Nem a chuva, nem o frio, espantaram a vontade dos cariocas de marchar, no último sábado, pela maconha. Cerca de cinco mil pessoas se concentraram no Jardim de Alah, em Ipanema, para percorrer a orla em direção ao Arpoador, em uma Marcha marcada pela santa paz de Jah e, veja só, sem a presença da polícia, que se manteve nas extremidades somente para fechar o trânsito, como aconteceu há duas semanas no evento de São Paulo.
Na linha de frente, pais e filhos com diversas síndromes e doenças deram o tom desta edição da Marcha da Maconha: a liberação da produção e uso da canábis medicinal já não pode mais esperar! Pacientes que poderiam ganhar em qualidade de vida e seus familiares já não podem mais sofrer por conta de uma proibição que já se provou inútil em todos seus sentidos. Mais que isso, que jã provou que mata mais que muitas drogas.
Além do bloco medicinal, outros grupos fizeram dessa Marcha não somente um protesto, mas também uma celebração dos caminhos que esse debate vem tomando. Jardineiros do Growroom se destacavam pelas já clássicas camisetas amarelinhas, feministas davam cor com suas camisetas rosas. O Fumacê do Descarrego, um caminhão com uma enorme chaminé, passava fazendo fumaça pra espantar qualquer energia ruim, enquanto o Fuscabar deu ritmo no caminhar da galera. Ativistas distribuíam papelotes de café e açúcar para os que passavam e até mesmo para a polícia, como maneira de alertar que essas substâncias, apesar de lícitas, também são drogas.
Chegando ao Arpoador, a chuva caiu forte e dispersou a galera, mas permitiu que mais uma Marcha terminasse cheia de alegria e com muita paz, do jeito que maconheiro gosta!
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Fim de semana canábico
O fim de semana canábico começou já na sexta-feira com a conferência “Drogas e Sociedade: Superando mitos para a construção de novos paradigmas”. Além de especialistas em políticas de drogas já conhecidos entre os defensores da legalização, a mesa recebeu o neurologista norte-americano Carl Hart, que lança seu livro “Um Preço Muito Alto” (High Price), onde conta sua jornada desde sua juventude nos guetos de Miami, onde usou e traficou drogas até se tornar um neurocientista respeitado e o primeiro professor negro a Universidade de Columbia.
Como se não bastasse, à noite a La Cucaracha inaugurou a exposição “12 anos de Marcha da Maconha do Rio – Pelo Resgate da Memória Maconheira”, que narra a turbulenta história da Marcha desde sua primeira edição, as proibições, a violência policial e, finalmente, o atual direito que temos de manifestar!