Cidinha Carvalho e Fabio Carvalho ganharam nesta semana na justiça o direito de poder cultivar maconha para o tratamento da filha Clárian, de 12 anos, que sofre com Síndrome de Dravet, uma doença rara que causa crises epilépticas e atraso no desenvolvimento psicomotor. A justiça aceitou o habeas corpus impetrado pela Reforma e concedeu um salvo-conduto para que o casal não possa ser preso por plantar a erva.
Desde 2013, quando descobriram que a maconha poderia ser uma aliada vital no tratamento da doença, Cidinha e Fabio brigam pelo direito de fabricar em casa o medicamento da filha.
Apesar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter liberado a prescrição médica do CBD e mais recentemente do THC para tratamento de diversas doenças, o acesso aos remédios (que só podem ser importados) ainda é muito difícil, seja pelo alto custo ou pela burocracia extrema dos órgãos reguladores.
Após muita persistência, Cidinha conseguiu uma autorização da Anvisa para importar o medicamento e usou um dinheiro de férias para pagar 500 dólares por uma seringa de cannabidiol.
“Eu comprei uma seringa e comecei a dar pra ela. Logo de início ela ficou 17 dias sem crise. Pensei que isso era impossível. Mas quando a doutora me falou que ela precisaria de três seringas por mês, eu fiquei muito triste, entrei em pânico”, conta Cidinha.
No início de 2014 ela começou a conhecer mais o universo da maconha, os cultivadores e outras mães que dependiam da cannabis medicinal. Através de um simpósio, Cidinha entrou em contato com um grupo de cultivadores que doam o extrato da maconha para pacientes. Desde então ela conta com esse auxílio para medicar a filha.
Desde que começou a fazer uso do extrato da maconha Clárian só evoluiu, começou a interagir com outras crianças, ser mais comunicativa, consegue descer a escada sozinha, correr e pular.
“A psicóloga que atende ela desde os cinco anos de idade percebeu que a diferença aconteceu depois que ela começou a tomar o óleo de cannabis“, diz Cidinha
Com tantos benefícios eles sentiram que poderiam fabricar em casa o óleo e no início desse ano o casal começou a se aventurar no cultivo da planta.
“O Growroom ensinou o Fábio a cultivar e nós também fomos pro Chile fazer um curso de extração do óleo com o Mamá Cultiva e Fundación Daya. Eu devo colher no final de janeiro e o próximo óleo sou eu que vou fazer”, promete a mãe de Clárian.
Antes do salvo-conduto entretanto, o casal permanecia na ilegalidade e estavam sujeitos às mesmas penas que outros growers. “Nós conhecíamos os riscos, mas era pela Clárian, valia qualquer coisa. Não sou eu que estou errado, quem está errada é a lei. Acho que mais pessoas também tem que tomar essa coragem e tem que entrar com o pedido”, afirma Fábio.
Fábio fez questão de ressaltar o papel que o Growroom exerceu nessa conquista na justiça. “O Growroom faz parte dessa vitória, não só no apoio, mas também na parte jurídica.”
Para Cidinha a luta só está começando e ainda há muita batalha pela frente. “A luta nem começou ainda e está longe de acabar. Estamos com a associação Cultive em São Paulo, e agora é lutar para que todos tenham esse direito”.
PS: Clárian pediu pra avisar que hoje ela até canta!