Por: Cassady
Relator da SUG 08/2014, que prevê a regulamentação da maconha no país, Cristovam Buarque afirmou nesta quarta que vai se colocar a favor da cannabis medicinal. Agora, falta convencê-lo quanto ao uso recreacional, principalmente no que se refere ao plantio caseiro
Uruguai paraguaio – Para felicidade geral da nação de usuários medicinais de cannabis, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), relator da SUG 08/2014, que prevê à regulamentação da maconha do país, declarou nesta quarta-feira (24) que vai se colocar a favor da legalização do uso medicinal da maconha. Em entrevista à Rádio Senado, o senador admitiu que a política do proibicionismo não tem funcionado, e ressaltou que “não dá para deixar tanta gente sofrendo por conta de um preconceito do uso de uma droga”.
“A proposta que aqui chegou trazia a discussão do uso para fins recreativos e para fins medicinais. Eu acho que com o debate até aqui eu já tenho argumentos suficientes para ver que é preciso sim aproveitar o poder medicinal que esta erva tem”, afirmou o senador à Rádio Senado. A declaração de Buarque, embora antecipada, pode ser considerada uma vitória para centenas de portadores de patologias que são tratáveis com a cannabis – e também para as mães de bebês com só contam com o CBD para garantir um futuro digno a seus herdeiros.
No entanto, apesar de promissora, a declaração do senador é apenas um degrau na longa escada que nos levará a legalização. O posicionamento de Buarque quanto à questão medicinal já era previsível para quem acompanhou as audiências públicas. O debate tem que evoluir cada vez mais no sentido de descriminalizar o usuário de cannabis e permitir o plantio caseiro. Seja recreativo ou medicinal. Não importa. Sustentar o tráfico de drogas, ou pensar que a vontade de consumir maconha vá desaparecer da sociedade, são caminhos que nos levam ao mesmo fim, que é o da violência, da dor e da ignorância.
O Growroom tem acompanhado de perto as audiências realizadas no Senado para debater a proposta de regulamentação da cannabis. Na última, realizada na segunda-feira (22), os consultores jurídicos Ricardo Nemer e Emílio Figueiredo estiverem presentes, e defenderam a liberdade para os cultivadores caseiros, que ainda são considerados traficantes aos olhos da lei.
Não podemos confiar mais em uma legislação proibicionista que só tem objetivado a superlotação carcerária. Sâo celas e mais celas lotadas com supostos traficantes, presos em flagrante com 50 gramas, 25 gramas, ou mesmo duas “trouxinhas”. Segundo dados da Ong Sou da Paz, divulgados nesta semana, cerca de 67% dos presos por tráfico de maconha tinham menos de 100 gramas no momento do flagrante. É algo medieval que acontece em um planeta onde já existem competições e feiras sobre o assunto.
É essa realidade que está nas mãos do senador neste momento. É o peso do futuro de milhares de usuários contra uma hipocrisia quase secular que ainda empobrece a nossa sociedade.
A permissão ao uso medicinal já é um grande avanço, mas ainda sim precisa evoluir. E o Growroom continuará fazendo pressão nas audiências, contra tudo e contra todos. Para que nós, usuários, tenhamos o direito de plantar nossa própria maconha ao invés de financiar fuzis e transfusões emergenciais de sangue. Para nós, um dia, nos sentirmos verdadeiramente livres.