Publicado em 28 de Junho,
por Jeremiah Vandermeer, da revista Cannabis Culture
Tradução: Yuri Cordeiro
Após passar três semanas em uma pequena cela com o mínimo contato humano, o ativista canadense Marc Emery, conhecido como Prince of Pot (Príncipe da Maconha), foi liberado da solitária. Durante esse período ele perdeu cerca de 7 quilos. Emery foi transferido para a solitária após quebrar inconscientemente uma regra da prisão ao gravar uma mensagem por telefone para outros ativistas e apoiadores de suas idéias.
Indivíduos e instituições que apoiam Emery vêem a punição como uma desculpa para silenciar um ativista político bem sucedido que há muitos anos tem sido uma pedra no sapato dos funcionários do governo e políticos antidrogas.
No dia 3 de junho, funcionários do Centro de Detenção Federal, em Washington deram a Emery uma intimação oficial por permitir que sua esposa, Diretora do BC Green Party (Partido Verde de British Columbia, Canadá) Jodie Emery, gravasse uma mensagem dele no telefone. Na intimação o Centro alegava que Marc havia quebrado a regra que proíbe que sejam feitas ligações para terceiros. Desde então Emery ficou trancafiado numa cela isolada, no setor de Alojamentos Segregados, privado do acesso aos livros, televisão, telefone, ou contato com sua esposa e família.
Em 24 de junho, uma audiência interna “disciplinar” foi realizada para Emery. O responsável pela Audiência Disciplinar disse que percebeu que Emery não sabia que estava quebrando uma regra, já que a situação vivenciada não estava expressamente declarada no livro de regras. Na decisão foi declarado que ele não pode fazer articulações políticas com terceiros no telefone e estabelecido que ele ficaria privado do acesso a ligações até 25 de julho. Atualmente Emery só tem acesso aos e-mails e a visitas.
“Estou muito aliviado por não estar na torturadora unidade de Segregados”, escreveu Emery em seu último post no blog da revista canadense Cannabis Culture (CC). “É simplesmente chocante, estar em isolamento”.
O advogado de Emery, Rick Troberman, disse que achou a prisão “completamente exagerada” e “incomum”. “Não havia nada na conversa que fosse depreciativo sobre o Centro de Detenção Federal, a sua situação atual ou qualquer outra coisa”, disse ao site da CC. “Por que eles estão fazendo um julgamento maior do que o caso merece, francamente, é um mistério para mim.”
Troberman disse que os oficiais da prisão pareciam chateados pois vários apoiadores de Emery haviam feito um pequeno protesto na entrada do Centro de Detenção Federal. Emery está atualmente esperando sua condenação após ser extraditado para os E.U.A. pelo atual governo conservador do Canadá. Emery foi preso pela DEA (Agência Antidrogas dos E.U.A) e a polícia de Vancouver em 2005, por vender sementes de maconha pela Internet e usar o dinheiro para financiar o ativismo pela legalização da erva.
Muitos vêem a transferência de Emery para a solitária e outras punições como um meio de calá-lo, de intimidar seus apoiadores e silenciar as críticas ao governo e suas políticas sobre a maconha.
No dia da prisão de Emery, o DEA admitiu que sua investigação foi motivada politicamente e que a prisão e extradição do ativista teve como objetivo atingir a comunidade pró-legalização da maconha a qual Emery encabeçava através da década.
Declaração da administradora do DEA, Karen Tandy, lançado em 29 de Julho de 2005:
“A prisão de hoje Marc Emery Scott, editor do Cannabis Culture Magazine, e financiador de um grupo de legalização da maconha – é um golpe significativo não só para o comércio de tráfico de maconha nos E.U.A. e Canadá, mas também para o movimento de legalização da maconha.
Seu comércio e revista propagandista da maconha geraram quase US $ 5 milhões por ano em lucros que apóiam os seus esforços de tráfico, mas tudo isso virou fumaça hoje.
A organização de Emery era tida como a organização de trafico de drogas mundial mais procurada pelo – dentre as 46 maiores – única do Canadense.
Centenas de milhares de dólares de lucros ilícitos de Emery são conhecidos por terem sido canalizados para a grupos ativistas para a legalização da maconha nos Estados Unidos e Canadá. Os articuladores em prol da legalização das drogas agora têm menos uma fonte de dinheiro para contar.”
Desde que Emery foi extraditado, ativistas canadenses pró-cannabis têm feito mais de vinte ocupações no escritório do Partido Conservador, algumas resultando em prisões e violência policial. Os manifestantes foram em várias sedes do Partido, incluindo escritório de legisladores de alto escalão, como os do ministro da Justiça, Rob Nicholson e do primeiro-ministro Stephen Harper.
No julgamento, Emery fez um acordo judicial para cumprir 5 anos com uma única acusação, o que fez com que dois co-acusados, seus colaboradores, recebessem liberdade condicional no Canadá, em vez de prisão nos E.U.A. Após a condenação, Emery vai pedir transferência para o Canadá para o restante de sua sentença. O Ministro de Segurança Pública Vic Toews vai decidir se Emery vai poder voltar para casa.
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