já é adulto, mas possui histórico de quadros depressivos ou tendência à psicose, a exposição frequente e em grandes quantidades à fumaça pode ter o mesmo efeito que o fumo, desencadeando algum transtorno mental.
Qual vicia mais: cigarro ou maconha?
Devido a diversos estudos científicos comparando a maconha com a nicotina do tabaco, concluiu-se que a maconha vicia menos que o cigarro.
Estima-se que cerca de apenas 10% dos usuários de maconha viciam na planta, enquanto a nicotina provoca dependência em 32% dos usuários.
As chances de um usuário viciar em maconha são um pouco maiores se o consumo começar na adolescência, aumentando para 16%. Mas, ainda assim, a taxa é bem menor se comparada à nicotina.
Além disso, a maconha não causa overdose fatal, como ocorre com outras drogas, como o álcool e a cocaína.
Por isso, em relação ao vício, a maconha é mais segura que o cigarro. Até porque, caso haja a dependência, ela é muito mais fácil de reverter do que outras drogas e não causa tantas consequências sociais para o indivíduo.
Dessa forma, a preocupação no uso da planta deve ser mais relacionada aos riscos de psicose para o usuário.
Se uma pessoa que já possui transtornos psicóticos começar a usar maconha ela tem o dobro de chances de desenvolver esquizofrenia, principalmente se o consumo começar na adolescência.
Além disso, até mesmo se a pessoa for mentalmente saudável, mas possui familiares com histórico de transtornos mentais, depressão ou ansiedade, isso já pode aumentar as chances de desenvolver alguma psicose.
Portanto, é importante que quem deseja experimentar a cannabis tenha mais conhecimento sobre o histórico mental dos seus familiares.
Se possível, caso o usuário apresente sensações ruins ou alucinações após o uso, é indicado que ele faça algum acompanhamento com psicólogo, para garantir que não há riscos mentais.
Agora que você entendeu um pouco mais sobre os riscos de dependência da maconha, compartilhe esse artigo com aquele seu amigo ou familiar que anda disseminando mitos sobre a verdinha por aí!