Por André Barros, advogado da Marcha da Maconha
Neste sábado, dia 25 de maio de 2013, cheguei à Marcha da Maconha em cima da hora, praticamente às 4:20 horas da tarde, porque me perdi em Nova Iguaçu. A concentração foi na “Praça do Skate”. Quando cheguei, reparei que ainda era pequena a quantidade de pessoas próximas ao microfone, fazendo os tradicionais cartazes, e estranhei a ausência da polícia. Enquanto isso, muitos skatistas realizavam belas manobras nas maravilhosas pistas da praça.
Fiquei mais tranquilo quando vi a equipe do programa “Na Moral”, com algumas câmeras e forte equipe de produção. Pedro Bial estava dominando a praça com sua desenvoltura, simpatia e ótimas entrevistas. Falei para os organizadores que considerava pequeno o número de ativistas para sairmos pelas ruas com a Marcha.
Como a galera tinha um carro de som já preparado do outro lado da praça, fomos caminhando para a rua. A Marcha, que estava muita pequena no começo, foi crescendo à medida que ganhávamos a rua. Os skatistas deixaram momentaneamente suas manobras e vieram para a Marcha da Maconha. Quase trezentos ativistas colocaram o evento na rua este ano, com carro de som, cordão para proteção dos manifestantes, já que tomamos somente meia pista para não interrompermos o trânsito.
Na saída da praça, havia apenas uma viatura da polícia e cerca de quatro policiais. A Constituição Estadual estabelece, no parágrafo único do artigo 23, que a polícia militar deve estar presente nas manifestações a fim de garantir o direito de reunião e proteger o patrimônio público. Ficamos cabreiros, achamos estranho a polícia não ter sequer nos acompanhado, mas fomos às ruas e foi bem melhor assim. De fato, nossas Marchas são da paz e não precisamos de polícia, pelo contrário, pois quando tem violência, esta é exercida exatamente pela polícia.
Ano passado, mesmo tendo sido o evento mais cheio que este ano, por precaução, ficamos na “praça do Skate”, já que tomamos conhecimento de diálogos ameaçadores no facebook entre policiais do batalhão de Nova Iguaçu. E ainda havia uns policiais à paisana, esquisitos, dizendo que não se responsabilizariam se a Marcha fosse pra rua.
Este ano, a Marcha da Maconha de Nova Iguaçu foi um sucesso, conquistamos as ruas da Baixada Fluminense, cidade onde muitas pessoas já foram assassinadas por fumarem maconha e território histórico de grupos de extermínio. Foi muito maneiro que, à medida que caminhávamos, muitos carros passavam com pessoas sorrindo e acenando positivamente.
Na realidade, foram dois anos de luta para preparar e colocar a Marcha da Maconha na rua em Nova Iguaçu. Todas as ameaças que sofremos no ano passado foram noticiadas à Promotoria de Justiça Junto à Auditoria da Justiça Militar. A documentação foi arquivada pela Justiça, mas está protocolada e registrada no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Enfim, este ano colocamos “o bloco na rua”. Parabéns a todos os corajosos ativistas que fizeram presença!
ANDRÉ BARROS, advogado da Marcha da Maconha